Underneath The Moonlight escrita por Mercy_Dawn


Capítulo 3
Agonia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/82298/chapter/3

Eu não queria mais ficar naquele aeroporto.

Eu queria ir para algum lugar onde nada disso aconteceria, eu queria poder voltar ao passado.

Mas, será que valeria a pena? Será que depois a dor não seria bem maior do que já é?

Eu nunca demonstrei para minha mãe o quanto a morte do meu pai foi traumatizante para mim. O quanto doeu.

Eu não queria que ela me visse revivendo momentos felizes de uma época bem diferente dessa, enquanto nós ainda estávamos naquele aeroporto. Seria doloroso para ela ver-me triste, ela poderia achar que nada tinha a ver com o fato da morte de meu pai eu estar triste, ela poderia pensar que eu estava com medo.

E eu estava aterrorizada, faltava pouco para eu não poder conseguir esconder isso. Minha mãe não poderia ver.

Quero ser atriz quando crescer, então eu posso considerar essa experiência como um intensivo treinamento, assim eu serei uma melhor atriz no futuro.

Foi um alívio ver o avião chegando no nosso portão de embarque, e foi melhor ainda poder entrar nele depois de apenas poucos minutos. Eu sentia-me tão relaxada que eu poderia tirar os meus tênis naquele chão encarpetado do avião.

Ajudei minha mãe a colocar nossas imensas bagagens de mão no bagageiro. Eu não havia notado antes, que esse avião era diferente do outro que trouxe-nos até aqui, este tinha duas fileiras de três bancos.

Ótimo, pensei comigo mesma, algum velho vai sentar-se ao nosso lado.

Eu realmente não estava pronta para ver um rapaz que devria ser um pouco mais velho do que eu, sentando-se ao meu lado. Minha mãe sempre gostava de sentar-se na janela, fazendo-me ficar no meio entre ela e um passageiro estranho.

Ele era incrivelmente bonito, suas feições eram muito belas, não tanto par atrair-me, mas ainda sim devo adimitir que era muito bonito. Ele sorria para mim enquanto sentava-se no assento ao meu lado. Pude ver seus olhos casatanhos brilhando na luz fraca que saía das lanternas acima de nós, pude ver seu cabelo longo que ia até o pescoço todo emaranhado, como se ele tivesse acordado e esquecido de escovar os cabelos, seu nariz era reto e perfeito, seus lábios eram finos, seu maxilar era vsível por debaixo da pele branca, as roupas que ele usava eram todas pretas.

Eu sorri de volta, pelo menos com gosto de roupas nós combinávamos, eu também vestia só preto.

- Oi - disse ele num inglês que parecia ser britânico. - Meu nome é Cristopher.

Eu só conseguia encará-lo chocada, sua voz era tão bonita, era do tipo daquelas vozes grossas que homens de mais ou menos uns ciquenta anos têm.

Ele começou a encarar-me quando eu nada respondi.

- Oi, meu nome é Annie. E esta é minha mãe, Helena - consegui dizer por fim.

Eu estava conciente de minha mãe super acordada ao meu lado, ele estendeu a mão para mim e eu a peguei e balançamos juntos uma vez, cumprimentando-nos. Ele fez a mesma coisa com a minha mãe.

- Então, - ele disse depois de todos os cumprimentos - vocês estão indo para a Rússia também?

Minha mãe cutucou uma de minhas costelas com seu cotovelo direito, ela queria que eu respondesse a pergunta daquele homem estranho.

- Não, não - eu disse meio desesperada. - Nós estamo indo para a Romenia mesmo - consegui sorrir.

Ele sorriu de volta para mim.

- Cristopher, quantos anos você tem? - perguntou minha mãe. Eu dei uma cotovelada numa costela dela e fitei-a com os olhos arregalados. - Quer dizer, você parece meio jovem para poder viajar sem seus pais - acrescentou ela.

Cristopher riu de nosso pequeno impasse. Uma risada de trovão escapando pelos seus lábios, eu fiquei hipnotizada.

- Na verdade eu tenho dezoito anos, posso viajar sozinho. E são justo os meus pais que eu vou encontrar na Rússia - acrescentou ele alegremente.

Por que que ele não poderia parar na Romenia? Ah é, já sei. Porque aquele país, assim como a maioria de seus habitantes (excluindo minha família, claro) não tinha nada de especial!

Cristopher começou a sorrir para mim e conforme minhas bochechas iam corando e eu tentava mais rigorosamente ignorá-lo, seu sorriso aumentava mais.

Eu tinha razão sobre ele ser apenas um pouco mais velho que eu. Eu tinha dezessete anos.

Mesmo que ele quisesse flertar comigo, eu não tinha um namorado desde Nicholas Stewart e ele ainda havia acabado comigo depois que eu tornei-me anti-social, por que ele acharia-me interessante?

 

- Você fica linda quando está corada - disse Cristopher para mim.

O avião há muito já estava voando, faltavam apenas duas horas para podermos chegar à Romenia, minha mãe dormia sossegadamente ao meu lado, encostando a cabeça em meu ombro. Se eu mexese mais alguma coisa do meu corpo minha mãe acordaria.

Foi tão difícil ignorar ele olhando-me com tanta intensidade, foi mais difícil ainda não poder deixar de ver seu sorriso aumentando. 

Mas Cristopher não era realmente o meu tipo, eu adorava ler livros que ninguém nunca se quer ouvira falar e bandas desconhecidas, e ele só lia e ouvia tudo que lhe indicavam. Meu relacionamento com ele não seria nada mais nada menos, do que um encontro por acaso de dois estranhos num avião.

E era uma pena, porque ele realmente era lindo. E foi ele estar lá, para não deixar a minha mente sair do controle com o que acontecera comigo no banheiro. Eu tomei tanto cuidado de não pensar sobre aquilo, eu só pensaria quando eu estivesse totalmente longe da minha mãe, não queria vê-la sofrendo comigo.

- É dizem-me isso o tempo todo - menti de leve respondendo à pergunta dele.

Eu queria treinar mais para o meu futuro, dei um bocejo leve e virei-me para Cristopher.

- Acho que eu vou dormir, foi muito bom... eh, conversar com você - eu disse, tentando ser diplomática.

Eu pisquei fundo e fitei o assento á minha frente.

- Boa noite querida - disse Cristopher.

Eu virei-me para olhá-lo mais de perto, por um momento ele falou num tom de voz que lembrava-me de meu pai dando-me boa noite. Mas quando virei meus rosto para fitá-lo, ele não estava mais lá!

Reprimi um grito e fechei meus olhos pousando meu rosto nos cabelos de minha mãe. Eu tentei concetrar-me muito em não pensar em tudo que aconteceu comigo naquela manhã.

E quando dei por mim, minha mãe acordava-me para podermos sair daquele avião.

- Chegamos em casa, querida - disse ela, toda contente. - Aonde está Cristopher? - perguntou de repente quando não o viu ao meu lado, pensei.

- Cristopher foi sentar-se com sua namorada lá atrás - dei uma desculpa que parecia-me falsa, mas minha mãe acreditou. Meu tom de voz deve ter feito ela acreditar que eu estava decepcionada por Cristopher ter uma namorada.

Mas minha mente repetia a pergunta dela.

Aonde está Cristopher?

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Underneath The Moonlight" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.