O Garoto da Minha Vida escrita por Taejumin


Capítulo 1
Capítulo 1




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Quando você tem certeza que é odiada pela escola inteira o que você faz?


Bom é isso que está acontecendo comigo nesses últimos tempos, agora eu digo o porquê disso estar acontecendo. Eu não sou a mesma garota de antes. Eu era a líder de torcida que todos queriam ser, era a garota que todos queriam ter como namorada, ser amiga minha era o que todas as garotas queriam. Eu era esnobe e não me importava com o que os outros pensavam, mas mesmo assim todos me adoravam.


Até um certo dia depois da aula, onde eu fui humilhada na frente de todos! Quem dizia que seria minha amiga por toda a eternidade simplesmente tinha uma inveja imensa de mim, e fez com que todos pensassem que eu não prestasse. Não que isso seja uma total mentira, eu admito que nem eu mesma gostava do “meu eu” pelo que eu fazia com os outros, mas aparentemente eles não se importavam então porque eu tinha que parar de ser esnobe?


E aqui estou eu depois de ser pega traindo meu namorado e de ter todos os meus mais profundos segredos revelados.


Ângela, a que dizia ser minha amiga, não se contentou em arma contra mim, mostrando ao meu ex-namorado que eu o traia. Ela pegou o meu diário e tirou copias, saiu colando partes comprometedoras dele no armário dos alunos. E é por isso que eu sou odiada, cada palavra que eu disse mal, cada movimento que eu fazia estava nele, e agora todos sabem que eu realmente não prestava.


Eu nunca fui uma pessoa que tem medos dos outros, uma pessoa que fica com vergonha, então eu consegui superar parcialmente o que ocorreu e fiz novas amizades, na verdade eu fiquei amiga do Rodrigo e da Mayara, eles são como eu, odiados por todos, mas ao contrario de mim, eles são odiados por serem góticos e antissociais, ignorando as regras de comportamento. Eu não virei gótica, mas mudei meu jeito de me vestir, digamos que antes eu era mais patricinha, agora sou mais básica.


Deixe eu me apresentar, sou Amanda uma garota normal e com grandes sonhos. E nesse instante eu estou de frente à escola querendo que as férias demorassem mais uns quinhentos anos, e sendo encarada por todos enquanto espero meus amigos.


–Adivinha quem é - Perguntou uma voz masculina enquanto tampava meus olhos com as mãos.

Essa pergunta é a mais fácil que já fizeram em toda a minha vida. Só existe uma pessoa que gosta de fazer isso: Rodrigo.


–Nossa você com bom humor? Hoje não será um dia normal.

–Cala a boca. Você não sabe do pior! Eu tive que ficar a última semana das férias no interior, na casa da minha avó, lá não tem nem televisão nem internet, cara eu fiquei vegetando lá!


Eu tive que rir. Ele podia ser ator, não tem ninguém mais dramático que ele e isso é um fato que nem mesmo Albert Einstein discorda.


–Cadê a May? – perguntei rindo do seu drama

–Eu passei na casa dela e a mãe dela falou que ela ainda estava dormindo.

–Mais um ano que ela vai faltar sempre.

–Sempre - concordou –Acho que talvez isso mude

–Por quê?

–Por causa do cara que faz o tipo de qualquer garota a sua direita.


Olhei para onde ele me indicava e tive que concordar, um garoto lindo estava passando pelo portão da escola, eu tive que piscar e olhar novamente pra ver se ele existia mesmo. Alto com cabelos negros e usa uma jaqueta preta dando um ar de motoqueiro e um charme que não é qualquer um que tem.


–Minha nossa - deixei escapar e aparentemente o ouvido dele é muito bom, pois assim que falei ele me olhou e sorriu.

–Wooow alguém aqui chamou a atenção do destaque da escola desse ano.

–Rodrigo de onde se tira isso?

–Ah garota isso eu não conto pra ninguém

–Então ta né - respondi


Caso não tenham notado, mas além de ser gótico Rodrigo também é homossexual o que o torna muito mais legal que qualquer aluno dessa escola, pois além de ser cara-de-pau ele é engraçado e muito amigo. Entramos na sala de aula e para a minha falta de sorte, esse ano eu não terei as aulas com o Rodrigo e com a May, o que não me ajudará a suportar as brincadeiras sem graças dos alunos.


–Nossa o circo chegou à cidade - Ângela falou assim que entramos na sala de aula.

–Nossa as putas já estão trabalhando? - Rodrigo me perguntou

–Acho que estão precisando de dinheiro pra maquiagem - respondi.


Sentamos e Rodrigo ficou esperando o sinal bater para ir para a sala dele.


–Sabe, acho que esse ano as coisas irão melhorar pra você.

–Agora você virou vidente?

–Não, mas se eu fosse você iria pegar o garoto novo.

–Não obrigado, estou muito bem no nosso relacionamento.

–Nosso relacionamento? - Ele ficou pensativo - Olha garota, nosso relacionamento não está dando certo - falou com a voz máscula - acho que temos que dar um tempo.

–Mas... Não, por favor.

–Nós podemos ser amigos minha linda.


Depois dessa nossa encenação começamos a rir.


–Se eu gostasse de garotas eu ia me dar bem, já sei até mesmo como terminar um relacionamento.

–E destruir os pobres coraçõezinhos delas? Acho que não, que tal na próxima vida?

–Boa ideia


O sinal tocou


–To indo sua linda- falou com a voz máscula novamente

–Até mais.


Virei o rosto e fiquei olhando para o lado de fora da sala, concentrada nos carros passando pela rua, é uma ótima distração, pelo menos pra mim. Um aluno sentou em minha frente e pelo canto do olho pude ver Ângela se aproximando. Ela começou a conversar com o garoto, a vontade de saber quem era o garoto ainda não havia despertado em mim e por isso eu continuei olhando para o lado de fora. Quando o professor entra na sala todas as conversas são contidas e ele começa a falar. Como hoje é o primeiro dia de aula o professor passou o tempo todo conversando com os alunos e deixou todos conversarem.


–Então garota veneno - Marcos um garoto da minha sala começou a falar - Como foram as suas ferias?

–Garota veneno?

–Vai dizer que não sabe o porquê - Ele riu falsamente

–Sei exatamente do que você está falando, mas esse apelido é novo. E respondendo a sua pergunta, minhas ferias foram ótimas!

–Falando muito mal das pessoas?

–Não tanto quanto você!

–Ounch, está afiada esse ano hein - Ele se virou e voltou rindo ao seu lugar, que é ao lado de Ângela.

Olho para a frente e pela primeira vez vejo quem é o aluno que está sendo o centro das atenções da aula. O garoto com jaqueta de motoqueiro.


O garoto novo se vira pra mim e pergunta.

–Por que ele te tratou tão cinicamente?

–Por que você não cuida da sua vida? - Perguntei de volta

–Talvez seja porque eu esteja preocupado

–Bom... Se esse for o motivo, eu não preciso que ninguém se preocupe comigo, eu sei me cuidar sozinha!

–Bem bravinha você hein? - Ele deu um sorriso - Não te domesticaram?

–Porque eu iria deixar que fizessem isso? Eu prefiro fazer com que os tolos caiam em minhas armadilhas para mais tarde eu jantá-los - falei enquanto me aproximava dele.

–Isso pode mudar sabia?

–O que? - sussurrei - O meu jantar? Sabe que você deu uma boa ideia? Eu posso comê-los no intervalo mesmo!

–Não, eu posso conseguir te domesticar.

Olhei pasma pra ele, como um garoto que acaba de chegar à escola pode ser tão folgado, ele não se toca? E depois eu não preciso de ninguém para ficar grudado em mim, se o que Ângela fez comigo teve algo de bom é que eu aprendi a ser mais madura, a enfrentar as coisas sozinha, aprendi que eu posso viver sem ter ninguém me bajulando.

Olhei em seus olhos e disse rindo.

–Boa tentativa, mas essa garota aqui não pode e não vai se domesticada - Assim que terminei de falar o sinal bateu, olhei para a turma e percebi que já se passará três aulas e já era hora do intervalo.

–Mas ela aceita ter um amigo novo?

Ele perguntou quando eu estava prestes a sair da sala

–Por que ela iria querer um amigo novo?

–Pra fazer uma caridade, afinal existem alunos novos sem amigos nessa escola.

Bom eu não sou uma pessoa que gosta de fazer bondades, e muito menos caridade, mas o que custa? Ele só vai passar o intervalo comigo, isso é se ele aguentar o Rodrigo e eu juntos, e se a May estiver junto vai ser mais fácil fazer ele cair fora do nosso pequeno barquinho.

–Vem. - Disse por fim e ele me seguiu.

Nós caminhamos pelo pátio e olhares curiosos vinham por toda a parte, e eu sei exatamente o que todos estão pensando: Como ele tem coragem de andar com ela? Grande coisa, eu não ligo se amanhã ele estiver andando com outras pessoas, ele mesmo disse que é apenas porque não tem amigos.

–Você parece fazer sucesso nessa escola

Olhei pra ele com vontade de rir e concordei.

–Você não faz nem ideia.

–Então acho que estou andado com a pessoa certa.

–Você está completamente enganado

–Por quê?

–Deixa isso pra lá.

Ele não fez mais perguntas, vi ao longe sentados num dos bancos que ficam no gramado Rodrigo e a Mayara conversando animadamente, algo está realmente errado, não é normal eles estarem de bom humor e é mais anormal ainda os dois estarem juntos de bom humor, ou alguma banda que eles amam vem pra cidade, ou... Eu não sei, e pra ser sincera não quero saber.

Rodrigo tem os cabelos pretos e curtos, não dá pra fazer nenhum penteado a não ser um moicano (o que ele odeia), mas é tão liso que chega a dar inveja dele. Apesar de ele ser gay, não há como saber sem conversar com ele. A pele dele é branca meio queimada de sol, o que o torna mais bonito. Ele é baixo comparado a May e eu. A Mayara tem os cabelos tingidos de vermelho e vive fazendo chapinha neles, para que fiquem o mais liso possível, ela tem um piercing no canto esquerdo da boca, e é um pouco mais alta do que eu. Ambos vivem de roupas pretas, bom seria meio estranho um góticos com roupas totalmente coloridas.

Quando estávamos nos aproximando o garoto que eu ainda não sei o nome me perguntou.

–Nós vamos nos sentar com eles?

–Não, vamos no sentar com a bunda mesmo.

–Você entendeu - ele revirou os olhos castanhos claros que só agora eu tinha percebido a cor.

–Por quê? Algum problema com os meus amigos?

–Não, nenhum!

–Que bom - sorri falsamente.

Quando faltavam poucos passos para nos chegarmos May me viu.

–Ei, por que você não me esperou? Eu tive que vir a pé... - Ela viu o garoto ao meu lado - Minha nossa

–Vocês duas precisam inovar o repertorio - Rodrigo falou rindo

–Por quê? - May fez cara de confusa o que eu acredito ser verdade.

–Foi a mesma coisa que a Amanda disse quando o viu também

Corei no mesmo instante. O grande defeito do Rodrigo é que ele não está nem ai, e fala TUDO na cara. Mas é tudo mesmo. No mesmo instante em que eu corava abria a boca pasma e o garoto olhava pra mim sorrindo. Pra tentar desviar o foco de mim resolvi perguntar o nome dele.

–Como é mesmo seu nome?

–Lucas, e o seu?

–Amanda, ela - apontei para May - é a minha amiga Mayara e esse é o Rodrigo.

Eu os apresentei e sabe o que aconteceu?

Nada. Nós sentamo-nos à mesa e a Mayara voltou a conversar com o Rodrigo, o detalhe é que eles não me incluíram na conversa e um clima muito tenso se infiltrou entre Lucas e eu, e apesar de eu não ter nada a perder com isso, não me senti bem.

Sabe quando está você e outra pessoa e vocês dois não tem assunto nenhum, mas mesmo assim você fica pensando em algo pra falar pra sair de um clima chato? Então é isso que está acontecendo comigo, o que é incrivelmente chato, porque eu não tenho nada pra falar com ele.

–Oi Luck, vem pra minha mesa, sabe aqui não é ambiente pra você - Ângela apareceu com outras garotas e o chamou.

–Ah... Não obrigado, e eu não acho que aqui não seja um lugar pra mim, alias eu adorei eles.

–Ta legal - ela deu de ombros - amanhã eu tenho certeza que você já terá mudado de ideia.

Ela se virou e as "amiguinhas" dela fizeram o mesmo, seguindo ela até a mesa onde elas costumam se sentar.

–Luck? - perguntei

Ele fez uma careta

–Adorei esse apelido! - Mayara disse - Posso te chamar assim?

–Tanto faz - ele disse olhando para a mesa de Ângela

–Sabe - comecei a falar e ele me olhou - se você quiser se sentar lá pode ir, não tem problema.

Por algum motivo eu me senti mal por dizer isso, talvez eu quisesse voltar a ser como antigamente, repleta de pessoas a minha volta, conversar como se o mundo girasse ao meu redor. Era bom.

–Por que eu iria? - ele perguntou - Eu gostei de ficar aqui.

–Hello... Nós somos os fracassados! Qual a graça em andar conosco? - Rodrigo perguntou - Se eu tivesse a sua chance eu já estaria sentado lá há muito tempo - com um estralo de dedos e uma mexidinha de cabeça ele terminou a frase.

Não pude deixar de rir, quando me juntei a eles sabia que ele gostaria de andar com os "populares", mas não sabia que ele nos considerava fracassados, não que isso seja mentira.

–Eu não importo com que os outros pesam de mim, se eu estiver feliz tudo bem.

–Feliz? Cara você é muito retro!

–Super-retro - May concordou

–Por quê?

–Eles acham que a felicidade não existe que é coisa de histórias

–Na verdade existe, o Him está vindo pra cidade! – os dois revelarão

Agora eu sei o motivo do sorriso deles, eu não curto o Him, mas deve ser legal pra quem curte o estilo musical.

–Eu curti a música nova do Him, achei bem legal, principalmente o clipe - Revelou Lucas, ou luck como preferir.

–VOCÊ CURTE HIM?

Pense em duas falando juntos, é engraçado certo? Agora pense que de vez eles falarem eles gritarem. Bom você acabou de imaginar a reação dos meus amigos. Sim é engraçado.

E assim eu passei o meu intervalo, boiando na conversa, como sempre é claro, mas dessa vez eu me senti mais excluída. Quero dizer, eu não sei nada das musicas que meus amigos gostam. É triste ficar tão avulsa.


***


–Seus amigos são bem legais - Lucas me disse

Pra quem não tinha gostado da ideia de se sentar com góticos. Droga, ele não pode gostar da gente, se ele continuar com toda essa simpatia ele não vai parar de andar conosco! Tenho que fazer alguma coisa.

–É... eles são legais. Por isso são meus amigos.

–Eu sou legal?

Há caiu na minha isca.

–Não, você está mais pra popular, e nenhum popular é legal.

–Mas eu escolhi vocês.

–Isso pode mudar, olha ainda dá tempo de você voltar atrás e andar com eles, vai ser o melhor eu te garanto.

–Como você sabe? Você já foi popular?

Por que as pessoas têm a mania de responder uma pergunta com outra? Isso é chato. Claro que às vezes (quase sempre) eu faço isso, mas não quer dizer que eu goste que façam isso comigo.

–Isso não vem ao caso

–Por que não? Nós estamos falando de popularidade não é?

–Mas é da suanão da minha! Olha esquece isso Ok?


Entramos na sala e me sentei na ultima cadeira da fileira da janela, desde sempre eu tenho o costume de me sentar na ultima cadeira, talvez seja por que são nesses lugares que você pode fazer coisas como dormir, conversar e zuar, se bem que agora eu não falo com praticamente ninguém da sala, são poucos que ainda trocam palavras comigo.

Ao contrario do que muitos devem pensar eu não sou odiada completamente pela escola. É o seguinte, são apenas os populares que me odeiam, e com isso todos os outros alunos que tem o sonho de um dia se juntar a eles pararam de falar comigo, pois assim eles acham que tem "pontinhos" a mais com Ângela e seus "amigos". Doce ilusão.


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Notas finais do capítulo

A fanfic já possui alguns capítulos prontos, mas antes de posta-los eu gostaria que vocês deixassem a opinião sobre esse primeiro capítulo.