E Veio a Lua. escrita por Mikaeru Senpai


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Bom, isso foi bem aleatório, por isso espero que vocês gostem...



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 E veio a Lua.

 

Estranhei que antes pela minha janela entrava luz, raios brancos tão finos e delicados quanto os dedos que afastaram minha cortina. Sim, embora eu sempre trancasse minha janela, algo havia passado sem esforço pelo bloqueio, e agora abria caminho em minha direção. A pele tão branca como uma folha de papel, e os cabelos tão prateados quanto a luz das estrelas. Veio até mim sem fazer um único ruído.

 

Ela parecia aquelas deusas que eu vi nos livros, roupas soltas e exibindo boa parte do corpo, mas escondendo suas vergonhas. Seu olhar era vazio, mas tão lindo que não encontrei força alguma para dizer nada quando o joelho dela veio de encontro a minha cama. A única coisa nela que parecia viva, era sua boca. Seus lábios eram vermelhos como o mais fresco sangue, e isso me assustava, balanceado com a tranquilidade que o resto da aparência dela me trazia.

 

Meus lábios se moveram numa tentativa de falar, mas foram censurados de imediato. O corpo dela estava sobre o meu, e o tecido de sua roupa cobria minhas cobertas. Meu coração parecia ter sido contido naquele toque delicado de seus dedos frios sobre meus lábios quentes e trêmulos. Já não sentia nada se mover em meu corpo. Via apenas meu reflexo nos olhos prateados dela, e parecia cair de um abismo infinito apenas por encará-la. Agora de perto pude ver seus contornos delicados, e reparar em uma tiara no topo de sua cabeça, atrás da franja lisa que roçava em meu rosto.

 

Tinha o formato de uma lua, concluí.


Não entendia. Queria dizer algo, queria muito mas palavras me faltavam. Os dedos dela se afastaram dos meus lábios. Sentia-me livre fisicamente para algo dizer, mas o olhar dela me censurava sem se quer mudar do nada para algo. Suas pálpebras desceram até que ela fechasse os olhos por completo, permitindo que eu visse duas estrelas douradas que aparentavam possuir luz própria.

 

Agora, além de me faltar movimento, me faltava ar.


Os lábios gélidos e macios dela foram pressionados contra os meus, da forma mais sutil imaginável. Meus pulmões não se moviam. Senti uma brisa fria sair de minha boca para a dela, que fechou os olhos com um pouco mais de força. Um toque frio em minha bochecha indo em direção aos meus cabelos negros não muito longos. Ela deitou sobre meu corpo, mas não possuía peso algum.

 

Sentia todo meu corpo formigar e esquentar, e assim, perder toda a possibilidade de movimento. Tudo ia para os lábios dela, eu sentia que era o que aconteceria. Sentia que eu morreria, perdendo minha alma para um anjo impiedoso. Foi então que algo morno escorreu pelo meu rosto. Voltei a prestar atenção no que via, seriam as últimas coisas que eu veria. Os olhos brancos dela repleto de lágrimas num tom claro de azul com pontos brilhosos.

 

Ela estava sofrendo.


Não imagino o porquê, se quem morreria seria eu, mas ela não estava bem. Não sei, talvez eu tenha me compadecido de sua alma, e relevado o fato de que em pouco em morreria. Usei minhas últimas forças para erguer meus braços e envolvê-la pela cintura com certa firmeza. Meus músculos queimavam em reprovação diante de minha ação, mas eu já não me importava. Em breve tudo estaria acabado.

 

A mulher hesitou ao sentir meu toque, e a quantidade de lágrimas aumentou. Minha vida estava no fim, em segundos eu estaria longe de meu corpo, mas estava melhor. No fundo eu sabia que havia feito algo para que ela se lembrasse de mim... Para que eu não fosse apenas outra vítima, pois sei que não foi, ou será apenas eu. Ali estava, diante de meus olhos minha ceifadora, levando de mim o resto de minha alma, mas antes que meus olhos se fechasse para sempre, ecoou em minha mente a voz mais doce, vazia e melancólica que já ouvi em toda a minha vida, sussurrando um ligeiro “Obrigada...”.

 

Tudo o que pude fazer foi sorrir e permitir a uma última lágrima deixar meus olhos. “Adeus”, ela disse, “E muito obrigada...”. Acho que nunca entenderei a razão de sua gratidão.

 

Foi então que o olhar dela e sua doce imagem escureceram, e com sua doce voz presa a meus últimos pensamentos, limitei-me a morrer.

 


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Notas finais do capítulo

Bom, foi isso. Não tem gênero, se bem que eu imaginei que na cama fosse uma menina, não tem gênero definido... Não consegui me decidir. :B

Eu espero que quem leu tenha gostado, e é isso ai... Reviews?



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