Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 99
Vida 6 capítulo 18




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/81878/chapter/99

– Conseguiu fazer contato com a Sandra McCoy?

– Ainda não. Deixei diversos recados na secretária eletrônica, mandei e-mails, mas até agora nada.

– A gente arrisca ir até Los Angeles e não encontrá-la.

– Ela está lá, sim. Fiz contato com uma amiga em comum e ela garantiu que a Sandy não viajou. Parece que ela se fechou após a morte do Jay. Não quer ver ninguém. Mesmo essa amiga já fez várias tentativas, mas nem assim conseguiu vê-la ainda.

– Se gostava tanto dele, está abalada assim e não foi ao enterro nem buscou os amigos em comum, deve estar tentando fugir das recordações. E o que precisamos é justamente trazer essas recordações à tona.

– Vejamos. Pretende fazê-la recordar-se dos momentos mais felizes da vida dela. Da época em que acreditava que ia se casar com o homem que amava e acreditava que era plenamente correspondida. Num momento que ela ainda está chocada pela morte brutal do homem que, pelo que sei, ela não deixou de amar. Uma morte que ela soube pelos jornais. E ai você chega e pergunta sobre como foi a festa de noivado, sobre os passeios que fizeram de mãos dadas, os lugares onde trocaram beijos sob a luz da lua .. Você, o assassino.

– Nunca disse que ia ser uma conversa fácil.

– Então imagine a cena. A quase viúva, desolada, sentada ao lado do assassino do amado, folheando um álbum de fotografias e falando dos momentos felizes que viveu ao lado do morto. Como se fosse pouco, o assassino é também o homem que seduziu seu amado e o fez abandoná-la.

– O Jay que abandonou a Sandy era uma sereia. Foi a criatura qu ..

– Peraí, que história de SEREIA é essa?

– Não era o Jay. Pensei que tivesse assimilado isso.

– Já é difícil aceitar a idéia que aquele Jay fosse uma CRIATURA sobrenatural. Aceitar que era uma SEREIA é algo .. sei lá .. ridículo. Porque acha que a suposta criatura fosse especificamente uma sereia. Se me dissesse que era um sasquatch ou ogro. Mas, .. uma sereia? O que exatamente faz você pensar no Jay e ver uma sereia? ESPERA. Por favor, se tiver algo a ver com a vida sexual de vocês, simplesmente não diga nada.

– Chad, eu nunca tive nada com o Jay.

– Jan, pra cima de mim com essa historinha? Eu tinha muito contato com o Jay na época em que ele se mudou para Vancouver para começarem a filmar o seriado. Vocês dois ainda eram apenas colegas de trabalho. Ele contou, com detalhes, as primeiras impressões que teve a seu respeito. Falou da forma como você olhava para ele. Como secava ele. Palavras dele próprio. Como você vivia criando situações para se aproximar dele. Ele se divertia se fingindo de desentendido. Não que ele quisesse brincar com os seus sentimentos. Ele só tinha medo que você se ressentisse de ser rejeitado por ele e ficasse um clima estranho no set. Achava que você acabaria entendendo que a praia dele era outra. Portanto, Jansen, pra cima de mim, não. A verdade é que você assediou o Jay desde o dia em que se conheceram. E que um belo dia você o matou.

Chad respirou fundo e se perguntou pela milésima vez se o melhor a fazer não seria aceitar de uma vez por todas que Jay não era o irmão que imaginou que fosse, que estava morto e que o certo era assumir sua parcela de responsabilidade por essa morte e entregar Jansen à polícia.

– Não era o Jay. Acredite em mim, Chad, não era.

Dean respirou fundo. Jan & Jay. Talvez Jansen tivesse mesmo feito tudo aquilo. Como saber? Mas, seria inútil, pior, seria contraproducente contar toda a verdade para o Chad. Falar sobre quem realmente era. Sobre o Trickster. A verdade era tão absurda que faria com que o Chad não acreditasse em mais nada do que ele dissesse.

‘– Aliás, aonde o desgraçado se metera?’ Já estava há semanas naquela realidade. O Trickster aceitara muito rápido a sua intenção de ficar e consertar, no que fosse possível, a vida de Jansen. Quase como se estivesse contando com aquilo. Ou não era nada disso? E se o Trickster simplesmente desistira dele? E se estava ali, abandonado à sua própria sorte? Quanto mais tempo foragido, mais encrencado Jansen ficava. Aparecer para Sandra McCoy era uma aposta de altíssimo risco. E se não conseguisse uma pista sólida? Se acabasse preso?

Sabia que estava agindo como se estivesse no controle, mas não tinha certeza de nada. Sem o Trickster, não sabia se o amuleto podia transportá-lo para fora daquele mundo em que nem ao menos existia.

Seguiram em silêncio. Cada um imerso em seus próprios pensamentos. Em uma hora chegariam à fronteira com os Estados Unidos. A carteira de seguro social falsificada que Jansen portava teria que valer cada cent pago por ela. Se servia de consolo, custara bem menos do que a provável fiança que estabeleceriam caso fosse pego.

.

.

O Trickster olha, de longe, quando Chad e Dean entram no luxuoso prédio onde Sandra Mccoy residia.

‘Los Angeles. Aqui é o ponto de virada do destino deste mundo. Cada dia me convenço mais que fiz a aposta certa. Dean Winchester é a chave. Um novo futuro começa aqui e agora. Com a morte de Jan Ackles em horário nobre e transmissão costa a costa.’


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

28.05.2011