Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 39
vida 4 capítulo 10




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Owen se assusta ao ouvir a voz de Kyle. Ao lado dele, um carinha com a jaqueta da EOU. Ia interpelar o sujeito, mas a visão de Kyle se levantando, completamente recuperado, fez com que o resto deixasse de ter importância. Os amigos se abraçam apertado.

— Kyle. Graça a Deus. Tive muito medo por você.

— Estou ótimo. Owen, você viu a Ash? Sabe onde ela está?

Owen lembrou do beijo que dera em Ashley e sentiu mal por ter traído o amigo. Amava Ashley há muito tempo, mas gostava de Kyle como um irmão. Era uma questão que agora teriam que encarar de frente.

Enquanto Owen e Kyle conversam, Mark se aproxima de Dean e o olha com atenção. Dean se sente incomodado. Aquele olhar parecia atravessá-lo.

— Agora sei, o que me trouxe aqui. FOI VOCÊ.

— Do que está falando? Quem é você?

— Eu não sou daqui. Fui trazido. Junto com você. A única chance deste mundo sobreviver, é deixarmos esta realidade. Os quatro. Você, eu, meu irmão gêmeo e o outro, o que você conhece como Trickster.

— Cara, não faço a mínima idéia do que você está falando. Parece papo de maluco.

— Então, LEMBRE.

E DEAN SE LEMBRA. DE TUDO.

Sua chegada a La Grande para deter o fantasma de uma menina atropelada. Chegara com o irmão, Sam. Sua descoberta da participação do Trickster no caso. Sua transa com Ashley. A reação do Trickster à sua ameaça de pará-lo. Seu gosto por calcinhas femininas. Sua outra transa com Ashley, frustrada. Seu primeiro encontro com Owen, Kyle, Mark e o policial Levine. O pesadelo na cadeia de La Grande. Diana e Sam, seu irmão durão. A descoberta que era .. MÃE. O jogo de dardos com os clones do Trickster. O inesperado desaparecimento do Trickster, após ser derrubado por um soco. A noite de amor com Luke Braeden, o marido de Diana. Sam Harvelle, seu irmão demônio. Seu beijo em Kyle, no vestiário deserto. A intervenção de Mark. Sua afirmação de que ele, Dean, não ia gostar de lembrar do que quase aconteceu. Gordon Walker. Seu encontro com o policial Levine. Seu desespero pelo destino do pai e de Sam Harvelle. O conforto que sentira após seu encontro com Mark no Hot Machine Bar. O clima que pintara entre ele e o Luke Braeden gay. E o aqui e agora. Seu irmão Sam morto. Seu filho Benjamim adolescente. Faith. E, finalmente, o terremoto.

— QUEM realmente é você?

Ao tentar segurar Mark pelos ombros, Dean vê suas mãos atravessarem a figura feita de luz.

— O QUE é você?

Dean encara o deus da luz. Seus olhos fazem mais uma vez contato. A exemplo do que ocorrera na outra realidade, o deus compartilha fragmentos de sua memória com Dean.

Dean enlouqueceria se tivesse acesso ao quadro completo. A memória do deus guardava o registro de tudo que um dia fora banhado pela luz do Sol. Além da Terra, abrangia todo o espaço e todos os corpos celestes do sistema solar. O todo e o detalhe. De todos os ângulos em que a luz incidira.

A visão apresentada a Dean abrangia todo o planeta e mostrava as mudanças que nele aconteceram por milhões de anos. Às vezes, descia ao detalhe e permitia que acompanhasse toda a vida de uma pessoa dia a dia, do nascimento à morte, mas apenas os momentos vividos sob a luz do sol.

A Terra ressurgira transformada após o apocalipse. Até o desenho dos continentes era diferente. Os velhos deuses pereceram no Ragnarök. Na Terra recriada, se reestabelecera a guerra entre os renascidos deuses gêmeos da luz e da escuridão. Uma guerra em que as armas eram as forças naturais que determinam o clima do planeta.

Essa guerra durou milhões de anos e dominou a aurora das espécies humanas. Os períodos de predominância do deus da escuridão se manifestavam em longas idades do gelo e na extinção de espécies. As vitórias do deus da luz significavam clima ameno e a expansão territorial das espécies humana e animais.

Os embates dos deuses se refletiam diretamente na vida dos homens e na sua sobrevivência como espécie. Há 11.000 anos, havia uma única espécie humana sobrevivente: os homo sapiens. Num planalto gelado da região hoje conhecida como Catalunha, dois irmãos caçadores percorriam uma trilha estreita de montanha quando um violento tremor de terra faz o irmão mais novo despencar no vazio. Em desespero, seu irmão mais velho clama aos deuses e oferece a própria vida em troca da vida do irmão.

A natureza especial daquele grito de dor reverberou pelo universo e chamou a atenção dos deuses gêmeos. Os seres vivos tinham a própria sobrevivência, e a de suas proles, como única prioridade. Um amor fraternal como o que unia M’rk e R’aal não tinha um precedente na história do mundo. Os deuses irmãos viram naqueles dois humanos o caminho para vencer suas próprias naturezas antagônicas, que os condenava a uma batalha eterna em que nenhum dos dois sairia vencedor.

O deus da luz ofereceu ao irmão mais velho a oportunidade de ter de volta o irmão. O preço era perda da benção da mortalidade de ambos. O que o deus oferecia era a fusão de sua essência divina com a alma humana do jovem caçador. O corpo humano do caçador energizado e tornado imortal pelo poder do deus seria habitado pela consciência da nova entidade. O novo ser que surgiria seria ao mesmo tempo ambos e nenhum dos dois. Um novo tipo de deus, com pensamentos e emoções humanas.

O irmão mais velho R’aal aceitou o preço e foi transfigurado. Tornou-se para sempre a encarnação humana do deus da escuridão Hod. O homem que, 11.000 anos depois, Dean conheceria como o policial Hal Levine, da cidadezinha americana de La Grande.

O deus da luz Baldr curou os ferimentos do irmão mais novo M’rk. Ao se fundirem, se tornou o Mark que agora faz a mesma proposta a um estupefato Dean.


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