Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 37
vida 4 capítulo 8




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Dean estava dividido. Voltar para o Blue Mountains Motel para se certificar que Benjamim estava bem ou ajudar as vítimas do desabamento do Hot Machine Bar. Saíra de lá minutos antes. Aqueles minutos fizeram toda a diferença. Podia ter morrido lá dentro. Os outros não tiveram a mesma sorte.

Uma coisa estava deixando-o intrigado. Porque ninguém deixava o galpão? Não era possível que TODOS estivessem mortos. Pensou em Benjamim. Rezou para que estivesse bem. Mas não podia simplesmente virar as costas para todas aquelas pessoas.

Faith. Será que ela estava bem? A preocupação por ela aumentava a cada passo que dava. Precisava ter certeza que estava bem.

E a garota? Tão linda. Sobrevivera?

O ruído ensurdecedor que acompanhara o terremoto dera lugar a um silêncio igualmente ensurdecedor. Mas não no galpão destruído. A medida que se aproximava da porta de entrada, Dean escutava cada vez mais nitidamente os gritos de dor e de medo, os pedidos desesperados de socorro, choro e gemidos.

Somente quando estava em frente à porta, entendeu o porquê de ninguém ter saído. As pessoas estavam presas. Ali, só havia ele em condições de ajudar. Precisava derrubar a porta.

Nada no porta-malas que pudesse utilizar. Só tinha o próprio carro. Trouxe o Impala para a frente da porta emperrada, gritou e buzinou para que as pessoas se afastassem, tomou velocidade e arrancou com o carro. Sentiu o forte tranco da batida contra a pesada porta de madeira. O Impala, por ser do tempo em que os carros não amassavam, resistiu bem. A porta cedeu nas dobradiças. Deu ré. As primeiras pessoas começaram a sair.

A reação das pessoas que saíram ilesas - ou quase - variava muito. Alguns caíam num riso histérico. Outros choravam sem parar. Outros ainda pegavam seus carros e seguiam apressados, preocupados com seus familiares.

Ashley, que, ao sair, se agarrava a Owen de uma forma desesperada, teve, em seqüência, os três comportamentos. Owen deixou com ela seu carro, para que ela fosse procurar pelos pais e pela irmã Audrey, e ficou para fazer o que fosse possível por Kyle. Owen era do Texas, e, portanto, não estava preocupado por sua família. E Kyle precisava dele.

Quando todos os que estavam em condições de andar por si próprios - ou amparados - saíram, Dean organizou o primeiro grupo para entrar e retirar os que precisavam ser carregados ou estavam presos pelos destroços. Ele próprio não estava se reconhecendo. Há muito tempo não se sentia tão .. vivo.

A escuridão era completa no interior do prédio destruído. Felizmente, a maioria do pessoal do grupo de resgate tinha lanterna em seus carros. Os feixes de luz mostravam destroços e gente soterrada por toda a parte. Muitos mortos. Alguns dos corpos só poderiam ser resgatados com a ajuda de máquinas.

Dean gritou o nome de Faith e, quando ela respondeu que estava bem, ele respirou aliviado. O resgate foi rápido e Dean já estava se despedindo de Faith com um beijo, pensando em seguir direto para o motel e encontrar o filho, quando é parado por Owen.

Owen implora por ajuda para transportar Kyle até o estacionamento. Precisava levá-lo a um hospital. A relutância de Dean só dura até ele ver o rapaz caído, sangrando. Lembrou dele, feliz, há não mais de 1 hora. Como podia dar as costas? Talvez ainda fosse possível salvá-lo.

Owen queria erguer Kyle, mas Dean percebeu que os ferimentos eram sérios e que ele precisava ser retirado imobilizado. Improvisaram uma maca, sem virar o corpo e tentando manter o pescoço imobilizado. Dean não imaginava de onde tinha vindo o conhecimento de como realizar todo aquele procedimento em condições tão precárias. Ele fez sem hesitação, como se realmente soubesse o que estava fazendo. Como se fazer aquilo fosse natural. Como se já tivesse feito antes.

Quando sairam pela porta estraçalhada pelo Impala, viram o início do espetáculo de luz. A aurora boreal começava a cobrir a cidade arrasada. Como todos que a avistavam, Dean e Owen são tomados por uma sensação reconfortante de segurança. A luz da aurora afastava o desespero e trazia esperança.   

Pousaram a maca no estacionamento. Owen pega as chaves que estavam no bolso da jaqueta de Kyle e traz o carro para perto. Então, com cuidado, e com a ajuda de dois outros colegas de faculdade, viraram o corpo para que Kyle ficasse deitado de costas.

O rosto de Kyle é iluminado pela aurora. 

O pátio do estacionamento já estava quase deserto. Embora ainda houvesse feridos entre os destroços do bar, muito pouco podia ser feito por eles. Dificilmente sobreviveriam até a chegada do socorro.

Os dois amigos de Owen que deram ajuda se despedem e partem.

Dean fica um pouco mais. Owen ia precisar de ajuda para amarrar o corpo de Kyle no banco traseiro e firmar sua cabeça para o transporte até o hospital.

A luz da aurora boreal começa a banhar intensamente todo o estacionamento. E, então, sua forma luminosa começa a mudar. A tradicional cortina ondulante começa, cada vez mais, a lembrar um rosto humano.

Uma holografia, perfeita em todos os detalhes, do rosto humano do deus da luz.

O rosto era, ao mesmo tempo, desconhecido e estranhamente familiar.

Owen e Dean podiam não lembrar, mas o rosto esculpido em luz era de Mark Levine. 


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