Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 23
vida 3 capítulo 6




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O treino de football começava às 16:30 h, ao final das aulas do dia. Kyle ansiava pelo doce cansaço do final do jogo. Pela ducha revigorante, em seguida. Normalmente, saia do vestiário completamente relaxado, não importava o quão estressante tivesse sido o dia. E Kyle dormira muito pouco na noite anterior.

Chegara em casa quase 1:00 e, quinze minutos depois, já estava deitado. Mas, o sono não vinha. Estava tenso. Passara a noite excitado pela proximidade do estranho. Não chegaram a conversar, mal trocaram meia dúzia de palavras, mas adorara sua voz rouca. Seu jeito rude e másculo. Seus olhos verdes. Não estava fantasiando. Sentira o interesse do outro.

Justamente naquela noite, Owen cismara de ficar grudado. Não tivera a chance de descobrir nada do carinha. Só sabia que se chamava Dean. Provavelmente nunca mais se veriam.

Mas talvez fosse melhor assim. Se estivesse sozinho e o estranho tivesse estalado os dedos, o teria acompanhado. Um sujeito do qual não sabia nada. Do qual não sabia o que esperar.

Kyle queria muito ficar com um homem. Era o que seu corpo pedia, mandando todo tipo de sinal. Mas tinha medo do que podia rolar. Era inexperiente neste campo. Virgem.

Pela primeira vez em muito tempo, Kyle chega ao orgasmo se imaginando com alguém diferente de Owen.  

 

Os dois times dividiam o mesmo vestiário. Afinal, podiam ser adversários em campo, mas eram colegas de turma. Havia bastante gente nas arquibancadas. Aquele seria um treino-jogo com a duração de um jogo normal, sem interrupções pelos técnicos. Os jogadores botariam em práticas as jogadas ensaiadas.

Também era dia de treino para as animadoras de torcida. Ashley era uma das cheerleaders. A melhor. Aliás fora isso que garantira seu lugar junto ao primeiro capitão do time principal.

Kyle não teve dificuldade de localizar Ashley e mandar um beijo protocolar. E foi então que viu Dean na terceira fila da arquibancada. Do ponto que estava, via Dean quase que alinhado com Ashley, apenas um pouco acima dela. Sentiu-se seguro para mandar um segundo beijo. Este, cheio de expectativas.

Ashley, naturalmente, pensou que o segundo beijo também era destinado a ela, e adorou. Era a primeira vez que ele fazia algo tão romântico. Achou que finalmente estavam se acertando.

Como Ashley, Dean também assumiu a interpretação que lhe era mais conveniente para o segundo beijo enviado pelo quaterback. E como sua resposta não podia ser devolver o beijo nem agitar animado os pom-pons de líder de torcida como a Ashley, Dean se põe de pé e, com um sorriso no rosto, olha ostensivamente para o capitão, que fica imediatamente corado.

Owen viu quando Kyle enviou o primeiro beijo e sorriu. O sorriso morreu quando viu o sujeitinho do bar da noite anterior se levantar acintosamente logo após o segundo beijo. Olhou imediatamente para Kyle e, mesmo não podendo ver seu rosto, percebeu uma mudança em sua linguagem corporal. Fechou imediatamente a cara e também os punhos.

 

Fora ridiculamente fácil para Dean seguir a pista de Kyle Hayden. Sua vida toda parecia estar disponibilizada na internet. Ele tinha dúzias de fã clubes. Se quisesse descobriria até seu número do celular. Mas preferia que o próprio Kyle o desse espontaneamente.

Quando Kyle entrou em campo paramentado para o jogo, Dean observou com prazer as formas da metade inferior do seu corpo mostradas em detalhe pela malha apertada e potencializada pelo protetor genital. Exibia seu característico sorrisinho sacana no rosto.

 

A presença de Dean na arquibancada deixou Kyle nervoso e inseguro. Ele errou passes bobos e trombou feio com um adversário ao prestar mais atenção na arquibancada que na jogada em curso. Owen explodiu em berros e cobrou seriedade do capitão, que baixou a cabeça, envergonhado.

Quando buscou novamente Dean na arquibancada não o localizou. Isso o frustrou no início, mas também o ajudou a se concentrar e terminar o treino aplaudido.

Ao final do jogo, o técnico reuniu o time para discutir quais as jogadas que funcionaram e quais precisavam ser melhoradas e o rendimento de cada um no treino. Ia também discutir a agenda de treinamentos da semana seguinte.

Kyle estava ansioso com a expectativa de encontrar Dean mais uma vez e pediu para ser dispensado da preleção, mas o técnico insistiu que ficasse e escutasse como todo mundo, lembrando Kyle de suas falhas do início do jogo.

Logo depois, Ashley chamou sua atenção fazendo sinal que estava indo para casa e ligaria mais tarde para combinarem algo para a noite.

A preleção se estendeu por quase uma hora. A ansiedade crescente de Kyle lhe valeu nova advertência do técnico e um pedido furioso de explicações de Owen na frente de todos.

Ao serem dispensados, o estádio estava praticamente vazio. Apenas algumas namoradas de jogadores. Nenhum sinal de Dean.

O técnico do time adversário também analisara o treino com seus jogadores, mas fora bem mais sucinto. Os retardatários do time adversário já estavam deixando o vestiário de banho tomado, quando os mais apressados do time principal entravam para o banho.

Owen, irritado, mas disposto a esfriar a cabeça antes de voltar a falar com Kyle, foi um os primeiros a entrar e o primeiro a sair do vestiário.

Kyle não seguiu direto para o vestiário. Até aí, nada de estranho. Era o que sempre fazia. Normalmente, estendia o papo com algum ou alguma fã, dando tempo para os companheiros de time acabarem o banho e, assim, encontrar o vestiário vazio. 

Desta vez, no entanto, caminhou por todo o estádio escurecido na esperança de encontrar Dean. Nenhum sinal dele em lugar nenhum. Quando perdeu as esperanças, seguiu para o vestiário. Já estava vazio.

Tirou lentamente o uniforme suado e caminhava nu para o chuveiro quando se viu frente a frente com um sorridente Dean, que lhe pareceu surgir do nada, interceptando seu caminho e caminhando resoluto em sua direção.

A surpresa paralisa Kyle, que abre a boca e deixa cair a toalha que levava na mão. Mais surpreso ainda ele fica quando tem a cintura envolvida pelo braço firme de Dean, que o puxa com força contra seu corpo e o beija na boca.

Kyle sente todo o corpo ser percorrido por uma onda de calor, quando sua boca é invadida pela língua de Dean. Seu corpo responde imediatamente ao contato crescente com o corpo de Dean e também ele prende firmemente Dean em seus braços.

Naquele momento, encontrava-se incapaz de pensar no que quer que fosse. Estava totalmente entregue às próprias sensações. As mais intensas que já sentira na vida.

Entretidos, não perceberam a aproximação de uma figura ainda vestindo um uniforme suado.  

- KYLE?


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