Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 118
sete vidas epílogo vida 1 capítulo único




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REALIDADE #1


Sam estranha encontrar a delegacia aparentemente abandonada. Nenhum policial. Nenhum atendente. Mordeu o lábio indeciso e xingou mentalmente até a décima geração do delegado ausente. Soltou um FODA-SE e entrou na área restrita. Qualquer outra pessoa se obrigaria a aguardar pacientemente... por mais impaciente que estivesse. Afinal, era uma delegacia de polícia. Era isso que se esperava de um cidadão. Cidadãos não chegam numa delegacia e vão entrando na carceragem. Mas, Sam queria respostas. Precisava de respostas. Não ia agüentar ficar esperando um minuto que fosse. Estava angustiado. Passara o dia com aquela sensação ruim. Já era quase noite. Procurara o irmão pela cidade inteira sem sucesso. Se fosse abordado, pensaria numa desculpa.

Primeiro, o susto, quando achou que Dean era o forasteiro assassinado. Depois, o alívio de descobrir que não era Dean quem estava estirado sob o lençol branco naquela gaveta de necrotério. Naquele momento, ao deixar o necrotério, sentiu-se até um pouco ridículo por aquela preocupação exagerada. Afinal, era o Dean. Claro que ele estava bem. Voltou a ficar otimista. Achou que logo o encontraria e que ririam juntos de tudo aquilo. Tudo entraria de novo nos eixos. Mas as horas foram se passando e a angústia voltara. Ainda mais intensa. E ali estava ele, desesperado. Tomando atitudes desesperadas.

Dean também não estava na carceragem. Aonde diabos ele se metera? Ia saindo, desanimado, quando abriu uma porta identificada por uma pequena plaqueta onde se lia PARLATÓRIO. Não esperava realmente encontrar Dean ali.

Mas ele estava lá, largado, imóvel. Parecia estar morto.

Sam se aproxima devagar do corpo estranhamente inerte sobre uma cadeira, com a cabeça caída para trás e os braços estendidos para fora. Quanto mais próximo, mais a impressão de que Dean estava morto se acentuava. Novamente aquela pressão no peito, aquele aperto no coração. Sam fecha os olhos e se força a respirar. Finalmente, após alguns segundos de hesitação, toca o pescoço do irmão em busca da pulsação da carótida. Nada. Ou, talvez, estivesse apenas muito fraca. Não tinha certeza, suas mãos tremiam. Dean estava gelado. Definitivamente, não era um bom sinal.

Sam se deixa tombar de joelhos e, então, puxa o corpo do irmão contra o seu e chora desconsolado. Há quantos anos não se permitia abraçar assim o irmão? Como pudera deixar que a relação entre eles chegasse a esse ponto? Fora preciso encontrá-lo morto para que deixasse de lado seus preconceitos.

Ainda estava ali, no chão, chorando silenciosamente abraçado ao corpo do irmão, quando os viu. O policial e um dos universitários que estavam com a garota que saiu do bar com o irmão, na véspera. Não os ouviu entrar na sala. Parecia que tinham surgido do nada na sua frente. Mas, é claro que não foi assim. Ele só estava abalado pela morte do irmão.

O policial retirou Dean de seus braços, levantou o corpo e o recolocou com cuidado na cadeira. Sam ficou ali, sentado no chão, sem reação. O policial permanecia de costas para ele e mantinha sua mão direita apertando firme o pulso direito de Dean. Sam viu quando o policial fez um sinal com a cabeça para o universitário, que se aproximou de Dean e segurou pulso esquerdo dele com sua mão esquerda. Sam via a cena com a testa franzida, como uma pergunta não explicitada. O rapaz olhou diretamente para os olhos de Sam e falou, com a expressão séria, como se pudesse ler seus pensamentos:

– Você terá sua segunda chance, Samuel. Não a desperdice. Seu irmão precisa de você. Mas você também precisa dele. Muito mais do que imagina.

Depois tudo ficou confuso. Relembrando a cena horas depois, Sam se esforçou para lembrar o que realmente acontecera a seguir. Tinha mesmo visto uma esfera brilhante surgir e se alojar no peito do irmão um pouco antes dele abrir os olhos?

Ao abraçar com força o irmão, determinado a fazer o possível e o impossível para tê-lo vivo ao seu lado, e ser abraçado por ele, inicialmente surpreso e depois feliz pela atitude inédita do irmão, uma onda de mudança é gerada. Surge um novo futuro, em que os irmãos, reconciliados, cuidavam e apoiavam um ao outro. Assim eram mais fortes como pessoas e como caçadores.

A linha do tempo em Dean se entregava ao desespero e era espancado até a morte é apagada. Livre do comportamento compulsivo, Dean toma por regra somente sugerir a brincadeira da troca de roupas num eventual segundo encontro, quando já existia alguma intimidade entre ele e a garota; e a deixar os modelitos de cowgirl restritos aos encontros anuais com seus amigos cross-dressings.

Depois de insistir muito, Dean finalmente conseguiu que Sam o acompanhasse num destes encontros. Sam foi com má vontade, mas acabou se divertindo e vendo que não era nada do que ele imaginara e que tudo não passava de puro preconceito da sua parte. Dean tinha sorte de ter um amigo como Chris.

Quanto a pintar as unhas dos pés, Dean continuou pintando. Mas passou a usar cores mais discretas quando o disfarce era de agente do FBI.

A convivência, agora que ambos estavam se esforçando para recuperar a cumplicidade dos tempos de infância, foi gerando confiança e uma comunicação sem necessidade de palavras que foi essencial para vencerem Gordon Walker, quando este os atacou em sua versão vampiro. Sam o confrontou com decisão e segurança e, mais importante, com um objetivo que o motivava a dar tudo de si: salvar a vida de Dean.


Os encontros com demônios se tornaram cada vez mais freqüentes e os sinais bíblicos da proximidade do fim dos tempos foram ficando mais e mais reconhecíveis.

Dean e Sam, seguindo pistas levantadas por Bobby Singer, chegam à base do NORAD (North American Aerospace Defense Command) no Colorado. Circulando por Colorado Springs, não demoraram a perceber que demônios dominavam uma parcela considerável da população.


Ao acertar com a faca de Ruby a testa do comandante da base, depois de abrirem caminho matando dezenas de soldados de olhos escurecidos, Dean constata que seu esforço tinha sido em vão. As duas chaves do pequeno console estavam giradas e o comando para o disparo de dezenas de mísseis transportando ogivas nucleares fora dado.

A sirene tocava ensurdecedora na base, quando um terremoto de mais de dez pontos na escala Richter abala Colorado Springs, destruindo as estruturas da base que ficavam acima do solo e praticamente toda a cidade. As saídas dos silos, emperradas ou retorcidas, não abrem. Os mísseis ficam presos em seus silos e dois deles explodem ainda no subsolo, destruindo todo o complexo subterrâneo e impossibilitando qualquer disparo futuro.

Nem mesmo a sala com paredes de concreto de dez metros de espessura onde estavam Dean e Sam resiste. A onda de choque da explosão atômica os teria matado se eles não tivessem sido tirados da sala um segundo antes por Mark Levine.

No topo de uma colina, a cerca de 5 km da base destruída, Sam e Dean, surpresos, encaram pela primeira vez após tanto tempo o deus da luz.

– Conheço você. De três anos atrás. De quando eu pensei que o Dean tinha morrido. O irmão do policial de uma cidadezinha de nome engraçado do Oregon. O que está fazendo aqui?

– Eu sou Baldur, o æsir. Depois de compartilhar as memórias de seu irmão, Dean Winchester, eu nunca mais fui o mesmo. Não consigo mais ignorar os demônios e seus planos de destruição. Eu e meu irmão estamos entrando na batalha ao lado de vocês. Gostaria de poder dar a vocês um tempo para descanso, mas tempo é o que não dispomos. Já estamos atrasados para abortar os planos do Cavaleiro do Cavalo Branco, Peste. Ele está em ação, neste momento, na Niveus Pharmaceuticals.


Outros terremotos, alguns ainda mais intensos, acontecem quase que simultaneamente ao redor do mundo destruindo bases militares em Nevada, no Texas, no Alasca, na Geórgia, no Cazaquistão, na Ucrânia e no deserto de Negev. É o deus da escuridão entrando em confronto direto com os emissários de Guerra, o Cavaleiro do Cavalo Vermelho.

Os Cavaleiros não iam mais conseguir agir com a desenvoltura de antes. Iam passar a enfrentar chumbo grosso.


Gabriel observa satisfeito. O Apocalipse ia deixar marcas naquela realidade, mas o importante é que a humanidade ia sobreviver.


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Notas finais do capítulo

14.09.2011



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