Entrei tremula de ansiedade na biblioteca, havia alguns alunos ali que me olharam surpresos.

Nem dei bola.

Tinha uma verdade na minha frente que queria ver.

Caminhei rumo as ultimas prateleiras.

Book de outubro de dois anos atrás... Cadê você... Achei!

O peguei ávida.

Sim, agora saberia o que tanto eles escondem.

Abri o Book notando sem saber que não estava procurando algo especifico ou coisa parecida.

Tinha o Book nas mãos, mas nem sabia o que procurar?

Vamos pense, Lily!

Comecei a folhear á esmo, até que minha atenção se voltou para uma foto que mostrava Hisaki, Oliver, Justin numa foto bem louca acompanhados de umas garotas. Mais minha mente se focou na garota morena e bronzeada que estava abraçada á Justin e sorria sarcasticamente.

Evelyn.

Ah, como tinha detestado ela ao lado de Justin.

Não gostava das escolhas dele quando á namoradas, mas ela superou todas.

Enjoada, ciumenta, egoísta e nunca foi com a minha cara e nem eu com a dela.

Até hoje nunca entendi por qual razão Justin namorou ela.

Acho que foi porque ela como os homens diziam, era gostosa.

Argh.

Me sentei numa mesa e comecei a olhar mais fixamente para foto.

Tinha algo entre aquele quarteto que estava deixando passar.

A cara de felicidade deles.

A pose displicente que estavam.

Olhe melhor Lily. Deve estar deixando escapar algo.

Passei para próxima pagina.

Foi então que vi em letras grandes a manchete.

 

           Aluna morre em clinica clandestina.

 

Puxei o ar pros meus pulmões.

Books não publicam apenas sobre eventos, tops, publicam noticias de como vão os antigos alunos, tragédias.

Tudo que estiver relacionado com o colégio no mês eles publicam.

Em outubro não foi diferente.

Li a noticia que falava que a Evelyn morrera numa clinica clandestina de aborto.

Senti que o sangue esvaziava do meu rosto.

Será que era sobre isso que eles guardavam segredo?

Que foram eles que levaram ela pra clinica.

Justin engravidou Evelyn e não quis assumir!

Minha mente criava explicações em raios de segundos. Tentava encontrar algo que explicasse tudo, que analisasse tudo.

Por deus!

O que demônios eles tinham na cabeça?

Mataram a garota, deixando a Britanny mal.

Sim, Evelyn era meia-irmã dela.

Agora me lembro, Justin em estado de choque, nossos pais o consolando.

Pessoas chorando.

Tudo, absolutamente tudo tinha sido culpa dele, junto do Oliver e do Hisaki.

Arfava bastante.

Estava branca pelo que notava nas minhas mãos.

-Você está bem? – indagou um garoto se aproximando de mim preocupado

Abri a boa, mas não emiti som algum.

Assenti de cabeça enquanto me levantava segurando o livro.

Ele me olhou por um instante, depois se afastou.

Coloquei o livro no lugar.

Tinha satisfações á tirar com uma pessoa primeiramente.

Caminhava apressadamente pelos corredores em direção a sala do terceiro ano onde Oliver estudava.

Ele me devia e muito explicações, esclarecimentos.

Não retribui os cumprimentos das pessoas enquanto passava por ela.

Minha mente trabalhava em pleno vapor em me deixar lúcida e calma, para não soltar os cachorros em cima dele.

-Oi – disse Lise me parando – Aonde vai desse jeito?

-Preciso falar com o Oliver, agora – disse dando ênfase na ultima palavra.

Ela me olhou por um misero segundo, depois arregalou os olhos surpresa.

-Como foi que? – balbuciou ela

-Não importa – respondi rapidamente – Tenho que falar com ele, depois nos vemos.

Sai de perto dela tão rápido quanto pude.

Ofegava, sentia o coração acelerado, o sangue corria por minhas veias tão rápido que me surpreendia.

Estava com meu corpo e mente á mil.

Entrei num rompante na sala, fazendo com que quem estava perto da porta me olhasse como se fosse uma louca.

Procurei por toda a sala Oliver.

Ele estava conversando com a Amber e o Giovanni.

Fui até eles, passando rapidamente pelas cadeiras.

Giovanni veio me receber querendo me dar um beijo, o afastei suavemente enquanto meu olhar retornou para Oliver que me olhava curioso.

-Quero falar com você – disse seria o encarando – Agora.

Ele levantou uma sobrancelha, depois voltou seu olhar para Giovanni.

-Não estou brincando, Oliver! – exclamei sentindo meu sangue ferver com sua atitude ridícula

Ele me olhou serio.

-Oliver, vai com ela – disse Giovanni frio.

Ele se levantou e passou a minha frente.

Olhei para Giovanni em seguida segui Oliver que já me esperava na porta da sala.

Não falei nada apenas caminhei ao lado de Oliver o levando para uma área longe da escola.

Nada de ouvidos ou olhos.

Ele parou de frente pra mim, me olhando profundo.

-O que houve? – perguntou ele cruzando os braços

-Me diga como puderam fazer aquilo com a Evelyn – responde pronunciando cada palavra sentindo o peso delas.

O rosto dele ficou branco.

-Como é que soube disso? – perguntou ele pausadamente

-Book de outubro – responde seria – Bastou ligar as coisas.

Ele respirou fundo enquanto seu rosto voltava a ter cor.

 -Me diga como ousaram ter tal crueldade – pedi ríspida

-Não sabe nem metade das coisas – ele me repreendeu – Não crucifique ninguém ainda.

Cruzei os braços.

-Evelyn estava namorando Justin ao mesmo tempo em que o traia com Hisaki – ele soltou a bomba, sem nem me avisar.

-O que disse? – perguntei enfática

-Não é surda – respondeu ele polido – Ela namorava os dois ao mesmo tempo. Quando ficou grávida contou ao Justin, dizendo que ele era o pai, que tinha que assumir a criança, e tudo mais. Ele ficou tão desnorteado com a noticia que nem sabia o que pensar direito, que decisão deveria tomar.

Ele pausou, para tomar ar e me encarou com olhos opacos.

Escutava tudo em silencio, a surpresa tinha se esvaído segundos atrás.

-Foi então que Hisaki deu a idéia de que Evelyn não tivesse a criança, que se desse um fim na historia e tormento do Justin desse modo – continuou ele - Tentei fazer com que Justin não aceitasse a idéia, mas foi em vão. Hisaki disse então que tomaria conta de tudo, que fazeria esse favor pra ele.

Levei minha mão a boca, tentando abarcar a noticia.

-Quer dizer que Hisaki foi que fez com que ela abortasse? – perguntei franzindo a testa, querendo não acreditar em tal possibilidade.

-Fizera pior – respondeu ele com um olhar vago – Hisaki matara Evelyn porque ela não queria perder o bebê, um pequeno medicamento, timing perfeito para simular sua morte na clinica. Tudo tão bem planejado!

-Oie – disse colocando minha mão em seu ombro – Hisaki não teria tanto sangue frio assim.

Ele riu com escárnio.

-Oh, sim ele teve, ou melhor ele tem sangue frio – disse ele – Hisaki não mede esforço para se livrar dos seus problemas, não importa quais métodos use.

-Esqueceu-se de que Evelyn não era um problema para ele – argumentei – Ela não tivera dito que Justin era o pai?

Novamente ele riu com escárnio.

-Evelyn repensou em sua atitude, sabia que não tinha como o filho ser de Justin e só tinha dormido com ele apenas duas vezes e com camisinha. Agora com Hisaki, a banda foi diferente.

-O filho era do Hisaki – conclui estupefata

-Por isso era um problema pra ele – disse ele – Rilew não admitiria que seu filho de 16 anos fosse pai. Se ocorresse isso, poderia esquecer que tinha pai. Pra Hisaki isso seria, fechar a imensa porta que almejara durante anos.

-Assim, um filho não era uma boa idéia ainda – refleti levando minha mão ao queixo.

Oliver apenas assentiu com a cabeça.

-Por que não falaram nada? – perguntei seria – Por que não contaram para policia?

-Sem provas? – retorquiu ele cético – Não temos nada que prove que Hisaki matou Evelyn, absolutamente nada. Tão tal que ele próprio nos contou sobre isso, não deixou espaços para segredos.

-Por que ele contou a verdade para vocês? – perguntei confusa, tentando achar a resposta para isso.

-Não sei – ele deu de ombros – Prefirimos ocultar tudo isso, a policia culpou a clinica, ficamos fora dessa. Segredo ocultado. Nos separamos, preferi viver como um nerd, longe dos olhos de todos. Tinha que esquecer aquilo tudo, tinha que virar a pagina.

Suspirei.

Então era esse o segredo.

Fora isso que o tornou a ser assim.

-Entendo – disse voltando meu olhar pro céu.

-O que vai fazer? – perguntou ele receoso

-Não sei – respondi sincera – Apenas por enquanto me manterei indiferente á isso, apenas por enquanto.

Ele me olhou profundamente.

Depois sorriu levando a mão a cabelo.

-Não sei como posso ter feito aquilo – disse ele para si mesmo ao que parecia

-A? – indaguei o olhando confusa

-Te beijado – esclareceu ele – Não entendo porque fiz aquilo.

-Nem eu – desabafei – Não tem por qual motivo ficarmos nessa irritação. Nos beijamos péssimo, mas podemos continuar sendo amigos não é mesmo?

-Por mim já está de bom tamanho – concordou ele – Acabou-se o assunto.

Fiz que sim com a cabeça.

Retornamos para o colégio.

De Oliver sentia apenas afeto, nada mais que isso, talvez amizade.

Ainda quero entender por que o beijei mesmo.

Tá seus lábios são desejáveis, mas encontro outros depois.

Além do que minha mente martelava outra coisa, bem pior e cruel.

Hisaki.

Sim, não podia deixar que ele continuasse impune, depois do que fizera.

Não mesmo.

Tá, tô parecendo uma daquelas heroínas da justiça.

Tosco.

Só que não podia mais suportar isso.

Sentia que era mais um dever que tinha que cumprir.

Apenas tinha que elaborar bem as coisas.

Hisaki era uma carta que eu queria tirar do meu baralho.