Eu e Diego estávamos com os Cullen a quase três semanas e acho que a expressão “morrer de fome” não seria uma figura de linguagem se isso fosse possível. A nossa última viagem de caça foi com Riley, antes de sairmos pra a batalha. Eu sabia que Diego se sentia exatamente do mesmo modo que eu, exceto se ele estivesse pior.

Eu sabia porque nós estávamos assim: como Edward consegue ler pensamentos ele sabia que nós estávamos precisando caçar e estava decidido a nos manter assim – quase “morrendo de fome” – para que quando fôssemos nos alimentar, comeríamos qualquer coisa – no caso, animais. E Edward sabia que eu sabia do seu plano e não tinha como simplesmente dizer que era mentira, porque o meu talento me dizia isso.

Eu estava novamente lendo Drácula – eu sei, eu sei, mas comparando esse livro com a vida real, ele está realmente deixando de ser meu favorito. Fala sério! Os vampiros se queimam ao sol neste livro! – quando Edward deu um suspiro.

– É hora de caçar... – ele disse.

– Ah! Finalmente. Eu estou mesmo com fome...

– Eu sei. – ele deu um tapinha na testa e soltou uma risada. Eu revirei os olhos.

– Tudo bem, vamos logo com isso... – Edward disse.

Diego e eu nos levantamos do sofá e seguimos Edward pela porta dos fundos.

– Aonde vamos? – Diego perguntou.

– Em nenhum lugar específico... estão vendo aquela floresta? – Ele apontou para as árvores depois do rio e não deu uma boa pausa para que respondêssemos – Um pouco mais além daquilo...

Edward pulou o rio com uma graciosidade impecável e correu floresta adentro e parou em uma pequena clareira. Eu o segui, de mãos dadas com Diego.

– Concentrem-se e sigam seus instintos.

E então eu não era mais eu. Não me lembrava meu nome, não lembrava nada. Meus dentes eram lâminas de aço; cortaram a pele, a gordura e os tendões como se não estivessem ali. O sangue que eu estava bebendo tinha um gosto delicioso doce, lembrava exatamente o cheiro de Bella, exceto pelo fato que esse sangue era um pouco amargo. Com esse pensamento eu abri os olhos e percebi, chocada, que o que tinha em meus braços era o corpo drenado e sem vida era de um montanhista, um humano.

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