Samantha

Acordei mais cedo, pois Chris iria passar aqui em casa para irmos juntas á escola. Fui ao meu armário, peguei minhas roupas intimas e fui em direção ao banheiro. Fiz minha higiene e entrei no banho sem pressa, prendendo meu cabelo em uma toalha especial para não molhar e, saindo alguns minutos depois, me vestindo. Fui direto para o meu quarto me arrumar, estava uma manhã fria, então decidi colocar uma calça jeans clara, a camiseta da escola, que era obrigatória, e uma blusa vermelha por cima de zíper, deixando aberta. Coloquei minha meia, e fui pro banheiro me maquiar, deixando-a fraca. Sai do banheiro indo em direção ao meu quarto, para dar uma ajeitada lá. Abri as cortinas, e arrumei a cama, coloquei o celular no bolso e fui pegar meu tênis, estava o colocando quando escuto a campainha. Logo imaginei que fosse a Chris, então peguei minha mochila e desci as escadas rapidamente, avisando que já estava a caminho. Peguei minhas chaves, abri a porta, e a tranquei quando sai.

 Chris estava com uma cara que desanimava qualquer um, logo de manhã já parecia mal-humorada. Aposto que é sono.

- Que cara é essa, Christina?

- Como que cara é essa!? Agora é 7h30 Samantha, era pra eu estar debaixo dos lençóis, isso sim.  Desculpa se eu não acordo pulando da cama como você.

Falei. Achei engraçada a cara que ela me fez ao dizer isso, foi fofa. Após isso, não disse mais nada, e nós seguimos o caminho da escola.

  Ficamos bastante tempo sem falar nada, já até comecei a achar estranho, então tentei puxar assunto.  – Chris – A chamei, mas não me respondeu. – Chris? CHRISTINA! – A chamei alto, quase um grito, sorte que não tinha praticamente ninguém na rua, imagina a cena! Agora sim, eu tinha conseguido a sua atenção.

- Ah sim, o que foi? – Ela me perguntou, parecia que estava com a cabeça longe.

- Tava pensando em que? – Não perdi a oportunidade de saber o que havia deixado ela tão longe assim.

- Nada demais.

E me olhou com aqueles olhos verdes, um verde meio escuro, mas lindo. Viajei nos seus profundos olhos, até escutar ela dizer:

 - Mas então, o que foi?

- Ah o q..

Fui cortada ao ser puxada contra ela, pois eu falava olhando pra ela e ia bater num... Poste. É, um poste. Imagina a cena! Eu não bato a cabeça em um poste desde os meus seis anos. Não quero ficar com um galo enorme e uma dor de cabeça por um descuido meu! Culpa dos olhos da Chris. Em falar nos olhos dela..  Puxou-me um tanto forte demais, fazendo eu os vê-lo bem de perto, ainda me fazendo ter que olhar pra cima, por ser um pouquinho mais alta que eu.

    Aquilo foi inusitado, fiquei no mínimo um tanto sem graça, pela tal proximidade. Senti um perfume gostoso, o do perfume era bom, sim, mas este era dela. Ficamos paradas por segundos daquela mesma forma, mas era como se fosse minutos. Escutamos um carro derrapando na esquina, e então nos separamos, e ela me pediu desculpas. Mas ela não fez nada, eu fui a descuidada. Respondi isso a ela, e agradeci, pelo salvamento. E o silencio voltou, até chegarmos à rua da escola. Ela me perguntou:

- O que você dizia? Lá... Na hora que te puxei.

A pergunta me fez lembrar o momento. Fiquei sem jeito só de pensar no ocorrido. Mas, por quê? Foi só um acidente. Melhores amigas se salvam de postes que entram de propósito na nossa frente, não é? Não tinha motivos pra ficar daquele jeito, então para não a deixar falando sozinha, disfarçando a voz de sem graça, respondi.  - Ah, sim... O que vai fazer hoje depois da escola?

- Eu planejava dormir. Por quê?

Eu ia respondê-la quando ouvi uma voz conhecida. Bem conhecida, por sinal. Certeza! Era a Mel, prima da Chris. As duas tinham a mesma altura. Às vezes passa pela minha cabeça, a família delas toma fermento, só pode!  Bom, Mel e Chris não são parecidas, talvez só pelo parentesco dos olhos. Os de Melissa são de um mel esverdeado.  Pois de resto, Chris é bem branquinha mesmo, só não é branca tanto quanto o leite porque é mais rosada, qualquer esforço a mais sobre a sua pele fica avermelhada...  Já a Mel tem mais cor.

  Elas conversaram sobre alguma coisa que eu nem prestei atenção. Depois eu pergunto pra Chris sobre o que elas conversaram. Nós entramos e ficamos num canto do pátio, sentadas. Aonde eu sentei com ela a primeira vez quando mudei pra essa escola. Aquele era praticamente o nosso canto, só que agora não era apenas nós.  Eu estava com a minha cabeça longe, pensando nos velhos tempos quando escuto ela perguntar.

- Por quê?! – Não entendi, e fiz uma cara confusa pra ela, então ela explicou. – Desculpa, a Mel surgiu do nada, e nem deixou você falar... Por quê? O que eu ia fazer hoje... Entendeu?

- Ah, entendi! Então, a gente podia sair... Ou ir lá a minha casa. – Sugeri.

- A gente podia sair amanhã ou depois, porque a Mel queria marcar de sair com a gente e tal. Tudo bem pra você?

- Ah, claro! Tudo sim. – Vou dar um jeito no meu quarto!

- Mas sua tia não vai se incomodar? Sabe... Ir sem avisar.

- Pra falar a verdade minha tia vai sair... E não sabe que horas vai voltar. Então, você aproveita e me faz companhia.

- Ta. Passo lá pelas... 14h, certo?

- Combinado!

E o sinal tocou, e cada pessoa foi pra sua devida série. Por sorte, tinha caído na mesma sala que a Chris, o 2°B!