Falling For You - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo 1 - Quem é Aquele Moleque?




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Sábado, 04 de Novembro de 1978

Vance colocou sua jaqueta jeans sem mangas por cima da regata branca, pegou um par de braceletes de couro e colocou um em cada pulso. Seu cabelo já estava com o volume perfeito e seu humor estava estranhamente muito bom, como se alguma coisa dentro de si dissesse que algo bom estava prestes a acontecer.

Depois de pegar algumas moedas e enfiar no bolso, o loiro saiu de casa e fez o caminho de sempre até a loja de conveniência não muito longe dali. Porém assim que passou pela porta, produzindo aquele som tão característico do sininho, o clima mudou lá dentro.

Seus amigos, que normalmente o receberiam com um animado "toca aqui" enquanto diziam "e aí, cara", se calaram assim que o viram entrar, olhando para as paredes, para o chão… Enfim, qualquer coisa que não ele.

— Quê que tá pegando? — Vance perguntou, já erguendo o queixo e fechando a cara.

Lowis, um amigo seu de cabelo preto e sobrancelhas bem grossas, não teve coragem de abrir a boca para falar, mas indicou com um rápido movimento de cabeça a máquina de pinball. Mais especificamente o placar marcado nela.

Vance franziu as sobrancelhas e se voltou para o jogo, não demorando a perceber o que havia de errado: todos os seus recordes, seus preciosos e incrivelmente difíceis recordes, haviam sido quebrados.

Seus lábios tremeram de ódio e suas mãos fecharam com força.

— Quem foi o desgraçado? — indagou entredentes, fazendo todos ao redor tremerem mesmo não sendo o motivo de sua irritação.

Dessa vez não foi apenas Lowis, boa parte das pessoas lá dentro apontou para um garoto do lado de fora da loja de conveniência, dava para vê-lo de costas do outro lado da vidraça. Ele vestia uma calça jeans clarinha com um boné de beisebol meio enfiado no bolso, all stars brancos um tanto surrados e uma camisa de mangas cumpridas da mesma cor.

Sem sequer hesitar, Vance saiu pisando forte e vociferando. — Ô, moleque!

Ao contrário do que os amigos do loiro fizeram dentro da loja, todos os que estavam do lado de fora se viraram e focaram seus olhares em Vance de imediato, ansiosos para ver o que aconteceria a seguir. Alguns até apreensivos.

O garoto, no entanto, se virou devagar e com um sorriso despreocupado que quase fazia seus olhos puxados fecharem. Isso deixou Vance atordoado por alguns segundos. E não porque essa não era a reação que esperava aos seus berros irritados, mas porque a beleza daquele rosto de traços asiáticos lhe atingiu de surpresa como um soco na boca do estômago.

— Ah, olá. — disse o garoto, trazendo-o de volta à realidade. — Você deve ser o famoso Vance Hopper.

Vance tentou não ficar corado e apenas manter sua pose de durão enquanto ignorava aquela gentileza bizarra e sibilava entredentes. — Quem deu permissão pra tocar no meu jogo?

O garoto riu tão despretensiosamente que chocou todos ao seu redor. Vance ficou ainda mais irritado e fechou as mãos em punho com força.

— Engraçado. Pelo que tinham me dito sobre você, eu achei que era bom nesse jogo.

O loiro bufou uma risada enraivecida e disse. — Então ouviu errado, moleque. Eu não sou bom. Sou incrível.

O garoto franziu a testa e finalmente mudou aquele sorriso simpático idiota por um bem mais debochado.

— Hm, é mesmo? — murmurou com a voz escorrendo ironia. — Então porque precisa ameaçar todo mundo pra manter seus recordes?

O músculo abaixo no olho direito de Vance estremeceu e seu corpo travou, pela primeira vez sua voz não pareceu tão firme quando voltou a falar.

— O que você disse? — foi tudo o que escapou de sua boca.

E então o garoto asiático riu, uma gargalhada bem gostosa como quem se diverte muito com a situação. Em seguida, tirou o boné de beisebol do bolso de seu jeans e o colocou na cabeça ainda sorrindo.

— Tchau, Vance Hopper. — disse antes de simplesmente se virar, pegar sua bicicleta e ir embora.

Todos em frente à loja de conveniência o observaram até sumir virando uma esquina, em seguida se voltaram outra vez para Vance que só despertou alguns segundos depois.

— Quem é aquele filho da puta? — a frase inteira foi gritada, porém havia muita ênfase no xingamento.

Uma garota de cabelos loiros e rosto cheio de sardas tentou não parecer tão "acesa" ao dizer "o nome dele é Bruce", mas ela não conseguiu se impedir de dar uma mordidinha no lábio inferior enquanto mexia no cabelo e dava uma rápida olhadinha na direção por onde o tal Bruce havia sumido.

Vance olhou para ela com desprezo por um segundo, em seguida se virou e voltou para dentro da loja esbarrando com força em quem fosse lerdo demais para sair do caminho a tempo.

Demorou mais horas do que o de costume jogando naquele dia para poder bater os três recordes que cabiam no placar da máquina, mas nem precisou usar suas moedas todas. Queria que o tal de Bruce aquele imbecil estivesse ali para ver o quão incrível era de fato, mas só de ter seus números de volta ali já valia a pena e ele podia por fim voltar para casa em paz, afinal já estava escuro e não havia mais quase ninguém lhe assistindo jogar, sem mencionar o dono da loja que já encarava a todos com uma expressão irritada.

Chegando em casa Vance comeu o que achou na geladeira, tomou um banho e vestiu a primeira samba-canção que sua mão alcançou dentro da gaveta, então se deitou na cama para dormir.

Mas quem disse que ele conseguia?

Sempre que fechava os olhos lembrava daquele babaca do Bruce e aquele sorriso idiota. Aliás, aqueles sorrisos idiotas: o gentil e fofo, que fazia seus olhos já estreitos se fecharem ainda mais, e o debochado e irritante que dava um brilho malicioso às íris escuras.

E lembrar do garoto asiático estava deixando alguma coisa agitada em seu interior. Algo que começou a se concentrar um pouco abaixo de seu ventre e fazer um volume em sua cueca.

Depois de quase meia-hora Vance por fim desistiu de tentar dormir e bufou antes de se inclinar para pegar uma revista em uma velha caixa de sapatos embaixo de sua cama.

Precisava gastar essa energia ou não conseguiria pregar os olhos tão cedo.


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