Um príncipe a uma princesa escrita por Madoro to Amesu


Capítulo 1
Maldição do amor


Notas iniciais do capítulo

Digamos que minha própria fanfic Mash x Lemon foi o que me inspirou a escrever esta continuação, pois não seria justo com a Love apenas deixar eles serem felizes e simplesmente me esquecer dela.
Dito isso, a presente obra ficcional focará nela, dando continuidade aos acontecimentos de "Profiteroles ao meu docinho". Portanto, se caiu de paraquedas aqui, sugiro que leia a prequela antes para garantir uma maior imersão na história.

E é isso. Desejo a todos uma boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/812063/chapter/1

— Lembre-se, Love, você é uma princesa e todos os homens que ousarem se aproximar de você devem se mostrar dignos do seu amor!” – Exclamava um pai em tom de soberba à sua filha.

— E quem seria digno de mim, papai? – Questionou a criança visivelmente confusa diante das palavras que o patriarca lhe lançava.

— O seu príncipe, aquele que estará sempre disposto se sacrificar para protegê-la de todos os males deste mundo e a venerá-la como a deusa que você é. – Explicava o homem.   

— Mas e se meu príncipe não existir? E se ele nunca conseguir me encontrar? E... e se... ele não me amar? – Choramingou a menina temendo o pior.

O homem então se abaixou ficando ao alcance da pequena garotinha, enxugando as lágrimas que insistiam em cair e deslizar pelas suas bochechas.

— Não diga tolices, querida! Vários rapazes haverão de se apaixonar por você no futuro. Não se esqueça: você é o fruto do sentimento mais puro que pude sentir por alguém nessa vida. Por que acha que a batizei assim?

~*~

Dentro de uma cozinha da prestigiosa escola de magia, uma certa jovem dos longos e sedosos cabelos rosados presos por duas marias-chiquinhas encontrava-se admirando, através de uma janela ao lado de um dos vários fornos, a cena de sua amiga tendo seus sentimentos correspondidos.

— Parece que ela conseguiu mesmo...sortuda! – Murmurou a rosada não deixando escapar uma pontada de inveja no tom em que suas palavras foram proferidas.

Embora seu coração estivesse a torcer pelo sucesso da loira nessa matéria tão complicada denominada “romance”, ela não pôde evitar de desejar, do fundo de sua alma, que tivesse sido ela a receber aquela confissão no lugar de Lemon naquele exato momento.

Não que Love tivesse uma queda por Mash, pelo contrário! Já havia algum tempo que seu coração começara a bater mais forte por outra pessoa. Contudo, a ideia de tentar outra vez e se machucar ainda mais não soava nada tentadora. Já estava desacreditada no amor, haja vista suas experiências frustrantes passadas.

Por mais que detestasse admitir, ela era um completo fracasso nesse quesito e sentia-se uma tola por ter acreditado na comparação imbecil que seu pai fizera com os contos de fadas. Talvez ela não servisse para esse propósito no fim das contas.

“Pai, o senhor mentiu despudoradamente para mim. Ninguém nunca vai me amar de verdade...” – Tais pensamentos intrusivos tornavam a atormentar sua mente outra vez e, apercebendo-se disso, rapidamente a garota desferiu leves tapas em seu rosto, numa tentativa de despertar do transe imposto pela sua própria mente.

— Vamos lá, Love! Quem vive de passado é museu, curta o seu presente! – Reafirmou-se animadamente a rosada enquanto recobrava sua compostura. – E o que mais importa agora são esses deliciosos profiteroles que você há de desfrutar junto aos seus companheiros! – Complementou com um enorme sorriso que surgira em sua face. Lemon fora gentil o bastante para ceder-lhe os suculentos doces que havia preparado com tanto carinho naquela cozinha.

— Certo, tudo o que resta a fazer é levar essas tigelas até lá. Sim, isso mesmo! Levar...até lá... – A animação, que outrora esteve vividamente presente em seu tom de voz, foi gradualmente se esvaindo na medida em que se recordava com desânimo do fato de os dormitórios da casa Lang estarem localizados no segundo andar, tomando como referência o local onde ela se encontrava no presente momento. Isso sem mencionar o amontoado de profiteroles, que ameaçavam transbordar das duas tigelas, dentro das quais estavam contidos. Apenas de imaginar o tremendo esforço físico que haveria de fazer para carregar aquilo de um recinto para outro, tudo isso enquanto enfrentava dois temidos e estreitos lances de escadas sem cair e se espatifar no chão a fazia tremer.

Ah, como ela queria poder ser capaz de manipular a gravidade com sua varinha tal como Lance o fazia. Um simples feitiço recitado como aquele tornaria essa tarefa árdua algo muito mais fácil.

Como último recurso, vasculhou o cômodo inteiro de cima abaixo em busca de algum apetrecho que a pudesse auxiliar nessa longa jornada de dois andares sem, no entanto, obter sucesso.

— Ai, ai, será que eu dou conta de chegar inteira pelo menos? – Suspirou pesadamente em derrota.

~*~

Depois de ter respirado fundo pelo menos cinco vezes seguidas, Love, tomada pela coragem, começou sua jornada "para o alto e avante". Com cautela, a rosada foi dando um passo de cada vez, de forma a não pisar em falso enquanto subia os degraus, garantindo assim o equilíbrio das vasilhas em ambos os seus braços.

Passados pouco mais de 5 minutos, ela estava muito perto de alcançar o seu objetivo e chegar ao topo da escadaria. Contrariando todas as suas expectativas, esse desafio, que à princípio julgara ser impossível fora bem mais tranquilo do que poderia ter imaginado.

“Tranquilo até demais...” – Após esse pensamento ter passado pela sua mente, um arrepio percorrera a sua espinha. Algo ruim estava prestes a suceder, embora ela não fizesse a menor ideia do que exatamente.

A resposta para esse mal pressentimento não tardou em chegar, uma vez que essa simples reflexão fez com que seu foco se desviasse do último degrau bem à sua frente. Numa pisada em falso, de súbito, percebera seu pequeno e esguio corpo tombando para trás, enquanto as vasilhas voaram de seus braços e estilhaçaram-se por completo no chão.

A menina mal teve tempo de processar a informação e já estava prestes a rolar escada abaixo e ter sua cabeça chocada contra os degraus. Sem qualquer expectativa positiva, apenas fechou seus olhos e aguardou o seu trágico fim.

“Adeus mundo cruel!”

Felizmente, essa tragédia fora impedida por um par de braços que a envolveram por detrás e em vez do gélido piso, suas costas haviam se chocado contra um corpo que amortecera sua queda fatal em um abraço estranhamente aconchegante.

— Peguei você! – Bradou em um tom enérgico uma voz masculina que ela conhecia tão bem quanto a palma de sua mão.

Teve suas suspeitas confirmadas após pender sua cabeça levemente para trás e se deparar com aquele par de olhos cinza claros tão profundos e intensos a encará-la numa mescla entre o temor e o alívio. Sim, ela estava diante dele, o único capaz de tirá-la o fôlego e de fazer seu coração falhar uma batida.

— Wirth... – Não pôde evitar que o rubor surgisse em seu delicado rosto após proferir aquele bendito nome.

— Idiota! Por que não me pediu ajuda?! Você sabe que sempre estou na biblioteca bem ao lado a esta hora! – Exclamava o rapaz visivelmente aflito ao passo que seu abraço se tornava ainda mais apertado. Em meio à constrição, era perceptível o estado de estresse, o qual seu corpo se encontrava.

— Eu sei, desculpa... – Disse a rosada. O pesar em seu tom de voz refletia de forma clara a culpa que sentia pela tolice que quase lhe custara a vida. Em resposta a essa reação, Wirth, suavizara a pressão com a qual a estava envolvendo, depositando carícias gentis sobre os fios de cabelo da garota em seguida.

Para a sorte da garota, o moreno ouvira o estrondo das tigelas se quebrando ao pé da escadaria que ficava por perto e sem pensar duas vezes, correu em disparada na direção de onde o som havia reverberado.

Estando enfim defronte do motivo de todo aquele estardalhaço, estarreceu-se diante da visão de Love tombando lindamente para o que seria sua morte certa e inconscientemente, uma descarga de adrenalina tomara seu corpo por completo e num rompante de energia, que ele desconhecia que possuía, conseguira impedir aquela queda fatal.

— Você está bem? Está ferida? – Inquiriu Wirth ainda um tanto preocupado.

— Estou bem sim, mas os profiteroles...

— Esqueça os profiteroles! Você tem noção do que poderia ter acontecido?! Eu não sei o que faria se eu tivesse te perdido... – Proferiu o terceiro canino e no momento seguinte, quase que instintivamente, inclinou-se um pouco defronte no intuito depositar um pequeno selinho na testa de sua companheira.

Ao ter se dado conta do que estava a ponto de fazer, no entanto, interrompera o seu ato, fazendo com que um leve rubor surgisse nas faces de ambos. Uma atmosfera constrangedora pairava sobre eles.

— ...

Às vezes, Love acreditava que o passatempo favorito do destino era torturá-la alimentando o seu ego através das falsas esperanças que era prometida. Não importava quantas vezes ela já tivesse convencido a si mesma de que a partir daquele momento iria passar a focar tão somente em si mesma, esse ciclo vicioso da paixão sempre recomeçava e ela se via babando por outro rapaz.

Tal qual uma verdadeira maldição, todos os seus relacionamentos estavam fadados a deixar ainda mais cicatrizes e feridas abertas em sua alma. O que sempre começava como algo aparentemente puro e sadio, terminaria absolutamente tóxico e grotesco. No entanto, por alguma bizarra razão que nem a mesmo própria Love saberia explicar se questionada a respeito, Wirth era diferente de todos os ex-namorados que ela tivera o desprazer de conhecer.

Não sabia dizer ao certo também em que ponto seu respeito e sua imensa admiração pelo terceiro canino haviam se tornado algo mais e por muito tempo ela tentou com todas as suas forças negar o que sempre estivera ali trancado à sete chaves nas profundezas de seu coração.

Todavia, ela já estava se cansando daquele joguinho de gato e rato que há muito havia se tornado uma rotina diária de ambos. Por mais astuto, habilidoso e decidido que o rapaz fosse, ele conseguia ser um completo tapado em se tratando de expressar seus sentimentos.

Estava mais do que óbvio para todos os membros da Magia Lupus a paixão avassaladora que Wirth nutria por Love. O moreno seria capaz de dar a própria vida pela rosada e de mover céus e terras para protegê-la de todos os males deste mundo, isso sem contar que não podia passar um dia sem contemplar aquele sorriso, que era mais cativante e encantador do que qualquer romance que já tenha lido no auge de seus 18 anos de vida. Contudo, sua baixa autoconfiança, aliada à imensa timidez que o travava sempre que interagia com sua amada contribuía para que a relação deles não passasse de “companheirismo de equipe”.

Isso era absolutamente frustrante para a jovem. Embora já estivesse à par dos sentimentos do rapaz, ela desejava mais do que qualquer outra coisa ouvir um “eu te amo”, pelo menos uma única vez. Como o encorajaria a se abrir, então? Love tinha uma teoria e não havia momento melhor para testá-la do que agora. Era tudo ou nada!

“Hora de pôr essa teoria em prática!”

— Wirth, existe alguém de quem você goste? – Questionou a rosada ativando o seu modo fofo.  

— O q-quê? P-Por que isso tão de repente? – Gaguejou o rapaz enquanto o rubor em sua face se intensificava ao contemplar aquele olhar de cachorrinho triste que apenas ela sabia fazer com tanta maestria.

— Apenas responda com um sim ou não!

— S-sim...

— E o que você faria se essa pessoa se declarasse para você aqui e agora? – Prosseguiu a garota.

— C-como?!

— Só responda... – Suspirou a jovem já começando a ficar um pouco irritada com a lerdeza do moreno.

— Eu sinceramente não sei. Não é como se isso sequer possa vir a acontecer de qualquer forma. Ela é incrível demais para alguém como eu... – Admitiu o terceiro canino, logo depois se dando conta do que acabara de confessar. De onde teria tirado tanta bravura para alcançar tal feitio?

Love sorriu discretamente diante daquela alegação. Seu plano estava dando certo.

 - Hmm, entendo! Considere-se com sorte, então! – Retorquiu por fim a rosada enquanto se aproximava do seu companheiro, pronta para dar o seu “cheque mate”.  

— O que... – Tivera sua frase interrompida por um beijo depositado carinhosamente em sua bochecha o pegando de surpresa. 

— Eu te amo, Wirth Mádl...

Acanhada após ter enfim se declarado, Love permanecera ali o encarando por o que pareceu uma eternidade na expectativa de obter alguma reação do rapaz, qualquer reação...que nunca veio.

Havia fracassado miseravelmente outra vez. Ela estava ledamente enganada se chegara a cogitar que dessa vez poderia ter sido diferente. A dor pela sensação de impotência era tamanha que não pôde conter as lágrimas que teimavam em cair de seus olhos.

Preferia estar morta a ter de continuar passando por tudo aquilo todas as vezes. Com isso, virou-se na direção contrária ao rapaz e estava pronta para fugir dali, quando sentiu seu pulso ser segurado e antes que ela pudesse ter a chance de proferir qualquer palavra, Wirth selara seus lábios aos dela.

A inesperada tomada de atitude abismara Love de um jeito que não poderia nem mesmo colocar em palavras. Aquele contato, tão repentino e ao mesmo tempo tão necessitado por ambos valia mais do que 1000 palavras trocadas ou qualquer serenata recitada.

Cerraram suas pálpebras aproveitando cada segundo daquele ósculo intenso e fascinante. Assim como um feitiço gentil, parecia acalmar os ruídos indesejados de suas mentes e sarar todas as mágoas de seus passados, que insistiam em atormentá-los.  

Entretanto, como tudo o que é bom tende a durar pouco, a maldita falta de ar forçou-os a se separarem para o desagrado de ambos. Entre arfares desesperados, eles se encaravam com sorrisos bobos estampados em suas faces.

— Eu também te amo, Love Cute! – Disse por fim o rapaz, o que trouxe outra vez lágrimas aos olhos da garota, mas de felicidade e emoção. Seu maior desejo havia enfim se realizado. Ela quase não podia acreditar no que estava presenciando naquele exato momento.

Sinceramente, os dois eram verdadeiros tolos. Estiveram por tanto tempo temendo que suas próprias inseguranças os afugentassem um do outro, sendo que justamente falar sobre elas os aproximaria, tornando tudo muito mais fácil desde o início. Dando-se conta disso, riram-se de suas próprias idiotices e foram se aninhando nos braços um do outro em um gesto calmo e terno.

Contos de fadas poderiam não existir e tanto ela como seu príncipe poderiam não ser perfeitos afinal, mas pela maldição ter sido quebrada e essa princesa poder finalmente desfrutar do seu final feliz ao lado de seu verdadeiro amor já era mais do que suficiente para fazer tudo ou mais ter valido à pena em suas vidas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para todos que estavam se perguntando o que havia acontecido com os profiteroles da última fic, aí está a resposta.

Nada me tira da cabeça a ideia de que a Love foi baseada nas protagonistas de animes/mangás shoujo convencionais. Dito isso, fica nítida a atmosfera mais fofa e delicada que essa oneshot possui.

Enfim, agradeço a quem acompanhou até aqui. Espero que tenham gostado.
Kissus e até a próxima! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um príncipe a uma princesa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.