Um amor improvável escrita por Tianinha


Capítulo 18
Casamento da Karmita Lancaster




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À noite, Fabinho resolveu ligar para dona Margot, para dar notícias.

— Ai, filho, até que enfim você ligou. — disse dona Margot, enquanto lavava a louça. — Tava tão aflita sem notícia sua. Como é que você tá?

— Eu acho que eu encontrei a minha mãe. — disse Fabinho. — É a Irene Fiori, sim. Não. A gente ainda não conversou cara a cara, mas acho que sei onde ela vai estar amanhã. Vou tirar essa história a limpo.

— Filho, toma cuidado. — pediu dona Margot.

Dona Margot se preocupava, afinal, o filho iria se encontrar com uma estranha. Além do mais, morria de medo que o filho fizesse alguma besteira. Porém, para Fabinho, não havia motivo para preocupação. No ponto de vista do rapaz, a mãe biológica jamais faria mal algum a ele.

— Cuidado com o quê? Não tô correndo perigo. — disse Fabinho. — Eu vou encontrar a minha mãe de sangue. Isso é muito bom, dona Margot.

Dona Margot morria de medo do filho abandoná-la. Ainda mais agora que ele parece ter encontrado a mãe biológica. Fabinho nunca a enxergou como mãe. Vivia dizendo que ela não era mãe dele. Fabinho agora só queria saber de ir atrás do Plínio Campana. Isso havia virado uma verdadeira obsessão para ele. Torcia para que o rapaz não quebrasse a cara.

— Mas promete, filho, que você não vai me esquecer?

— Meu Deus, não começa com chororô, por favor. — disse Fabinho. — Vou desligar, tá? Tá, tá, tá! Beijo, beijo, beijo, tchau. — desligou. — Que saco.

A mãe era sempre dramática, sempre pensando bobagens. Sempre aquela ladainha. Nem passava pela cabeça dele abandoná-la. Era uma boba mesmo.

Pegou a foto de Plínio e Irene e deu uma olhada.

— É, mamãe, amanhã vai ser o grande dia.

No dia seguinte, foi de táxi à Toca do Saci. Usaria a desculpa de que viera buscar a moto. Ao descer em frente à ONG, acabou ouvindo sem querer uma conversa entre Emília e Malu, que estavam na entrada:

— Eu lembro bem do seu jeitinho quando você tirou aquela foto, aquela primeira foto com o Bento! — disse Emília. — Eu sabia que ali tinha coisa!

— O que é isso? — disse Malu, lidando com a horta. — A gente só fez isso pra provocar a Amora. Tinha uma espiã dela lá no Cantaí. Por isso que a gente se beijou, entendeu?

— Provocar a Amora? — perguntou Emília. — A Amora não é noiva do Maurício?

— Mas ela quer o Bento ao seu dispor. — disse Malu. — E outra: ela falou que o Bento não gosta de mim, que eu jamais seria capaz de conquistar ele. Por isso, a gente inventou aquele namoro. Mas é brincadeira.

Nem Malu, nem Emília haviam notado a presença de Fabinho. Fabinho já pensou em uma maneira de acabar com o Bento, com a reputação de bom moço dele. Diante da imprensa, ele ficava pagando de santinho, de trabalhador, defensor das causas ambientais. Ficava dizendo a todo o Brasil que estava namorando a Malu Campana. Mas estava na verdade usando a Malu para provocar Amora. Tudo bem, Malu estava de acordo com isso. Não estava sendo enganada. Mas isso não tornava as coisas melhores. O Brasil iria saber que de santinho, Bento não tinha nada. Todos saberiam que Bento era um babaca. Diria que Bento estava dando um golpe em Malu. Quem sabe assim Malu abriria os olhos, Plínio também. Eles tinham de enxergar que Bento era um sonso. Malu ficaria chateada ao ser exposta na mídia, mas acabaria entendendo assim que a poeira baixasse. Além do mais, Bento não queria aparecer? Estava sempre aparecendo na mídia agora. Fabinho o ajudaria a ficar ainda mais famoso. Se estava na chuva, era para se molhar. Mas isso ficaria para depois. Primeiro, tinha um assunto a resolver. Precisava falar com Irene. Abriu o portão e foi entrando, enquanto Emília dizia:

— O que eu vi ontem não era só brincadeira, não. — disse Emília. — Olha, filha, eu sei do que eu estou falando. Aquele ali está na tua mão!

— Oi, Malu. — disse Fabinho, e Malu virou-se. — Então, eu vim pegar minha moto.

— O médico já te liberou pra andar de moto? — perguntou Emília, espantada. Afinal, fazia muito pouco tempo que o rapaz havia sofrido o acidente, e era para ele ficar com o braço imobilizado por pelo menos um mês.

Na verdade, o braço ainda não estava bom, mas Fabinho precisava de um pretexto para ir à Toca do Saci atrás da Rita. Uma boa desculpa era buscar a moto. Teria de levar a moto, do contrário, as pessoas iriam desconfiar. Ainda não era hora de dizer que Rita era Irene, a mãe dele, que ele era filho do Plínio Campana. Agora, teria de sustentar a mentira até o fim. Não poderia mais usar a tipoia. Mas era só não mexer muito o braço. Não mais do que o estritamente necessário. Cuidaria para não mexer o ombro.

— Já. Eu estou ótimo. Obrigado pela preocupação. — disse Fabinho. — A Rita veio hoje?

— Está lá dentro, fazendo teatro pras crianças. — disse Malu.

Fabinho foi entrando, e encontrou dona Madá com as crianças. Estavam assistindo a uma peça de teatro. Dona Madá e a criançada gritavam e batiam palmas:

— De novo! De novo! De novo!

Dona Madá disse:

— Puxa, gente! Legal, né?

— É! — disseram as crianças, em coro.

— Ah, também gostei. — disse dona Madá. Viu Fabinho chegando. — Olha quem está aí! Fabinho! A que devo a honra?

— Tudo bem, dona Madá? — cumprimentou Fabinho.

— Tudo. — disse dona Madá.

— Eu vim dar um beijo na Rita. Ela me ajudou muito no acidente. Eu queria falar com ela. — disse Fabinho.

— Claro! Rita! — dona Madá chamou.

Rita não apareceu.

— Ô Rita! Ué? Rita! — disse Madá, caminhando atrás do pequeno cenário onde estava sendo apresentado o teatro. — Ué! Ela estava aqui! Peraí.

Dona Madá foi procurar por Rita. Pouco tempo depois, dona Madá retornou dizendo que Rita já havia ido embora. Fabinho ficou frustrado.

— Como assim, foi embora? Ela estava fazendo teatrinho agora!

— Uma criança disse pra mim que viu a Rita pegando as coisas dela e se mandando pelos fundos. — disse dona Madá. — Vai ver, ela estava atrasada!

— Não faz o menor sentido isso! Que droga! Como é que ela foi embora assim? — explodiu Fabinho. Estava difícil encontrar a mãe.

Dona Madá estranhou a reação do rapaz. Malu apareceu e disse:

— Ei! Baixa a bola, cara! Não está vendo que está cheio de criança aqui, não? Vai, pega a moto e vaza!

— Oh Malu, você também! Você também, tá? Não se ilude, não, com o Bento! Está com o Bento? Fique sabendo que ele está te iludindo! Ele está querendo fazer ciúme na Amora!

— Como é que é, meu filho? Sai daqui! — disse Malu.

Na opinião de Malu, Fabinho era um sem noção. Garoto desagradável. Ela e Bento sabiam o que estavam fazendo. Era de comum acordo. 

Mas Fabinho não perderia a chance de colocar Malu contra Bento. Do ponto de vista de Fabinho, Malu era uma boba. Ela aparecia na mídia ao lado do Bento para irritar a irmã, mas estava gostando dele. Estava toda encantada com ele. Estava na cara. Malu ia acabar quebrando a cara, pois Bento estava somente usando-a para provocar Amora. Bento sempre gostara da Amora, e queria mesmo era ficar com Amora e não com Malu. 

— Vou mostrar pra todo mundo que esse otário não vale nada. — disse Fabinho, retirando-se. Subiu na moto e foi embora.

Sabia exatamente o que fazer. Foi direto até o escritório da Sueli Pedrosa. Sabia onde era a emissora onde ela trabalhava. Sueli era bem chegada em um sensacionalismo. E Sueli acreditaria nele, pois ele conhecia Bento desde a infância. Sueli estava na frente do computador, quando ele chegou.

— Sueli Pedrosa? — disse Fabinho. — Eu tenho uma informação quente pra você.

— Lindinho, fala ali com a minha produtora que eu estou saindo pra fazer uma reportagem. — disse Sueli.

— O namoro do Bento com a Malu é fake. — disse Fabinho. — Ele está usando a filha da Bárbara Ellen pra dar um golpe.

— Namoro e casamento arranjado é o que mais tem nesse meio. — disse Sueli. — Eu não vejo razão pro Bento e a Malu fazerem isso. Eles são tão low profile.

— O Bento tá usando a Malu pra fazer ciúme na Amora. — disse Fabinho. — E a Malu é uma coitada. Uma complexada que entrou nessa história pra irritar a irmã.

— É. Sempre senti uma tensão entre as duas. — disse Sueli. — E deve ter mesmo alguma coisa errada com esse Bento. Porque hoje em dia, ninguém é mais tão impoluto assim, né? Mas e a Amora, será que ela gosta mesmo do florista?

— Não. A Amora despreza o Bento. — disse Fabinho. — E ela não aguenta mais a marcação dele também. Você lembra do que ela falou no seu programa?

Fabinho já sabia do que Amora andara falando sobre Bento. Amora não andava nada contente com o envolvimento de Bento e Malu. Em geral, ele não se interessava pela vida das celebridades, mas tudo o que dizia respeito a Amora o interessava. 

— Aham. — disse Sueli.

— Então, é por isso que o Bento tá fazendo isso. — disse Fabinho. — Ele inventou essa história de namoro com a Malu pra se vingar da Amora.

Sueli cruzou os braços.

— Faz sentido. Mas pra eu botar no ar um babado cabeludo desses, eu vou precisar confirmar com, pelo menos, mais uma fonte.

— Eu juro que é verdade. — disse Fabinho. — Eu conheço o Bento. Eu cresci no mesmo lar que ele. O Bento é um golpista e esse namoro é uma armação. Você pode falar isso no seu programa sem medo de errar.

Da emissora, Fabinho foi direto para a agência, que estava naquele mesmo clima de sempre. Um enchendo o saco do outro, querendo puxar o tapete do outro. Mel, a nova estagiária, estava mexendo no computador.

— Gente, tá com vírus aqui. — disse Mel.

— Ai, não, Mel! — disse Júlia. — Olha, quantas vezes eu já te expliquei que não é pra baixar imagem no computador da agência?

— Júlia, menos! — murmurou Cléo. — Ela é filha do cliente, esqueceu?

— Eu não aguento. Eu não aguento isso. — disse Júlia.

— Pessoal, pessoal, pessoal! — disse Natan, chegando.

Todos pararam o que estavam fazendo e olharam para Natan.

— O material da campanha da Cosy Bed ficou um arraso!

Todos gritaram e bateram palmas.

— Parabéns! — disse Natan. — E por isso, eu resolvi distribuir dois convites para o casamento da Karmita Lancaster. Um para o meu braço direito, Fabinho.

Fabinho juntou as mãos e em seguida pegou o convite que Natan lhe estendia.  

— E outro para a estagiária mais competente e linda da agência, a Melzinha. — disse Natan, entregando o convite a Mel.

— Ah, que tudo! Obrigada, Natan. — disse Mel, lhe dando um beijo no rosto e abraçando-o.

— De nada. — disse Natan.

Todo o restante da equipe ficou de cara amarrada por não ter ganho convite.

— Obrigado, Natan. — disse Fabinho, indo para sua mesa. — É sempre uma honra, hein?

Assim que Fabinho se afastou, Edu disse:

— Lá vai ele abanando o rabinho. De bobo, só tem a cara.

— É. Esse aí vai longe, só comendo pelas bordas. — disse Júlia.

— Pode crer. — disse Carol. — Acabou de ganhar um aumento de 500 reais. Tá bom?

— Só? Ué, o Fabinho tá se vendendo por tão pouco? — estranhou Cléo.

— Ô Natan! Natan! É bom mesmo que você esteja assim, de tão bom humor hoje, porque a gente tem uma péssima notícia. Sabe a campanha da Petrolat, pro dia do frentista? — perguntou Júlia.

— Então, saiu ontem, na dada errada. — disse Edu.

— Ah, não! A mídia babou de novo e vocês nem pra me avisarem, é isso mesmo? — reclamou Natan.

— Natan, eu tentei. — disse Cléo. — Mas a assistente da Sílvia não ajuda.

— Ok. Já entendi. — disse Natan. — Carol, liga pra floricultura e encomenda o buquê mais caro que eles tiverem. Quando chegar, me avisa.

— Tá. — disse Carol.

Fabinho, que tinha ouvido a equipe falar com Natan, aproximou-se.

— Vem cá, vocês acham que ele vai comprar flor pra quem?

— Ué, qual o funcionário da Class Mídia que ganha presentes toda vez que pede demissão? — disse Edu. — A Sílvia, pô.

— E posso falar? — disse Júlia. — Tomara que ela volte mesmo. Pronto, falei.

Horas depois, Fabinho surpreendeu-se ao ver dona Madá na agência, procurando por ele.

— Oi, Fabinho! — disse dona Madá.

— Oi, dona Madá. Tudo certo?

O que será que a dona Madá queria com ele? Não vira dona Madá desde a última visita que fizera à casa da Bárbara, e isso já fazia algumas semanas.

Dona Madá já descobrira que Fabinho era filho de Irene. Havia reconhecido Irene quando ela fora na Toca do Saci, se apresentando como Rita. Irene lhe contara toda a história. Irene descobrira que Fabinho era seu filho no dia em que o socorrera. Desde então, Irene andara fugindo do rapaz. Quando Fabinho fora à Toca do Saci, Irene pedira à dona Madá para dizer que ela havia ido embora. Irene ainda não se sentia preparada para encontrar o filho. Achava que o rapaz ficaria revoltado com ela. Pedira para dona Madá fazer a ponte entre eles. E dona Madá suspeitava que o rapaz já sabia quem eram seus pais, pois Fabinho andara atrás de Rita, e dera o maior escândalo quando ela, dona Madá, dissera que Rita tinha ido embora. Aliás, desde o início, quando o conheceu, dona Madá achava estranho o comportamento de Fabinho. Sempre rondando a Bárbara e toda a família, sondando, fazendo perguntas. Agora ficava atrás da Rita.

— Desculpa eu ter te julgado mal. — disse dona Madá. — Eu acho que eu fiz um juízo apressado demais, quando eu te conheci lá na casa da minha filha, Bárbara. Olha, mas leva um papo comigo, depois?

— Claro. — disse Fabinho.

Fabinho concordou em falar com dona Madá. Quem sabe, conseguia notícias de Irene. No intervalo, foram almoçar. Claro que Fabinho aproveitou para falar mal de Bento. Afinal, precisava afastá-lo de Malu e de Amora. Por isso dizia a todos que Bento não prestava.

— E é isso, dona Madá, o Bento nunca prestou. A gente cresceu junto nesse lar, que eu falei pra senhora. Eu conheço ele desde criança.

— E os seus pais verdadeiros, você chegou a conhecê-los? — perguntou dona Madá.

— Não. Mas algo me diz que eu estou perto de encontrar os dois. — disse Fabinho.

— Por quê? Você tem notícia deles? — perguntou dona Madá.

— Não. Só intuição. — disse Fabinho.

Dona Madá balançou a cabeça positivamente. Para ela, estava na cara que o rapaz já sabia quem eram seus pais. Fabinho perguntou:

— A Rita deu alguma notícia?

— Aliás, foi bom você tocar no nome da Rita. — disse dona Madá. — Quer me dizer, por causa de que, aquele piti todo depois que ela se mandou lá da Toca?

Fabinho achava que ainda era cedo para ele revelar a todos que era filho do Plínio.

— A Rita me ajudou muito no acidente. — disse Fabinho. — Eu queria agradecer. Só isso. Aliás, se ela aparecer na Toca do Saci, a senhora pode me ligar?

— Tá bom. Combinado. — disse dona Madá. — Bacana você agradecer quem te ajudou.

— E a Bárbara? Tá tudo bem com ela? Nunca mais vi.

— Não sei. Não moro mais naquela casa. — disse dona Madá. — Briguei feio com ela e não quero ver mais a cara daquela bruaca que eu pari.

Pelo visto, dona Madá estava com muita raiva da filha.

— Caramba. A senhora quer desabafar sobre isso? Tudo bem.

Queria que dona Madá lhe contasse alguns podres da Bárbara.  

— Você está doido pra eu te contar um podre dela, não está?

Fabinho riu. Dona Madá era mesmo muito esperta.

— Imagina, dona Madá. — Fabinho fez o sonso. — Só acho a Bárbara uma figura fascinante. Não sei. Talvez porque ela tenha adotado tantas crianças. Eu sou órfão, né? Bom, foi um prazer almoçar com a senhora. Eu tenho que ir embora, porque eu vou sair mais cedo do trabalho hoje. Eu vou no casamento da Karmita Lancaster no Para Sempre.

— Karmita Lancaster? — perguntou dona Madá.

— É. — disse Fabinho.

Dona Madá riu.

— Cuidado, hein? — disse dona Madá. — Porque se aquela bisca te ver, ela vai querer casar é contigo.

Fabinho riu. Reconhecia que dona Madá era muito divertida.

— Até mais. — disse o rapaz, levantando-se.

— Até mais. — disse dona Madá.

— Obrigado. Tchau, tchau. — disse Fabinho.

— Tchau, tchau. — disse dona Madá.

À noite, Fabinho se arrumou para a festa de Karmita. Vestiu o melhor terno. A festa estaria cheia de gente rica e famosa, e toda a imprensa estaria lá.

— Fabinho, Fabinho... — falou, ajeitando a gravata. — Essa é a vida que você nasceu pra ter e, logo, logo, vai ser sua.

Foi à festa com a Mel, que também havia recebido convite. Mel era a nova estagiária, filha de um cliente importante da agência, o Wilson Rabello, dono do Kim Park. Fabinho achou que seria interessante, e útil, sair com alguém como a Mel. Afinal, era uma garota rica, da alta sociedade paulistana. Não que precisasse do dinheiro dela. Logo conseguiria o que era dele por direito. Mas tinha de cercar das pessoas certas. E como logo percebeu que se tratava de uma garota deslumbrada com dinheiro e fama, tratou logo de impressioná-la, dizendo que sua família era rica, dona de fazendas. Queria ser admirado, por isso contava vantagens.

— Fazendas, tipo no plural? — perguntou Mel.

— São três, só na região de São Carlos. — disse Fabinho. — Você quer ir pra Ribeirão Bonito comigo? — passou a mão no rosto dela. — A gente vai de jatinho, eu te mostro a fazenda maior.

— Jatinho? Por quê, seu pai tem um? — perguntou Mel.

— Tem dois. — disse Fabinho. — Você quer? Mas não conta pra ninguém da agência não, tá? — mexeu no cabelo dela. — A gente tem medo de sequestro.

A imprensa estava em peso na festa. Entrevistaram Bárbara Ellen, e quando Filipinho apareceu, chamou a atenção de todos, inclusive de Mel, que foi lá cumprimentá-lo, embora não tenha conseguido chegar perto, pois Filipinho estava cercado por fotógrafos e jornalistas, que foram entrevistá-lo. Fabinho sabia quem era Filipinho. Era aquele garoto que havia ficado conhecido no Brasil inteiro depois de ter feito aquele vídeo ridículo.

Fabinho foi cumprimentar Bárbara:

— Bárbara, tudo bem? Quanto tempo?

— Quem é aquele lá, hein? — perguntou Bárbara, referindo-se a Filipinho. — O novo sertanejo?

— Não, é um cara que ficou famoso com um vídeo na internet, ridículo! — disse Fabinho, bebendo um gole de champanhe.

— Um vídeo na internet causa esse tumulto? Meu Deus, eu tenho de me adaptar aos novos tempos! — disse Bárbara.

Amora caminhou em direção a Bárbara e Fabinho. Parecia estar furiosa.

— Ah, filha querida, que bom que você chegou! — disse Bárbara.

— Amorinha! — disse Fabinho, sorrindo.

— Seu vermezinho, por que você foi fofocar pra Sueli Pedrosa, hein? — disse Amora. 

Pelo visto, Sueli Pedrosa já andou falando de Bento em seu programa.

— O que você tá falando? — Fabinho se fez de desentendido.

— Eu vi o videozinho, e quando a Sueli disse que a fonte dela era uma pessoa que conhecia o Bento desde pequeno, logo saquei que era você!

— Fui eu mesmo! — disse Fabinho, cinicamente. — Eu não aguento mais esse cara enganando todo mundo, é isso!

— Nossa! Você é muito baixo! — disse Amora, indignada. — Sai da minha frente, sai da minha frente, antes que eu enfie esse celular goela abaixo! — apontou o celular para ele.

— Você está muito nervosa. — disse Fabinho. — Depois a gente conversa.

Afastou-se. Procurou circular entre as pessoas, puxar conversa com elas. Até que sentiu alguém puxar seu braço. Era Plínio. Ficou surpreso.

— Vem comigo! — disse Plínio.

O que Plínio fazia ali? Até onde sabia, Plínio não iria à festa da Karmita, e sempre procurava manter-se longe dos holofotes, sempre que possível. E o que será que Plínio queria com ele? Já estaria sabendo do programa da Sueli Pedrosa? O pai não estava com uma cara boa, certamente lhe daria sermão.

Plínio arrastou-o para um lugar vazio, onde poderiam estar a sós. Plínio estava com muita raiva de Fabinho. O rapaz havia denegrido a imagem de Malu.  

— Presta atenção. — disse Plínio. — Essa foi a última vez que você se intrometeu na vida da minha família.

— Perdão, Plínio. Eu só queria ajudar. — disse Fabinho.

— Ajudar? Ajudar como? — perguntou Plínio. — Instruindo uma jornalista de quinta a denegrir a imagem da minha filha e do Bento?

Fabinho entendeu por que o pai estava tão furioso. A intenção dele foi atingir Bento, mas acabou atingindo também a Malu.

— A partir de agora, você vai manter distância da gente. — disse Plínio. — E se voltar a nos atingir, eu vou tomar medidas drásticas. Entendeu?

Plínio afastou-se. Fabinho achou que estava difícil se aproximar do pai. Plínio não gostava dele, não queria vê-lo nem pintado de ouro. Mas acreditava que tudo ia mudar logo que Plínio soubesse quem ele era. O jeito era primeiro procurar Irene, saber de toda a história, e aí sim, procurar o Plínio. Plínio saberia que ele, Fabinho, era seu filho, e que ele era a maior vítima desta história. Só assim o pai iria querer conhecê-lo, quem sabe até gostaria dele. Somente assim Fabinho teria a família de volta, e teria a vida que merecia.

 Fabinho permaneceu na festa, até acontecer o casamento de Karmita. Aconteceu de tudo na festa. Amora sumiu, foi embora no meio da festa, e Bárbara apresentou o Luxury em seu lugar. Vitinho Barata deu uma de doido e assediou a Bárbara. Agarrou-a na frente de todo mundo. Foi o maior escândalo. Natan teve de separar Vitinho de Bárbara. E apareceu outra doida, Damáris, fazendo discurso religioso, querendo impor uma religião que ela havia inventado. Fabinho perguntou para Mel:

— Quem é essa louca?

— Nunca vi mais gorda! — disse Mel, envergonhada. Jamais diria a Fabinho que Damáris era sua mãe.

Foi o maior escândalo. Charlene até chamou os seguranças. A única pessoa que conseguiu acalmar os ânimos foi um tal de Barrabás. Barrabás levou Damáris e o motorista dela dali. Dona Karmita disse:

— Para com esse negócio e vamos continuar logo com esse casamento! Eu tô cansada de ficar em pé aqui, em cima desse salto! — dona Karmita pegou no braço do noivo e andou em direção ao altar. — Meu bem, me segura.

Foram subindo no altar. O noivo perguntou:

— Quer uma ajuda pra subir?

— Não, eu não preciso de ajuda, pomba! — disse Karmita. Dirigiu-se ao juiz. — Olha aqui, ele aceita, eu aceito. Assina aí, meu filho! Assina aí, pra adiantar tudo!

O noivo assinou o livro.

— Agora, sou eu. — disse Karmita, assinando o livro.

Olhou para o noivo.

— E agora, aquele beijo tórrido e nervoso, que só você me dá!

— Ah, meu amor! — disse o noivo, puxando-a para um beijo.

— E no final, o amor sempre triunfante! — disse Bárbara, na frente das câmeras. O restante dos jornalistas abordaram Karmita, querendo entrevistá-la. A festa durou até tarde. 


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