Profiteroles ao meu docinho escrita por Madoro to Amesu


Capítulo 1
Iludida


Notas iniciais do capítulo

Não há nada de fenomenal sobre essa fic. Apenas achei que seria interessante explorar um pouco mais as interações entre o Mash e a Lemon, ainda que ela não seja uma das minhas personagens favoritas.

Espero que gostem dessa curta e fofa história. Boa leitura!



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— Um dia, querida, você há de encontrar seu amor verdadeiro, o seu cavaleiro de armadura reluzente. – Dizia uma mãe em um tom sonhador à sua filha.

— Cavaleiro? Armadura reluzente? Ele luta? E... como vou saber que ele me ama de verdade? – Questionava a menina. O rosto da pequena demonstrava claramente a sua confusão acerca do assunto, fazendo com que a mulher não pudesse conter uma risadinha diante de sua inocência.  

— Você saberá assim que pôr seus olhos nele. Aliás, ainda mais importante que isso é não permitir que escape de forma alguma! Jamais se esqueça: a melhor maneira de prendê-lo a você para sempre é através do estômago.

— Nossa, assim tão fácil? Funciona mesmo? – A menina tornara a perguntar, tomada pelo fascínio.

A mulher, então, sussurrou em seu ouvido:

— Como acha que conquistei o seu pai? – Respondera francamente sua mãe.

~*~

Numa tarde como qualquer outra na escola de magia, uma certa jovem loira encontrava-se na cozinha preparando profiteroles em larga escala. O tentador aroma do recheio açucarado impregnava o ambiente por completo.

"O Mash definitivamente vai adorar!" – Era esse o tipo de pensamento que se passava na cabeça de Lemon, enquanto ela encarava seus doces recém-produzidos com orgulho.

Não demorou muito para que sua mente começasse a divagar novamente. Enquanto viajava em mais uma de suas fantasias selvagens com o fisiculturista, não se deu conta de que já não estava mais sozinha no cômodo.

— Não fazia ideia de que cozinhava tão bem assim! O cheiro está uma delícia! – Pronunciou uma voz feminina.

A loira se virara em busca da pessoa que teria proferido aquelas exclamações, deparando-se, então, com uma menina de cabelos rosados presos por uma maria-chiquinha. Reconheceu-a de imediato.

— Olá, Love! Faz um tempo que não nos vemos, não é? Você me surpreendeu um pouco... – Disse a caloura da casa Adler suspirando levemente em alívio. – Quanto a cozinhar bem, digamos que aprendi alguns truques com minha mãe. – Complementou.

— Entendo... – Retrucou a rosada enquanto seu olhar pairava sobre duas pilhas de profiteroles meticulosamente organizados em duas tigelas enormes. – Você se importaria se eu levasse alguns para os meus companheiros? Creio que eles vão desfrutar do sabor aos montes. – Indagou em seguida.

— Não é incômodo algum! Pode levar quantos quiser.

— Obrigada. – Replicou a veterana da casa Lang e logo mais, através de um feitiço básico recitado, um pequeno pote destinado a acondicionar os profiteroles havia se materializado em suas mãos.

— Mas me conte, qual é a ocasião dessa vez? Você e seus colegas estão planejando fazer outra festa de comemoração? – Interpelou a rosada enquanto preenchia o seu potinho com os doces.

— Não, não, nada em especial. Eu apenas estou dando um agrado ao Mash. Com o tanto que vem se dedicando ultimamente, acho justo que ele receba um prêmio por tudo isso. – Retorquiu a mais nova. Seu olhar distante denunciava a intensa paixão que sentia pelo moreno viciado em profiteroles.

Diante dessa declaração, a expressão de Love, que antes denotava curiosidade, tornou-se sombria. Não era segredo para ninguém que a loira nutria um afeto avassalador por Mash. Contudo, não parecia que o cabeça de cogumelo sentisse qualquer outra coisa por ela além de amizade. Cedo ou tarde experimentaria amargor que era uma rejeição.

— Lemon, não estou querendo me intrometer na sua vida amorosa, mas não acha que está colocando suas expectativas altas demais? – Perguntou a rosada revelando sua preocupação pela mais nova.

— Por quê? O que está insinuando?

— Quer dizer, já passou pela sua cabeça que toda vez que você vai se encontrar com o Mash você leva o doce favorito dele contigo? Não acha que está alimentando meramente o interesse material dele?

Após esses questionamentos, a loira se viu encurralada. Não havia como rebater o óbvio, pois era justamente isso que vinha tentando fazer: ganhar o coração de Mash satisfazendo sua vontade mais primitiva.

— Falo por experiência própria. Todos os meus ex-namorados se aproveitaram da minha boa vontade para conseguir tudo o que queriam. Nunca foi amor, eu era apenas uma fonte de recursos para eles. – Prosseguiu a mais velha, enquanto era invadida pelas memórias dolorosas de seu passado. – Olha, talvez se...

— Pare! O Mash é diferente dos outros! Ele nunca faria isso comigo! Ele... ele... – De súbito, um nó começou a se formar na garganta de Lemon a impedindo de completar sua frase.

Ela sabia que era perfeitamente plausível a possibilidade de Mash a estar usando, mas se recusava a aceitar isso. Devido a tudo o que seu amigo já havia feito por ela e por todos com quem se importava, a loira estava mais do que convencida de que ele não era um aproveitador. Contudo, o medo de ser rejeitada também era real.

Love, percebendo que suas palavras haviam produzido um efeito destrutivo na caloura, arrependeu-se e rapidamente a envolvera em um abraço reconfortante, demonstrando seu apoio em seu momento de fragilidade como uma verdadeira amiga faria.

Após esse gesto inequívoco de carinho e de acolhimento, Lemon desabou em lágrimas nos braços de sua veterana. Era a primeira vez que alguém além de sua mãe estabelecera uma conexão tão profunda consigo. Sim, ela podia sempre contar com Finn, Dot e Lance também, mas ter uma amiga mulher era algo completamente diferente e especial.

Passados alguns longos minutos, as duas garotas aos poucos foram se soltando do abraço.

— Sente-se melhor agora? – Inquiriu Love enquanto secava os últimos resquícios de lágrimas que insistiam em cair do rosto da mais nova.

— Sim, obrigada... – Respondeu a loira abrindo um sorriso gentil.

— O que pretende fazer, então?

Lemon parou para refletir por alguns segundos antes de tornar a responder:

— Vou atrás do Mash e abrir meu coração para ele sem depender de profiteroles para isso. Mesmo que eu acabe sendo rejeitada, pelo menos vou tirar esse peso dos meus ombros.

— Certo, tem o meu apoio. Independente do que aconteça, estarei sempre aqui por você. – Proferira a rosada.

Tomando essa frase como um último encorajamento, a caloura acenara levemente com a cabeça e partiu ao encontro do seu amor.  

“Boa sorte, amiga!”

~*~

Não fora um grande desafio encontrar o fisiculturista. A julgar pelo horário, o mais provável era que estivesse puxando ferro em um campo aberto não muito distante dos portões da escola.

E lá estava ele treinando os músculos de seus braços ao mover aquela barra para cima e para baixo num ritmo frenético. Um rubor discreto adornou a face de Lemon, que estava ali o observando.

— Mash, precisamos conversar...

Ao ouvir a voz da garota, o rapaz imediatamente interrompeu seus exercícios e repousou a barra sobre o suporte de aço. Seu foco agora estava nela.

 - Desculpe, eu não trouxe profiteroles dessa vez para te alimentar... – Dizia enquanto roçava suas delicadas mãos uma contra a outra, tamanha era sua ansiedade.

Estava cogitando seriamente em desistir daquela confissão, quando um murmúrio rouco vindo de Mash tornou a motivá-la. Lemon, então, prosseguiu:

— Desde o dia que nos vimos pela primeira vez dentro daquele labirinto do exame de admissão, eu percebi que você era especial por causa da gentileza da sua alma. Você não tinha a menor obrigação de ter voltado lá para me resgatar e mesmo assim, você o fez. Ainda que isso pudesse custá-lo a sua aprovação. Eu não ligo que você seja incapaz de usar magia, só quero permanecer ao seu lado e entregá-lo todo o amor que acumulei dentro do meu ser.

 Depois de dizer essas palavras que há muito a estiveram consumindo por dentro, Lemon sentiu suas pernas ficarem bambas por todo o estresse que havia sido liberado de uma vez só. Era como se em um passo de mágica todo o peso que estivera outrora carregando tivesse desaparecido por completo.

No entanto, esse alívio não durou muito, uma vez que Mash dera meia-volta, distanciando-se a passos largos do local onde estavam.

A garota respirou fundo e fechou seus os olhos, fazendo de tudo para segurar as lágrimas que estavam a preencher seus olhos naquele momento. Ela já esperava por uma rejeição, porém não poderia imaginar que suas palavras seriam friamente ignoradas por aquele que ela mais amava no mundo.

“Talvez a Love tenha razão...”   

— Feliz aniversário. – De repente, seu raciocínio fora cortado por nada menos que a voz do fisiculturista. Ele havia retornado tão rápido quanto havia deixado aquele mesmo lugar. Seu rosto, sempre tão inexpressivo, estava a ruborizar levemente para a surpresa de Lemon.

“É mesmo! Hoje é dia 7 de julho. Estive tão focada em agradá-lo esses últimos dias que me esqueci completamente. Mas você teve o carinho de se lembrar de mim...”  

Dessa vez, a felicidade tomara Lemon, que não pôde conter as lágrimas que teimavam em cair.

Mash aproximou-se lentamente da loira e com uma de suas mãos enxugava as lágrimas, enquanto a outra a entregava uma pequena caixinha delicadamente amarrada com um laço, indicando que era seu presente para ela.

Lemon ficou ainda mais emocionada após abrir a caixa e ter seu conteúdo enfim revelado a ela. Bem no centro havia um suporte de plástico que segurava um cordão de ouro com um pingente de profiterole. Ao lado da joia, havia um pequeno bilhete contendo os seguintes dizeres:

Para a garota mais doce que eu já conheci

Eu te amo, Lemon Irvine

A garota se sentia nas nuvens, pois estava vivendo seu maior sonho, um sonho do qual não pretendia acordar. Sem um aviso prévio, Lemon envolvera seus braços em torno de Mash o puxando para um abraço apertado, ao passo que igualmente caloroso, o que foi prontamente retribuído pelo moreno. Inconscientemente, seus rostos foram se aproximando um do outro, até seus lábios se encostarem, dando início a um beijo calmo, que aos poucos fora ganhando intensidade.

Passados alguns minutos, a falta de ar iminente os obrigou a se separarem e após ter recuperado um pouco do seu fôlego, a menina não pôde conter um sorriso meigo de surgir em sua face. Tudo o que não haviam dito um ao outro até então, suas preocupações, seus desejos, absolutamente tudo fora depositado naquele beijo, tornando-o tão memorável e vívido que seria impossível de se esquecerem, ainda que 50 anos se passassem.

Sendo, então, vencida pelo cansaço, Lemon se permitiu descansar sua cabeça no tórax de Mash, que a segurou gentilmente em seus braços.

— Eu também te amo, Mash Burnedead! – Exclamara pouco antes de adormecer ali mesmo.

No fim das contas, ela não era tão iludida assim.


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Notas finais do capítulo

Alguém mais percebeu a semelhança que a Lemon compartilha com a Amy Rose? Ambas são tão obcecadas pelos amores das vidas delas, que estão dispostas a fazer de tudo para vê-los felizes. Foi com base nesse traço de personalidade em comum que nasceu a ideia para essa fanfic, haha



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