"I couldn't save them" escrita por byyoshiki


Capítulo 1
But it wasn't in my control...


Notas iniciais do capítulo

Olá~

Pois é, mais uma fic desse universo cruel por aqui, sentiram saudade? Honestamente eu senti e muito, depois que descobri que amo escrever Corpse Party eu nunca mais parei de plotar, principalmente quando é com os Ayushiki, nosso casal do século!

Bem, o assunto abordado aqui pode ser delicado, então se atentem ao avisinho de gatilho que está aqui embaixo junto com os outros~ não prolongarei muito por aqui, então espero que gostem!

?” A fanfic se passa em um universo alternativo pós-Torture Souls / Blood Covered, atentem-se ao 'Universo alternativo' para não haver nenhuma bagunça na linha do tempo envolvendo o Books Of Shadow;

?” Visual do Yoshiki baseado na primeira versão do personagem antes da remodelação final (Loiro), este que deu origem ao Morishigue logo depois: Cabelos naturais pretos, óculos de leitura e olhos cinzentos (eu fiquei obecada por ele assim, sorryKKKKK);

?” TW ⚠️: Crises de ansiedade, crises de pânico, dissociação!

(OBS: marcado como não-finalizada pois possivelmente trarei um bônus ♥)



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— Inspire e respire, Kishinima…

 

— Por favor, você consegue…

 

Vozes e mais vozes eram ouvidas ao seu redor, ele não sabia exatamente o que estava acontecendo consigo; apenas encontrava-se tonto, trêmulo e choroso o suficiente para não conseguir emitir uma palavra sequer, respirar ou, até mesmo, se locomover para alguma região longe de todos aqueles “holofotes” em cima de si. Não era a primeira vez que aquilo ocorria, de fato.

 

Aos poucos sua mente ia clareando por mais que estivesse em um redemoinho de sentimentos, tentava se acalmar por conta própria, mesmo sabendo ser impossível: ele estava em sua sala de aula, tendo “História do Japão” com um professor completamente diferente do que, a poucos meses, estava acostumado; passou a reparar ao redor e notou cartazes do último festival do colégio, carteiras vazias próximas, decorações de pessoas que passaram por ali um dia e…

 

Um pequeno vislumbre de uma carteira com materiais, mas totalmente vazia conforme aquela pessoa em específico havia se ausentado e demorava muito para retornar.

 

Imediatamente, tudo ao seu redor passou a ficar extremamente quente como um grande forno, o coração começou a acelerar e a pele pálida do loiro, que a muito tempo não voltava a sua coloração normal de antes do incidente, agora estava tão branca que poderia ser confundido com as folhas do caderno que faltavam apenas as listras; suas mãos tremiam, a respiração falhava e não demorou para que os alunos ao seu redor, incluindo amigos, se aproximassem dele para saber o que estava acontecendo consigo.

 

A cena era comum, mas não em público; havia causado alarde.

 

Os elementos ao seu redor contribuíram para um gatilho quase que perfeito, fazendo-o recordar daquele dia; o dia em que a vida dele e de seus amigos mudou completamente, de como haviam ficado presos em um lugar desconhecido e perigoso, observando-os morrer um por um aos poucos da forma mais cruel possível até que sobrassem apenas cinco — se contassem com a Mochida caçula —, de como retornaram a vida real e ninguém conhecia os que se foram…

 

Como se estivesse em Heavenly Host outra vez.

 

Nenhuma ajuda poderia ser solicitada ou o taxariam como louco por tamanho absurdo contado, o cigarro não o acalmava mais como quando a briga para sobreviver era somente dentro de casa antes de se mudar completamente, e isso o fez largar-lo aos poucos com muito esforço e ajuda dos amigos… porém, por mais que houvesse retornado à vida real vivo…

 

Ele nunca superou aquilo totalmente e não gostava de demonstrar aquela fraqueza de forma tão pública, sendo ainda mais difícil não pensar na situação quando se estava todos os dias no lugar onde tudo aconteceu; e seus pais que tanto o rejeitaram andavam tentando se reconciliar pela tamanha preocupação com o filho.

 

Morishigue, Mayu, Seiko, Srta. Yui… eles foram apagados da memória de todos, tirando de quem estava com eles aquele dia, se tivesse morrido, também seria deletado?

 

Deveria ter morrido?

 

— Kishinima, você precisa respirar, por favor, está ficando roxo…

 

— Apoie-o na parede, isso pode ajudar!

 

— Ele pode ter uma reação negativa, isso é claramente uma crise

 

Ah, uma crise, agora tudo fazia sentido.

 

As tonturas, ânsias de vômito, dores em lugares aleatórios e picos de emoções tinham motivos para estarem ali de qualquer forma; ele não dormia ou se alimentava direito tem semanas, demorou para voltar ao colégio e às vezes lhe faltava coragem até mesmo de levantar da cama, aumentando suas faltas e diminuindo mais ainda as notas já baixas… Sachiko não estava em sua casa, mas ele podia jurar que a via por todo canto como um pesadelo lúcido, e era óbvio que tudo ficaria em sua cabeça por muito tempo, foi assim que aquelas crises se iniciaram.

 

Ele via os cartazes com suas assinaturas, relembrando como a de Seiko ficava acima da sua e agora era substituída por outra aluna.

 

Se recordava do festival, onde todos estiveram juntos pela última vez como um grande grupo de amigos.

 

E então, vinham os cadáveres, as crianças fantasmas, o demônio que era Sachiko e o monstro gigante que o golpeou na cabeça — e como aquilo ainda o deixa extremamente tonto vez ou outra por ter sido forte.

 

Ele não conseguia raciocinar nada naquele estado, e infelizmente estava em público, com certeza seria vítima dos burburinhos da sala e dos corredores por semanas.

 

— O que está acontecendo?

 

— Representante, é Kishinuma!

 

Rapidamente sentiu mãos pequenas envolverem as suas, apertando ali com precisão como uma forma de tentar fazê-lo voltar à realidade demonstrando quem era a sua frente; ele gostaria de ter conseguido reconhecer, certamente o faria com facilidade se estivesse “acordado”, mas a sua crise havia alavancado para a segunda parte, o pânico. Yoshiki não conseguia distinguir se estava em Heavenly Host ou na vida real, seu campo de visão o enganava o tempo inteiro e chegou a um ponto onde seus olhos cinzentos se fecharam completamente, negando abri-los mesmo com os pedidos da pessoa a sua frente.

 

— Ele está assim a quantos minutos?

 

— Nós não sabemos, quando Satoshi olhou para trás ele já estava tremendo e não nos respondia — Satoshi estava sentado à sua frente, ele se recordava disso.

 

Mochida estava vivo, ele também se lembrava.

 

— Droga!

 

— A quanto tempo isso acontece, Shinozaki-kun?

 

— A alguns meses… — sentiu seus óculos de leitura serem retirados do rosto, assim como a aproximação do ser a sua frente; ele forçou o pé no chão e tentou se afastar do toque, mas bastou sentir o aroma do perfume característico de Ayumi para que sua guarda baixasse.

 

E a garota conseguisse estar próxima o suficiente para acariciar seus fios de cabelo (agora escuros), tentando ser o menos invasiva possível.

 

— Yoshiki, consegue me dizer quantos dedos meus estão encostando no seu braço?

 

Ele sentiu três, mas não conseguiu responder oralmente, então, com as palmas trêmulas, reproduziu o toque alheio na cintura da garota que estava próxima por sua pouca altura.

 

— E agora?

 

Cinco, ele novamente usou sua mão para demonstrar que estava entendendo, apenas parecia não conseguir falar agora.

 

— Eu posso abraçar você?

 

Puxou Ayumi levemente para perto em tom de confirmação, deixando todo o seu sentimentalismo vir a tona conforme foram acolhido pelo abraço da garota e passou a molhar levemente seu uniforme; Shinozaki segurou suas lágrimas também, ela sabia o quanto seu namorado estava em um breu lotado de pensamentos assustadores naquele momento, a crise parecia um pouco mais feia daquela vez, e por um momento se culpou por demorar demais em sua saída da sala. Provavelmente Yoshiki já estava ansioso, e vê-la demorando demais para voltar o fez imaginar trilhões de coisas mesmo que sua ausência fosse simplesmente para beber água e relaxar um pouco a mente daquela longa aula.

 

A Srta. Yui era muito animada e explicava bem, diferente do novo professor que tinham conforme… a mulher passou a não existir mais, e admitia que era um dos motivos para ela não conseguir ficar tanto tempo na sala quanto gostaria.

 

— Você consegue se levantar? — a voz da representante de turma pareceu bem mais presente em sua mente, diferente dos demais que falavam consigo e não conseguia compreender uma palavra. Ele confirmou, tentando não sacudir tanto a cabeça conforme a vontade de vomitar o atingiu com força — Gaiko-san, eu posso levá-lo?

 

— Claro Shinozaki-kun, se precisar de ajuda, por favor, me contate ou contate alguém da direção

 

— Por favor, abram espaço! — Foi a vez da voz de Naomi ser reconhecida, esta que exclamou assim que se levantou trêmulo com Ayumi.

 

Caminharam em passos lentos para fora da sala, o mais alto abrindo os olhos durante o caminho e tendo a visão mais embaçada possível graças ao seu estado, ele apertou Ayumi, apenas para ter certeza de que a mesma ainda estava ali com ele e quando teve a confirmação, as lágrimas de pânico foram substituídas por um grande alívio; assim foi até que chegassem próximo aos banheiros e demorasse um pouco para que o monitor permitisse a entrada da garota em conjunto ao namorado no banheiro masculino, só aceitando quando viu o estado do ex-loiro.

 

Yoshiki teve as costas encostadas na pia suavemente, Shinozaki confirmando quase que cinco vezes seguidas se ele conseguia se manter de pé sem ajuda ou não, algo que ele tiraria uma graça se estivesse em condições, mas preferiu apreciar — com dificuldade — como esta ficava adorável cuidando dele, e por um momento pensou se merecia mesmo aquilo. A torneira foi aberta, e Ayumi, aos poucos, conseguiu ter a atenção do garoto a sua frente com a ajuda de um pouco de água no rosto e nuca alheios, usando toda a delicadeza que possuía para acariciar a face pálida do namorado.

 

Os olhos cinzentos ainda estavam nublados, mas Kishinuma estava ali, de volta para ela.

 

— Oi… — murmurou a garota, sorrindo um pouco triste e cautelosa de lado para aquele que tanto amava.

 

A única coisa boa que Heavenly Host havia os deixado fora alguns de seus amigos… e o amor.

 

Foi natural como seus sentimentos surgiram após o garoto se confessar e voltarem ao mundo real, Ayumi tinha uma visão diferente de si daquela vez, e também foi a primeira dos amigos a ficar atenta sobre como ele estava agindo e se sentindo quando o pesadelo acabou… consequentemente ela foi a primeira a presenciar as crises de pânico iniciais e a socorre-lo quando, em uma delas, ele se machucou feio ao perder o equilíbrio e novamente receber uma pancada na cabeça, piorando ainda mais o seu estado inicial de quando retornou.

 

As circunstâncias foram as piores possíveis, mas que uniu os dois daquela forma tão íntima. E a partir daí, não se desgrudaram mais.

 

— Oi… — Ayumi quis chorar de alívio quando fora respondida — Des…culpa…

 

— Não, você não precisa pedir desculpa — se adiantou antes que o outro pudesse ter mais um gatilho ao relembrar de tudo aquilo, colocando as duas mãos em seu rosto suavemente — Eu também chorei semana passada, lembra? Quando estávamos deitados juntos lá em casa e conversamos sobre isso…

 

“São só os seus sentimentos, Kishinuma…” acariciou a face alheia com toda a atenção do mundo “Tudo o que aconteceu foi horrível… é normal que estejamos apavorados certas vezes… Naomi também anda tendo crises e Yuka, coitada, não consegue dormir direito a muito tempo. Por favor, não se culpe por isso…”

 

— Eu… não pude salva-los…

 

Nós não podíamos fazer nada — pontuou a representante, olhando em seus olhos — nós estávamos presos como eles, tentamos de tudo, Yoshiki-chan…

 

O ex-loiro levou sua mão até uma das alheias presentes em suas bochechas, segurando-a enquanto, novamente, seu coração passou a acelerar e ele pôs-se a chorar como quando estavam a caminho do banheiro; Ayumi encostou no peito alheio, como um abraço respeitoso e silencioso, ela sabia que não podia fazer absolutamente nada além de ficar ali consigo e espera-lo se acalmar, dar certeza absoluta de que estava ali para o outro quando este precisasse. Eram momentos difíceis, Yoshiki apenas colocava tudo o que sentia para fora em meses de uma vez só, e ela, por mais que estivesse sempre preocupada, sabia que o melhor era que ele colocasse tudo para fora.

 

Ela também não era o melhor exemplo de superação.

 

Nos primeiros dias, lhe faltou ar todas as vezes em que ela pisou em sua sala, o mais alto foi quem a ajudou e, por um momento, ela não conseguia entender como este parecia tão forte… até que se mostrasse mais quebrado que qualquer outra pessoa. Talvez fora naquele momento difícil que notaram necessitar um do outro de alguma forma, e eram assim que seguiam a vida junto com seus amigos.

 

Um trauma não se esquece, ele é tratado com o tempo e, dependendo do caso, sequelas ainda ficam com você para sempre.

 

— Está tudo bem, ok? — sussurrou carinhosa, beijando as bochechas do mais alto quando notou que podia — Posso beijar você?

 

Com um confirmar mais calmo, conforme o choro parecia cessar com o tempo, Ayumi tomou os lábios do namorado tranquilamente, apenas para mostrar sua presença e não demorando muito naquele toque; o beijo se tornou um selinho terno que subiu para cada parte do rosto alheio, aquele que finalmente tomou uma coloração saudável e vermelha pelo toque tão íntimo da garota. Ele estava sensível, emocionalmente falando, precisava daquilo para finalmente respirar corretamente e Shinozaki suspirou aliviada quando este o fez pela primeira vez depois daqueles longos minutos:

 

— Você vai dormir lá em casa hoje — a frase da azulada não era uma pergunta, muito menos um convite; e sim uma afirmação.

 

— Foi… muito feio? — questionou o ex-loiro ainda em palavras lentas, se referindo ao seu momento de pavor.

 

— Eu contabilizei dez minutos, levando em conta o tempo que fiquei fora da sala… — selou os lábios do garoto, este que se aproximou mais de si, necessitado daquele contato — Não quero deixar você sozinho… fique lá em casa, certo? Você vai comigo

 

Kishinuma confirmou, deixando-se ser levado novamente pela garota que o apoiou em si mesmo que já estivesse um pouco mais consciente. Por um momento, imaginou que o levaria para a sala de aula, porém quando alteraram a rota para o corredor da direção, ele suspirou aliviado de forma audível ao ver que sua namorada havia lido indiretamente seus pensamentos; ele não conseguiria voltar a estudar muito menos a encarar os amigos e outros alunos após aquilo, precisava descansar.

 

Ayumi o entendia bem, mais do que si próprio. E ela sabia que, por mais que o peso da culpa em não poder salva-los ainda doesse…

 

Ele a tinha para compartilhar os momentos mais difíceis da sua vida, e o encaminhar para a ajuda certa.


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Notas finais do capítulo

?” Tive um pouco de inspiração em Atlantic para o título e contexto dessa história, então quem quiser ouvir, está aqui~: https://open.spotify.com/track/1Fid2jjqsHViMX6xNH70hE?si=hg0tJL3IQPCWf-fFn8DKGw

?” Fanfic também disponível no Spirit: https://www.spiritfanfiction.com/historia/i-couldnt-save-them-25471510

Espero que tenham gostado e muito obrigada por lerem, até a próxima O/



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