Os rejeitados escrita por elda


Capítulo 1
Capítulo 1




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O outono na cidade continuava lindo, eu gostava de ver o asfalto molhado que refletia as cores dos semáforos, das janelas dos prédios e as amareladas dos postes. No entanto, esse seria o primeiro outono que passaria sem ele. Então, era péssimo pensar que o mundo continuava lindo mesmo eu estando triste.

Terminei com Sanji no verão e não foi um término em que ambos ficaram satisfeitos e que desejaram toda a felicidade do mundo para o outro. Na verdade, foi muito turbulento e eu me lembro de ter o mandado abraçar o capeta quando chegasse no inferno — e ele não vai pro inferno porque dá o cu, mas sim porque é o próprio cu.

Eu estava sentado no banco da calçada observando as luzes da vitrine de uma loja do outro lado da rua. Como havia chovido, o chão ainda estava molhado e eu ficava encarando as luzes coloridas no chão parecendo borrões, enquanto pessoas passavam apressadas com seus sobretudos e guarda-chuvas.

De fato a cidade úmida era bonita. Nessa época do ano sentia frequentemente o cheiro de terra molhada se misturando com o cigarro de Sanji. Nós criávamos plantas e flores na sacada do nosso apartamento e havia até um cacto que ele batizou com o meu nome.

Sanji era sensível, elegante, cheiroso. Se ele fosse uma planta, ele seria um lírio branco. Agora eu sou bagunçado, bruto e não tomo banho; obviamente seria um cacto. Ele me debochava enquanto cuidava do cacto e eu ria junto.

Era comum trocarmos comentários maldosos um do outro, porque foi assim que nos conhecemos e provavelmente será assim se um dia resolvermos voltar. Mas, de alguma forma, os comentários maldosos tiveram uma parcela de verdade e quando pisquei os olhos, estava parado no lado de fora do apartamento, ouvindo Sanji chorar do lado de dentro. A madeira da porta não parecia ser muito maciça ou Sanji estava muito exasperado.

Eu realmente me lembro do cheiro de terra molhada com tabaco quando a chuva atingia a sacada.

Não sei porque estava sentado a noite num banco, se ficasse ali por mais tempo uma prostituta iria aparecer e torrar o saco. Eu me levantei e fui pra casa, tirei meu sobretudo e o joguei no sofá, as chaves arremessei na mesa. Fui pra cozinha buscar algo para comer e resolvi tomar leite por falta de opção.

Joguei-me na cama e encarei o teto, as luzes mais uma vez dançavam diante de mim. Elas escapavam da janela que não ficou totalmente coberta pela cortina, eu praguejei por não estar escuro o suficiente e pensei em me levantar. No entanto, acabei me hipnotizando por elas também.

"O que será que Sanji está fazendo?"

Pensei que ele poderia estar chupando aquele cara nesse exato momento. Uma tristeza domou meu âmago e meus olhos marejaram, como eu sentia falta de como ele me chupava. Sua boca envolvia meu pênis pra terminar chupando minha glande, mas o que ficava na minha memória era o seu cabelo desgrenhado com minha mão segurando seu coro cabeludo pra ditar o "vai e vem" e seu olho escondido revelar-se com o movimento. Não pensei duas vezes e voltei pra rua, meu destino era o apartamento de Sanji.

Eu toquei o interfone e reconheci a voz de Sanji dizendo "quem é?".

— Sou eu Zoro.

— Z-zoro, o que faz aqui?

— Quero te ver.

Ficou em silêncio. Apertei novamente o interfone, mas sem cessar. Sanji apareceu na sacada do seu apartamento.

— Cristo! É você mesmo!

— Deixa eu entrar, senão vou fazer um escândalo!

— Por mim tudo bem, os vizinhos vão começar a arremessar coisas da janela se sentirem incomodados com o seu barulho.

Dei o dedo do meio e ele a língua, ele saiu da sacada sem me dar alguma resposta. Fiquei puto e estiquei o dedo para apertar o interfone sem parar, mas ouvi um barulho que indicava que o portão fora aberto.


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