Compreendido escrita por Madoro to Amesu


Capítulo 1
Iguais...


Notas iniciais do capítulo

Estou muito animada com o fato de que Mashle tem ganhado mais atenção ultimamente. Por conta disso, estou inspirada a escrever ainda mais histórias sobre esse universo encantador!

Então, sem mais delongas, boa leitura!



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Era mais um dia como qualquer outro na Easton e um certo moreno de óculos escuros encontrava-se sentado à mesa da biblioteca com uma pilha de livros ao seu lado. A semana de provas estava para começar e ele não poderia se dar o direito de afrouxar. Especialmente
porque após um reencontro caloroso com seu irmão, reerguera-se das cinzas e seguia empenhado com seu sonho de superá-lo, numa determinação inabalável.

Após terminar outra bateria de exercícios de história da magia, Wirth levantou-se para buscar mais livros da matéria, pois poderia se dizer que era seu calcanhar de Aquiles. Nunca fora muito fã do assunto, já que este o despertava também um punhado de memórias ruins com
seu pai, que o forçava a se dedicar através de punições físicas.

Suspirou em desagrado enquanto vasculhava as estantes. Tudo o que não queria era ter de se recordar do motivo dos seus traumas atuais. De repente, um estrondo vindo do outro lado da estante interrompeu seus pensamentos. Direcionou-se ao local de onde o ruído foi produzido e pôde ver de relance o motivo da algazarra: dois estudantes do terceiro ano da Lang acuavam um primeiranista que, a julgar pelas vestes azuis escuras, aparentava ser da Adler, a casa rival.

— Por favor, parem com isso! – Exclamava o rapaz numa tentativa falha de se defender das agressões dos valentões que agora pisoteavam em seus livros.

— Calado, escória! Você é amigo de um sem magia! Você sabe qual o destino daqueles que protegem uma aberração como essa? – Questionou um dos valentões enquanto ria com escárnio.

— Tortura lenta e agonizante. A ponto de você desejar jamais ter nascido. – Complementou o outro em tom de desgosto. – Até mesmo a morte seria algo piedoso demais para você! – Nisso os dois tornaram a chutar incessantemente o mais novo, que tentava a todo custo proteger seu rosto com os braços.

Wirth ao presenciar essa cena simplesmente não conseguia ficar parado assistindo o aluno ser cruelmente agredido daquela forma. Quando os valentões estavam prestes a desferir mais golpes na vítima, o chão ao redor deles havia se tornado um completo lamaçal.

— Mas o quê... – Antes que pudesse proferir o restante da frase, os lábios de um dos valentões foram calados por um braço de lama que havia emergido do piso o imobilizando por completo em seguida. Enquanto o outro, confuso com tudo o que estava acontecendo ali, tentou fugir em vão, já que em um piscar de olhos seu corpo se encontrava afundando em uma espécie de areia movediça com aspecto de lodoso.

— A única escória aqui são lixos como vocês que mancham a reputação da nossa casa! – Bradou enfurecido Wirth surgindo de dentro da lama, o que fez com que ambos os agressores se amedrontassem perante a presença do terceiro canino e sua aura sobrepujante tendo perfeita consciência de que desafiá-lo não era uma decisão sábia a se tomar.

— Se mexerem com ele de novo, eu ficarei sabendo e só posso garantir que não verão mais a luz do dia. Entenderam o recado?! – Interrogou o Mádl, que ao ver os outros dois quase que instantaneamente assentirem em um estalar de dedos os liberta. Estes então não tardaram em se retirar da biblioteca no segundo seguinte.

— Você está bem? – Questionou o moreno ao estudante atacado estendendo-o a sua mão para ajudá-lo a se levantar, gesto esse que foi prontamente aceito pelo mais novo.

— E-estou sim... – Respondeu o primeiranista ainda um tanto receoso e foi neste momento que Wirth notou uma mecha amarelada nos cabelos escuros do menor imediatamente o reconhecendo.

— Ei, você é o amigo do cabeça de cogumelo! Finn, não é?

— Isso mesmo... – Disse o menor analisando a expressão facial do rapaz à sua frente. Iria questioná-lo algo, mas foi interrompido por uma dor lancinante na região do abdômen fazendo com que gemesse amargamente com a dor e cambaleasse em meio à vertigem quase indo de encontro ao chão, não fosse o terceiro canino a segurá-lo.

— Nesse estado você pode vir a ter alguma complicação logo mais... – Proferiu em genuína preocupação e em seguida, colocou um dos braços do menor sobre suas costas servindo de apoio ao mesmo. – Vou te levar à enfermaria.

— Mas...

— Sem protestos, você vem!

~*~

Na enfermaria, Finn repousava sobre seu leito estando coberto por algumas bandagens e esparadrapos em seu abdômen e em suas pernas também. Apesar dos hematomas evidentes, felizmente seus ferimentos não haviam sido nada fatais. Ele sobrevivera a mais um dia naquela bendita escola graças à pena de outrem.

”Parece que precisei ser salvo de novo...” – Essas simples palavras martelavam constantemente em sua cabeça, quase como um pesadelo o atormentando e do qual ele não conseguia acordar por mais árduo que tentasse.

Sinceramente, sentia-se um fardo aos seus amigos, duvidando até mesmo de como pudera ter sido capaz de ser aprovado no processo de admissão da escola de magia. Era desprovido de força bruta como Mash, carecia de habilidades e conhecimentos que Lance possuía, nem mesmo detinha a determinação inabalável de Dot ou o ânimo de Lemon. No entanto, todos pareciam estar se esforçando bastante. Tudo o que queria era poder retribuir seus esforços, por tudo o que fazem e já fizeram por ele, mas parecia que não importava o quanto tentasse, nunca seria o suficiente.

Todavia, o que mais o angustiava, sobretudo, era dar a Rayne o desprazer de tê-lo como irmão. Ele bem sabia do quanto o mais velho precisou abrir mão de si mesmo para que Finn pudesse chegar aonde se encontrava hoje. Se estava vivo agora era graças a ele, que abdicara sua infância e hoje desistia de sua juventude ao se tornar visionário divino. Tudo para que pudesse garantir um próspero futuro ao mais novo.

Todos esses anos de vida que seu irmão perdera foram sua culpa e, por mais desafiador que fosse, Finn almejava, ao menos, poder trazer um pouco de tranquilidade ao coração de Rayne, provar que era forte o suficiente para lidar com as coisas sozinho, que o mais velho poderia enfim descansar e aproveitar o restante dos anos da forma que bem entendesse, mas infelizmente, por mais que odiasse admitir, seu poder estava muito aquém do que poderia ser considerado aceitável. O destino parecia gostar de o preencher de esperanças, apenas para destruí-las em seguida e rir cruelmente de seu infortúnio.

“Perdoe-me, irmão, não consigo ser forte como você...”

De súbito, suas reflexões foram interrompidas por uma figura que adentrara a enfermaria e se dirigia ao seu leito. Finn reconhecera o moreno de óculos escuros trajando o capuz da casa Lang, fora ele o seu salvador na biblioteca.

— Como está se sentindo? – Questionou em perceptível preocupação.

— Bem, eu acho. Aliás, desculpe, não consegui te agradecer antes, mas obrigado! – Respondera o menor sem jeito.

— Não por isso! Mas eu ainda não entendi uma coisa...por que você não se impôs a aqueles idiotas? – Indagou o terceiro canino, enquanto puxava uma cadeira ao lado para sentar-se rente à cama.

Para ele não fazia sentido algum que alguém como Finn, com toda a resistência que demonstrara no torneio destinado a selecionar os futuros visionários divinos fosse incapaz de se defender. Era um dos poucos que acreditava no potencial do menor. Porém, a reação que obteve pela sua pergunta o pegou desprevenido. Os olhos verdes do mais novo estavam repletos de lágrimas, enquanto seu corpo estremecia em ansiedade. Parecia que estava a carregar um peso insustentável em suas costas.

— Desculpe por todo o trabalho que sempre dou! – Clamou em desesperança, enquanto as lágrimas desciam pelas maçãs do seu rosto.

A visão do rapaz em prantos à sua frente o fez compreender a conjuntura do cenário. O grande problema jazia na ausência de autoconfiança, funcionando como uma engrenagem que, ao se mover, trazia à tona todo o caos que estava a mente de Finn.

Essa sensação de impotência e desesperança em si mesmo lhe eram tão familiares, que seu corpo parecia se recordar com clareza de cada marca das agressões que já sofrera do seu pai, a razão de todos os seus traumas. Não fazia a menor ideia de qual teria sido o passado de Finn, mas tinha a certeza de que eram mais parecidos do que poderia imaginar.

No instante seguinte, Finn sentiu-se envolvido pelo moreno que o puxara para um abraço calmo e terno. Cerrou seus olhos aproveitando cada segundo desse momento precioso, que nenhum dos dois desejava encerrar. Naquele instante, parecia que as duas almas haviam enfim se aquietado ao encontrarem alguém que as compreendia, mesmo que palavras não estivessem sendo proferidas.

“Eu te entendo, porque eu e você somos iguais...” – Era o que se passava na cabeça do moreno até este ser interrompido pelos questionamentos de Finn a seguir.

— Você é um dos integrantes da Magia Lupus, não é? Desculpe, mas como você se chama? – Perguntou enquanto secava as lágrimas e abrindo um sorriso meigo.

O terceiro canino fez uma pequena pausa antes de responder, recordando-se brevemente de sua luta com Lance e sobre o conselho que o azulado o havia fornecido. Sorriu em genuína felicidade sentindo que aquele seria o início de uma bela e verdadeira amizade.

— Wirth, Wirth Mádl. Muito prazer!


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Notas finais do capítulo

De certa forma, essa história também é uma continuação de "Reflexo", apesar de ambas as histórias não estarem diretamente conectadas.

Eu sei que é difícil imaginar Wirth e Finn tão próximos assim, mas gosto de pensar também que o fato de serem ambos irmãos mais novos de 2 figuras importantes no mundo mágico gere uma certa identidade entre eles e isso possa dar origem a uma bela amizade.

Enfim, isso é tudo por enquanto. Até a próxima!



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