Roxy POV

- Ai, eu não aguento mais escrever!- Alana reclamou, soltando a caneta e fazendo movimentos circulares com a mão.

- Ah, mas você agüenta, garota! Eu te forço a aguentar!- Gritei, fazendo-a se assustar, e voltar a escrever rapidinho.

Gustav me olhou, reprovando minha atitude. Que ódio! Ele fica de gracinha com essa vadia na minha frente!

- Roxanne, você tá pegando muito pesado com esse trabalho!- Ele disse, com a mão no ombro da vadia. Levantei e fui até Tom.

- Acorda e termina esse cartaz!- Enfiei a unha no ombro dele, que acordou resmungando. Ele tinha babado no MEU travesseiro!

- Aff, Roxy! Calma, nós já estamos terminando! Relaxa, tá?- Ele disse. Gustav abriu a boca para concordar, mas minha mãe gritou do andar de baixo.

- ROXY! TEU NAMORADO TÁ AQUI!

Sorri maleficamente para Gustav e saí do quarto correndo. Quando cheguei lá em baixo, os dois conversavam animadamente. Georg sorriu ao me ver.

- Você não ia fazer o trabalho?- Perguntei, dando um selinho nele.

- Ah, a gente ia, mas... Acabou não rolando, então... Eu vim pra cá.- Ele passou os braços pela minha cintura. Ficamos olhando pra cara da minha mãe que estava nos encarando.

- Mãe? O que foi?

- Nada, coisas fofas! Podem ir.- Ela foi pra cozinha. Georg e eu nos entreolhamos, rimos e subimos.

Quando chegamos, Tom havia voltado a dormir, a piranha lixava as unhas e só Gustav fazia o trabalho. Ai, ele é sempre tão fofo! Não, concentra, Roxy!

- E aí!- Disse Georg. A piranha o olhou maliciosamente, Gustav sorriu, e Tom... Não deve nem ter ouvido.

- Você não ia fazer o trabalho, Georg?- Perguntou Gustav, vendo a mão dele na minha cintura.

- Ah, a gente até foi, mas a Emo furou, a Hayley queria ficar bêbada e o Bill foi na cola dela, então... Não deu, né.

- E aí, você não podia ir pra sua casa e fazer o trabalho sozinho?- Disse Gustav.- Você vai querer copiar da gente!

- Não, ele não vai.- Respondi.- Porque nós já estamos acabando, como você mesmo disse. E o Georg não vai atrapalhar.

- É, Gustav, relaxa!- Disse Georg, se jogando na minha cama.

Gustav e eu continuamos nos encarando, até Tom tossir. Balancei a cabeça e voltei para ver o que mais faltava no trabalho.

...

Terminamos meia-hora depois. Tom foi embora assim que eu disse “terminamos”. Alana ficou puxando Gustav, mas de repente, ele resolveu conversar com a minha mãe. Alana acabou indo embora sem ele, e ficamos na sala: Georg e eu no sofá, conversando, mamãe e Gustav na mesa falando de... Espera, planta?

Desde quando o Gustav gosta de planta?

- Ai, Gustav, adorei conversar com você, mas... Acho que tenho que ir ao mercado!- Mamãe disse, levantando.

- Também, Sra. Kunz. Eu tenho que ir também, meu pai deve estar me esperando.- E olhou para mim e para o Georg e disse.- Tchau.

Gustav saiu, e minha mãe pegou a bolsa e os documentos na mesa de centro.

- Vocês ficam bem sozinhos, amores?- Ela disse, pegando a chave e se olhando no espelho.

- Claro, tia Kunz.- Disse Georg. Minha mãe sorriu, mandou um beijinho e saiu.

Ficamos um tempo em silêncio até que ele disse:

- Tá pensando o mesmo que eu?

- Hm... Brigadeiro e refrigerante?- Ele sorriu. Corremos para a cozinha e fizemos o brigadeiro. Pegamos o refrigerante e fomos pra sala.

Escolhemos um filme de terror. Quer dizer, ele escolheu, eu odeio filme de terror. Enfim, ficamos assistindo e comendo, e logo no menu, eu já estava arranhando o braço do Georg de tanto medo.

- Ai, Roxie! Calma! Isso é só um filme, certo?- Ele sorriu, se livrando das minhas unhas.

- Mas eu não gosto! Porque você escolheu logo o Exorcismo de Emily Rose?- Perguntei, e ele sorriu malicioso. Aí eu entendi.- Ah, seu safado!- Dei um tapa nele.

- Relaxa, o filme ainda nem começou!

Ele colocou a linguagem em alemão, mas eu o fiz mudar, porque ele está realmente horrível em inglês. Então, vimos o filme em inglês com legendas em alemão.

No meio do filme, quando eu não agüentava mais gritar, de tanto medo, eu acabei fazendo uma coisa... Sem querer, ao agarrar o Georg em uma cena ruim, fechei os olhos e acabei passando a mão por um lugar um tanto quanto... Constrangedor.

Hayley POV

Cheguei em casa cansada. Abri a porta e dei de cara com meu pai sentado no sofá com as pernas cruzadas, usando óculos e lendo um livro. Tentei subir as escadas em silêncio, pois meu pai estava distraído. Mas quando eu estava no quinto degrau...

-              -Pode voltar.

-              -Afe!

-              -Como foi na casa da Roxie ?

-              -F-foi bom, oras!

-              -Ah. E o trabalho ?

-              -Está com o Bill.

-              -Castigo.

-              -MAS PAI!

-              -CAS-TI-GO! Eu sei que você não foi pra cada da Roxie. Não dá pra confiar em voce, Hayley! A partir de hoje eu vou levá-la pra escola TODOS os dias! E vou buscar também. Chave de casa? Nem  pensar! Vai ficar trancada o dia inteiro!

-              -Vou poder respirar? E comer?

-              -Não sei. Engraçadinha. Já para o quarto!

-              -Mas..

-              -PARA O QUARTO.

-              -As vezes eu me arrependo de ter vindo morar aqui.

-              -Volte para a casa da sua mãe, então! Está esperando o que? Já estou cheio, Hayley. Cheio!

Essa foi a primeira vez que eu me senti realmente triste. Uma lágrima rolou no meu rosto. Eu limpei e fui para o meu quarto em silêncio. Bati a porta e deitei-me na cama. Acabei pegando no sono.

Depois de mais ou menos uma hora, acordei com meu pai batendo na porta.

-              Hay!

-              Ahn... Pode entrar! – Então meu pai entrou e sentou-se ao meu lado.

-              Filha... Você me desculpa ?

-              Tá.

-              Pode continuar morando com a gente se você quiser...

-              Com A GENTE ?

-              Ah, eu não te falei ? Claire vai se mudar pra cá.

-              O QUE ? CLAIRE É AQUELA VELHA LOIRA ESQUISITA ?

-              Ela é a minha namorada, Hay. – Quando ele falou a palavra “namorada”, eu senti algo estranho. Sei lá... Me deu vontade de vomitar. Eu sei que meus pais não tem nada a ver! Eu acho que a minha mãe é uma pessoa muito irritante e careta, e meu pai um cara super legal e divertido. Mas eu nunca aceitei a separação deles. Foi a pior fase da minha família, que hoje está acabada por apenas um motivo: Traição. Foi nessa época que meu pai conheceu a tal Claire, e mudou-se para Hamburgo por causa da vadia, que ia mudar também. E agora, ela vem morar aqui. Comigo. Na MINHA casa. Eu mereço ?

-              Como assim, pai ? Ela vai ficar... AQUI?

-              Sim. Ela tem carro, pode te levar para o colégio...

-              Ah, não precisa.

-              Mas, Hay...

-              Por favor, pai. Pelo amor de Deus!

-              Já está decidido. Amanhã vamos buscá-la na casa dos pais dela.

-              DE JEITO NENHUM!

-              Sim, ela faz questão que voce vá.

-              Mas eu não gosto dela.

-              Vai ter que ir. E vá se acostumando. – Ele me deu um beijo na testa e saiu, fechando a porta, sem me deixar falar mais nada.  Liguei pra Roxie, ela não atendia de jeito nenhum. Liguei pro Bill. Ocupado. Então resolvi assistir TV, que era a única coisa que me restava. Merda de vida!