Coração de Sombra escrita por llRize San


Capítulo 4
Conexão




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Lee Min Ho acariciava carinhosamente Soonie enquanto o gato saboreava sua ração. Nesse momento, ele se questionava se o verdadeiro dono do felino não desconfiava das escapadas frequentes de Soonie.

— Sonnie, te contei que fui assaltado? 

O gato lançou-lhe um olhar indiferente antes de voltar sua atenção à ração, como se estivesse completamente alheio à presença de Lee Min Ho.

— O nome dele é Han Jisung. Sei disso porque na hora que ele roubou minha carteira, ele deixou cair o crachá de onde trabalha. Isso é um pouco cômico, acho que ele não deve ser muito bom no furto. O fato é que algo nele me chamou a atenção, não sei explicar muito bem o que é, mas ele me parece familiar, parece ser alguém importante pra mim. Você acha que sou louco? 

Novamente o gato o ignorou. 

— Eu fico pensando nisso o tempo todo. Pelo visto ele trabalha, então por que me roubou? O que o levou a fazer isso? E mais importante de tudo, por que eu estou tão curioso sobre ele? 

Min Ho, com o gato ao lado, contemplava a foto de Han Jisung. Era apenas uma simples imagem em um crachá de supermercado, mas o sorriso de Han Jisung despertava sua curiosidade e inquietação. Quem seria aquele homem? O pensamento rondava sua mente enquanto observava atentamente a foto, buscando entender mais sobre a pessoa por trás do sorriso capturado naquela imagem.

Mais uma vez, Lee Min Ho despertou sobressaltado após um pesadelo recorrente, onde vozes horrendas ecoavam, proferindo palavras ameaçadoras e desejando o mal. Incapaz de encontrar refúgio no sono, ele se levantou e dirigiu-se à cozinha, preparando um chá na esperança de encontrar algum alívio. Contudo, era um ritual que já se mostrava inútil, assim como os remédios que não mais surtiam efeito em sua busca por uma noite tranquila.

O crachá repousava sobre a mesa, a foto do jovem sorridente capturando sua atenção. Ao pegar o objeto, Min Ho contemplou a imagem, deixando-se cativar pelo sorriso atraente do desconhecido. De alguma maneira, aquele sorriso misterioso lhe conferia uma sensação de paz.

— Han Jisung, pequeno ladrãozinho. Eu só queria entender o que tem em você que me atrai tanto… — Min Ho olhou a foto no crachá mais de perto, notou que Han tinha uma pintinha adorável na bochecha.

Naquele instante, uma imensa vontade de encontrar Han pessoalmente tomou conta de Min Ho. Ele estava curioso para entender mais sobre esse jovem que levava uma vida aparentemente desviada, percorrendo os becos escuros da cidade em seus atos de roubo. Olhar para a foto de Han o deixava inquieto, como se houvesse uma familiaridade, mesmo sem nunca tê-lo encontrado.

O olhar fixo na foto de Han Jisung era distração suficiente; parecia transportá-lo para um mundo sereno, afastado das vozes que perturbavam seu sono. Min Ho recostou a cabeça no travesseiro, mantendo o crachá com a foto de Han em mãos, sem perceber que gradualmente mergulhava em um sono profundo, onde o jovem rapaz, Han, tornava-se o protagonista de seus sonhos.

O coração de Lee Min Ho batia descompassado enquanto corria aos tropeços pela densa floresta. O caminho era íngreme e tortuoso, dificultando sua fuga da sombra aterrorizante que o perseguia. Vozes horripilantes ecoavam dela, gritos de diversas pessoas entrelaçados com as coisas mais terríveis imagináveis. À medida que a sombra se aproximava, mesmo a uma curta distância, algo ao redor da sombra parecia dilacerar sua pele, forçando-o a correr incessantemente para preservar sua própria vida. O medo tomava conta dele, alimentando a urgência desesperada de escapar dessa ameaça obscura que o perseguia sem piedade.

À medida que a sombra se aproximava, os gritos e vozes emanados por ela cresciam em intensidade, martelando nos ouvidos de Min Ho de forma ensurdecedora. A agonia se tornava insuportável, seus ouvidos começavam a sangrar diante da cacofonia horrível. Suas pernas protestavam de dor, mas ele não podia se dar ao luxo de parar. O temor de ser alcançado pela sombra impulsionava-o, pois sabia que uma morte trágica o aguardaria se ela o alcançasse — seu corpo seria dilacerado, e sua mente ficaria aprisionada em uma escuridão interminável e solitária.

Min Ho estava exausto, sentindo suas forças serem drenadas pela perseguição interminável. A desesperança começou a se instalar, e seus passos tornaram-se mais lentos, quase resignados a se entregar às sombras. Contudo, uma voz rompeu o silêncio sombrio da floresta, um cântico que ressoava de algum lugar distante. Essa melodia trouxe uma renovada vitalidade a Min Ho. Determinado, ele seguiu na direção da voz, esperando que a pessoa por trás daquelas notas pudesse ajudá-lo a se libertar das sombras que o perseguiam.

A voz parecia se distanciar, mas isso não diminuía o impacto reconfortante que exercia sobre Min Ho. As palavras da canção eram indecifráveis, em um idioma desconhecido, mas a mensagem transcendia as barreiras linguísticas, penetrando profundamente em sua alma. Cada nota parecia carregar um significado que ressoava em seu ser, oferecendo-lhe uma sensação de entendimento além das palavras.

Ao deparar-se com o dono daquela voz celestial, Min Ho ficou boquiaberto, incapaz de acreditar em seus próprios olhos. Han Jisung, trajando um manto branco, irradiava uma luz suave ao seu redor, quase como se estivesse envolto em um brilho celestial. Para a surpresa de Min Ho, Jisung estava aprisionado em uma gaiola dourada, e sua melodia havia cessado assim que seus olhares se cruzaram.

Um sorriso caloroso se formou nos lábios de Jisung, fazendo o coração de Min Ho disparar. No entanto, o que mais surpreendeu Min Ho foram as imponentes asas que se erguiam majestosamente em suas costas. Han Jisung era um anjo.

Jisung aproximou-se das barras de ferro da gaiola, evitando o contato direto. Min Ho, instintivamente, aproximou-se também, e por alguns minutos, ambos permaneceram em silêncio, trocando olhares que transcendiam palavras. Foi quando Min Ho tocou suavemente a mão de Jisung, sentindo um calor reconfortante irradiar em seu peito.

— Por que você está preso? — Perguntou Min Ho.

— Porque as sombras não me deixam livre. 

— Vou te soltar, mas elas estão me perseguindo. Precisamos sair daqui o quanto antes. 

— Elas não podem se aproximar de mim. 

Min Ho olhou para trás, constatando aliviado ao perceber que as sombras que o perseguia haviam desaparecido. Seus olhos buscaram por uma abertura na gaiola, encontrando uma pequena porta. Curioso, Min Ho deslizou o trinco e, com cautela, abriu a porta da gaiola, lançando um olhar intrigado para Jisung.

— Estava aberta, por que não saiu? 

— Não posso tocar nessa gaiola, eles a enfeitiçaram. 

— Venha comigo, vou te levar para um lugar seguro. 

Os olhos de Min Ho encontraram os de Jisung, e em um instante, uma onda de emoções o envolveu. Ao segurar a mão de Jisung, uma torrente de esperança, amor e alegria fluíram por seu corpo, preenchendo seu coração de luz. Imóvel por um momento, Min Ho finalmente compreendeu a verdadeira natureza do anjo que segurava sua mão. Delicadamente, tocou o rosto de Jisung e lágrimas escorreram de seus olhos.

— Hannie, estive te procurando por tanto tempo. 

Naquela manhã, Lee Min Ho foi despertado pelo som familiar do despertador, uma experiência rara para alguém acostumado a acordar antes da hora ou, em muitos casos, nem mesmo conseguir dormir. O sonho envolvendo o misterioso Han Jisung, apesar de ser um completo estranho desonesto, trouxe-lhe uma sensação revitalizante. Animado e verdadeiramente descansado após uma noite de seis horas de sono, Min Ho iniciou seu dia com um banho revigorante e um café amargo, uma rotina essencial para um bom começo.

Sua animação não se devia à intenção de confrontar Jisung pelo pequeno roubo que sofrera. Em vez disso, sentia uma inexplicável necessidade de encontrá-lo, pois tinha a convicção de que Jisung precisava de ajuda. Determinado, Min Ho pesquisou o endereço do mercado onde Jisung trabalhava e partiu para lá. Ao chegar, descobriu que Jisung não estava mais empregado ali. Após insistência e persuasão, o gerente forneceu o endereço de Jisung. Min Ho dirigiu-se rapidamente ao local indicado, mas ficou frustrado ao descobrir que Jisung já havia se mudado. A sensação de impotência tomou conta dele diante da dificuldade em encontrar Jisung. Embora não soubesse ao certo o que diria ao encontrá-lo, sentia uma profunda necessidade de vê-lo pelo menos uma vez.

Três homens, agiotas ávidos por dinheiro, cercaram Han numa rua deserta, sob a sombra das construções. Instintivamente, ele recuou até sentir as costas pressionadas contra a fria parede. A luz pálida de um poste distante lançava sombras sobre a cena tensa que se desenrolava naquela noite silenciosa.

— Eu pedi mais um prazo pro Ed — Disse Han, tentando manter sua voz firme. 

— Seu prazo acabou, Ed é bonzinho demais com você — Um dos homens se aproximou, estralando os dedos. 

— Vamos manter a calma, jovens rapazes — Han forçou um sorriso, não queria transparecer seu medo. 

— Não adianta mais bancar o espertinho, já te conhecemos, tentar nos tapear não vai mais funcionar. Você precisa aprender a pagar suas dívidas. 

— Pensem bem, se vocês fizerem algo comigo, não vou conseguir pagar. Se me deixarem ir, eu consigo desenrolar essa grana e todos saem ganhando. Não é uma ótima ideia? 

— Tenho uma ideia muito melhor — O homem sorriu para ele e estralou os dedos. 

— Amigos, calma, não vamos resolver isso com violência. 

O coração de Jisung martelava descontrolado no peito, ecoando sua ansiedade. Han sentiu o frio da parede nas suas costas como se a própria estrutura quisesse engoli-lo. Não havia saída visível, nenhum caminho para escapar daquela encruzilhada. A iminência da violência pairava no ar, e a sensação de impotência o envolvia como uma sombra nefasta.

— Não o matem, só deem uma lição nele — Disse um dos homens. 

A dor aguda do primeiro soco reverberou por todo o seu corpo, deixando-o momentaneamente sem ar. Antes que pudesse se recuperar, o segundo golpe atingiu-o com ainda mais intensidade, roubando-lhe a consciência. O escuro da inconsciência envolveu Han, levando-o para longe da brutal realidade que o cercava.


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Notas finais do capítulo

Eu só quero que os MinSung se encontrem e que o Lino proteja o Hannie :(



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