Coração de Sombra escrita por llRize San


Capítulo 2
Dançando conforme a música


Notas iniciais do capítulo

Olá meu amor, que bom te ver por aqui :)

Para esse capítulo, deixo como trilha sonora a música Cover Me (SKZ).

Um pequeno trecho dessa música que amo tanto:

"Eu tentei me esconder de toda tristeza e dor
Mas mal sabia que eu estava ficando louco
O Sol sempre estará lá, esperando depois da chuva
Quero fechar os olhos e sorrir para a luz do Sol"

Agora vamos conhecer nosso Hannie :3

Boa leitura!



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Com seu violão e voz doce, Han Jisung cativava os pedestres que transitavam pelas calçadas da cidade. Em troca de algumas moedas, ele presenteava a todos com doses de felicidade e amor transformados em melodias. Era algo inexplicável, uma magia que ultrapassava a beleza de sua voz, estendendo-se até as letras envolventes capazes de despertar emoções profundas. Contudo, mesmo com esse talento musical inegável, a realidade persistia: a arte não pagava suas contas.

Desde jovem, a vida de Han foi marcada por desafios imensos. Sua mãe enfrentava uma doença grave, e as despesas hospitalares eram um fardo financeiro significativo. Para garantir o básico para a sobrevivência, Han precisava se esforçar arduamente no trabalho. No entanto, cada ação era impulsionada pelo coração, e ele enfrentava tudo com um sorriso genuíno no rosto. Seu amor incondicional pela mãe o motivava a superar qualquer obstáculo, mostrando-se disposto a fazer o que fosse necessário para vê-la saudável e feliz.

A saudade do tempo compartilhado com sua mãe, que sempre fora sua grande amiga, pesava sobre os ombros de Han. Quando ela precisou ser hospitalizada, Han se viu sozinho, enfrentando os desafios da vida adulta apesar de sua juventude. A necessidade de trabalhar para sustentar a si mesmo e sua mãe impediu que completasse seus estudos, forçando-o a abandonar a escola em prol do emprego. Sem qualificações acadêmicas, viu-se limitado a empregos de baixa qualidade. Em diversas ocasiões, recorreu a jornadas duplas de trabalho, deixando-o sem tempo para descanso ou até mesmo para se alimentar. Mesmo enfrentando mal-estares ocasionais, priorizava economizar dinheiro para a cirurgia de sua mãe ao invés de passar em um médico para ver se estava tudo bem. Ele optava por dormir e torcia para que acordasse melhor.

Apesar da falta de estudo, Han demonstrava uma inteligência aguçada e uma sabedoria adquirida pela experiência na vida. Ele aprendeu a navegar por um mundo muitas vezes injusto, adaptando-se conforme as circunstâncias exigiam.

Quando sua mãe precisou de uma cirurgia de emergência, Han recorreu a empréstimos de pessoas de má índole. Ciente do risco, naquele momento, sua única preocupação era salvar a vida de sua mãe, sua amiga mais próxima. Contudo, a vida mostrou-se excessivamente injusta. Com a trágica perda de sua mãe, Han se viu sozinho e completamente desorientado no mundo.

No isolamento de seu modesto quarto, Han entregou-se às lágrimas por horas, abraçando o casaco rosa que era o xodó de sua mãe. Passou dias deitado no chão, olhando para o teto, perdendo-se entre os momentos de tristeza e exaustão. Desmaiava eventualmente, às vezes abrindo os olhos apenas para fechá-los novamente, já não sentia mais nada e não fazia questão de sentir. 

Ao abrir os olhos mais uma vez, Han tentou acostumar-se com a súbita claridade. Esfregou os olhos e se surpreendeu ao constatar que estava em um jardim repleto de flores. Um sorriso breve surgiu em seu rosto ao compreender a peculiar situação em que se encontrava.

— Não, mocinho. Você não morreu — Disse sua mãe, se aproximando pelas suas costas e tocando seu ombro. 

Han olhou para trás, assustado e feliz. 

— MÃE! 

Han a envolveu em seus braços, alheio a tudo ao seu redor. Ela não exalava o característico odor hospitalar; em vez disso, seu perfume lembrava lavanda e biscoitos de chocolate, um aroma que Han sentia falta. Ele a segurou com força, percebendo que ela não estava tão magra como da última vez que a viu. Afundou o rosto nos cabelos sedosos e volumosos que tanto sentia falta. A sensação de tê-la ali nos braços era reconfortante, e Han não queria soltá-la por nada neste mundo.

— Meu pequeno Hannie — Ela o afastou com delicadeza — Sinto muito não poder estar com você. Só quero que saiba que eu te amo e te amarei para sempre. Nada será capaz de mudar meu amor por você. Você foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. 

— Mãe… eu quero ficar com você — As lágrimas molhavam as bochechas de Han — Não quero ficar sozinho.

Ela segurou o rosto de Han com delicadeza. 

— Você não vai ficar sozinho, confie em mim. Você vai encontrar uma pessoa que irá cuidar de você e que te amara tanto que esse amor vai superar todas as suas dores. Preciso que seja paciente e persistente, você terá um caminho árduo pela frente, ainda mais árduo que antes, mas eu sei que você vai conseguir superar tudo isso, você é um homem forte.  

— Eu estou cansado de ser forte. 

— Han, por favor, não desista, viva, por mim e por você. 

— Eu prometo — Han segurou a mão de sua mãe —, prometo que vou sobreviver de um jeito ou de outro e um dia irei lhe dar orgulho. 

— Você sempre me deu orgulho. Você é o meu garotinho perfeito.

— Não sou perfeito. Na verdade, não sou bom em nada. 

— Como assim, mocinho? Não menospreze suas habilidades e seus talentos. Sabe o que mais me deu paz nos piores momentos da minha doença? 

— Não sei, mãe — Han limpou os olhos — O que que te ajudou?

— Te ouvir cantar. Cada música que cantou para mim era como bálsamo, um alívio. Aquietava meus medos e me dava forças. Você tem um dom incrível. Nunca duvide disso — Ela deu um passo para trás — Só por favor Han, nunca deixe as sombras tomarem seu coração. Independentemente da situação, mantenha seu coração repleto de luz. Por mais difícil e tortuoso que seja seu caminho, nunca deixe seu coração ser tomado por sentimentos ruins. E Han… eu sempre estarei com você. 

Jisung sentiu seus olhos ficarem pesados; não desejava dormir, queria permanecer com sua mãe. Contudo, gradualmente, sua visão se turvou, a imagem dela desapareceu e tudo se apagou até que tudo ficou envolto na escuridão. Ao abrir os olhos, ele percebeu que estava em um quarto de hospital.

Um ano após a morte de sua mãe, Han ainda carregava consigo as memórias do dia fatídico em que quase perdeu a vida. O dono da casa que o encontrou desacordado e o levou ao hospital foi seu salvador naquela ocasião. Han continuava imerso em uma batalha árdua pela sobrevivência, enfrentando uma dívida grande com pessoas que não hesitariam em causar-lhe o mal. No entanto, ele aprendera a viver e a dançar conforme a música da vida.

Mesmo com vários empregos de meio período ou que trabalhava apenas nos fins de semana, Han não conseguia, de forma alguma, quitar as dívidas com os agiotas. Essas dívidas cresciam ainda mais devido aos juros exorbitantes. Sem saber o que fazer e temendo as ameaças iminentes desses homens, Han começou a trilhar um caminho tortuoso.

Ele começou a roubar. Embora soubesse que essa era uma atitude errada e não tentasse justificar, Han escolhia suas vítimas entre pessoas aparentemente ricas, de modo a minimizar o impacto sobre elas. Apesar de não gostar de violência, procurava vítimas distraídas, evitando conflitos sempre que possível, especialmente porque não andava armado. Sua vida estava distante do sonho que sua mãe tinha para ele. Ela desejava, acima de tudo, que se tornasse uma pessoa decente e honesta, mas Han estava seguindo por um caminho oposto.

Numa certa noite, após uma visita nada amigável de um agiota, que lhe custou um soco na boca, Han estava andando pelo centro da cidade, usando capuz para esconder seu rosto ferido e procurando alguém que aparentasse ser bem de vida.

Ele avistou um rapaz saindo de um carro esportivo caríssimo para acompanhar uma moça até sua casa. Han deu risada, imaginando que havia muitas pessoas perigosas perambulando naquela hora na rua, e que ele era uma delas. Além do carro, o rapaz se vestia bem e tinha cheiro de gente rica, tornando-se o alvo perfeito, pois parecia alienado ao perigo daquele lugar. Assim que o rapaz deixou a moça em casa, Han contornou a quadra para passar por ele sem levantar muitas suspeitas. Precisava ser rápido, apenas uma esbarrada seria suficiente para pegar sua carteira.

As coisas não saíram exatamente como Han queria. Estava exausto, havia trabalhado duas noites seguidas, e essa fadiga afetou suas habilidades de furto. Embora tenha conseguido roubar a carteira do rapaz, cometeu um deslize ao deixar cair o crachá do mercadinho onde trabalhava pela manhã. Um erro crucial. Agora, sua vítima sabia seu nome e onde trabalhava, e certamente iria ao mercado investigar mais sobre ele. Era necessário mudar-se com urgência. Han suspirou e abriu a carteira do rapaz, pelo menos havia uma boa quantia de dinheiro que poderia usar para pagar parte da dívida com o agiota. Posteriormente, tentaria resolver a situação de alguma forma.

Ao guardar o dinheiro em seu bolso, Han examinou a carteira de identidade da vítima. O rapaz tinha a pele clara, nariz fino, olhos grandes e expressivos, lábios avermelhados e cabelos castanhos claros. Han ficou impressionado com a tamanha beleza retratada numa simples foto 3x4. Por algum motivo, a imagem do rapaz o intrigava, não apenas pela beleza, mas havia algo familiar nele que Han não conseguia compreender.

— Lee Min Ho… — Leu seu nome e então guardou o documento. 


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Notas finais do capítulo

Pois é Jijico, sabe o que tem de familiar nele? É a sua alma gêmea :3



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