Doce Mistério escrita por Kah Nanda


Capítulo 2
Doce Passado


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meninas. Estão curtindo o carnaval? Espero que a maneira individual de cada, estejam aproveitando esses dias para fazerem o que gostam ;).
E falando em coisas que gostamos, como eu amo as segundas-feiras, eis o novo capítulo de Doce Mistério, como prometido e que pretendo cumprir pelas próximas semanas do ano.
Quero agradecer a quem comentou no primeiro capítulo, emitindo o voto de confiança a essa história e especialmente, deixando suas teorias e curiosidades sobre o que está por vir, prometo que haverá muito a acompanharmos ao longo dessa jornada...
E antes de deixá-las desfrutar da trama da semana, quero convidá-las a conhecer uma das minhas fanfics que estive postando durante o ano passado. Enquanto aqui acompanharemos um romance misterioso, finalizei há pouco, meu drama romântico, Still The One. Que vocês já podem acompanhar na íntegra, basta acessarem o link abaixo. E nos vemos nas notas finais, não deixem de lê-las.
Apreciem Sem Moderação.

Still The One: https://fanfiction.com.br/historia/808740/Still_The_One/

Capítulo Postado Em: 12/02/24



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POV Bella

Junho/1994

— Eu estou tão animada.

Alice, minha colega de quarto durante esse verão, comentou mais uma vez.

— Eu também. – Expressei em concordância. – Apesar de que, já aprendi a gostar do ambiente da colônia.

— Sim, é legal. – Comentou despreocupada. – Mas finalmente chegou o dia em que poderemos conhecer a cidade.

— Você realmente nunca tinha vindo para cá?

Perguntei, visto que ela já mora aqui no Nebraska.

Em uma cidade diferente, chamada Valentine, mas, ainda sim, é engraçado pensar que tão pouco havia visitado Omaha.

— Não. – Confirmou. – Como eu te disse, meus pais são muito ocupados com as questões da cidade e além do mais, acreditam que Valentine possui tudo que qualquer pessoa possa precisar, em todos os sentidos.

O tom desdenhoso deixa claro como não concorda com a mesma teoria instaurada pelos pais.

— Em questão de turismo, lazer, gastronomia, estudo e afins. – Prosseguiu com as explicações. – Ainda que saibam que, por exemplo, não existe faculdade em Valentine.

— E onde você pretende estudar?

Questionei visto que por termos idades semelhantes, ela também terminou o colégio no início do mês.

— Em Lincoln.

Informou e assenti, sabendo que a cidade é a capital do estado e que por isso, deve possuir universidades bastante conceituadas, como no restante do país.

— E você estudará pela Califórnia mesmo?

— Sim.

Respondi segura, pois diferente de como é sua história, venho de uma das maiores cidades não só do estado, mas também do país e crescendo em Los Angeles, sempre soube que poderia usufruir e me cercar de tudo que precisasse, mesmo sem seguir para longas distâncias.

— Até fui aceita em outras universidades em diferentes estados, mas nem meu pai ou eu queremos ficar distantes. – Esclareci. – Ao menos não por enquanto.

— Eu adoro meus pais e sei que eles sempre fizeram o melhor por mim. – Ressaltou. – Mas realmente estou pronta para desbravar mais. Conhecer e aprender mais.

— Espero que encontre tudo que procura.

Desejei sinceramente, visto que mesmo a conhecendo há menos de uma semana, já pude notar as nuances da pessoa curiosa e desbravadora que possui.

— Eu também. – Afirmou. – Mas agora, vamos terminar de nos arrumar, pois não quero correr qualquer risco de nos atrasar e perdermos a permissão de saída.

— Aqui não é um colégio interno, Alice. – Relembrei.

— Graças a Deus. – Gracejou. – Pois já estou velha demais para lidar com algo do tipo.

Ela continuou a circular pelo quarto, pegando outra peça de roupa e colocando a sua frente diante do espelho.

— Mas a colônia também não deixa de exercer um regime fechado. – Ressaltou.

— Nós temos permissão para sair durante a semana também. – Pontuei. – A grande questão é que há tanto para fazer aqui, que a necessidade de sair acaba ficando quase nula.

— Às vezes parece que você é a garota que foi criada em uma cidade do interior e não eu.

— Eu teria adorado crescer em uma cidade pequena. – Afirmei, deixando minha mente vagar por ideias passadas. – Podendo andar na rua com total segurança, conhecendo todos os vizinhos.

— Tendo esses mesmos vizinhos querendo controlar sua vida ao longo do seu crescimento. – Seu ponto cortou meu raciocínio. – Sabia que uma vez papai recebeu uma carta formal na prefeitura? Somente porque fui vista tomando sorvete com alguns colegas depois do colégio.

Acabei não contendo o riso diante não só da imagem que criei, mas especialmente, por conta da expressão que Alice está fazendo.

— Você ri, porque não foi com você.

— Perdão, não consegui me conter. – Justifiquei. – Porque algo do tipo nunca poderia ter acontecido comigo, pois sempre fui do colégio, direto para casa ou para alguma das atividades que fazia após o período de aulas e sempre em companhia do motorista e de uma tutora.

Com seu olhar concentrado em mim, dei de ombros para desanuviar o clima.

— Então acredite. Estar aqui nessa colônia de férias, é o mais próximo de alguma liberdade não vigiada que já tive em anos.

— Mas acontece que estamos sendo vigiadas. – Retrucou.

— Sim, mas não por pessoas que me conhecem pela vida inteira ou que estão com os olhos somente sobre mim. – Deixei claro. – Existem tantas outras meninas, as quais eles também precisam cuidar e vigiar, que se não fizer nada para quebrar as regras e chamar a atenção, poderei passar praticamente despercebida.

— Isso é verdade...

Sua concordância colocou fim ao assunto, visto que voltou a se concentrar no espelho e na escolha de roupas, enquanto somente me recostei melhor na cama, pensando sobre o fato de sempre ter desejado passar por uma experiência do tipo e apenas ter conseguido agora, quando estou prestes a encarar um novo ciclo estudantil, em meio ao início do curso universitário.

Até meus quatorze anos, meus verões eram preenchidos de trabalhos. Não como a maioria das pessoas, que encontram ocupações no período de férias para angariar um dinheiro extra em meio ao período ocioso.

Cumprindo tarefas como entregar jornais, cuidar de gramados dos vizinhos, trabalhar em estabelecimentos coletivos ou até mesmo como babás.

Porém meus verões não eram preenchidos por nenhuma dessas funções, o trabalho que fazia tinha como finalidade proporcionar um bom dinheiro, que sempre foi designado a um fundo universitário, mas o maior intuito por trás, era o de praticar a carreira de modelo que desempenhava desde pequena.

E durante aqueles três meses, deixava os compromissos escolares de lado, para me integrar a uma sucessão de novas regras voltadas ao mundo da moda, mas tudo isso era feito com muito cuidado, pois contava com o apoio e proteção certeira da minha mãe.

Às vezes precisávamos viajar para outras cidades, para participar de alguma propaganda ou sessão de fotos e ficávamos alguns dias longe do meu pai, porém apesar de sentir sua falta, assim como sabia que ele sentia a nossa, não deixava de aproveitar o tempo somente com a mamãe, então por isso, sempre esperava ansiosa pela chegada da estação mais quente do ano.

Mas tudo isso acabou depois que a perdi, toda a estrutura da nossa casa mudou. Papai e eu nos transformamos de uma maneira sem igual e quando o próximo verão chegou, já havia desistido completamente da ideia de voltar a me integrar em qualquer coisa envolvida com nossa rotina do passado, ainda que minha tia Carmen tenha insistido bastante para não desistir de algo que fazia tão bem.

Porém especialmente naquele primeiro ano, somente cumpri com as expectativas do que era realmente necessário. Contudo, nada além conseguia atrair minha atenção e papai me apoiou sem qualquer receio. Talvez por ele próprio também só ter continuando por ser o esperado, já que a perda da mulher da sua vida lhe tomou uma grande alegria de viver...

Todavia, no verão do ano seguinte, papai tentou instaurar uma nova tradição, ligada somente a nós dois, mas infelizmente, durou somente por aquele ano, pois nos dois pós-seguintes, ele não pôde se ausentar do escritório de advocacia ao qual trabalha, não com tempo de fazermos qualquer viagem mais longa.

A partir disso, viajei somente em companhia da tia Carmen, aproveitando do fato de antes de passar a morar conosco, nunca tinha ao menos deixado a cidade em que nasceu. E as viagens foram divertidas, nós duas conhecemos lugares novos e exploramos as maravilhas que eles ofereceram.

Mas quando o último semestre das aulas do high school começou, passei a pensar sobre o que fazer no verão que marcaria o fim de um grande ciclo, antes do início do próximo e ficou claro dentro de mim que gostaria de fazer alguma coisa diferente, algo que nunca pude desfrutar, mas sempre tive vontade.

Então contei ao papai sobre minha ideia e ele prontamente me apoiou, começando a pesquisar as melhores colônias de férias do país, porém deixei claro que não gostaria de ficar em um lugar que mais parecesse um resort de luxo.

Eu queria vivenciar algo que nunca tive a oportunidade de desfrutar, um lugar que valesse mais pela experiência, do que pela ostentação. E assim, encontramos o encaixe perfeito.

Uma colônia pertencente ao estado do Nebraska, lugar que nunca tinha pisado antes, com ares de cidade interiorana, ainda que Omaha possua uma média de mais de 80 mil habitantes, nada realmente comparado à quantidade geral de Los Angeles.

Mas, ainda assim, para os padrões que procurava, acabei vindo parar na cidade mais populosa do estado, ganhando até mesmo de sua capital e sendo a 39ª mais populosa do país.

E foi ai que nosso acordo entrou em vigor, pois essa colônia é somente para garotas e especialmente, de famílias bem nascidas. Então não é como se estivesse em um lugar totalmente adverso ao que cresci acostumada, mas ao menos, estou lidando com pessoas de origens um tanto mais diversas do que a minha. E também, executando tarefas e preenchendo meu tempo, com atividades que nunca cheguei perto de praticar.

E dentro do que vivi durante essa primeira semana, posso dizer que não tenho do que reclamar, até mesmo quanto ao fato da minha colega de quarto. Já que Alice não me deixou colocar os dois pés dentro do dormitório, antes de proclamar que viraríamos melhores amigas antes do fim do verão.

E eu poderia ter duvidado da sua previsão ou até mesmo protestado diante da frase tão convicta, mas ao observar a jovem de cabelos castanhos repicados, olhos claros e pele de porcelana. Além da estatura bem menos do que mediana, já que eu sou uma moça de tamanho médio, compreendi que o melhor era me abrir a experiência como todo e nossa crescente amizade durante esse período...

As meninas que ainda são menores de idade, só poderão circular pela cidade acompanhadas das responsáveis da colônia e em grupos. Porém, como Alice e eu já possuímos mais de dezoito anos, assim como algumas outras garotas, ganhamos o direito de caminhar e desbravar o centro da cidade sozinhas, mas com as devidas recomendações do que podemos fazer e até onde podemos ir, sem contar o fato de possuirmos toque de recolher.

Porém assim que nos despedimos dos grupos, Alice começou a caminhar com os olhos brilhando ao pensar em tudo que faremos. Ainda que saiba que não dará para desfrutar completamente em apenas um dia, a mera perspectiva de circular pela cidade e ir descobrindo aos poucos o que teremos a explorar, já foi capaz de deixá-la muito mais do que entusiasmada.

Com mais ou menos uns trinta minutos que estamos caminhando, chegamos a uma feira com diversos utensílios e paramos a princípio em uma das banquinhas de artesanato.

Como Alice conhece a história do estado, não se atentou muito a explicação da vendedora, focando em observar as peças que mais lhe despertam interesse, mas como para mim tudo é novidade, mantive a atenção na história explicada pela mulher responsável pela criação das obras.

E prestes a comentar algo com Alice, que já está a outras duas pessoas de distância, precisei dar um passo, no intuito de desviar dos desconhecidos para alcançar minha amiga, mas com isso, acabei esbarrando em uma terceira pessoa que vinha por trás de mim.

Virei rápido querendo me desculpar, mas estagnei diante da imagem do rapaz...

Que é simplesmente o homem mais lindo que já vi na vida.

E por ter trabalhado tanto tempo em meio ao mundo de modelos, como também pelo ciclo social que vivo, posso atestar com convicção que o homem a minha frente é sem sobra de dúvidas o mais maravilhoso de todos, com ninguém se comparando a ele...

— Bella, você está bem?

Apesar da voz de Alice ter penetrado meus ouvidos, não consegui desviar o olhar, contudo, ele o fez por mim.

— Alice?

Até sua voz é incrível, com muito mais sotaque do que minha amiga e isso de alguma maneira, completa ainda mais o pacote.

— Quer dizer, senhorita Brandon?

— Perdão, mas nos conhecemos?

Foi sua resposta e finalmente redirecionei o olhar, pensando em como ela pode já ter encontrado com esse homem e não ter fixado todos seus traços na memória.

— É claro que a senhorita não me conhece. – Ponderou. – Mas eu sim, pois você é a filha do prefeito de Valentine.

— Então você também mora na cidade?

— Sim, eu sou Edward Cullen...

— Cullen. – Expressou animada. – Seus pais trabalham no colégio, certo?

— Exatamente.

— Ah, então provavelmente já devemos ter nos esbarrado por lá, só realmente não me lembrava da sua fisionomia, perdão.

— Não tem pelo o que se desculpar.

— Então vocês estudaram juntos? – Questionei curiosa.

— Não necessariamente. – Ela esclareceu. – É que só existe um colégio na cidade. Onde todos estudam por todos os ciclos, até o término dos estudos.

Assenti em concordância e ela logo voltou a puxar assunto com o rapaz.

Edward...

— Mas o que o traz aqui? Tão longe de casa?

— Eu estou trabalhando.

— Que legal. – Citou rápido. – E imagino que seja mais velho do que eu, então deve estar fazendo faculdade também.

— Sim, mas não aqui em Omaha. – Informou. – Eu ainda moro em Valentine, porém venho para cá durantes os verões por conta de alguns trabalhos.

— Ah, entendo. – Pontuou. – Eu estou passando as férias em uma colônia, fica...

— Eu sei onde é. – Destacou retomando o ponto. – O lugar é bem famoso na cidade.

— Imagino que sim. – Ela sorriu, mas logo virou em minha direção. – E essa é minha amiga Bella, ela também está passando as férias na colônia.

— É um prazer conhecê-la, senhorita...

— Isabella Swan.

— Senhorita Swan.

Minha nossa.

Por favor, pernas. Não esmoreçam agora...

Eu sou Edward Cullen.

Nossas mãos se tocaram para efetuar o cumprimento e um arrepio indistinto tomou conta do meu corpo, algo que nunca sequer cheguei perto de sentir em meus quase dezenove anos de vida...

Com isso, acabei soltando sua mão em um impulso, mas me recriminei ao notar o olhar consternado, talvez achando que não queria continuar tocando-o, quando a situação real é totalmente contrária.

— E você também mora pelas redondezas, senhorita Swan?

Perguntou, ainda dando andamento no assunto.

— Que nada. – Alice falou primeiro. – Ela vem de bem longe, não é Bella?

— Sim, eu sou da Califórnia. – Expliquei. – Especificamente, de Los Angeles.

— A famosa cidade dos anjos...

Algo em seu tom me fez querer expressar mais.

— Pois é, mas eu tenho gostado muito dos ares do Nebraska. – Informei. – Sempre foi minha vontade conhecer um lugar tranquilo e passional.

— Pense em como ela se surpreenderia se conhecesse Valentine. – Alice citou.

— Acredito que ela poderia gostar.

— Eu acho que gostaria mesmo. – Consenti. – Apesar de tudo que Alice diz.

— Eu mesmo não me vejo morando em outro lugar e só tem alguns dias que vim para Omaha, mas já estou com saudades de casa.

— Será que sou uma pessoa ruim por não sentir nada disso? – Me vi expressando. – Do meu pai sim, sinto falta, mas da cidade e da minha rotina em si, nenhum pouco.

— Acredito que esteja tudo bem.

Me acalmou e fiquei presa nos olhos verdes.

— Existem os lugares em que moramos e os que pertencemos. – Condecorou. – Então talvez, você apenas ainda não tenha encontrado o seu...

— Edward!

Uma voz masculina o chamou e ele virou efetuando um aceno indicando que já vai, para minha total tristeza.

— Perdão por atrapalhar seu passeio, mas agora poderei deixá-las continuar seu caminho.

— Você não atrapalhou. – Afirmei.

— E já que também estará aqui pelo verão, é possível que voltemos a nos encontrar. – Alice citou. – Quando fizermos outras visitas à cidade.

— Sim, pode ser. – Seu olhar encontrou o meu e ele completou. — Acho que gostaria disso.

— Eu também.

— Então até mais ver Edward.

Minha amiga desejou.

— Até mais ver, senhoritas.

Somente fiquei estática, o vendo partir e rapidamente deixar nosso campo de visão.

— Ora, vejam só. – A voz de Alice me fez voltar a si. – Em nosso primeiro passeio a cidade, você já arrumou um admirador.

— O que? Não. – Minha voz até subiu uma oitava. — Por que está dizendo isso?

— Porque é a verdade.

— Alice, não. – Reafirmei. – Ele somente parou para conversar conosco, porque lhe conhece.

— Bella, durante todos os anos em que moramos na mesma cidade, não me lembro de termos trocado mais do que duas palavras. – Enfatizou. – Então se alguém é responsável por todo esse diálogo, esse alguém com certeza não sou eu...

Não respondi, muito mais por não querer prosseguir com o assunto ou efetivamente, pensar no que disse, sem ter ideia de como efetivamente respondê-la, ou melhor, contradizê-la...

***

O restante do passeio no sábado foi tão bom quanto esperávamos, mas confesso que nada mais conseguiu me chamar atenção como o encontro com o rapaz da cidade de Alice.

O jovem e totalmente encantador, Edward Cullen...

Para não dar margem ao que ela disse, estou me mantendo contida e não perguntei nada mais sobre ele.

Talvez ela de fato não saiba muitos detalhes, mas quais quer que fossem já preencheriam minha curiosidade sobre sua vida, que tenho certeza que deve ser fascinante.

Após terminar a aula de culinária, que faço sozinha, pois Alice não tem nenhuma aptidão para a arte. Resolvi caminhar um pouco pelo gramado, espairecendo e aproveitando a brisa de fim de tarde que está cobrindo essa segunda-feira.

E ao olhar para além do portão, observei algumas pessoas caminhando e ao atentar-me a certas fisionomias, ainda mais de um grupo de rapazes, acabei enxergando a silhueta que não deixa meus pensamentos há dois dias.

Pisquei os olhos e balancei a cabeça para testar se não estou sonhando ou começando a projetar imagens, mas não.

De algum modo, Edward Cullen está passando aqui em frente e ao me enxergar, emitiu um leve aceno de cumprimento, que retribui mais do que prontamente, porém estagnei outra vez ao enxergar seu sorriso...

Acho que só voltei a respirar quando ele deixou minhas vistas e mais do que rapidamente, corri para dentro dos chalés onde ficam os dormitórios, querendo encontrar algo ou uma espécie de apoio para controlar minhas emoções...

***

A partir do primeiro dia da semana, comecei a me programar para estar aos arredores do portão pela mesma base de horário, procurando de forma casual, talvez reencontrar com Edward e desfrutar outra vez da sequência de cumprimento e sorriso.

E a ação realmente deu certo, pois ele passou na terça, quarta e ontem. Então hoje estou a sua espera novamente, ao aguardo da leve comunicação que efetuamos durante a semana, que tem inspirado meus dias e causado uma ansiedade incomum.

Ainda não contei a Alice sobre esses pequenos momentos, por algum motivo, os tenho guardado somente para mim, mas sei que logo não aguentarei mais mantê-los. Mas ao expressar essa profusão de sentimentos para além do meu peito, terei que encontrar um nome correto para justificá-los e ainda não sei se estou pronta...

Quando enxerguei o primeiro rapaz da comitiva passar, apontei meu olhar à espera do mais importante dentre todos, porém dessa vez, ele não apareceu tão ao meio dos companheiros, ao menos imagino que sejam seus colegas de trabalho.

E já começando a me entristecer, ao pensar que não o verei, abri um enorme sorriso ao enxergar sua fisionomia caminhando por último, mais atrás e distante dos outros.

Porém o sorriso congelou quando ele não seguiu o caminho normal, ao invés disso, efetuou passos distintos até parar em frente ao portão.

— Olá, senhorita Swan.

— Olá.

— Como passou a semana?

— Bem e você?

— Trabalhando bastante.

— Sinto muito.

— Está tudo bem. – Pontuou. – Trabalhar enobrece a alma e engradece o homem.

Não tenho ideia de quantos anos ele tem, mas quando diz coisas assim, parece tão mais velho e sábio.

— Eu posso lhe fazer uma pergunta, senhorita Swan?

Foquei novamente em si e respondi de pronto.

— É claro.

— Vocês têm permissão para sair da colônia quando quiserem?

— Sim. – Afirmei rápido. – Os fins de semana são livres, mas também podemos sair durante a semana, se você quiser.

Ah, meu Deus!

O que acabei de dizer?

— Quer dizer...

— Eu compreendi. – Sorriu. – Nessa semana, somente terei o domingo livre. – Informou e assenti. – E estava pensando, se você for passear pela cidade, talvez possamos nos encontrar.

O que ele está querendo dizer?

— E eu poderia acompanhá-la ao cinema...

Como um encontro?

— Isto é, você e a senhorita Brandon, é claro.

— É claro.

Toda a ilusão não durou mais do que meros segundos.

— Como sou alguém conhecido, mas também, entendedor da cidade, poderia acompanhá-las.

Ainda assim, fui incapaz de negar.

— Seria um enorme prazer.

— Então estamos combinados?

— Sim, falarei com Alice, mas podemos nos encontrar ocasionalmente no domingo e talvez ir ao cinema.

— Pois então até lá, senhorita Swan.

— Até...

***

Não marcamos nenhum horário específico, mas ao fim da tarde, após nos orientarmos sobre a localização do cinema na rua principal do centro, rapidamente avistamos Edward a nossa espera.

Efetuamos os cumprimentos padrões e começamos a conversar sobre a escolha de filme para assistir, após uma comédia em cartaz ganhar nossa atenção, ele efetuou a compra dos ingressos.

Ainda que Alice e eu tenhamos protestado um pouco, acabamos perdendo a discussão e ele se incumbiu disso, assim como da compra dos combos para apreciarmos em meio ao filme.

Como Alice gosta de pipoca salgada, ganhou um pacote só para si, porém quando citei que gosto da iguaria doce e Edward afirmou que também aprecia tal sabor, acabamos pegando um pacote um pouco maior para dividir.

Na sala de projeção, Alice entrou na fileira escolhida e a seguimos de pronto, com isso, acabei ficando ao meio dos dois, sendo a posição mais lógica, já que Edward e eu pretendemos dividir a guloseima.

Assim que o filme começou, minha amiga se concentrou somente na tela, expressando reações apenas provenientes ao que estamos acompanhando em vídeo. Enquanto eu passei boa parte do tempo tentando controlar os arrepios involuntários que me tomaram a cada vez que minha mão e a de Edward encostaram ao pegarmos mais um pouco de pipoca.

— O filme é realmente muito engraçado.

Alice comentou, enquanto começamos a deixar o cinema, voltando a acessar a rua.

— Vou contar aos meus pais e recomendar que também assistam.

— Acho que eles vão gostar da recomendação. – Respondi.

— Tenho certeza que sim.

Demos mais alguns passos, então Edward comunicou.

— Como está ficando tarde, vou acompanhá-las de volta a colônia.

Eu apenas assenti, porém Alice logo o contrariou.

— Ali em frente estão algumas meninas que também saíram hoje e elas vieram de carro. – Informou. – Vocês não se importam que eu volte com elas, não é?

A olhamos sem compreender bem o que dizer.

— Pois sei que tem uma vaga livre e estou um pouco cansada. – Expressou. – E a Bella não se importará em voltar apenas com você, além do que, confio na sua pessoa para levar minha amiga sã e salva.

— É claro que pode confiar, senhorita Brandon. – Edward afirmou sério. – Desde que seja da vontade da senhorita Swan.

Seu olhar encontrou o meu e apenas confirmei.

— Eu não me importo em ir a pé. – Porém desviei a vista a minha amiga. – E se Alice está cansada, é melhor que pegue a carona.

— Então está perfeito. – Expressou parecendo bastante contente. – Edward, obrigada pelo convite e o cinema.

— Não há de quê.

— Nos vemos em breve e você, até mais tarde...

Ela saiu caminhando e a observamos atravessar a rua, até se aproximar das outras meninas que estão na colônia e pelas linguagens corporais, parece que aceitaram levá-la consigo.

— Podemos ir?

Edward questionou, já indicando o caminhar.

— É claro.

Os próximos minutos se dividiram entre comentários sutis e um pouco superficiais, comigo perguntando alguns detalhes da cidade, já que não é sua primeira vez aqui, como também tirando dúvidas sobre o trabalho que o traz de volta nos verões.

Contudo, também preenchemos o caminho com silêncios agradáveis, apenas contemplando a paisagem e a sonoridade tranquila, muito diferente da agitação de Los Angeles.

Por isso, acabei expressando tal pensamento.

— Acho que fazia anos que não enxergava a lua e as estrelas. – Professei. – Ao menos não com tamanha nitidez e luminosidade.

— A noite está realmente muito iluminada.

— Pois é, apesar de Omaha ser uma cidade grande, ainda é possível enxergar esse tipo de beleza. – Destaquei. – Coisa que não se vê em Los Angeles. E provavelmente nunca tenha visto céu como esse em nenhum dos lugares que já visitei.

— Então você realmente precisa conhecer o céu de Valentine. – Ressaltou.

— Eu gostaria muito...

Porém, apesar de ter conseguido emitir meu desejo, ele completou prontamente.

— Mas apesar de tudo isso, não há beleza maior do que a que estou observando agora...

Procurei seu olhar, para seguir a direção que está mirando, mas apenas o encontrei com os orbes verdes fixos em mim.

E minha respiração parou completamente quando seu corpo inclinou em direção ao meu, com nossos rostos perdendo a distância, quando seus lábios roçaram nos meus...

E foi somente isso, um leve roçar, como uma brisa de verão, mas, ainda assim, capaz de desnortear-me e marcar para todo o sempre...

— Eu... — Emitiu ao voltar a se afastar. – Eu não deveria ter agido por impulso, perdão.

— Não, está tudo bem.

— É que você...

— Eu só não soube como agir. – Declarei. – Na verdade, não sei o que devo fazer.

Após a confissão, abaixei o rosto constrangida, mas voltei a arrepiar ao sentir o toque dos seus dedos no meu rosto.

— Olhe para mim, Bella.

É a primeira vez que ele se refere a mim pelo apelido e nem em um milhão de anos poderia resistir a um pedido seu.

— O que está querendo dizer?

— Acho que você já compreendeu.

— Talvez. – Seu polegar alisou minha bochecha. – Mas gostaria de ouvir efetivamente de você.

— Eu não sei bem o que fazer, porque esse é o meu primeiro beijo...

Ele levou alguns segundos para falar novamente e quase desfaleci.

— E você realmente quer que seu primeiro beijo seja comigo?

— Sim...

Ele não precisou ouvir mais do que as três letras que formam a palavra tão certeira...

Sua boca voltou a tocar a minha, reforçando o roçar anterior, mas sem quebrar o elo, prosseguiu com o toque. Procurei imitá-lo, mas não só isso, também deixando com que as sensações me envolvam por si só.

De repente, seus lábios procuraram algo mais entre os meus, passando a movimentá-los e já comecei a hiperventilar, totalmente descontrolada da situação.

Porém o mundo efetivamente parou de girar quando senti sua língua adentrar minha boca e qualquer sentido que poderia ter sobre essa ação, caiu por terra ao começar a desfrutar do seu gosto, além das sensações provenientes do ato como todo.

Por algum motivo muito indistinto, isso é simplesmente incrível!

Nosso toque conjunto, sem qualquer ressalva, com as bocas e línguas procurando talvez espaço na outra, mas transformando o toque em algo além, algo mais do que as funções normais podem permitir.

E diante do desnorteio que estou sentindo, só posso me perguntar se isso de alguma forma poderá algum dia parecer normal. Se caso houver mais, se conseguirei parar de me sentir como se estivesse flutuando...

Mas será que é algo que gostaria...?

— Ah, Bella...

Sua voz pronunciando meu nome tão próximo da minha boca ativou uma reação desconhecida e por puro instinto, umedeci o lábio inferior, talvez já sentindo falta dos seus...

— O que eu vou fazer com você?

— Eu não sei...

Murmurei realmente confusa.

— Eu também não. – Sua testa encostou-se à minha e fechei os olhos outra vez. – Mas agora, não quero pensar em mais nada...

Ele voltou a me beijar e assim, ganhei também meu segundo beijo.

Porém no decorrer daquela noite enluarada e brindada por dezenas de estrelas, fui brindada por tantos outros beijos, que simplesmente acabei perdendo as contas...

CONTINUA.


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Notas finais do capítulo

N/A: Então, estão mais surpresas por termos acompanhado um capítulo no passado ou por descobrir como Beward se conheceram?
E vamos de explicações. Teremos mais sobre o desenvolver do verão dos dois, enquanto continuamos a acompanhar o tempo atual, com a Bella finalmente conhecendo Valentine. Porém nem sempre os fatos do passado ganharão capítulos próprios, dentro das narrativas dos próximos, poderão ocorrer flashbacks para mostrar cenas desses momentos, mas podem ficar tranquilas, que quando acontecer será tudo bem explicado e sinalizado ;).
Agora quanto ao que acompanhamos aqui. Vimos o início da amizade das meninas e mesmo sendo tão diferentes, conseguiram manter o elo. E ao menos durante os relatos de 1994, a Bella ainda tinha o pai consigo, pena que já sabemos o que ocorrerá no futuro.
Mas a parte boa também foi o encontro com o Edward, que desde o primeiríssimo instante, inspirou as maiores faíscas na nossa menina. A conversa na feira foi ótima, depois ele passando em frente à colônia e o pedido de encontro? Os dois bobinhos podem ter recuado, mas foi um encontro sim. E a Alice os deixando a sós ao fim da noite, sério, a maior Beward shipper de todas õ/.
E céu enluarado e estrelas sempre inspiram os maiores romances, por isso, o Edward não perdeu a oportunidade de ganhar um beijo e não só isso, mas o primeiro da Bella, como também os subsequentes. Tem como ser mais fofo?
Essa pergunta deixo a vocês. Estou ansiosa para ler suas reviews contando tudo que acharam do capítulo, o que esperam acompanhar nos flashbacks e se a curiosidade diminuiu ou aumentou para quando voltarmos ao presente. Não deixem de acompanhar as outras fanfics, seguir-me no twitter: @KNRobsten e até a próxima semana com muito mais...
~Kiss K Nanda.



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