Pior do que o mal escrita por The Bringer of Rain


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/811620/chapter/2

A chuva fina pintava de prata os vidros que circundavam o bar luxuoso na cobertura do edifício comercial em Tóquio. Luzes suaves e discretas se misturavam aos reflexos da cidade iluminada, criando uma atmosfera de elegância urbana. O jazz suave preenchia o espaço, envolvendo-o em uma melodia sutil que combinava perfeitamente com a sofisticação do ambiente.

Sentada ao balcão, a mulher de pele branca e cabelos lisos da mesma tonalidade parecia desafiar a monotonia da noite de quarta-feira. Seus olhos exploravam a paisagem urbana além das janelas embaçadas pela chuva, enquanto ela provava delicadamente um dry martini, apreciando a mistura perfeita de gin e vermute.

O balcão de madeira polida, adornado com cristais brilhantes, convidava à contemplação solitária. Ela apreciava sua bebida e ocasionalmente conferia o visor do celular para confirmar as horas. Apesar de aparentemente distraída, notou com antecedência a aproximação masculina.

— Meu nome é John. De onde você é?

O homem de suéter e camiseta com olhar confiante se aproximou. Seus olhos encontraram os dela, e um sorriso sutil desenhou-se em seus lábios.

— Daqui. — ela respondeu sem muita vivacidade.

— Sério? Estive aqui uma semana. Você é a primeira pessoa daqui que conheço. Posso te pagar outra bebida?

A atmosfera ao redor parecia vibrar com a eletricidade do inesperado. O jazz suave se tornou uma trilha sonora mais pessoal, à medida que o homem iniciou uma conversa. Era o perfeito estereótipo de filme noir.

Um homem elegante encontra uma mulher sexy e se oferece para pagar-lhe uma bebida. Geralmente acaba com alguém baleado ou os dois na cama. Esse, porém, não parecia ser o fim dessa cena.

— Por que não? Outro, por favor, na conta dele.

— Você já não mora mais aqui, a roupa te denuncia. Tem muitos padrões ocidentais. — ele a olhava de cima a baixo, como um predador averiguando sua presa. — Você voltou por uma reunião familiar? Não, esse tipo de coisa nunca é feito em casa. Vejamos...você trabalha para alguma empresa do ramo imobiliário talvez?! Conseguiu uma boa venda hoje e veio comemorar. Estou perto?

Ela toma um gole do novo drink. A mulher, equilibrando a elegância com a reserva, ingressou na dança verbal.

A azeitona afundou-se no copo de álcool.

— Você sente que está perto, John? — ela indagou.

— Sinto que estou chegando perto. — ele retrucou

Mensagem para Ui Ui: Vou demorar hoje, pode descansar.

Mensagem para Mei Mei: Ok, se cuida, mana. Não demora, fico preocupado.

Mensagem de Satoru Gojo para Mei Mei: Ele chegou, está de terno azul-marinho e cabelo penteado para trás.

— Minha vez. — ela mirou seus olhos no homem ao seu lado, mas não pareceu analisá-lo. — Você trabalha com bens de raiz ou outra bobagem. Você é casado, com dois filhos, outro a caminho. Essa foi sua desculpa para vir aqui. Precisava de um descanso. O trabalho e a família demandam muito. Você precisa de ar puro, um tempo só para si, o descanso do guerreiro. Veio sozinho porque seus amigos não podiam pagar, e os que podiam têm esposas mais espertas do que a sua, porque sejamos honestos, John. Você não veio passar férias. Você veio caçar. Por isso está em um bar e não em uma casa de veraneio.

John ficou em choque por alguns segundos, pareceu não acreditar no que estava ouvindo. A raiva estalou junto do gelo no copo de uísque.

— Quem diabos é você para me julgar?

— Não julgo você, John. Também estou caçando, mas não você.

Ela terminou sua bebida. Notou o homem que saía do elevador e passava pelo segurança do recinto. Ele tinha estatura média, terno azul-marinho com bom caimento e o cabelo penteado para trás com uma breve mecha caindo sobre a testa e sobre o rosto. Seus olhos eram sem expressão, como os de um homem morto, mas havia algo nele. Exalava de seu corpo energia amaldiçoada, controlada e tímida, mas ainda assim como se uma ou umas maldições o acompanhassem a todo momento.

— O que tem de errado comigo? — retrucou John.

— Você não parece ser bom de cama, Ted. E do tipo que parcelou a passagem de Dubai para o Japão em doze vezes sem juros. Assim como todos os garotos da sua estirpe.

Mei-Mei se levantou. Com classe de sobra, caminhou até o homem, interceptando-o mesmo antes que pudesse chegar à mesa. De mais perto, ela notou o cavanhaque e as cicatrizes no maxilar.

Ele também levou seus olhos até ela. Junto do baixo em seu toque grave, os olhares se encontraram e se analisaram, silenciosamente, longe de qualquer tensão ou grande suspense. Ele puxou a cadeira, oferecendo um jeito educado de ser cortês. Ela aceitou e se sentou.

— Hyakunosuke Ogata?

— Sim. Mei-Mei?

— Sim. Fez uma boa viagem?

— Sim. Arrumou companhia para a noite?

— Me diga você. Vai me consolar se eu estiver solitária e frágil?

Ele sorriu de canto, ela também. Naquela mesa, alinharam algo sobre o trabalho em questão. Tudo aquilo começava agora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pior do que o mal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.