O Julgamento de Sasuke Uchiha escrita por Aldemir94


Capítulo 1
Capítulo 1




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Há coisas que nos perseguem, tal qual fantasmas, independente de onde estejamos ou do caminho que tenhamos tomado para nós.

Do criado ou rei: nenhum deles está isento dessas sombras que nos esfriam o coração e fazem a consciência pesar, como se essa sustentasse grandes montanhas.

Às vezes, me pego pensando se gente da estirpe de Kaguya (a quem os mortais louvaram como deusa) ou daquele tal de Madara Uchiha (máquina de guerra imparável) também foram atormentados pelos fantasmas de seus passados.

Bom, acho que isso não tem importância. Meu trabalho não é perder tempo com essas tolices, mas defender gente que fez bobagem na vida (ou na morte) — pelo menos, no dia de hoje.

Quem sou eu? Bem, provavelmente, eu e você nunca nos encontramos na sua vida… Mas vamos. Um dia vamos nos ver. 

Sou a melhor amiga do fumante, da pessoa que se envolve com crimes e do homem que marcha para a guerra.

Sou aquela que está sempre pronta para apertar a mão do bobo que arrisca a vida de forma inútil.

Minha profissão é a mais odiada pela humanidade, porém, é também a mais requisitada (risos); acho que posso dizer que, no meu ramo, trabalho não me falta.

Na verdade, considerando a minha profissão, ainda fico sem entender o porquê do “chefe” ter me mandado advogar para esse tal de Sasuke. Quer dizer, esse rapaz ia me encontrar mesmo, cedo ou tarde, porém, não acho que sou muito adequada para defender alguém (entendem? Tenho mais jeito para aplicar a pena capital do que impedi-la).

Desculpem, acho que ainda não caiu a ficha, não é? Meu nome é Dona Morte…

A Morte. Muito prazer (ok, eu sei que não deve ser prazer nenhum pra você. Tudo bem, sem ressentimentos; mas vou querer falar sobre isso quando a gente se encontrar, tudo bem?).

O que vou contar aconteceu a muito tempo atrás (a mais ou menos 40 minutos atrás — bem no meu horário de folga).

Como sou vaidosa, ajeitei minha bata negra e capuz, afiei minha foice, pois sempre devemos ter a ferramenta de trabalho em bom estado, e fui até um lugar chamado “Konoha”, onde meu cliente foi pego de surpresa; todo mundo fica surpreso quando eu apareço, já virou até piada…

Mas nem todos tentam resistir tanto como ele.

Colete cinza e bem arrumado, capa negra, cabelos negros, pele clara (e rosada, porque ele ainda não tinha me encontrado antes), enfim, um ser humano vivo. Ainda.

— Que “coisa” é você?! — Ele vociferou, quando sua grande bola de fogo foi apagada pela minha foice.

— “Coisa”?! — eu perguntei, ofendida.

Já estava entendendo que meu cliente era um grosseirão. Tudo bem, já sou madura o suficiente pra deixar essas coisas de lado (mas quando chegar a hora do nosso encontro, ele vai ver só).

Seus olhos ficaram vermelhos e um tipo de estrela negra se formou ali, sendo chamada por ele de “mangekyou sharingan”, ou algo assim. 

Pensando bem, acho que já visitei alguns parentes desse tal de Sasuke, mas não tenho certeza.

Seja como for, quando ele se cobriu com chamas roxas e fez aquele gigante roxo com espada, eu perdi a paciência; cada segundo daquela batalha inútil (entendam, ele estava lutando com a morte: existe algo mais sem sentido?!) era menos tempo para uma das minhas raras horas de folga! A última tinha sido há quase 100 anos!

Para encurtar, cortei aquele avatar roxo (o rapaz o chamou de Susanoo) com minha foice, arranquei o rapaz de lá e o levei até um outro plano, que era dos deuses e seres celestiais. Sempre faço essas coisas sem pensar, por isso nem tenho como dar muitos detalhes.

No começo, havia apenas nuvens e uma névoa espessa ao redor, que só foi parcialmente dispersa quando uma cadeira de madeira branca apareceu diante de nós.

O rapaz não quis se sentar, mas acho que mudou de ideia depois que acertei seu estômago com meu cotovelo.

De repente, três figuras apareceram diante de nós, sendo dois rapazes e uma moça.

Nem me atrevi a dizer seus nomes, mas uma coisa eu já sabia: meu cliente (vocês sabem, o tal de Sasuke) estava enrascado.

As três figuras trajavam kimonos brancos, com algumas decorações em azul celeste (para os rapazes) e rosa florido para a garota.

Uma coisa se destacava em suas figuras: os três tinham pele clara, olhos azuis e cabelos brancos, como a neve das montanhas.

Os três estavam sentados um ao lado do outro, tendo seu irmão mais velho (acho que tinha entre 14 ou 15 anos) ao centro, a irmã à direita (devia ter uns 10 anos) e o irmão do meio a esquerda do mais velho (tinha entre 12 e 13 anos).

— E agora — disse o irmão mais velho — daremos início ao julgamento de Sasuke Uchiha. Meu irmão, diga de que esse rapaz é acusado.

Sem pestanejar, o irmão do meio começou a enumerar os crimes de Sasuke:

— Deserção, atentado, assassinato, auta traição, terrorismo, destruição de patrimônio público, crimes de guerra, tentativa de golpe de Estado, roubo, associação criminosa, dentre inúmeros outros crimes hediondos! — disse o irmão do meio — E a sentença exigida, meus amados irmãos, é a morte! Morte para esse mafioso! Morte para esse delinquente, gangster, esse bandido!

— Irmão, você está falando palavras feias — disse a garota — Por favor, Dona Morte, como seu cliente se declara?

Após desligar o céu-sapp e guardar o celular, eu iniciei a defesa do bandi… digo, do meu distinto cliente:

— Inocente, é claro. Basta olhar pra ele e concluir que não poderia machucar nem uma mosca. Tadinho, gente! Esse rapaz é honesto, um pai de família decente, que não faz pilantragem pra ninguém. Ele não rouba no MMORPG, não rouba galinha, nem cabrito. Meus senhores — disse eu, com a cara inocente da morte — condenar alguém tão bondoso e inocente é tão, tão, tão… anticristão!

— Mas o que está acontecendo aqui? — Disse Sasuke — Quem são vocês e o que querem comigo?

Com paciência, o irmão mais velho começou:

— Sasuke, bem sabemos de sua importância na guerra contra seu parente, Madara Uchiha, e também somos gratos por ter ajudado seus amigos a impedir as ambições de Kaguya Ootsutsuki. Porém, antes dessas coisas, você cometeu muitos erros. Erros demais. Eu e meus irmãos estamos aqui para julgá-lo.

Nesse momento, percebi o semblante do meu cliente ficar baixo, o que me quebrou completamente: se ela ficou cabisbaixo, só podia significar que uma ou mais acusações eram verdadeiras.

— É verdade. — disse Sasuke — Eu tomei péssimas decisões. Mas — continuou — As cinco grandes nações perdoaram meus erros e me deram mais uma chance.

— E acha que isso anula tudo aquilo que você fez? — Perguntou o irmão do meio.

Nesse momento, a garota moveu as mãos, como se limpasse uma tela, e uma série de imagens se formaram no nevoeiro.

Em um vale, com duas grandes estátuas, vi meu cliente, ainda com uns 12 anos eu acho, trocar socos com um garoto de camisa laranja e expressão selvagem.

Sasuke, em determinado momento, cobriu sua mão direita com raios e feriu gravemente o garoto de laranja.

Em mais uma imagem, vi Sasuke ferir uma garota ruiva de óculos com um tipo de espada de raio. Acho que ele queria acertar o homem que estava mantendo ela como refém, mas uma boa intenção não anula um resultado ruim.

Mais uma vez as imagens mudaram, para que Sasuke aparecesse, mais uma vez, atacando pessoas em uma reunião. 

O irmão do meio disse que aqueles era os “kages” daquele mundo (pelo que entendi, eram os chefes das aldeias — eu sei, como a Dona Morte, eu deveria saber dessas coisas, mas vamos deixar uma coisa bem clara: meu trabalho é, unicamente, levar as pessoas para o outro plano; eu não tenho muito tempo para perder com política, ok? Quando eu vier te visitar, posso te explicar melhor).

Por fim, uma última imagem fez meu cliente desabar de vez: uma garota de cabelos rosas, caminhando por um rio e com lágrimas nos olhos…

Sasuke tentou matá-la.

— Essa garota se chama Sakura, não é? — Perguntou o irmão do meio — Hoje em dia ela é sua esposa, mas, nesta cena do seu passado, você tentou tirar a vida dela! Meus irmãos, porque não mandamos esse facínora para o pó de uma vez por todas?

Após ponderar, o irmão mais velho pediu que Sasuke dissesse algo em sua defesa (o que o burro do meu cliente não fez):

— Não digo nada — respondeu Sasuke — As acusações são todas verdadeiras. Eu fiz tudo aquilo.

— Fracamente — respondi, irritada — Cala a boca, Sasuke! Excelências, gostaria de declarar meu cliente louco e, portanto, inimputável pela lei! — Eu disse, triunfante.

— Inimputável? — Perguntou Sasuke — Baseado em quê?

Após ajeitar minha roupa, eu disse:

— Somente um louco (e burro) admite acusações assim, sem nem tentar se defender.

— E além disso — disse a garota, em risos — Sem defesa ele será condenado a morte, hahaha, e você não vai ganhar aquele mês de férias que prometemos, certo?

Até Sasuke me olhou com vergonha.

Seja como for, o caso de meu cliente era difícil, então pedi que alguma testemunha fosse chamada.

Movendo as mãos, a garota fez aparecer um homem com capa branca e um tipo de blusa laranja. O reconheci como sendo aquele mesmo garoto de laranja, que Sasuke tentara assassinar anos antes.

Sim, seus cabelos amarelos, olhos azuis e marcas nas bochechas eram inconfundíveis! 

O pobre coitado estava com um prato de macarrão na mão esquerda e um par de hashis na direita (estava almoçando?).

Seja como for, bastou olhar Sasuke e a lenga lenga começou:

— Ei, Sasuke! O que você fez agora?!

— Pelo que entendi — Respondeu o Uchiha — O problema é tudo o que eu fiz antes.

— Por favor — disse o irmão mais velho — Você, Uzumaki Naruto, foi trazido aqui pela minha amada irmã, para defender seu amigo dos crimes de que ele é acusado.

Expliquei para Naruto (sim, o homem de laranja se chamava mesmo assim) e esse começou a “defender” o amigo:

— O Sasuke se arrependeu dos erros que cometeu! Ele ajudou a salvar o mundo ninja!

— Depois de ajudar a quase destruir o mundo ninja — disse o irmão do meio (confortável na posição de acusador) — E como você pode defender esse homem?! Ele tentou te matar pelo menos quatro vezes!

“Homem”; aquelas palavras ecoaram na minha mente.

Até aquele momento, estávamos tratando Sasuke como um simples rapaz inconsequente, porque seus erros foram cometidos durante a adolescência. No entanto, Sasuke era agora um adulto.

— Escutai! Escutai! — pedi a todos — Gostaria de pedir a anulação desse processo.

Naruto aplaudiu, mas o “acusador” rebateu:

— Anulação?! Baseada em quê?

— Ora essa. Os crimes do meu cliente aconteceram a muitos anos atrás: a pena por seus crimes já prescreveu.

— ISSO É UM ABSURDO! — vociferou o irmão do meio — Acha que vamos deixar livre, sem mais nem menos, alguém acusado de crimes de guerra?! E quanto a você, Naruto Uzumaki? Ao invés de punir esse bandido, você abusou de seu poder e livrou a cara desse pilantra! Você também deveria ser condenado.

— Naruto — disse Sasuke — Dê o fora daqui. Isso é assunto meu.

— Nem pensar! A Sakura e a Sarada estão te esperando para o jantar!

— Ah, sim, Sarada Uchiha… — disse o acusador — Você não ficou longe de casa por anos, Sasuke? Aliás, esse sharingan do qual você se orgulha tanto, que é a herança da sua família… sua filha, Sarada, só despertou o sharingan depois de conhecer você, certo? Você, praticamente, abandonou sua esposa com a filha pequena nos braços… seu marginal!

A defesa de Sasuke, antes “possível”, estava agora em frangalhos. Quer dizer, quem deixa a família e vai embora, sem mais nem menos?

— Sasuke fez isso para proteger a Sakura e a Sarada e… — disse Naruto, sem poder terminar.

— Já basta! — disse o acusador — Naruto, pare de agir como um “advogado de porta de cadeia” e reconheça que esse seu amigo é um patife!

— Eu sou Naruto Uzumaki, sétimo Hokage de Konoha e amigo do Sasuke Uchiha: não vou permitir que você acuse ele de ser um criminoso!

— Herói? Sasuke Uchiha, um herói?! — questionou o acusador — Ele não passa de um charlatão, isso sim!

— Vou fazer você se arrepender de falar assim do meu amigo! — Disse Naruto, carregando na mão direita um tipo de disco brilhante, feito de vento e luz azul.

— Defendendo esse bandido e me ameaçando… — suspirou o acusador — UMA BLASFÊMIA!

— Naruto, já chega — pediu Sasuke. — Ele tem razão. Tudo que ele disse sobre mim é verdade.

Virando-se para o irmão mais velho, Sasuke disse:

— Eu assumo todos os erros que cometi e aceito a sentença, seja ela qual for. Só peço que Naruto e minha família não sofram nenhuma punição.

— Eles não estão sendo julgados — respondeu o irmão mais velho — Você está. Seja como for, você trouxe a sentença com as próprias palavras. Entende que a pena por seus crimes é a morte?

Sasuke concordou, então o “juiz” prosseguiu:

— Nesse caso, a sentença é morte. Eu lamento.

— Um momento, excelências! — gritei desesperada, ainda tentando salvar minhas férias — Pelo que entendi, meu cliente fez muitas coisas ruins, mas também fez coisas boas, como proteger a família, salvar o mundo e coisas desse tipo… Bem, eu entendo que nada disso limpa os crimes dele, mas…

— O que está resmungando, Dona Morte? — perguntou o acusador.

— Simples — respondi — Gostaria que sua pena fosse mudada para algo mais brando do que a pena capital, ou, que ele fosse mesmo condenado à morte, mas com “sursis”.

— Muito bem — disse o juiz — Aceito sua proposta, Dona Morte. Não por piedade a Sasuke, mas por amor à família dele e aos amigos que ele têm. Além disso, bem sei da falta que ele fará, caso não esteja presente no grande momento, que há de vir. De certa forma, ninguém pode faltar no momento maior, esteja entre os grandes ou entre os pequeninos, do rei ao plebeu, do sábio ao tolo.

Após fazer uma pausa, o juiz prosseguiu (para desgosto do irmão e riso da irmã):

— Sasuke, seus crimes são punidos com a morte, mas como aceitei a proposta de sua advogada, decidi que a pena não será aplicada, caso certos requisitos sejam cumpridos (pois a isso os mortais chamam “sursis”): você não deverá mais cometer erros e crimes, ou meu irmão irá te desintegrar. Além disso, como seu amigo, Naruto Uzumaki, te defendeu, você deverá obedecê-lo, como a um servo fiel.

O irmão do meio ficou possesso, alegando que aquilo era uma paródia de julgamento, mas ficou calado assim que viu a expressão de seu irmão maior.

Após as palavras do grande juiz, Sasuke e Naruto desaparecerem e eu ganhei meus 30 dias de férias, em algumas fontes termais nas montanhas.

Quanto a Sasuke, eu o visitei logo depois do julgamento (visita casual, não de trabalho) e pude vê -lo acordar, perturbado, de todo aquele julgamento.

Acho que ele vai ficar pensando que tudo foi apenas um sonho…

Bem, quando eu o visitar

a trabalho, talvez diga que tudo foi real, mas agora, só quero saber das minhas fontes termais.

 

 

FIM


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