Hoje estava nevando, um frio além do normal, uma sensação vazia se formava em meu peito. Era assim todos os dias ao longo desses cinquenta anos preso aqui, sem poder voltar a minha tão querida e amada corte dos sonhos, sem poder ver meus irmãos, minha prima e Amren.

As dores mentais, o peso das minhas ações, se faziam maiores do que qualquer dor física.

— Já está acordado minha vadia?

Amarantha.

O pior tipo de féerico já visto.

— Foi uma pergunta meio sem sentido, não acha?

Ela se aproximou de mim e raspou com força as unhas na envergadura da minha asa, o local onde ela sabe que é sensível. Tentei não demonstrar muito a dor.

— Quem é você para me dizer o que fazer? Eu que estou no controle querido, não se esqueça.

Suspirei alto.

— Vem, minha cama está fria de mais, preciso que a esquente – sua voz estava com malícia.

Eu era abusado.

O Grão-Senhor mais poderoso de Prythian era abusado por uma maníaca de cabelos ruivos.

Me arrastei até a cama, deitei sobre os lençóis pretos observando-a montar em mim.

Nojo.

Nojo era a única coisa que eu conseguia sentir quando ela trepava em mim.

Fechei meus olhos, uma menina apareceu em minha visão segurando uma flecha de freixo contra um...lobo? Não um lobo comum de fato, um feérico. A mesma menina que sempre aparecia durante todo esse tempo preso aqui.

Quem será essa menina?

Por que aparece para mim?

Amarantha terminou e me deixou jogado ali.

Tudo isso é culpa daquele idiota das flores.

Prythian estava condenada por ações dele.

Um dia ele iria me pagar.

Um dia...

Um dia eu faria Tamlin implorar por sua vida.