Tudo bem, ele não esperava por aquilo. Ficou olhando fixamente para Marinette sem entender, processando as palavras que ela acabara de dizer. Paralizou. Seu nome ecoava em sua mente. Era por ele. Droga! Era por ele que ela estava chorando. Como pôde ser tão burro? Desde o dia em que houve o incidente com o chiclete da Chloé, Marinette não conseguia ter uma conversa de cinco minutos com ele.

Como eu não percebi isso antes?

Talvez estivesse tão ocupado prestando atenção só em Ladybug que não se deu conta de que sua amiga nutria sentimentos por ele.

“Adrien? Não é o filho do Gabriel Agreste, o estilista famoso?”

Marinette concordou com a cabeça.

“Chat, eu o amo. O que eu faço?” - perguntou e deitou a cabeça nas pernas dele.

Seu coração disparou. Aquela era uma ótima pergunta, porque nem ele sabia o que fazer naquele momento. Enquanto pensava em uma solução começou a fazer cafuné no cabelo dela, o que pareceu acalmar a ambos.

“Eu não sei, princesa. Mas como eu disse antes, vamos pensar em algo.”

O perfume do cabelo de Marinette emanou por todo quarto e entrou em suas narinas, o fazendo corar, conhecia aquele perfume, já o havia sentido antes. Era doce e podia jurar que era de morango. Os fios do cabelo azul escuro dela passeavam no meio dos seus dedos, eram macios e sedosos. Nunca havia ficado tão perto assim de Marinette.

“Chat, por que parou com o cafuné?” - perguntou tirando-lhe de seus pensamentos, não percebeu que havia parado. Algo lhe tomava a mente, não conseguia pensar direito.

“Chat?” - Marinette virou de frente para ele e foi se aproximando, as mãos dela estavam cada uma de um lado de seu corpo, ela estava perto, perto demais. “O que aconteceu? Você está bem?” - seus olhos demonstravam preocupação, seus grandes olhos azuis e intensos.

Foi encarando os olhos de Marinette que sua mente se iluminou. Em um choque de realidade tudo se encaixou, tudo fez sentido. Suas costas bateram com força na parede e suas mãos foram de encontro à cabeça. O mesmo perfume, o mesmo cabelo preso em dois coques atrás da cabeça e os mesmos olhos azuis que não saíam de sua mente a noite, que não o deixavam dormir.

Esse tempo todo ela esteve bem na sua frente e ele não conseguiu enxergar. Era ela. Marinette era Ladybug. A sua Ladybug.

Ela não compreendia. Chat estava fora de si. Os lábios dele se mexiam, mas não emitiam som algum. Parecia travar uma batalha interna com ele mesmo.

“Chat!” - chamou mais uma vez.

Ele não ouvia.

“Chat!”

Aproximou-se e segurou o rosto dele entre suas mãos. Precisava trazê-lo de volta à realidade.

“Hey, olhe para mim.”

Seus olhos se encontraram e a expressão de Chat se suavizou.

“Você precisa se acalmar. O que aconteceu?”

“Eu não...”

Ele não conseguia responder, ela estava perto demais. Seus olhos quebraram a conexão e desceram para os lábios rosados dela. Nunca desejou tanto algo em sua vida como desejava beijá-la naquele momento. Chat não se conteve. Seus instintos falaram mais alto.

Marinette sentiu Chat Noir segurar sua cintura e a puxar para mais perto, seus corpos estavam praticamente colados um no outro. Suas respirações se misturavam e ela via os olhos dele descerem para os seus lábios o tempo todo. Parecia errado, mas, naquele momento, ela desejava aquilo tanto quanto ele. Só faltava ele tomar a iniciativa. Uma faísca para o fogo se alastrar.

Vamos lá, Chat. Por que tanta demora?

Foi como se ele tivesse escutado seus pensamentos. No segundo seguinte Chat Noir quebrou a distância entre eles e selou seus lábios. A sensação era incrível, sentia um frio enorme em sua barriga, adrenalina corria em suas veias. Era errado, perigoso até, mas ela não se importava. Não naquele momento em especial.

Seus lábios tinham o encaixe perfeito. Ele segurou sua nuca para que pudesse aprofundar o beijo e ela não resistiu. A língua dele explorava cada canto de sua boca. O desejo crescendo cada vez mais.

Chat a segurou pela cintura novamente e a fez sentar em seu colo, intercalando seus corpos. Seu coração batia em um ritmo acelerado não acreditando que aquilo estava mesmo acontecendo. Tinha esperado tanto por esse momento, havia sonhado com ele inúmeras vezes, mas nada nunca foi tão real quanto o que estava acontecendo agora. Marinette bagunçava seus cabelos fazendo os pelos de sua nuca se arrepiar. Ele a amava, mas não parecia justo. Ela não sabia quem ele era por baixo da máscara, não fazia ideia de que estava beijando o garoto por quem é apaixonada. Ele teria que contar. Teria que esclarecer tudo para ela, mesmo não querendo que aquilo acabasse.

“Princesa...” - chamou.

Ela sorriu entre o beijo e ele não pôde deixar de sorrir também.

“Precisamos conversar.”

Eles foram diminuindo o ritmo, respirações descompassadas e mais uma troca de olhares.

“É sério que você quer conversar agora?” - ela perguntou indignada.

Ele riu. Pelo jeito ela estava gostando tanto quanto ele.

“Calma lá, apressadinha. É algo sério.” - e depositou um singelo beijo na ponta do nariz dela.

Marinette franziu as sobrancelhas. Chat se levantou e ficou de frente para ela. Precisava fazer isso, era o único jeito, ela merecia saber. Só rezava para que tudo desse certo depois disso.

“Chat, o que está fazendo?”

Ele sorriu mais uma vez, um sorriso triste, porém. Torcia para que as coisas não mudassem entre eles depois de fazer aquilo, seria um caminho sem volta. Mas ele precisava, precisava consertar o coração dela, e aquele era o único jeito de fazê-lo.

“Você vai ver, princesa.”

Fechou os olhos e respirou fundo antes de dizer:

“Plagg, você sabe o que fazer.”

E então uma forte luz inundou o quarto de verde.