Uma Noite Monstruosa escrita por Pedroofthrones


Capítulo 1
Um dia normal




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Elizabeth estava esperando do lado de fora do banheiro, de braços cruzados e batendo o pé esquerdo de forma rápida e irritante.

—Que demora –murmurou Lizzie.

Depois do que pareceu uma eternidade –mas foram poucos minutos –, sua colega Arianne finalmente saiu do banheiro. Ari era pequena e um tanto rechonchuda, com uma pele oliva e espessos cabelos pretos cacheados.

—Então? –Ela perguntou assim que viu a colega sair. –Você está?

Arianne assentiu com a cabeça, mas seu semblante fechado já dava a resposta.

—Tem certeza? –Ela perguntou para a amiga de forma nervosa.

Ari assentiu novamente.

—Os três testes deram positivo. –revelou Arianne.

Lizzie balançou a cabeça.

—Merda…–Ela xingou. –Bom, já era esperado.

—Infelizmente. –Disse Ari, andando até a porta para o assento da lanchonete onde elas estavam, com Lizzie indo logo atrás dela.

—E os testes?

Ari deu de ombros, sem nem olhar para o rosto de sua colega nervosa.

—Joguei fora, estavam com mijo –Ela falou numa voz sem vida, enquanto se sentava em um banco da lanchonete. O couro vermelho do assento da lanchonete estava gasto, estando com a cor desbotada e tinha vários rasgo, revelando o enchimento cinza e mofado que havia dentro. Apesar do estado decaído do local,  a comida era ótima.

Lizzie se sentou no assento à frente de sua amiga.

—Vai contar ao Liam? –Ela perguntou para a colega. –Ou…

—Não –respondeu Ari de forma enfática. –Ele pode querer ficar com o bebê, e eu não quero isso.

Lizzie assentiu.

—Verdade – concordou. –Mas a escolha é sua, se ele quiser ter a criança, o problema é dele.

—Sim, mas não quero criar esse atrito entre nós, sabe? Não valeria a pena…

—Entendo perfeitamente, amiga –Lizzie sorriu, tentando parecer calma. De repente, sua expressão mudou quando um pensamento passou pela sua mente. –Mas, e seu irmão? Imagino que você não vai ser louca de contar para ele, né? Ele acabaria falando para os seus pais, e Deus sabe que eles iriam ser contra.

Arianne revirou os olhos.

—Sim, sim, eu não sou louca, né? –Ela respondeu. –José não pode saber de nada; antes de nós viajarmos para o Brasil, eu já terei me livrado desse problema.

—Ainda bem… –Disse Lizzie, mexendo de forma desconfortável na cadeira, fazendo o couro vermelho fazer um barulho borrachudo. –No Brasil não permitem?

Ari balançou a cabeça.

—Não… Bom, pelo menos não em teoria. Ficaria chocada com quantas  mulheres morrem tentando abortar ilegalmente. – Fez um sinal para a moça que trabalhava na lanchonete ir até ela.

—O que vão querer? –Perguntou a moça ao se aproximar da mesa. 

—Eu não vou querer nada. – respondeu Lizzie.

—Eu vou querer três porções grandes de batata frita –Disse Ari. –Dois hambúrgueres grandes e um copo grande de Coca-cola, para ontem.

Quando a moça que anotou os pedidos se afastou, Ari se voltou para a colega.

—A única que eu quero que me engorde, é uma boa e saborosa comida gordurosa. –Ela disse, com um sorriso.

Lizzie riu.

—Amém, irmã! É assim que se fala!

Ari riu também, soltando uma boa gargalhada e tentando se distanciar do problema momentâneo em sua vida. Seu namorado Liam não precisaria se preocupar com isso, ele era jovem e bobo demais para ser pai… E a família de Ari não precisava saber disso, ela não ia ter essa dor de cabeça. 

Ficou imaginando o quanto seus pais iriam se chocar com o simples fato de que ela transou antes de seu casamento, imagine, então, ela não querer ter o bebê? Ainda mais a sua mãe…

—Engraçado… –Disse Ari ao pensar na mãe enquanto um jovem colocava a bandeja com seu pedido gorduroso na mesa dela.

—O quê? –Perguntou Lizzie.

Ari sorriu, pegando uma batata frita:

—Quando eu era criança, tive curiosidade de perguntar o motivo dela me chamar de Arianne, já que nunca vi uma garota com esse nome…

—E o quê ela respondeu?

—Ela disse que significava "a mais santa" –Respondeu dando uma mordida na batata.

As duas riram da ironia quando ouviram uma voz chamar.

—Ei! Meninas! –Um colega delas disse, se aproximando.

Um frio passou pela espinha de Ari, mas ela ignorou e forçou um sorriso.

—Amor! –Cumprimentou Ari, dando espaço para ele se sentar.

O namorado de Arianne tinha feições que mostravam sua descendência japonesa que ele havia herdado por parte de sua mãe: olhos estreitos e arredondados, tão pretos quanto os de Ari, e um rosto comprido e triangular, com as sobrancelhas e a boca formam linhas horizontais. Um bigode crescia acima dos lábios, com alguns bons pelos crescendo no queixo.

Liam se sentou ao lado dela, deu um beijo na bochecha e passou o braço pela cintura dela.

—Ah, como estava querendo te ver –Ele disse. –, não sabe como meu chefe estava me segurando, mas eu consegui escapar. Ele que arrume os carros que chegarem lá! –Ele a puxou para si. –Estou de folga e sou todo seu!

Ela riu e disse:

—Calma, tigrão, não esqueça que minha colega está aqui!

Liam se virou para ver sua colega Lizzie, surpreso, como se ele tivesse esquecido dela.

—Oh… –Ele começou a ruborescer. –Desculpe, Lizzie.

—Sem problemas –Ela disse, se levantando de forma nervosa. –Olha, eu também já estava de saída, tenho que resolver umas coisas… Mas eu e Michael veremos vocês e os outros na festa de hoje!

Ari assentiu com a cabeça. Liam estranhou a situação, mas fez pouco caso, afinal, ele queria um tempo com sua namorada antes deles terem de partir para o Brasil, onde seus sogros iriam ser bem rigorosos.

—Quer pedir algo, amor? –Ari perguntou, enquanto pegava um hambúrguer. –Podemos dividir.

Ele sorri e balança a cabeça.

—É tudo seu, pode comer à vontade! –Ele respondeu. –Eu pago!

Ela deu uma grande mordida no hambúrguer, sentindo o gosto do pão, carne e salada em sua boca, com o ketchup, mostarda e o molho se espalhando para as laterais de sua bochecha.

—Está nervosa, amor? –Ele perguntou um pouco preocupado. Ele sabia que ela comia bastante quando estava nervosa.

—hmm? –Ela pegou um guardanapo para limpar a boca, enquanto mastigava o enorme pedaço.

—Tudo bem, eu sei –Ele disse com um sorriso–É a viagem, te deixando nervosa. Mas olha, seus pais me adoram, e logo nós voltamos e curtimos um tempo só nosso.

Ari sorriu, quase rindo da situação. Tinha um pouco de pena do namorado, mas estava feliz dele ser bem inocente nesses momentos.

—Tem razão – disse Ari. –Eu e você vamos dar uma festa hoje e depois viajar, vai ser bem tranquilo.

 

Depois de Ari terminar de comer e Liam pagar a conta, eles foram para fora.

Arianne ia caminhar para a direita quando ele a puxou pela cintura e cochichou no ouvido dela:

—Venha comigo –Ele sussurrou e deu um beijo na bochecha dela.

Ela sorriu e deixou ele pegar na mão dela e a guiar, fazendo-a atravessar a rua e indo até um parque ali perto. Eles entraram e subiram numa ponte de pedra por cima de um pequeno lago, enquanto vários pais brincavam com seus filhos. Liam sorriu ao ver algumas das crianças correndo alegremente com a família.

—Já pensou em ser pai? –Ela perguntou, se sentindo um pouco mal por não falar nada para ele; se arrependendo por perguntar logo depois.

—O quê? –Ele perguntou enquanto desciam a pequena ponte, sem prestar atenção nela.

—Nada…–Ela disse, querendo ignorar o assunto o quanto antes.

Eles entraram em uma parte mais distante de onde as pessoas estavam. Havia mais árvores ali, e eles deram a volta numa grande pedra.

Liam encostou sua namorada de costas para o tronco de uma árvore. Ele teve que se curvar para dar um beijo em sua pequena e rechonchuda namorada.

—Senti sua falta nesses dias. –Ele disse, acariciando a cintura dela. –Você não está me evitando, não é? Eu não te irritei ou coisa assim?

Ari forçou um sorriso e alisou o cabelo dele, era preto e espetado, e Liam havia pintado as pontas de vermelho.

—Não seja bobo. –Ela respondeu. –Não tem nada de errado.

—Tem certeza? — indagou o rapaz. 

Ela assentiu.

—Foram só os planejamentos para a festa de hoje e a viagem, eu juro. –Ela acariciou o membro dele e apertou. –Eu estou ótima.

Ele sorriu ao ouvir aquilo, deixando as dúvidas de lado.

—Que bom. –Ele disse, abaixando para beijar o pescoço dela. –Só te quero feliz. –Ele sussurrou em meio aos beijos que dava. –Só quero te deixar feliz.

Liam começou a subir as saias dela, enquanto Arianne abria o cinto e o zíper da calça. O rapaz acariciou e massageou um dos seios dela, fazendo-o ficar duro e sua pele se arrepiou. Ari suspirou de prazer.

Liam retirou a camisa que usava e mostrou o corpo musculoso e tatuado, enquanto Arianne desabotoava a camisa. Ele se agachou, retirando a calcinha dela e a jogando para longe.

Quando eles se deram conta, estavam rolando nus no chão, aos risos. Arianne alisava os músculos tatuados do namorado, enquanto ele acariciava as curvas de seu belo corpo e esfregava a cara no espesso cabelo escuro dela.

—Deus, como eu senti saudades, amor. –Disse Liam, afastando o cabelo dela do seu rosto. –Eu te amo.

—Eu sei… –Ela disse, com os olhos escuros brilhantes de excitação.


X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X 


Indo para alguns quilometros longe dali e voltando algumas horas antes, Jonathan estava descendo as escadas e indo indireção a cozinha, onde seu namorado e a família dele estavam comendo.

A mãe de Tom estava fazendo a comida, enquanto o pai da família lia o jornal. Tom estava comendo umas boas panquecas, enquanto seu jovem irmão estava cheio mel, pasta de amedoim e geleia na cara. Nenhum sinal da irmã de Tom.

—Bom dia. –Disse Tom ao vê-lo.

—Bom dia a todos. – Nathan disse, meio sem graça.

—Bom dia, Jonathan. –Disse a mãe de seu namorado, Bertha, uma bela moça de olhos verdes gentis e cabelos cor de mel. –Eu preparei Waffles para você! E umas torradas bem tostadas, como você gosta.

Ele se sentou na cadeira ao lado do namorado e lhe deu um beijo na bochecha –Ele ainda não estava à vontade para beijar ele na boca, pelo menos não na frente dos pais dele, por mais que soubesse que isso o irritava.

—Obrigado, Senhora Maynard, não precisava.

Ela botou os Waffles e as torradas num prato e serviu para ele na mesa.

A mãe de seu namorado sorriu para ele. Ela devia ter o sorriso mais gentil que Nathan já viu.

—Não precisa me chamar de senhora, já disse. –Respondeu a moça. –Pode me chamar de Bertha, afinal, quero que se sinta em casa.

Ele assentiu, meio sem jeito. De fato, a família de seu namorado estava sendo bem acolhedora para ele de um modo que o fazia se sentir estranho de tão bem tratado.

—O seu irmão vai chegar para comer conosco? –Perguntou o pai de Tom, James, fechando o jornal que lia e pegando uma torrada. –Seria bom conhecê-lo.

—Ah, não…–Ele respondeu. –Tony e eu vamos nos ver no metrô, perto do apartamento do Liam.

O senhor Maynard assentiu com um sorriso e passou geleia na torrada.

—Ele pode dormir aqui. – Tom sugeriu. –Caso queira ficar conosco por um tempo.

Jonathan pegou o leite e derramou no café.

—Posso ver com ele…–Disse Nathan. –Isto é, caso não atrapalhe.

Seu namorado indicou que não tinha problema balançando a cabeça.

—O irmão do namorado do Tom vai vir? –Perguntou o roliço irmão de Tom, com a cara toda lambuzada.

O pai riu e pegou um lenço para limpar o rosto do filho.

—Gostaria de conhecer o irmão do namorado de seu irmão? –O senhor James perguntou.

O jovem rapaz fez que sim com a cabeça, dando um grande sorriso.

—Bom, se meu amado John nos deu sua benção, não sei porque eu negaria. –Respondeu o pai do menino com um sorriso, acenando para Jonathan.

Aquele era um homem feliz e em paz com a vida.

Jonathan ficava bem surpreso com a paciência e afeto dos pais de seu namorado; um filho mais velho gay, uma filha reclusa no próprio mundinho e um filho mais novo com síndrome de Down, e ainda recebendo o namorado do filho de braços abertos… Ele queria que sua família fosse assim. Talvez se fossem, poderia estar lá com eles naquele momento.

Mas não, seus pais não eram assim, e lá estava ele, longe deles.

—Bom, eu posso falar com Tony no metrô…

—Ou pode mandar mensagem? – sugeriu Tom, tendo pouca paciência para a lerdeza de Nathan. –Você sabe, como pessoas do século vinte um, vivendo em 2023, fazem? 

Nathan ficou corado ao ouvir aquilo.

—Sim, sim, claro… –Ele respondeu. –Farei isso.

—Sarah! –Gritou a senhora Bertha. –Desça querida, já está na hora de comer!

—A comida está ótima, sen… Bertha. –Disse Jonathan. –Como sempre.

Ela sorriu em agradecimento.

—Bom, eu fico feliz de você estar feliz. –respondeu, se sentando na mesa –Está em casa, Nathan. Fique à vontade.

 

Após todos terminarem de comer, a mãe de Tom se levantou e pegou os pratos para lavar –era o dia dela limpar os pratos, pois eles gostavam de revezar–, e o senhor James olhou o relógio no pulso e se levantou.

—Bom, tenho de ir trabalhar. –Disse o pai de família, se levantando e dando um beijo no sorridente filho de dez anos, afagando os cabelos escuros dele.

Ele deu tapa nas nádegas da esposa, fazendo-a rir e se virar.

—Ora, seu senhor assanhado! –Disse a moça, rindo. –O quê Nathan pensará de nós assim?

Ele passou um braço pela cintura dela e a puxou para si.

—Bom, vai ver que pode ser bem solto aqui. –Ele a beijou.

Jonathan ficou corado e Tom riu da cara dele.

—Ei– Disse Tom, tocando em seu ombro. –, vamos lá para cima. Para o nosso quarto.

Nathan deixou Tom guiar ele até as escadas de cima, mas antes de irem para o quarto, ele bateu na porta da irmã.

—Caralho, Sarah, vai logo! –Ele gritou. –A nossa mãe já deixou a comida pronta para você, então vê se vai comer, sua retardada!

—Já vou, porra! –Ela gritou de dentro do quarto. –Não enche o saco, ô animal!

—Então vai, caralho, vai logo! –Ele disse e depois voltou a puxar Nathan para o quarto.

Após entrarem, Tom fechou a porta.

— O quê cê tá fazendo? –Nathan perguntou.

— Nos dando privacidade, ué.

Jonathan se sentou na cama que eles dividiam, era pequena, mas seu namorado era menor que ele, e eles ficavam sempre abraçados juntinhos.

— Você tem que parar de se conter, sabia? –Disse Tom, tirando a camisa. –Demorou até para sair do quarto e ir tomar café.

— Eu sei, é que… Poxa, me sinto mal por usar da paciência de seus pais.

Tom revirou os olhos e retirou a calça.

— Tom…–Disse Nathan, vendo o namorado tirar a cueca. –Seu pai ainda está em casa, eu acho….

— Bem, ele e minha mãe volta e meia estão se pegando, quase nem dá para dormir ouvindo eles. –Ele rebateu, indo até Jonathan. –Acho que não vão ligar.

Tom se sentou no colo de seu namorado, sentindo o membro ficar dele ficar duro embaixo de suas nádegas. Ele passou as mãos por cima de seu couro cabelo e percorreu os dedos em seu longo cabelo acobreado, e depois beijou sua têmpora.

Tom tinha um rosto um tanto androgeno, mas era talvez o melhor de seus pais em uma só pessoa: olhos verdes, bochechas altas e vermelhas, e lábios bem rosados como o da mãe, mas pequenos e finos como o de seu pai; o nariz aquilino, assim como o de seu pai. Seus cabelos eram longos e cacheados como os de sua mãe, e tinham a cor castanho-escuro, como os de seu pai antes deles ficarem cinzas. Sua pele era bem branca, e seu rosto parecia angelical, isso tudo era visto em sua delicada mãe… Embora também pudesse ter uma certa malícia em seus sorrisos. 

O jovem namorado de Nathan tinha colocado certos adereços na aparência: pintou cada uma das unhas preto; tinha um alargador em cada orelha; descoloriu as finas e arqueadas sobrancelhas, e colocou um piercing na esquerda; havia outro piercing no umbigo, em cada um dos mamilos, na ponta da língua, nas narinas, um na ponte do nariz, e outro na testa, onde ficaria o "terceiro olho", este último tinha uma pequena e falsa jóia verde nele. De fato, o jovem rapaz gostava tanto de botar piercing, que recentemente tinha colocado dois na boca, um em cada lateral dos lábios inferiores, saindo em forma de arco. Pareciam até duas presas tortas de metal.

Jonathan odiava cada um daqueles piercings horrorosos… Entretanto, amava Tom, então sempre agiu como se não se importasse com eles. Até o deixou convencer a botar um piercing no dedo do meio, como se fosse uma "aliança" do relacionamento deles –Embora o de Tom fosse com duas pontas espinhosas de enfeite, mas Nathan achou brega demais e preferiu só as duas bolinhas mesmo.

—Vou melhorar –Disse Nathan, pegando no queixo fino de seu namorado. –Prometo, vou ser mais extrovertido, você vai ver, só… Me dê um tempo, está bem, amor? Eu não me recuperei da briga com meus pais, Tom.

—Certo –O rapaz assentiu. –Eu só espero que esteja feliz comigo.

—Eu estou. É sério… É só que ainda estou um pouco triste pelos meus pais, mas eu estou bem.

Tom deu um sorriso triste.

—Sua avó gosta de mim – ele o lembrou. –E mora perto do Liam. Podíamos fazer uma visita lá, que tal?

Jonathan sorriu com a ideia.

—Seria ótimo, amor. De verdade.

Tom pegou a mão de Nathan e a levou para acariciar um de seus mamilos. Ele sentiu o calor da pele e o frio do metal.

—Vai querer que seu irmão venha nos visitar? — Tom perguntou, levando os dedos dele para os lábios e beijando as pontas.

—Vou pedir para ele. –Respondeu o jovem ruivo. —Acho que ele vai gostar de sua família.

—Você me ama? –Perguntou o jovem com pele clara como porcelana num tom inocente, deslizando uma mão para dentro da roupa de Nathan e alisando seu peito quente, sentindo seu coração acelerar–Me ama, não ama? Diz que sim...

—É claro…–Ele respondeu de forma lenta, hipnotizado pelos lábios de seu namorado, que mordia o lábio inferior.

Jonathan afagou o cabelo de seu namorado e empurrou a cabeça dele para si, o beijando e empurrando a língua para dentro da boca de Tom, que abriu a dele para que ele entrasse e lambesse a sua língua, sentindo as duas bolas de metal do piercing. Nathan passou uma mão pelas costas do namorado, indo até uma das nádegas.

Quando o beijo acabou e eles se afastaram, Tom mordeu o lábio de Nathan, fazendo ele soltar um gemido de dor e tocar no local da mordida. Estava sangrando.

—Isso doeu…—Ele disse, surpreso, tocando um dedo na área afetada. Sentiu uma leve ardência.

Tom o olhou de forma inocente, quase como uma criança e não um jovem de vinte e poucos anos, e ergueu os lábios rosados.

—Então, o que está esperando para trepar comigo, garotão? –Ele perguntou, com os olhos verdes brilhantes. –Você pode falar com o seu irmão depois…



X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X



Lizzie estava nervosa ao chegar no apartamento de seu namorado, Michael.

—Olá, amor! – Disse Michael ao ouvir ela abrir a porta do apartamento.

Ele escondeu o presente no casaco que ia usar na festa e o pendurou no cabide do armário e o fechou.

Lizzie pegou um pouco de água na geladeira e encheu um copo, depois se dirigiu ao sofá branco na sala, onde soltou os espessos cabelos loiros que caíam em seus ombros.

O apartamento novo de Michael era bem maior que o de Liam, com uma imensa janela que permitia ver quase boa parte da cidade do lado de fora. Michael até havia se oferecido para dar a festa, mas o namorado de Ari negou, dizendo que a festa seria uma bagunça e eles poderiam quebrar alguns dos vários vasos ou quadros do apartamento, ou manchar as paredes e o sofá brancos… Não é preciso dizer que Michael concordou com o colega, já que não queria mesmo dar uma festa ali. Só sugerira por educação.

O namorado de Lizzie saiu do quarto e a encontrou no sofá, batendo nervosamente a perna direita.

—Chegou cedo – Michael disse. –Achei que ia querer ficar com Ari até a festa.

A moça negou com a cabeça, balançando os brincos azuis e os cachos loiros. Os caracóis do cabelo da jovem eram tingidos de um tom azul escuro.

—Eu preferi voltar, depois podemos ir vê-los. –Ela respondeu com fala rápida, bebendo um grande golpe de água.

—Aconteceu algo? –Ele perguntou. –Parece irritada ou nervosa.

Lizzie parou de beber e se virou para ele.

—Estou aqui bebendo água e você deduz que tem algo errado só por isso? –Ela perguntou, irritada.

—É, aconteceu algo –Michael disse, convicto pela reação de sua companheira.

Sua namorada franziu o cenho em resposta.

—Desculpe, como é?

Ele riu e deu de ombros.

—Te conheço desde os treze anos – O homem respondeu–, e estamos namorando já faz seis anos desses vinte anos. Eu sei quando você não está bem Lizzie.

Ela estalou a língua e fechou a cara, colocando o copo de vidro com água na mesa de vidro da sala —mas não no porta-copos, para irritar o namorado.

Michael ignorou aquele gesto –que o irritava muito, mas se segurou–, e se sentou ao lado da namorada. Lizzie virou a cara e cruzou os braços.

—Vem cá –Ele disse, tentando abraçar ela.

—Sai! –Ela disse, tirando um braço dele por cima de seu ombro.

—Ah, Lizzie, não fique assim –Ele disse, colocando uma mão ao lado de cada ombro pontudos e finos dela, circulando-os com os dedões, como ele sabia que ela gostava. –Vamos, não fique brava. Não hoje; logo tem festa.

Ela começou a ficar menos tensa e sorriu.

—Oh, está bem! –Ela disse. —Mas só por causa da festa!

Ele sorriu ao ver que ela estava mais calma.

—Vai me contar o que te aflige agora? –Ele perguntou, curioso. – Algo que eu possa resolver?

Ela balançou a cabeça.

—São coisas de mulher –Ela respondeu. –É melhor vocês homens não se meterem, só iriam atrapalhar.

Ele franziu o cenho, mas assentiu. Se sua namorada não queria lhe dizer o que era, ele não iria forçá-la.

—Bem… Certo então —Ele preferiu não se intrometer, era um assunto da sua namorada e provavelmente de sua amiga Ari; era melhor não dar pitaco. Além disso, ele não queria brigas, não quando a data especial estava se aproximando.

—Bom, uma pena sua colega viajar, não é? —Ele disse, tentando mudar de assunto e ir para o que realmente queria falar. –Liam vai com ela, não é?

Lizzie estranhou a súbita mudança de assunto, mas nem se importou, estava com muita coisa na cabeça.

—Sim, eles vão para o Brasil, já te disse. Ver a família, passar o ano novo e tudo mais…

Ele assentiu.

—Bom, sobre isso, eu andei pensando…

—No quê?

—Bem, eles estão dando essa festa mais cedo porque não dar festa no ano novo como sempre –Ele relembrou. –Podíamos passar o ano novo naquele parque à beira da praia que você ama. – Ele sugeriu.

—Oh, aquele que você me pediu em namoro? –Ela sorriu com a ideia. —É, seria ótimo!

Ele beijou a ponta do nariz dela.

—Sabia que você ia gostar!

—Sim, sim… Ah, faz tempo que não vamos nos divertir assim!

—A faculdade já acabou. –Ele disse. –Agora não temos trabalhos e provas… E, bem, ainda vai demorar para as aulas voltarem.

Ela assentiu.

—Vamos curtir um pouco…–Brincou Lizzie.

Michael estreitou os olhos cinzas e sorriu.

—Ainda estamos falando do ano novo, ou…?

Ela se aproximou dele, cruzando uma perna por cima e sentando-se em seu colo, ficando de frente para ele e colando sua testa na dele. 

—Ora, acho que podemos nos divertir antes…

Um tremor foi sentido, pegando os dois de surpresa. Lizzie soltou um grito e Michael a abraçou de forma protetiva.

Tão rápido quanto veio, o tremor se foi.

—Oh, por Deus…–Disse Michael, ainda abraçando Lizzie. –Está ficando mais comum, esse é o quê? O segundo ou terceiro essa semana?

—Relaxe, já passou. –Ela disse, embora ainda estivesse assustada. 

—Você está bem, amor? –Ele perguntou preocupado. –Está tremendo.

—Eu estou bem…–Ela mentiu. Lizzie era uma medrosa, era fácil se assustar.

Ele beijou o pescoço dela.

—Fique tranquila, eu nunca vou deixar nada acontecer com você. Prometo.

 

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

 

A algumas quadras de distância do apartamento de Liam, a bondosa senhora Annie estava em seu apartamento atendendo a ligação de seu neto.

—Então vocês vão dormir aqui? –Ela perguntou a seu neto Nathan. –Oh, isso seria ótimo!

—Se não for atrapalhar, vovó. –Disse seu neto. –Vamos chegar muito tarde aí…

—Ora, por mim tudo bem, Jonathan! –Ela disse irritada. –Pare de se incomodar tanto, eu vou receber os três de braços abertos.

—Certo, vó, nos veremos logo.

O gato da senhora Annie, enquanto a mesma não observava, levantou a cabeça, como em alerta e foi até o quarto de sua dona enquanto a mesma tagarelava; de forma lenta, como se estivesse percebido que havia algo dentro do quarto.

—Ah, e tome cuidado! –Avisou Annie. –Tem tido muitos relatos de desaparecidos ultimamente, e parece que tem ocorrido alguns ataques de animais.

—Sim, eu vejo nos noticiários. Tem tido mais ataques e tremores desde aquele primeiro terremoto mês passado isso tem ocorrido…

—Desde aquele meteoro –Ela corrigiu. –Ele caiu, mas foi em outro estado e no mês retrasado.

Nathan segurou o riso do outro lado da linha.

—Avó, eu não acho que o meteoro possa fazer terremotos em outros estados.

—Eu sei o que é —Ela disse. —E animais também estão sumidos, nem deixo meu gato sair mais.

Ao falar nele, a idosa olhou em volta, tentando achar onde estava o bem dito animal.

—E para piorar esse prédio está com problemas –Ela prosseguiu. —O Elevador está com problemas, e algo entupiu o encanamento hoje de manhã e até agora nada de voltar. A água está estranha.

—Estranha? –Ele perguntou curioso.

—É, algo deve ter entrado pelo encanamento –Ela respondeu. —A água não sai em grandes quantidades, e o que sai é preto ou marrom… Acho que morreu um bicho lá.

—Meu Deus, que nojo –Disse o neto, fazendo uma careta. –Acho que a senhora tem que se mudar, isso sim.

—É, talvez…–Ela suspirou. –Bom, eu vou tirar um cochilo, querido.

—Certo, eu vou me preparar, vovó. –Disse Nathan. –Tom está ansioso em te ver.

—Oh, que bom. –Disse a senhora, feliz por rever o namorado de seu neto. –Nos vemos lá, tchau.

—Tchau, vó.

Ao colocar o telefone no gancho, Annie se sentiu aliviada por ter finalmente visitas. Seu filho e sua sogra haviam largado-a tanto quanto haviam largado Nathan. Tony estava longe fazia tempo… Ah, e ninguém naquele apartamento era uma companhia interessante para ela. Embora, com o final do ano se aproximando, a maioria dos apartamentos estivesse vazia, com os moradores em viagem.

—Finalmente um pouco de companhia nessa possilga— Ela disse, se recostando na poltrona.

Estava quase cochilando quando ouviu seu gato fazer um síbilo irritado.

—Sr. Pounce? –Ela chamou. –Pounce?

Ela ouviu ele fazer um som mais alto e ela se levantou da poltrona azul, nervosa. Olhou para a direção do som e percebeu que a porta de seu quarto estava meio-aberta.

Um barulho de algo batendo, talvez o móvel ao lado da cama dela, saiu de dentro do quarto vazio. Um arrepio subiu na nuca dela.

Ela olhou para a janela da sala. Estava trancada, como ela havia deixado.

—Sr. Pounce…? –Ela chamou assustada.

Ela deu um passo para frente, tentando tomar coragem. Estava sendo só uma velha boba… Seu gato não era do tipo bagunceiro, mas isso não o impedia de derrubar uma coisa ou outra.

Mas antes que pudesse dar outro passo, ela ouviu um grito alto vindo do corredor, fazendo-a se virar.

Annie estava com a respiração agitada, mas ela resolveu ir até a porta.

Alguém pode precisar de ajuda, pensou.

Ela andou a passos largos e nervosos, indo até a porta. Ao olhar pelo olho mágico, tudo parecia tranquilo. Ela começou a abrir as trancas.

Quando ela tirou a última tranca, a coragem de seu corpo se esvail.

Ela respirou fundo, agarrando a maçaneta.

Então, ela ouviu um tipo de rosnar e o som de algo quebrando, como vidro, junto de um grito abafado.

Respirando fundo, Annie girou a maçaneta e abriu a porta, movendo as pernas para fora.

Quando ela saiu, viu que não tinha ninguém do lado de fora. Nada, nem mesmo outro som foi feito.

Ela respirou e expirou fundo, sentindo o coração quase explodir.

—Oh, por Deus–ela disse, se sentindo cansada e tirando suor da testa. –Devo estar ficando louca.

De repente, a porta de um apartamento de frente ao seu fez um estrondo, como se algo fosse jogado nela.

Isso fez Annie soltar um grito e se virar, apavorada, e abrir seu apartamento novamente, fechando e trancando a porta rapidamente.

Ela correu até sua poltrona e se deixou cair nela, respirando pesadamente. Cada batida de seu coração fazia seu corpo tremer e doer, como se fosse explodir.

Depois de muito tempo, seu corpo pareceu ficar mais calmo e ela tentou arrumar forças e pegar o telefone.

Apesar da dificuldades causadas pelos tremores, ela pegou o telefone e ligou para a recepção.

—Tem alguém… –Ela tentou dizer assim que foi atendida, mas perdeu um pouco o folêgo. –No oitavo andar, alguém está sendo atacado, deve ser minha vizinha… Acho que é um animal.

—Certo senhora–Disse a recepcionista. –Nós já recebemos a denuncia de duas pessoas do seu andar, e já vamos averiguar. Até lá, não saia do seu apartamento.

—Nossa, que grande ajuda –Ela disse irritada. –Por qual motivo vocês não vieram ainda?

—Estamos cuidando de várias denúncias, senhora. Já chamamos a polícia várias vezes, mas eles estão com dificuldades. –Revelou a moça da recepção. —Por favor, aguarde.

Ao ouvir aquilo, Annie juntou as sobrancelhas, sentindo o corpo se arrepia.

—Espera, o quê… Alô? Alô?

A desgraçada havia desligado na sua cara! 

O que ela faria? A polícia já havia sido chamada e nada… E ela não tinha coragem de sair e ir para o elevador ou para as escadas.

—Nathan! –Ela se lembrou.

Com dificuldade, ela tentou ligar para o telefone de seu neto, mas o nervosismo atrapalhava os seus dedos de digitarem.

Um estrondo maior foi feito no corredor e a assustou, fazendo-a gritar e derrubar o telefone.

Uma mulher gritava e ela podia ouvir um rosnado horrível. Annie tapou os ouvidos, nervosa.

Não posso ficar aqui, pensou, se levantando. Os gritos da mulher pareceram diminuir, mas ela não tinham coragem de ficar naquela sala.

Seu coração estava batendo como nunca, suas costas doíam e sua cabeça parecia explodir.

Então ela parou. Annie viu a porta entreaberta de seu quarto escuro.

—Não tem nada aqui, sua velha burra. –Ela disse para si mesma, enquanto caminhava até seu quarto.

Ao abrir a porta, ela tentou acender as luzes. Nada. Simplesmente a luz de seu quarto havia acabado –ou assim ela deduziu, sem ver a gosma em sua lâmpada.

Ela ouviu algo embaixo da cama.

—Sr. Pounce? –Ela chamou, se aproximando. –Saia, agora…

Ela se aproximou da cama, e com dificuldade, se agachou. Duspirou aliviada ao ver a cauda de seu gato. O bicho estava dormindo esse tempo todo.

—Ah, seu gato desgraçado. –Ela disse, puxando a caude de seu gato, estava estranhamente humida.

Quando ela levantou, percebeu que não era seu gato; era um pedaço da carne dele, apenas a lele exposta com pelos dele.

Gritando, ela soltou a pele morta e se jogou para trás.

Algo enorme se moveu de baixo da cama, fazendo o móvel se mexer. Annie se arrastou para longe, tentando se levantar.

O que saiu de baixo da cama era enorme e gordo, parecia uma enorme e desengonçada larva marrom-rosa. Era como um saco de batatas vivo.

Annie soltou um som assustado ao ver a enorme larva rastejando para fora da cama, se inclinando para o restante do pobre Sr. Pounce. A criatura não tinha olhos, nem patas, apenas uma enormes boca cheia de dentes pequenos, curvados e afiados.

Quando pareceu perder o interesse no que tinha restado de Sr. Pounce, e virou suas atenções e sua enorme boca para a senhora Annie, que o olhava aterrorizada.

Quando a criatura tentou avançar, ela deu um chute nela, fazendo-a larva recuar. Depois a chutou mais uma vez, afundando seu sapato na pele esponjosa e oleosa daquele ser gosmento, e o empurrando contra o criado mudo que ficava ao lado da cama.

Annie tentou se levantar, mas antes seu pé deslizou, pois estava sujo da gosma da larva nele, dificultando seu movimento. Ela apoiou um braço na cama, e fez um esforço para se equilibrar e se reerguer.

A larva, embora retraída pelos chutes, voltou a virar sua boca para a idosa e cuspiu algo que parecia ser lama no olho esquerdo de Annie quando ela já estava quase de pé, fazendo-a gritar e cair de costas.

Annie levou uma mão para o olho, tentando tirar o que quer que fosse aquela gosma fedida e quente que estava tapando metade de seu mundo, mas seus dedos pareciam quase ficar presos e a pasta havia ficado dura.

A larva avançou e quase mordeu seu pé, mas Annie entrou em alerta e chutou ela várias vezes, chutando o ar em desespero. Desesperada, Annie se virou de barriga para baixo e usou os dois braços para se erguer.

Ela soltou um gemido de dor enquanto se erguia, ignorando a dor nas costas e quase escorregando, mas conseguiu ficar em pé e foi até a porta, quase se jogando em cima dela. Agarrando a maçaneta com toda a força que tinha, girando-a e abrindo a porta e, sem olhar para trás, ela saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.

Annie só parou de correr quando ficou quase dois metros longe da porta. Só então ela parou para pegar fôlego e se acalmar. Ao se virar para ver o quarto, ela ainda podia ouvir a criatura lá dentro rastejando batendo inutilmente na porta, mas sem sucesso.

Com a garganta seca, ela foi até a cozinha e tentou pegar uma água para se acalmar e pensar no que fazer. Talvez ela pudesse usar a água para tirar a gosma endurecida do olho.

Tentou abrir a torneira, mas tudo que saiu foi a mesma gosma marrom de antes, com a água contaminada.

—Merda! –Ela gritou. –Merda! Mas que merda!

Irritada, ela deu um grito e jogou o copo de vidro no chão, fazendo o objeto quebrar em mil pedaços. Se apoiando na pia, ela começou a chorar, sem saber o quê deveria fazer; seus netos estavam longe, nada da polícia ter chegado até onde ela sabia…

Tenho que sair daqui, pensou. Tinha que sair daquele lugar antes que aquele bicho conseguisse sair de onde estava. E pior, se ela morresse, seus netos e Tom não saberiam do perigo no local e poderiam vir até o prédio… Não, ela precisava impedir isso.

Ela pegou uma faca e se dirigiu até o telefone, se abaixando para pegar o objeto caído no chão, colocou no gancho e o tirou novamente para poder ligar. Com metade de sua visão distorcida e com os dedos de uma velha assustada, foi com grande dificuldade que ela conseguiu ligar para o número de seu neto, Nathan.

—Vamos, vamos, atenda…–Ela disse agitada. –Atenda, pelo amor de Deus, Jonathan!

Mas ele nunca atenderia, o celular de Jonathan estava em cima da cama dele, tocando, tocando… O dono, porém, se encontrava em um banho prolongado com seu namorado.

—Merda! –Ela disse, sentindo seu olho coberto arder.

Ela ligou para Tony, mas o mesmo estava na academia.

—Esses jovens de merda não saem dos celulares nunca, menos quando os avós precisam de ajuda! –Ela reclamou.

Não tinha jeito, ela reuniu forças e foi até a porta para sair do apartamento. O apartamento pelo qual os gritos haviam saído teve a porta arrombada por dentro; com uma mulher estando caída e ferida na soleira da porta.

Respirando fundo, Annie retirou as fechaduras e abriu. Talvez o elevador estivesse bom e ela pudesse usá-lo, se não fosse o caso, teria de ir pelas escadas.

Lentamente abrindo a porta, ela finalmente teve coragem de dar alguns passos para fora dos aposentos. Ela segurava firmemente o cabo da faca, mas sua mão estava suada e tremia muito. Ela lambeu os lábios secos, enquanto suor escorria de seu rosto.

Annie finalmente saiu por completo do apartamento, estando totalmente exposta no corredor. Ela deu alguns passos, indo em direção ao elevador, e se aproximando da moça caída no chão.

Ela não tinha intenção de ajudar aquela moça, pois claramente já estava morta, mas ela estava no mesmo caminho… Bastou a Annie rezar para que o que que a tivesse matado, estivesse longe.

Quando ela estava quase se aproximando do apartamento, algo fez um barulho estranho do lado de dentro. Era com um rosnar de algum tipo de cachorro bem grande e irritado, mas ela nunca ouviu nada assim.

Conseguiu ouvir a criatura dar passos e se aproximar da porta, a sombra dela de repente aparece pela soleira da porta, crescendo. Com medo, Annie não aguenta e simplesmente vira os calcanhares e sai correndo.

Como se sentisse o medo da idosa –mas na verdade apenas sentindo seu cheiro e ouvindo seus passos nervosos–, a criatura dá um rugido e avança para fora do apartamento onde estava.

Quando Annie chegou até seu apartamento, ela se virou para ver a criatura…

Ela era terrível: Era quase do tamanho de um pitbull, mas com um corpo mais esguio e um peito corpulemto e disforme, e com uma pele de cor escura, mas sem pelos, parecendo brilhar quando a luz refletia nela, quase como a casca de um inseto. Os olhos também pareciam de insetos: olhos redondos e compostos, como os de uma mosca. Garras enormes e dentes igualmente grandes numa boca sem lábios para escondê-los. As presas pareciam rasgar a pele, se amontoando um nos outros, de forma feia e bagunçada. Havia duas antenas no topo da cabeça.

A criatura passou por cima do cadáver no chão e correu até Annie, que entrou no apartamento e trancou a porta.

A fera se jogou contra a porta, quase a derrubando. Annie, desesperada, trancou as outras fechaduras também.

Ela se afastou da porta, que ainda era atacada pela criatura. Annie não tinha dúvidas de que ela seria derrubada. Ela segurou mais firmemente o cabo da faca, mas sabia que não seria o suficiente.

Se quarto não era seguro com a larva, a única saída que em teoria tinha estava com um enorme bicho do outro lado quase derrubando a porta… Tinha que pensar, tinha que ser rápida… Foi então que se lembrou da janela e da escada de incêndio externa.

Ela se virou e olhou para a janela trancada e correu até ela, quase esbarrando na pequena mesa na sala.

Quando finalmente alcançou aquela que poderia ser a sua única oportunidade de sair viva, ela destrancou a janela e a empurrou para cima.

A criatura do lado de fora da porta de entrada acabara por fazer uma rachadura enorme na porta. Annie jogou a faca pela janela e depois passou uma perna pela janela, e fez o que pode para ignorar o desespero em seu coração. Se agachando para poder passar, ela rangeu os dentes ao sentir suas costas protestarem contra o movimento de fuga.

Quando ela sentiu as barras de metal embaixo de seus pés, foi como se finalmente tivesse achado terra firme depois de uma longa viagem à deriva no mar. Era como se o perigo do lado de dentro tivesse ido embora. 

Porém, o medo não deixou seu corpo, pois ela sentia como se as frágeis barras de metal fossem se dissolver sobre seus pés. 

Sabiamente, aproveitando que a criatura não havia derrubado a porta, ela colocou os braços para dentro e puxou as cortinas. Puxou a janela para baixo, pelo menos o quanto pode. Foi com esforço que ela soltou a janela e se segurou no corrimão da escada de incêndio. Após isso, ela se agachou e pegou a faca.

Ela fez o que pode para não olhar para baixo, mas foi impossível; ela teve de olhar ao começar andar. Seu corpo tremia como nunca antes, estava ventando muito ali em cima ou era ela que estava ficando insana?

Annie ouviu um baque surdo de dentro da sua janela, mas não quis nem saber, andou mais rapidamente. Quase congelou ao ver os degraus da escada, mas teve que se segurar mais firmemente nas barras e colocar o pé no degraus de ferro pintado de vermelho.

—Coragem sua velha idiota. –Ela disse para si mesma, tentando se manter firme. Sua respiração estava ofegante, sua visão quase turva. Era difícil caminhar só com metade da visão.

Cada escada era em direção oposta à anterior, de modo que Annie era obrigada a andar até a próxima, sem poder manter um caminho fixo e direto. Quando ela já estava quase na penúltima escada, a criatura finalmente deve ter entrado em seu apartamento, pois ouviu o que parecia um estouro e o rugido se intensificou. O som acima dela se intensificava, mas pelo menos parecia não ter quebrado a janela, para sua sorte.

Quando estava caminhando até a última, ouviu o barulho de vidro quebrando, seu coração se apertou quando ela viu lascas de madeira e vidro caindo do céu. A criatura havia quebrado a sua janela, estava atrás dela.

Desesperada, Annie começou a correr, virando-se para a última escada que a levaria para o beco que poderia salvá-la. Seu corpo corria desajeitado, com ela não conseguindo manter a sua direção reta.

Ao virar a direita, para a última escada, ela pode ouvir algo grande bater no metal, metros acima de onde ela estava. Precisa ser rápida para fugir dali. Por sorte, já estava na última escadas, só precisava ser rápida, se ela conseguisse...

Assim que seu pé pisou desajeitadamente no primeiro degrau, ele escorregou, fazendo seu calcanhar se torcer e Annie desequilibrar e, ao não conseguir se segurar em algo, cair e bater em todos os sete degraus da escada, fazendo o metal soar um barulho surdo conforme seu peso batia contra ele. Cada impacto fazia seu corpo gritar, com os ossos ardendo mais e mais…

Quando finalmente terminou de cair, estava estatelada no chão. Seu nariz doía e sangrava, provavelmente estava quebrado. Ela mordeu a língua na queda durante a queda, podia sentir a dor nela e o sangue enchendo sua boca com gosto de ferro.

Sua visão estava pior, seu olho esquerdo estava ainda coberto pela gosma endurecida, e o outro aberto não estava nos melhores dias graças a tontura da queda. Annie levou as mãos para a região onde sua nuca mais doía, e ao tocar com os dedos, sentiu uma pequena pontada de dor. Ao retirar os dedos, percebeu que estavam com sangue. Porém, a parte que mais doía era seu pé esquerdo.

Para a sua sorte, a faca que havia trazido havia caído perto dela; ela a pegou esticando o braço. Ela sabia que era inútil contra a criatura, mas era melhor do que nada.

A criatura parecia estar descendo em certa velocidade, parando um momento ou outro, talvez para farejar seu cheiro. Suas grossas patas faziam o metal gritar com sua corrida brutal.

Isso fez Annie voltar a ficar em alerta. Ela olhou para frente, e viu que em poucos metros o beco terminava e começava a calçada e a rua. Podia apenas correr e talvez estivesse livre!

Quando ela tentou se levantar e equilibrar, sentiu uma dor aguda percorrer sua perna e caiu novamente. Ela se virou e olhou para o pé esquerdo e tentou tocá-lo ou movê-lo… Ao sentir extrema dor, percebeu que era exatamente o quê tinha medo: estava quebrado ou fraturado. Ela estava incapacitada.

Desesperada, Annie olhou em volta e percebeu que havia uma enorme lata de lixo de metal perto dela, com a tampa aberta; porém era inútil, ela não tinha forças para se levantar, entrar nela e depois se fechar…

Mas notou que havia dois caixotes de madeira, talvez ela pudesse usar um deles para subir.

Se arrastando com certa dificuldade, ela tateou –Sua visão estava tão ruim que era difícil medir a distância das coisas– e pegou um deles, jogando para perto da lata de metal, depois se arrastou até o outro e o agarrou, levando-o consigo. Ao chegar perto da enorme lata de lixo pintada de verde, Annie colocou um caixote em cima do outro. Ela jogou a faca dentro da caçamba, e depois tentou escalar os dois caixotes, fazendo forças apenas nos braços e no pé direito que ainda estava bom.

Quando a criatura estava fazendo um barulho maior, Annie já estava terminando de rastejar nas caixas e conseguiu subir na caçamba verde. Ao conseguir chegar, ela esticou o braço e segurou a tampa aberta e meio se jogou, meio caiu para dentro do objeto, fechando a tampa junto; o lixo fétido amorteceu a sua queda desengonçada, isso era bom, mas não diminuiu as dores que já tinha. 

O cheiro dentro do local era insuportável, fazendo as narinas e o olho bom de Annie arderem. Ao piscar, lágrimas caíram de seu olho. Moscas perambulavam por toda a parte, fazendo um som ensurdecedor e irritando a pobre idosa quando se acumulavam em cima dela ou tentando entrar em seu ouvido, fazendo-a mover os braços para expulsá-las. Infelizmente, ela caiu de cara no lixo, fazendo com que todo o seu corpo estivesse coberto de restos de comida, merda e o que quer que tivesse ali…

Não tardou para que ela não aguentasse e viesse a vomitar tudo o que tinha no estômago. O desjeto escorreu pelo seu queixo e escorreu em seu peito.

Annie tateou em busca da faca, mas se mostrou impossível; estava muito escuro e tudo que conseguia sentir era apenas gosma e insetos rastejantes. Se indiretando, ela se sentou no lixo. Estava cansada, machucada e tonta. E viva, e isso era o mais importante.

Foi então que o som do metal sendo batido parou de soar, e deu lugar ao som da criatura se jogando no chão.

Ela engoliu seco. Podia ouvir o farejar da criatura e o seu rosnado. Teria que torcer para que o cheiro do lixo o espantasse. Mas para isso, teria também que ficar quieta. Tinha que ficar imovél e não fazer nenhum som.

Annie fechou os olhos, respirou fundo e segurou a respiração. Ignorou o medo no seu corpo, ignorou a dor no tornozelo, fingiu não sentir a dor na garganta, nem na língua, nem no olho esquerdo… Teve até mesmo que ignorar o zumbido das moscas; podia sentir elas andando em sua pele enrugada, enquanto outras tentavam entrar nos seus ouvidos. Podia também sentir as larvas em sua perna, mas não importava. Ela ficaria quieta para sobreviver.

Quando a criatura se aproximou da caçamba, ela primeiro farejou e depois bateu contra o metal pintado de verde. E fez o mesmo movimento depois.

Por favor, vá emborapensou Annie, sentindo as lágrimas surgirem e se segurando para não fazer barulho. Por favor, me deixe em paz…

A terceira e quarta batida foram furiosas e chegaram a amassar o metal, fazendo Annie quase gritar; porém, a mesma se segurou e o animal logo parou. As moscas voavam mais do nunca, assustadas e zunindo de forma pior do que já estavam.

Após isso, a criatura grunhiu e pareceu se afastar, mas Annie não estava louca de acreditar que era seguro sair. Não, ela ficou quieta enquanto os sons guturais da estranha criatura ficavam mais fracos, até que finalmente sumiram… 

Não vou arriscarpensou, terei de esperar.

Ela deve ter acabado por desmaiar, pois logo acordou sobressaltada com o barulho e toques das moscas e larvas. 

De forma cuidadosa, ela ergueu um pouco a tampa do objeto e olhou em volta. Nada. A criatura parecia ter partido, finalmente.

Ela empurrou a tampa com a força que ainda lhe restava. Antes de sair, Annie pegou alguns sacos de lixo e os jogou para fora. Teve esperanças de que isso também a fizesse achar a faca, mas foi em vão; mas ainda ajudaria a ter uma queda macia. Ao terminar, ela se agarrou nas bordas da caçamba e fez força para empurrar seu corpo para fora, e se inclinado para frente, para que seu peso fizesse o resto.

Seu corpo castigado caiu em cima de alguns dos sacos que ela jogou. Não foi o bastante para ela não sentir dor alguma, mas era melhor do que mais uma queda no chão duro.

Annie se arrastou até o muro do beco, com a caçamba tapando sua visão para a rua. Ela olhou em volta e depois se inclinou para ver o resto do beco e a rua. Ao perceber que a criatura havia realmente partido, ela encostou as costas na parede, aliviada. Um riso de felicidade escapou de seus lábios ao ver que estava segura.

Ao olhar para o céu, ela percebeu que devia ter desmaiado por um tempo na caçamba. Já estava quase escurecendo, seus netos logo estariam ali.

Ela sabia que não tinha escolha, a criatura logo poderia voltar, então não poderia ficar parada ali. Annie se deitou, e começou a rastejar no chão. Para sua sorte, as mangas de sua camisa iriam impedir que seus braços ficassem ralados.

Apesar da dor, ela estava mais calma; a fera já tinha ido embora, ela só precisava se arrastar e esperar que alguém na rua a encontrasse.

Enquanto ela se arrastava para fora de seu "esconderijo" ao lado da caçamba, ela ouviu algo caindo atrás dela, no beco. Isso a fez se virar assustada, e erguer a cabeça para tentar ver enxergar algo, mas não viu nada… Até algo se mexer atrás de um amontoados de sacos de lixo, perto da escada de incêndio

Foi então que aquela enorme larva rosa-marrom se ergueu e, antes que Annie pudesse ter qualquer reação, virou sua enorme boca para ela e cuspiu a espessa gosma marrom em sua cara. Apesar da distância, ela conseguiu acertar o outro olho daquela senhora condenada.

Agora completamente cega e apavorada, a indefesa senhora começou a gritar, e mexer de forma desesperada os braços e as pernas para tentar se afastar dali.

—Ah, Deus, não! –Ela gritou desesperada, enquanto seu rosto queimava.

Mas era inútil, a larva se arrastou de forma desajeitada e lenta, mas conseguiu alcançar a senhora indefesa e prender seus dentes no pé ferido de Annie, que a fez uivar de dor e começar a se debater desesperada.

A criatura começou a arrastar para dentro do beco, a velha senhora tentou se agarrar em algo, mas seus dedos inutilmente apenas conseguiram se arrastar no chão, o que resultou em apenas perder algumas unhas e ralar as palmas.

Quando a larva a arrastou mais ainda, e começou torcer mais ainda o pé de sua vítima; Annie, tateou desesperada em busca de algo para se segurar.

Quando ela achou algo, não servia para segurar, mas servia para bater. Ela agarrou um dos caixotes de madeira e o usou para tentar atacar a criatura nojenta que a devorava.

Apesar de cega e desesperada, ela obteve sucesso, pois sentiu ter acertado a nefasta larva algumas vezes; isso, por sua vez, fez a criatura recuar.

Annie aproveitou o momento e tentou se arrastar para longe. Ela sentiu o outro caixote e colocou o que segurava em cima dele. Como ela estava cega e desesperada, foi feito de qualquer maneira; porém, ela conseguiu se erguer escalar neles, mas os objetos acabaram por cair.

Por sorte, ela havia agarrado a beirada da caçamba, e conseguiu se segurar nela. Ela colocou toda a força que tinha para se pendurar e se empurrar para cima, e depois para dentro da caçamba.

A larva mordeu seu pé novamente, fazendo Annie chutá-la e conseguir se jogar para dentro do lixo, fazendo com que moscas começassem a voar em volta dela e larvas serem esmagadas pelo seu corpo ou dançarem em volta dele.

As larvas e moscas começaram a penetrar o pé esquerdo de Annie, que naquela altura, já estava praticamente comido; o osso estava exposto e roído, a carne fora quase toda arrancada, o pé só permanecia ligado a perna pelos poucos músculos que ainda não haviam sido totalmente comidos, e a gosma fazia a dor piorar. Annie deu um grito e tentou levantar a perna, deixando o pé destroçado pendurado no ar.

Cega e machucada, Annie começou a tatear todo o cubículo de metal em total desespero, em busca da faca que tinha deixado cair ali.

Parecia quase impossível, mas ela conseguiu encontrar algo e, ao pegar o cabo com uma mão e analisar o que deveria ser a lâmina com a outra, ela percebeu que tinha encontrado.

Enquanto isso, de forma lenta e atrapalhada, a enorme larva havia finalmente conseguido subir na caçamba, se debatendo totalmente. Após chegar ao topo, começou a se empurrar para frente e se debater, batendo na tampa do objeto e a fazendo cair em cima dela.

Annie, sem conseguir enxergar tentou se virar para a criatura, apontando a faca para ela e esperando o ataque, sem saber que a criatura estava presa.

Em agonia, o animal usou sua pele mucosa para sair dali, conseguindo exprimir e entrar dentro do cubículo onde estava sua presa, caindo em cima da mesma. Annie tentou empurrar o animal para longe, mas sem sucesso; estava fraca demais para fazer força e nem tinha espaço para se afastar, e a dor em sua perna piorou quando o gordo animal caiu em cima dele, fazendo-a urrar de dor como um animal em agonia extrema.

A larva rastejou para mais perto de sua presa, e Annie agarrou firmemente a faca, sem vacilar.

A criatura alargou a imensa boca com dentes e abocanhou a cabeça de Annie inteira, no mesmo momento que a mesma lhe atacou com a faca e a enfiou em seu corpo esponjoso, torcendo a lâmina ao atingir a frágil carne. A criatura aumentava o aperto no crânio da velha senhora, esmagando a cabeça e o pescoço com extrema facilidade, enquanto a mesma retirava a faca da ferida e a enfiava novamente em outro lugar, movendo a lâmina para baixo e fazendo um enorme corte no corpo. Os dentes afiados da boca da larva rasgavam a carne de Annie enquanto ela fazia o mesmo com a pele de seu algoz com faca.

Nenhum dos dois animais moribundos se deixava levar pelos ferimentos mortais e a dor, se entregando à morte e à fúria sangrenta, enquanto as larvas e moscas dançavam em volta deles e se banqueteavam com o duelo.

 


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