A Vida de Alice escrita por Lari_pink, Na_Cat


Capítulo 8
Fugindo do Inimigo


Notas iniciais do capítulo

Como sempre, nos falamos lá embaixo! =D



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            Mesmo com Claude amparando, e tentando animar Alice na maior parte do tempo, inevitavelmente ela estava se sentindo deprimida. Além de todos os remédios que estavam lhe ministrando, o clima na clínica era sempre de tensão. Não era fácil conviver com doentes mentais, alguns em estado avançado de insanidade. As vezes algumas brigas entre internos aconteciam, sempre por motivos torpes.

Para agravar a situação da pequena Alice, dois meses depois, continuava sem receber sequer uma visita da família. Nos últimos dias, a menina só fazia chorar. Seu desanimo estava sendo alarmante para Claude.

                A terapia ocupacional, não lhe prendia mais atenção. Perdera seu interesse por tudo. Dado seu estado de depressão, o médico responsável por Alice, achou melhor aumentar a dosagem de seus remédios e calmantes. A mudança acarretou em efeitos colaterais: agora, ela sofria crises de convulsão, mais de uma vez ao dia.

O que ninguém sabia, é que durante as crises, Alice perdia a consciência e os seus pesadelos, a  atormentavam.

Quase três anos se passaram desde que ela fora internada. Nenhuma visita. Depressão profunda. Crises convulsivas. Essa era a vida da pobre menina mal compreendida.

“- Ele vai me pegar...”  ou  “- Está queimando! Faça parar!”  - eram as únicas coisas que ela falava agora. Ou melhor, berrava! Alice passava o dia em estado de letargia, quando parecia ter consciência de algo, seus gritos ecoavam pela clínica, para em seguida seus olhos ficarem fixos e sem emoção – indicando assim que ela entrara novamente em seu transe.

Depois de algumas tentativas de reanimá-la, sem sucesso, o médico responsável achou melhor colocá-la em um quarto .

                O quarto continha um colchão no chão, e era acolchoada para que não se machucasse. Sem janela, a porta sempre  trancada.Permanentemente  no escuro. Uma nova terapia lhe fora demandada: tratamento de choque.

Duas vezes por semana, Alice era levada á uma sala onde era amarrada em uma maca, colocavam um pano enrolado em sua boca, para que não se mordesse. Aparelhos eram conectados às suas têmporas,e ligados a fios de uma espécie de bateria onde descargas elétricas era mandadas para seu lóbulo frontal. A voz de Alice que quase não se escutava mais, ecoava na sala e nos corredores próximos. Um grito de sofrimento, de puro desespero.Os médicos não se comoviam, acreditavam naquela técnica de tratamento.

Apenas Claude, que ainda se sentia muito ligado a menina, se compadecia. Se pudesse a pouparia de toda a dor.Mas era impossível. Sempre que podia, ia a seu quarto, visitá-la.Mesmo a menina não lhe reconhecendo, ele ia. Conversava com ela. Era na melhor das hipóteses, um monólogo, visto que Alice não respondia nunca. Quando parecia ter consciência da sua vida, caia em prantos, tamanha sua infelicidade.

 

 

xxXxx

 

 

[Na fazenda da família Brandon – 2 meses após a internação de Mary Alice.]

                Célia havia seguido Elizabeth até New Hope, onde dias depois, investigando, descobriu ser uma Clínica de Repouso Psiquiátrico – ou um “sanatório” – algo bem comum da época em que viviam. A mulher percebeu imediatamente a mentira: nunca houve doença alguma, a mãe de Alice a internou em um hospício.

                Ela chorou por dias, entristeceu de tal forma que o rendimento em seu trabalho caiu. Pensou muito, e resolveu contar a verdade á Ernesto – seu marido e também empregado da fazenda.

                - Querido precisamos conversar. – era noite, e eles estavam deitados em sua cama, na simples casinha que moravam, dentro mesmo da fazenda. 

                - Diga meu amor, o que está acontecendo. Eu estou preocupado com você, há dias não se alimenta nem dorme direito. Sei que algo grave te aflige. – Ernesto tinha verdadeira adoração pela esposa. Se amavam desde jovens, e davam-se muito bem. A única alegria que lhes faltava era um filho, mas Célia era estéril.

                - Uma coisa terrível aconteceu, e não agüento mais a dor do silêncio. Preciso te contar. – as lágrimas já lhe banhavam o rosto. – Eu descobri onde minha pequena está...   – ela encarou o marido.

                - Como assim Célia? A menina está muito doente, em um hospital se tratando. Eu ouvi quando a Senhora Elizabeth disse...

                - Ela mentiu Ernesto! – a mulher esbravejou, sem deixar que ele completasse a frase. – a menina nunca esteve doente.

                - Célia! – o homem repreendeu assustado. – o que você está dizendo, mulher?

                - É verdade! Eu a segui um dia,e ela foi até a clínica de New Hope. Lá é um sanatório. – soluçou. – Ela acha que a menina é louca...

                - O que você fez é muito grave! Imagina se a Sra Elizabeth descobre? Perderíamos nosso trabalho.

                - É justamente sobre isso que quero lhe falar. – ela suspirou pesadamente. Sabia que a conversa seria difícil. – Eu não quero mais trabalhar para Elizabeth.

Ernesto sentou na cama, absurdamente surpreso. Não imaginava que isso pudesse acontecer.

                - Mas Célia! – o homem estava demasiadamente impressionado. – Você trabalha para ela desde que Sra Elizabeth era solteira!

                - Eu sei muito bem Ernesto! E durante esses anos achei que a conhecia, agora percebo que nunca soube que tipo de monstro ela era. – Célia voltou a  chorar. – Que tipo de mulher interna a própria filha?

                - Mas a menina tem problemas, querida.

                - Ela não é louca,Ernesto. – ela retrucou vorazmente. – Ela tem um dom de Deus,será que você também não vê isso?

                - Meu bem, não sei se é realmente uma boa idéia deixar os Brandon. Eu já não sou mais um rapaz,não sei se arrumarei um emprego tão bom como esse. – o marido disse carinhosamente.

                - Não estou pedindo que largue o seu emprego Ernesto. Eu é quem não vou mais trabalhar aqui. E também não quero mais viver nessa casa. Procuraremos uma casa na cidade , eu vou tentar outro emprego, nos arranjaremos. Mas não me negue isso Ernesto. Por favor.. – chorou copiosamente. O marido a abraçou e nada mais disse. Faria a sua vontade, não importava o que lhes custasse.

 

                Dois dias depois, Célia já havia arrumado suas coisas, resolveu comunicar a patroa de que iria embora.

                - Sra. Elizabeth, precisamos conversar.

Elizabeth estava na cozinha, dando ordens do almoço à copeira.

                - Pode falar Célia!

                - Eu prefiro que seja a sós, caso a senhora não se importe. – Elizabeth fitou a ama, desconfiada.

                - Vamos ao escritório de Orlando.

As mulheres seguiram até a sala reservada, que era também uma pequena biblioteca. Elizabeth deu passagem à ama, e em seguida trancou a porta atrás delas.

                - O que foi Célia, há alguma coisa errada? – apesar de tantos anos de convivência, as mulheres não tinham intimidade alguma, não eram como amigas ou algo parecido. A relação fora sempre de empregada e patroa.

                - Eu estou indo embora. Não vou mais trabalhar aqui. – a mulher lançou-lhe assim, de supetão.

Elizabeth fitou a empregada, incrédula. – Por que isso Célia, o que aconteceu?

                - Onde está Alice, Elizabeth?

                - De novo essa conversa?

                - Diga-me a verdade, se você tem coragem!

                - O que você está insinuando , sua insolente?

                - Não estou insinuando nada. Eu sei da verdade! – a empregada alterou o tom de voz

                - Que verdade? Alice está doente, internada! Todos sabem disso! – Elizabeth respondeu, desviando o olhar.

                - MENTIRA!! Alice está em um sanatório! Você a internou, acha que a menina é louca! – Célia gritava.

                - E ela é! – Elizabeth se descompassou – Ela tem graves problemas! Sempre foi um peso em minha vida – Célia perdeu o controle e desferiu-lhe um  tapa na cara.

                - Quem você pensa que é? – Elizabeth vociferou. – Sua infeliz!! Saia da minha casa, você e seu marido!

                - Você não vai fazer nada contra Ernesto, infelizmente ele quer continuar aqui e...

                - Claro que eu não permitirei! – Elizabeth cortou-a

                - Tem certeza? Nesse caso, acho que será melhor eu ter uma conversa franca com o Sr Prefeito! – ameaçou –lhe

                - Nã..não! Você não se atreveria! – Elizabeth gaguejou. Nunca imaginara que Célia pudesse ter uma faceta tão autoritária.

                - Atreva-se você a demitir Ernesto, e não tenha dúvidas que no mesmo dia o Sr Orlando ficará sabendo!

                - Está bem..Mas o que direi a Orlando? Como explicar-lhe que você está indo embora?

                - Isso fica por sua conta... Estou indo embora esta tarde. – Célia virou as costas e saiu do escritório.

Mais tarde naquele mesmo dia, pegou seus pertences e foi para uma casa simples que o marido conseguiu arranjar no subúrbio. Nunca mais a família Brandon tornou a vê-la.

 

xxXxx

 

 

[ na Clínica Psiquiátrica  – 3 anos após a internação de Mary Alice]

 

                Claude  deixava o hospital tarde da noite, indo em direção á sua casa. Em sua mente, só havia Alice. Gostava dela como uma filha.  Era tão encantadora, e os humanos covardes, a taxavam de louca. Claude pensava em maneiras de ajudá-la, mas não sabia como.

Passava por uma viela escura na saída da cidade, quando uma brisa forte soprou, lhe trazendo um cheiro inconfundível: alguém de sua espécie estava por perto, e seus instintos lhe diziam que estava sendo observado. Um rosnado baixo escapou por seus dentes.

Claude era um vampiro. Fora transformado na França há mais de um século. Mas estranhamente se habituara aos humanos, e mais do que isso, sentia afeição por alguns deles. Era exatamente esse o caso, com a pequena Alice. Se  afeiçoara à ela de forma que não se sentia impelido a tragar-lhe a ida. Mas isso nada dizia a respeito de sua dieta: alimentava-se de sangue humano. Normalmente procurava por pessoas que não fariam falta a sociedade – como mendigos e ladrões.

Ele se virou abruptamente para a direção do cheiro. Um homem esguio,com corpo músculos demarcados, loiro, aparentando pouco mais de vinte anos, sai da escuro e caminhou em sua direção lentamente. Claude expos os dentes e se agachou em posição defensiva.

                - Acalme-se! – a voz soou tão baixa quanto um sussurro. – Eu não vou atacar você.

                - O que você quer? – Claude perguntou com seu sotaque carregado.

                - Bem, eu venho te observando há algum tempo... Como você agüenta? – perguntou com curiosidade o jovem vampiro.

                - Me observando? O que você quer saber? – o francês estava visivelmente incomodado.

                - Como você suporta? Conviver com os humanos e não atacá-los! Sinto em você um cheiro especialmente saboroso. – seus olhos vermelhos cintilaram.

                - São de alguns humanos que convivo.- respondeu com rispidez. – o que você quer? Diga de uma vez ou me deixe ir.

                - Eu quero a garota! – falou com simplicidade,como alguém que comenta sobre o clima. Claude voltou a rosnar.               

                - NUNCAAAAA! – Claude urrou sabendo exatamente á quem o forasteiro se referia. – Eu acabo com você se tocá-la. – empurrou o peito do vampiro, que rosnou instintivamente.

                - Eu vou tê-la, custe o que custar! Nunca senti cheiro como o que emana dessa garota. Teu sangue me chama! Você pode facilitar e sair do meu caminho, ou eu serei obrigado a te destruir.

                - Nós veremos! – dito isso Claude saiu rapidamente do beco, em direção de volta à Clinica.

Ele corria mais rápido do que nunca em toda sua existência. James poderia segui-lo se quisesse, afinal era um rastreador e essa era seu poder. Ninguém podia escapar dele. Mas o jovem vampiro não seguiu Claude. Não! Ele gostava do jogo da perseguição, da emoção da conquista. Ele esperaria, para então atacar.

                Claude chegou na rua do Sanatório e entrou sorrateiramente, ser um vampiro trazia inúmeras vantagens, entre elas, passar completamente desapercebido.

Aproveitou que era  tarde da noite, e aguardou uma brecha do enfermeiro de Alice. Assim que este saiu para o café, Claude invadiu o quarto da menina que dormia profundamente sobe o efeito de calmantes. O vampiro aplicou-lhe um sedativo, e pegou-a nos braços.

Tomando o cuidado para não ser visto, desapareceu com Alice em seu colo, enrolada em um lençol. Saiu do hospital, e cautelosamente se esgueirou pela sombria escuridão que banhava as ruas. Pensou em levá-la para casa, mas uma vez que o rastreador admitiu que o observava há dias, pareceu-lhe muito perigoso.Claude correu com Alice até uma cabana que ficava em uma floresta, na saída do Estado. Foram quilômetros percorridos. O vampiro deixou que a jovem Mary Alice dormisse até acabar o efeito do sedativo. Até porque, seria impossível despertá-la.

Já passava do meio-dia, o sol raiava do lado de fora da cabana. Alice mexeu-se inquietamente na pequena cama. Claude a observava atentamente. Quando a garota abriu os olhos, não pareceu notar que não estava em seu quarto da Clínica, uma vez que perdera a noção da realidade.

- Alice! – a menina o encarou, sem parecer realmente olhar para ele. – Eu preciso que você me escute! Eu sei que você não me reconhece mais. Mas garota eu a amo como se fosse uma filha . Não posso deixar que aquele insano lhe cause dor! Não mais! Me perdoe pelo que vou fazer, mas não vejo como protegê-la de outra forma. Me perdoe... – a voz de Claude era agoniada, como de quem chora.

Alice teve um daqueles breves momentos de lucidez. A voz de Claude ecoou em sua cabeça: - “Me perdoe!”  - Quem era aquele homem? E por que ele lhe pedia perdão? Pelo que? Onde estava? Quem era? Sua cabeça rodava, e ela apavorou-se.

Em um movimento quase imperceptível , o homem se aproximou e ajoelhou-se a seu lado na cama. Pegou seu fino braço, e levou à boca, como se para beijá-lo. Mas não beijou. Alice sentiu uma dor aguda, que lhe perfurava a pele. Ele a estava mordendo. Por que?

Alice gritou para que ele parasse. Gritos agonizados. Ele novamente lhe pedia perdão enquanto seguia mordendo, outras partes de seu frágil corpo. Uma convulsão tomou o corpo de Alice, quando os lábios frios do homem tocaram seu pescoço, ela sucumbiu à escuridão....

 

 

 

 

 

 

 

Nota das Autoras:

Meninas lindas e queridas de nossos corações!

Nós simplesmente AMAMOS os reviews de vcs no ultimo capitulo, falando um pouquinho de vcs!

Ainda não respondemos nenhum, por pura falta de tempo!Mas lemos todos!

Ou escrevíamos, ou respondíamos! Acho que todas concordam que o próximo capítulo era prioridade! =D

Maaaaass que fique claro que nós não abandonamos vocês, queridas! Se possível nesse fim de semana responderemos aos reviews!

Mas não se esqueçam diga- nos  O QUE ACHARAM DESSE CAPÍTULO!! Mandem reviews!

Beijokas para todas!!

 


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