Revolting Child escrita por SnowShy


Capítulo 10
Criança Chiclete - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olá, fantasminhas camaradas! Bom, caso realmente tenha alguém lendo aqui, eu acho que seria bom avisar que este será o penúltimo capítulo que eu vou postar antes de colocar a fanfic em hiatus.
Não tem como eu saber o que vcs tão achando da história pq ninguém se manifesta, mas eu espero, de verdade, que estejam gostando! (Se não estiverem, pelo menos eu tô gostando de escrever hehe)
Boa leitura :D



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Scarlett ainda estava com muita raiva do Dr. River quando foi falar com ele. Porém, ao chegar no consultório e ver como o homem parecia preocupado com ela e sua filha, perguntando tudo sobre a viagem e querendo saber se Violet estava bem, a raiva da Srta. Beauregarde diminuiu um pouco. Mas, ainda assim, ela deixou bem claro que já sabia que as coisas acabariam daquele jeito e que devia ter seguido sua intuição de mãe ao invés da ideia de jerico dele. E, para sua surpresa, o doutor pediu desculpa e concordou que a ideia foi péssima mesmo. Disse que, profissionalmente, ele não devia incentivar que a Srta. Beauregarde impedisse a filha de ter contato com o pai, mas podia ter sugerido outra coisa. Como chamar o pai dela pra visitá-la ao invés de levá-la até ele.

Scarlett ficou pensando que essa sugestão realmente teria sido muito melhor, afinal, pelo que conhecia de Sam, ele provavelmente cancelaria tudo antes e o sofrimento de Violet seria muito menor. Pena que o doutor só foi ter essa ideia depois que elas já estavam viajando... Enfim, depois de falarem sobre a viagem, a mulher disse que queria que sua filha continuasse a terapia com outro psicólogo, o que o homem achou totalmente compreensível. 

— Mas... — a Srta. Beauregarde suspirou — parece que a Violet gosta muito de você. E é muito raro ela gostar de alguém, então... talvez não seja uma boa ideia. Ainda mais depois da decepção que ela acabou de sofrer... Além disso, o senhor já tá acompanhando ela há meses e, se ela fosse fazer terapia com outra pessoa, ia ter que começar tudo de novo e ainda ia correr o risco dela não se adaptar ao novo terapeuta... enfim.

O doutor ficou tão surpreso com o que a Srta. Beauregarde disse, que nem soube o que responder. Ela tinha colocado toda a culpa do que aconteceu nele e ele realmente se sentia culpado, então achava que ela não iria mais querer vê-lo nem pintado de ouro depois de tudo e muito menos querer que ele chegasse perto de sua filha. Mas Scarlett estava preocupada demais com Violet pra deixar que ela se afastasse de uma das poucas pessoas além da mãe que se importava com ela. 

O doutor, então, prometeu que, dali por diante, tomaria mais cuidado. E deixou bem claro que queria o melhor pra filha dela. O rosto da Srta. Beauregarde, então, adquiriu uma expressão preocupada, o que fez o doutor pensar que ela não estava acreditando muito na palavra dele, mas, na verdade, ela estava pensando em outra coisa:

— Alguma vez a Violet já chegou a... chorar em alguma das sessões? — Ela perguntou.

— Não... — ele respondeu, estranhando, mas com a resposta na ponta da língua por já ter reparado que a menina não chorava nem quando falava dos assuntos que eram mais difíceis pra ela.

Então Scarlett contou da conversa que teve com a filha após elas voltarem da viagem e perguntou se ele sabia de algum caso de alguém que já passou anos assim sem chorar que nem ela. Ele disse que sim, que algumas pessoas com transtorno de estresse pós-traumático apresentavam esse sintoma. No caso de Violet, provavelmente ela havia passado por um evento traumático aos 7 anos, já que foi a idade com que ela disse que havia parado de chorar, resultando no transtorno.

A Srta. Beauregarde parecia bem assustada, então o doutor tentou tranquilizá-la, dizendo que a filha dela podia superar isso.

— Como? — Perguntou a mulher.

— Bom, primeiro a gente precisa saber exatamente quando começou...

— Eu não sei quando foi, eu não me lembro! Eu imagino que tenha sido em alguma competição, mas não sei qual... Aliás, eu nem sabia que ela não chorava até um dia desses! Eu pensava que ela preferia chorar escondida que nem eu...

Pelo jeito, não era apenas Violet que tinha dificuldade em demonstrar emoções... O Dr. River teve vontade de perguntar se a Srta. Beauregarde estava fazendo terapia como ele havia recomendado, mas não quis ser chato. Ainda mais depois de tudo que tinha acontecido... Mas, se ele tivesse perguntado, a resposta dela seria "não". Na verdade, ela tinha até esquecido desse conselho dele. E, desde que tinha ficado de férias do trabalho, só pensava na filha e em mais nada.

Enfim, o doutor disse que havia a possibilidade de que nem a própria Violet se lembrasse do evento específico que a deixou traumatizada ou que, mesmo que se lembrasse, não conseguisse falar a respeito, então podia ser que demorasse um pouco, mas ele trataria dessa questão. E foi só nesse momento que Scarlett entendeu que realmente não tinha sido ele que tinha colocado na cabeça da filha dela que ela precisava conhecer o pai. Ele só a deixou dizer o que pensava no momento em que ela sentiu que estava pronta pra falar... Então, finalmente, a mulher parou de culpá-lo. Mas não disse isso em voz alta. Apenas o agradeceu porque continuaria ajudando a Violet e saiu.

***

Violet achou que nunca mais veria o Dr. River. Achou que depois que sua mãe conversasse com ele, não voltaria atrás na decisão de mudar de terapeuta. Por conta do medo que teve de perdê-lo, ao encontrá-lo novamente para a próxima sessão, a menina deu o maior abraço do mundo nele.

— A sua mãe me contou da viagem. Eu sinto muito por tudo o que aconteceu!

O Dr. River era tão bonzinho! Por que o pai dela não podia ser como ele? Será que o doutor tinha filhos? Será que os filhos dele tinham ciúme por ele dar atenção a outras crianças? Era tão injusto! Ele sabia tudo sobre a vida dela, mas ela não sabia nada sobre ele... Ela até já tinha perguntado algumas coisas em outras sessões, mas o terapeuta não podia falar da vida pessoal pros pacientes.

O doutor sabia que Violet estava sensível por causa da viagem, então disse que se ela ainda não estivesse pronta pra falar a respeito, não precisava. Mas, por incrível que pareça, ela quis falar. E também quis dizer que, diferentemente do que a mãe dela pensava, sabia que a culpa de tudo não era do doutor. A menina garantiu que teria feito a viagem de qualquer jeito, com ou sem a mãe, com ou sem o conselho dele.

— Não importava o que a minha mãe falava sobre o meu pai, eu não acreditava nela de jeito nenhum! Eu não sei por quê, eu sempre acreditei que ele me odiava, mas depois que ela contou que ele quis me conhecer uma vez... eu comecei a achar que ele só não aparecia por causa dela. E sabe de uma coisa? Se eu não tivesse conseguido viajar de jeito nenhum... eu ainda ia tá achando isso... ainda ia achar que ele me queria e ainda ia estar com raiva da minha mãe.

É claro que se tivesse simplesmente escutado sua mãe, Violet não teria tido que passar por nada disso. Mas a menina sempre preferia viver as próprias experiências e tirar as próprias conclusões sobre as coisas ao invés de só ouvir o que os outros dizem. É claro que agora se arrependia por ter feito a viagem, porém sabia que não teria como ter sido diferente. Sabia que se não tivesse ido, também estaria arrependida. 

Era como quando estava na Fábrica de Chocolate e experimentou o chiclete refeição. Mesmo depois de ter virado amora, ela não tinha vontade de voltar atrás e mudar o que aconteceu, porque sabia que se não tivesse experimentado aquele chiclete, ficaria pra sempre arrependida por não saber qual era o sabor dele.

O doutor estava muito impressionado com a maturidade com que Violet, apesar de estar tão triste, lidava com sua atual situação. Porém, assim como ela quis deixar claro que ele não era o culpado de tudo, ele queria que ela entendesse que também não era culpada por tudo. O doutor disse que achava bom que ela tivesse reconhecido que devia ter escutado a mãe e que não devia ter tentado fugir dela, mas a menina não era responsável por todas as coisas ruins que aconteceram na viagem.

Violet ficou refletindo sobre o que o doutor disse e chegou à conclusão de que as coisas ruins que aconteceram tinham a ver com o fato de seu pai não aceitá-la como filha. 

— Então... eu não tenho culpa pelo meu pai não gostar de mim? — Perguntou. 

— Exatamente. E não é que ele não goste de você, ele só não te conhece direito...

— Porque ele não quer...

— É, infelizmente... — o doutor suspirou.

— Mas sabe o que eu acho? Que mesmo se me conhecesse ele não ia gostar de mim. Eu acho que se ele tentasse ser meu pai, ia acabar desistindo...

— Por que você acha isso?

— Porque eu sou uma péssima filha! Eu dou muito trabalho pra minha mãe...

Cada vez que Violet falava, o doutor ficava mais surpreso! No final, a desilusão que ela havia tido com o pai a tinha feito repensar a maneira como tratava a mãe... Era como se, de alguma forma, as duas precisassem passar por esse momento. E, diferente de quando o assunto era o pai da menina, o doutor sabia que não havia como dar falsas esperanças a ela quando se tratava da mãe, pois tinha certeza de que as coisas poderiam melhorar entre elas, já que Scarlett estava disposta a isso e parecia que Violet estava prestes a começar a colaborar. Na verdade, ela até já tinha começado a tentar na época do Dia das Mães, lembram?

— Se você sabe que dá trabalho, significa que sabe como melhorar. — Ele disse. — No fundo, você é uma boa menina, Violet.

— Eu acho que não... Eu não consigo ser boazinha e comportada o tempo todo, não consigo seguir todas as regras! Antes eu conseguia ser a filha perfeita que a minha mãe queria, mas depois que eu fiquei azul, eu sinto que... não importa o que eu faça, ela nunca vai me amar de novo!

— Você acha que a sua mãe não te ama?

— Eu sei que não. Esse foi um dos motivos pra eu querer morar com o meu pai... Eu até disse pra ele que a minha mãe não gostava mais de mim, aí ele disse que ela me amava, mas eu tenho certeza que ele mentiu só porque queria se livrar de mim!

— Eu tive uma ideia: pergunta pra sua mãe se ela te ama. Ela com certeza vai dizer que sim!

— Não sei, não...

— Eu tenho certeza. E sabe o que mais eu acho? Que o seu pai é que tá perdendo por não querer ficar com você, porque, se ele te conhecesse direito, ia ver o quanto você é incrível e se arrepender por ter ido embora!

Ao ouvir isso, Violet ficou olhando, paralisada, para o doutor. Era exatamente isso que ela tinha desejado! Era exatamente o que queria que tivesse acontecido quando conheceu o pai! Tinha pensado exatamente com essas palavras... Então a menina se levantou subitamente e foi dar outro abraço no doutor. Depois começou a pensar que, agora que já sabia que seu pai realmente não queria ser seu pai, talvez quisesse ter um padrasto...

***

Após a consulta, Violet ficou pensando seriamente se perguntava ou não à mãe se ela a amava. A menina achava meio desnecessário fazer essa pergunta porque tinha certeza de que a resposta era "não". Sabia disso porque antigamente sua mãe sempre dizia que a amava, mas nunca mais tinha dito. Mas também, como poderia? Violet não a deixava em paz desde o começo do ano! A menina começou a pensar em todas as vezes que havia tratado mal a mãe e sido desobediente nesse período. Não se orgulhava das coisas que havia feito e quanto mais pensava nelas, mais certeza tinha de que a mãe tinha muitos motivos para ter deixado de amá-la.

Porém... assim como quis saber a verdade sobre o pai, talvez fosse melhor fazer essa pergunta. Talvez ouvir sua mãe dizer que não a amava fosse pior do que só pensar nisso, mas era melhor que tudo ficasse esclarecido de uma vez. A menina só precisava criar coragem...

À noite, Scarlett a chamou pra escolher pra qual restaurante elas pediriam comida pro jantar. Como a mulher não cozinhava, elas sempre pediam comida ou comiam fora no jantar. Violet, que havia passado o tempo todo no quarto desde que voltou da terapia, desceu as escadas e, ao chegar na sala, onde a mãe estava com o telefone em uma mão e o cardápio de um dos restaurantes na outra, disse que não sentia fome.

Violet não comia direito desde o último dia em Los Angeles. Ela sempre dizia que estava sem fome, mas a mãe, depois de um tempo, conseguia fazê-la comer. As duas tinham praticamente a mesma conversa antes de todas as refeições, só que Scarlett queria que essa falta de apetite da menina acabasse de vez e sabia que isso só ia acontecer depois que ela deixasse de ficar triste, porque, desde pequenininha, Violet sempre ficava sem fome quando estava triste. E a mulher achava que essa tristeza só iria passar quando ela se recuperasse pelo que havia passado com o pai.

Sendo assim, ao invés de falar sobre comida, Scarlett colocou o telefone e o cardápio no passa-prato e decidiu chamar a filha para se sentar e conversar. Conversar sobre Sam e sobre a viagem. Elas não queriam mais falar disso, mas a mulher achava que se a menina colocasse todos os sentimentos pra fora, ela ia conseguir chorar. E, se conseguisse chorar, talvez voltasse a comer direito...

Porém, antes que Scarlett chamasse a filha, esta disse, apreensiva:

— Mamãe, eu posso te perguntar uma coisa? E você promete que vai me dizer a verdade mesmo que... você ache que vai me magoar?

Scarlett suspirou. Tinha certeza de que a tal pergunta que Violet queria fazer tinha a ver com o pai. Achou que talvez a menina pensasse que ele havia voltado a entrar em contato e queria vê-la de novo; então ficaria decepcionada ao saber que não... Porém, mesmo sem saber que tipo de pergunta a esperava, a mãe prometeu que diria a verdade.

Violet hesitou um pouco, mas, com os olhos azuis cheios de desespero, perguntou:

— Você me ama?

Scarlett ficou muito surpresa. Realmente não estava esperando ouvir isso! A pergunta não tinha a ver com Sam, tinha a ver com ela?! Mas por que sua única filha, a pessoa mais importante de sua vida, duvidaria de seu amor???

— É claro que eu te amo! — Respondeu.

— Tem certeza? Mesmo depois de tudo que eu fiz?

Scarlett sentiu um aperto no coração. Depois que proibiu a filha de participar das competições, achava que a menina tinha passado a odiá-la, porém, lá estava ela, preocupada por achar que a mãe não a amava mais!

— Violet, você é minha filha. — Disse Scarlett, olhando para a pequena com ternura. — Eu sempre te amei e sempre vou te amar, não importa o que você faça!

— E você ia me amar mesmo se... eu tivesse colado na prova final de matemática porque não consegui decorar as fórmulas?

Scarlett sabia que aquilo era uma confissão, mas disse que sim, ainda a amaria, mas preferia que ela fizesse as coisas certas. Violet prestou muita atenção na expressão de sua mãe pra ver se ela estava mesmo falando a verdade ou se só dizia essas coisas porque era mãe e tinha a obrigação de dizer. Mas ela parecia estar sendo sincera. Apesar de tudo o que aconteceu nos últimos meses, parecia mesmo que ela ainda a amava. Percebendo isso, Violet a abraçou tão forte, que quase tirou todo o ar de dentro dela.

— Eu também te amo, mamãe! — Ela disse, ainda abraçando a mãe. — Desculpa por ter feito você fazer aquela viagem, por todas as vezes que eu gritei com você, por não querer arrumar o meu quarto, pelo que eu disse quando você me mostrou aquele jornal...

— Tá tudo bem, filha! — Scarlett respondeu, muito surpresa e comovida pelo gesto da menina e por esse inesperado pedido de desculpa geral. — Já passou. Pra falar a verdade, eu nem me lembro desse jornal que você tá falando...

— Eu te disse uma coisa horrível, mamãe! — Ela olhou pra mãe, mas ainda sem se soltar dela. — Foi quando saiu uma notícia sobre os doces ruins do Sr. Wonka e você disse que desejava tudo de ruim pra ele porque ele fez mal pra mim, aí eu disse que você também devia desejar mal pra si mesma porque você já me fez muito mal, mas isso não é verdade! Você sempre cuidou de mim, eu não devia ter dito isso! Eu não quero que você deseje mal pra si mesma e também não quero que nada de ruim aconteça com você! Nunca!

Ah, sim, agora ela se lembrava... Ficou muito tocada por ouvir a filha falando assim, mas também arrependida. Não era à toa que Violet era tão agressiva com as palavras, ela repetia o que ouvia Scarlett dizer sobre os outros...

— Querida! Vem cá. — Ela disse, conduzindo a filha até o sofá. As duas se sentaram e a mãe falou: — Você é muito especial, sabia? Eu sei que já te disse isso um monte de vezes, mas...

— Na verdade você nunca mais tinha dito... Eu tava com saudade de ouvir! — A menina respondeu, sorrindo. 

Scarlett sorriu também e disse:

— Você não faz ideia de como eu tô feliz por tudo que você acabou de dizer e por todas as coisas boas que você pensa de mim, mas... eu acho que também te devo desculpas. 

— Por quê?

— Porque... eu acho que... você não tava totalmente errada quando disse que eu já te fiz mal...

Violet arregalou os olhos e a mãe logo tentou explicar:

— Não de propósito, é claro! Eu sempre achei que estava fazendo o melhor pra você, mas... eu nem sempre te ensinei o que era certo. Eu não devia... desejar mal pros outros, por exemplo. Eu sou uma pessoa... muito rancorosa! E eu acho que... talvez eu quisesse que você também sentisse raiva de todo mundo como eu sentia... porque eu achava que, sentindo raiva das pessoas, elas não podiam nos machucar...

— Então... você achava que... se eu sentisse raiva do meu pai, eu não ia querer conhecer ele e... não ia acontecer nada do que aconteceu?

Scarlett baixou a cabeça e disse, tentando conter as lágrimas:

— Exato. — Então olhou pra filha, já com os olhos molhados, e disse: — Mas só agora eu percebo como isso foi ruim pra você! Me desculpa!

A menina deu outro abraço nela, para mostrar que a desculpava. Depois do abraço, Scarlett enxugou as lágrimas e não pôde deixar de reparar que, apesar de sensibilizada com a situação, sua filha não tinha lágrima nenhuma e nem parecia estar se segurando para não chorar.

— Mamãe, eu tomei uma decisão. — Disse a menina. — Eu vou tentar ser uma boa filha, vou tentar me comportar. Eu não quero mais ter raiva de você e não quero ficar com raiva por não participar das competições... Eu tô com muita saudade dos esportes, mas posso tentar viver sem eles... Ao invés de ser atleta quando crescer, eu posso... ser artista! Eu sou boa nisso também... E eu tenho até o nome de uma cor.

Scarlett sorriu. Estava cada vez mais impressionada pelas coisas inesperadas que sua filha dizia.

— Você ainda pode ser atleta se quiser. Eu não sei se você se lembra, mas eu queria que você ficasse fora das competições por pelo menos um ano. Se, depois que esse prazo acabar, você ainda quiser, pode voltar.

— É sério?! — A menina perguntou, com um sorriso de orelha a orelha e os olhos brilhando.

— Claro. Mas só se você realmente se comportar! Ah, e... eu acho melhor você escolher só um esporte pra competir.

— Uhn... foi a mesma coisa que o Dr. River falou quando eu disse pra ele que queria competir em todos nas Olimpíadas...

— Pois é, eu acho que é melhor só um, porque assim você não fica sobrecarregada e estressada que nem antigamente...

— Tudo bem, eu vou tentar escolher um... 

Violet começou a ficar pensativa. Não por causa dos esportes (apesar de achar que seria muito difícil escolher um só, já que gostava de todos), mas porque havia se lembrado de uma outra coisa que a deixava muito estressada e que podia acabar totalmente com sua tentativa de ser boazinha: a escola. Era impossível ser uma boa menina estudando na Crunchem Hall, porque até os bonzinhos eram punidos lá! 

— O que foi, filha? — Perguntou Scarlett, percebendo que a menina parecia estar ficando preocupada com alguma coisa. De novo...

Violet ficou ainda mais um tempo pensando, até que disse:

— Esse prazo vai até o dia 1° de fevereiro do próximo ano, né? Que foi o dia que a gente foi pra Fábrica de Chocolate. 

— Isso.

Uhn. Isso significava que ela teria que passar alguns meses na escola antes...

— Mamãe... eu quero mudar de verdade, ser uma filha melhor e te deixar orgulhosa, mas... pra isso... eu tenho uma condição. 

Ah, tava bom demais pra ser verdade...

— Violet! São os pais que impõem condições, não os filhos...

— Eu sei! E você pode impor quantas condições você quiser, eu aceito todas, só tem uma coisinha que eu quero te pedir!

Scarlett suspirou e perguntou qual era.

— Eu preciso mudar de escola! — Ela suplicou. — Eu sei que você acha que a Crunchem Hall é a melhor de todas, mas eu me sinto muito mal lá! Você pode escolher qualquer outra escola, que eu prometo que nunca mais vou colar e nem ficar de castigo! É sério, eu não posso voltar praquela prisão!!!

A mãe pensou por um tempo. Realmente não gostava da ideia de sua filha impor uma condição pra se comportar e ainda achava que ela exagerava quando falava da escola, mas... era tão difícil resolver as coisas com ela e elas estavam chegando tão perto! Além disso, bem antes de falar dessa "condição", a menina mostrou o quanto estava arrependida por tudo o que fez e Scarlett sabia que tudo que a filha havia dito e todo o carinho espontâneo que havia demonstrado ainda há pouco eram sinceros e não uma tentativa de manipulação pra poder mudar de escola... Sendo assim, a mulher disse:

— Eu vou procurar outras escolas e... prometo que vou pensar na possibilidade de te matricular em alguma delas.

— Ah, obrigada, obrigada, obrigada!!! — Disse a menina, contente, enquanto dava mais um abraço forte na mãe. E depois que se desvencilharam, falou: — Ei... eu tô com fome! Cadê o cardápio que você tava olhando?

Scarlett ficou muito feliz em ouvir isso. Tinha até se esquecido do jantar.

— Eu tive uma ideia melhor — disse. — Que tal a gente sair pra comer?

A menina concordou, animada e faminta. Sua barriga já estava começando a fazer uns barulhos estranhos... Então as duas se arrumaram e foram para o seu restaurante favorito.


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Notas finais do capítulo

E finalmente tudo ficou bem! Aleluiaaa! Esse capítulo foi tão amorzinho ❤️

Até o próximo capítulo, vulgo último da temporada :)



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