Maya e os Mistérios de Castelobruxo escrita por Wesley Rego


Capítulo 5
Capítulo 5 - O Artefato Mágico


Notas iniciais do capítulo

Maya e Hugo se encontram na biblioteca e descobrem algo interessante.



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No dia seguinte, Maya chegou a biblioteca as oito da manhã. Não havia dormido direito, impressionada com o poder da varinha misteriosa e também surpresa que o professor Tiago não soubesse que ela não tinha permissão de usar magia. Depois de caminhar pelos corredores de estantes de livros, finalmente encontrou Hugo sentado a uma mesa. 

— Bom dia - cumprimentou Maya sentando ao lado do colega - já começou sem mim? - Perguntou ao notar que o colega estava com uma pilha de livros ao seu lado enquanto folheava outro. 

— Ah, sim. Desde ontem a noite, na verdade. - respondeu o garoto empolgado - Eu li alguns livros que falam a respeito de artefatos mágicos, porém, não encontrei nada que fale dessa folha em particular. 

— Então, vamos continuar procurando. 

— Não acho que seja nescessário. Pelo que entendi os artefatos mágicos geralmente tem relação com uma magia oculta e podem ser de vários tipos. Alguns são usados como chave de portal, mas acho que já teríamos sido transportados pra longe, no momento que tocamos nessa folha, se ela fosse uma. 

— O que você sugere então? 

— A Folha está em branco. Voce tentou escrever algo nela? 

— Não. - Respondeu Maya envergonhada. Porque não pensou nisso antes? Embora só tenha ficado com a folha um dia. 

— Vamos. Pegue a folha e escreva algo. - disse Hugo ainda mais empolgado. 

Maya tirou a folha de papel do bolso. Parecia uma folha simples e sem rabiscos. Pegou um tinteiro que estava na mesa, molhou a ponta da pena de escrever e ficou paralisada. Temeu que o pior pudesse acontecer, principalmente depois de ver o poder da varinha na aula passada. Hugo ficou impaciente e a pressionou a escrever algo logo. Foi então que Maya escreveu a primeira coisa que surgiu em sua mente, seu próprio nome. 

Maya Dourado

Em alguns segundos o nome ficou em destaque na folha, de repente as letras se desfizeram como um sorvete derretido, a tinta se juntou novamente e tornou-se uma enorme letra x. O dois ficaram em silêncio por um tempo até que o silêncio foi quebrado pelo espanto de Hugo. 

— Dourado? Você é uma Dourado? - Berrou Hugo. Um som de xioo ecoou pela biblioteca. Hugo abaixou a cabeça envergonhado e também baixou o tom de voz - Você é da família Dourado? A mesma família que fundou a escola a mais de mil anos? 

— Silêncio! - sussurrou Maya. 

— Diz pra mim. Diz que você é uma Dourado. 

— Sim, eu sou. 

— Pelas barbas de Merlim. Você é a Maya Dourado, a neta da Diretora Dourado. Como não percebi esse tempo todo? a semelhança é bem destacada. 

— Está dizendo isso porque sou indígena? Muitos bruxos na escola são indígenas. 

— Não. Não foi o que quis dizer. E eu conheço bem a história dos bruxos brasileiros. Os primeiros surgiram nas tribos indígenas e já foram chamados de shamans e curandeiros. 

— De onde você é Hugo? - o assunto atiçou a curiosidade de Maya que olhava séria para o colega. 

— Eu sou da Bahia. Fica no nordeste. Sinto saudades de lá, mas esse lugar é fascinante. 

— Qual ano você está? 

— Segundo ano. 

— Isso explica algumas coisas - disse Maya satisfeita - Enfim, o que acha que foi isso? Porque meu nome se tornou uma letra e depois sumiu?

— Bom, o x geralmente é usado para indicar um erro ou marcar alguma coisa não é? Talvez seja uma senha. 

— Uma senha? 

— Sim. Eu acho que essa folha esconde alguma coisa, alguma mensagem secreta. E talvez precise de uma senha, uma palavra mágica para revelar. 

— O que será que ela esconde? 

— Eu não faço ideia. - pensou Hugo por um instante - Será que o x significa tesouro? Aquele livro que você estava lendo, os Mistérios de Castelobruxo, fala de um tesouro escondido na escola. Muitos trouxas acreditam nele, diz que tem muitas riquezas antigas. Há séculos os trouxas o buscam, eles chamam a escola de El Dourado. 

— Faz sentido. Talvez seja por isso que o trouxa usava essa agenda. 

— Holá Maya - cumprimentou um garoto de cabelos loiros que passava pelo corredor - Achei incrível seu feitiço na aula ontem. 

— Ah, o feitiço... - disse Maya tremendo ao olhar para o garoto - Aquilo... Foi exagerado né? 

— Eu achei brilhante. Até lo professor Tiago ficou impressionado com aquele poder. Na minha humilde opinion, é disso que la escola precisa, bruxos poderosos. Já ouviram falar de los Herdeiros da Serpente? 

— Tá falando daquele grupo de bruxos das trevas que estão causando terror no sudeste? - perguntou Hugo espantado e estranhando o sotaque do garoto intrometido. 

— Estê mesmo. Mas non eston causando terror apenas no sudeste e si em toda la América do Sul. Eles son suspeitos de assassinatos em meu país. Trouxas que morreram de forma estranha, las autoridades trouxas ficaram enlouquecidas, sem saber explicar lo que houve. 

— Como eles morreram? - perguntou Maya curiosa. 

— Tudo que encontraram foram los corpos sem vida. Sem sinais de doença, tortura e nem ferimentos. E sabemos que isso só pode ser obra de uno feitiço: la maldicion dela morte. 

— Porque os Herdeiros da Serpente estariam matando trouxas? - perguntou Hugo curioso. 

— Ninguém sabe. É um mistério. Agora tenho que ir. Nos Vemos por aí, Maya. - disse o garoto virando as costas e seguindo seu caminho. 

Hugo ficou pálido com o assunto, já Maya estava corada e parecia bem distraída olhando para a folha de papel que agora estava em branco novamente. 

— Quem era aquele? - perguntou Hugo desconfiado. 

— Ah, é o Juan Cortez. Ele é um colega da minha sala. 

— E porque ele fala daquele jeito estranho? 

— Ele é argentino e não acho o jeito estranho. Pra mim é um charme. - sussurrou com um sorrisinho no rosto - eu preciso ir, terei aula de porções daqui a pouco. Obrigada pela ajuda Hugo, nos vemos mais tarde. 

Pela primeira vez em semanas Maya se sentia mais alegre e empolgada. Não parava de pensar em como seu desempenho na aula de defesas contra as artes das trevas havia chamado a atenção do garoto porque quem possuía uma forte paixonite. Saltitando e sorridente, Maya retornou a oca número dois para preparar seus materiais e seguir para aula de porções. 

A aula de porções foi sobre preparar um antídoto para o veneno da rã azul brilhante, uma criatura nativa da floresta amazônica. Seu veneno torna o local afetado azul e em seguida o local se enche de bolhas, que causam muita dor e estouram espalhando a substância pra outras parte do corpo. Porém, Maya não estava prestando muita atenção na aula, já que seus olhos estavam voltados para Juan, que estava bastante concentrado realizando a mistura em seu caldeirão. 

Ao fim da aula, Maya retornou para seu dormitório e sentou-se de frente a uma escrivaninha. Lá ficou lembrando do momento que Juan lhe pediu alguns ingredientes emprestados na aula de porções e no momento que se falaram na biblioteca pela manhã. Passado alguns minutos pegou a folha de papel do bolso e a colocou na escrivaninha. Distraída, molhou a pena no tinteiro e escreveu: 

Juan Cortez 

E fez um desenho de coração ao lado. 

A folha começou a se mexer sozinha, em seguida se dobrou várias vezes até se tornar um pássaro de papel. O pássaro soltou um pio para Maya e voou para fora da oca. Maya levantou-se desesperada e correu atrás do pássaro, mas não conseguiu alcança-lo. O origami desapareceu na escuridão da noite. 

— Essa não! 

Correu para a tribo do segundo ano, onde haviam várias ocas similares a de Maya. Perguntou a todos os alunos que encontrou se conheciam Hugo. 

— Aquele bobão? Aquela é a Oca dele. A número cinco. - informou um garoto que estava sentado com os amigos envolta de uma fogueira. 

Maya correu para a Oca número cinco mas não conseguiu passar pela porta. Se bateu com algo que não podia ver e caiu de costas no chão. Os alunos em volta da fogueira riram. Maya ficou furiosa, pensou em lançar um feitiço contra os meninos, mas se conteve ao lembrar que já estava sem a varinha e se usasse a que estava em sua posse poderia perde-la também. 

Pensou em tentar alguma senha, embora não tivesse ideia de qual tentar. Foi nesse momento que Hugo surgiu saindo da oca número cinco. 

— Maya? Você tá bem? Ouvi um barulho forte lá dentro, como se alguma coisa tivesse atingido a barreira de restrição a não residentes

— Foi eu que atingi! - Gritou Maya sentindo uma imensa vontade de esmurrar o colega. 

— Não sabe que as ocas possuem feitiços de proteção a intrusos? Você não pode entrar se não for residente a menos que saiba a senha. 

— Óbvio que eu sei disso! - gritou Maya ainda mais furiosa com a explicação e calmaria de Hugo - Eu tinha me esquecido porque estou nervosa! 

— O que Houve? 

— Eu perdi a folha. Escrevi um nome nela e ela se foi. 

Quando Maya explicou com detalhes o que havia acontecido, Hugo imediatamente deduziu para onde a folha foi. Ambos correram de volta para a tribo de Maya e lá encontraram Juan confuso andando pela área. 

— Holá Maya e...

— Hugo Silva. - complementou o bruxo baiano. 

— ah, si. Prazer em conhecer você, Hugo. Na biblioteca esqueci de me apresentar. Sou Juan Cortez. 

— Juan. Você viu algum pássaro... Digo... Um origami de um pássaro voando por aqui. 

— Ah, si. Agora a pouco eu fui atacado por um pássaro de papel. Ele ficou me bicando no peito e depois se tornou essa folha. Eu não entendi o que quis dizer. 

A cor de Maya mudou do bronzeado ao vermelho em frações de segundos ao ver a folha na mão de Juan. Mas antes que podesse perguntar o que havia escrito o garoto respondeu. 

— Tudo que tinha escrito nessa folha era uma letra x. Agora sumiu e ficou tudo em branco. 

A garota ficou tonta e pensou que iria desmaiar. Hugo olhou para Maya satisfeito. Juan quis saber mais sobre o que havia acontecido. Os três então sentaram em volta de uma fogueira e conversaram sobre a folha. 

 

 

 

 

 

 

 


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