—Por que você sempre quer que eu sorria?

—Porque você fica com covinhas no rosto. Como consegue isso?

—Nasci com elas. Também tenho no queixo. É minha única marca de beleza.

—Não, isso não é verdade!

—É, sim. Sei que não sou bonita. Nunca fui e nunca serei!

—Não concordo. Acho você bonita.

—Não sou. 

—Eu digo que é, e você precisa acreditar na minha palavra. 

O Diário de Anne Frank, 28 de Março de 1944

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Um sorriso é carregado de sentimentos e emoções. Há diversas maneiras de ele se manifestar, seja por um traço fino no canto do lábio, ou uma gargalhada de tirar o fôlego. 

Cada pessoa sorri de um jeito, uns mais do que outros, e outros mais do que uns. Mas, o fato é: um sorriso é capaz de melhorar o dia de qualquer pessoa que o vir. 

E Harry sabia disso muito bem, pois sempre observava os sorrisos que costumavam se formar nos lábios de sua esposa. 

Havia o sorriso alegre, que se manifestava sempre quando ela estava com as pessoas que amava. 

O sorriso animado, que se manifestava quando ela acordava às filhas pela manhã ou quando estava em uma festa (ou qualquer outra ocasião considerada festiva).

O sorriso normal, que usava para cumprimentar pessoas desconhecidas.

O sorriso irônico, que estava presente em momentos de raiva ou quando alguém duvidava de sua capacidade como escritora e jornalista.

O sorriso sarcástico, que se assemelhava ao sorriso alegre e era requisitado em momentos que se passava ao lado de pessoas das quais ela chamava de "tóxicas" e "idiotas". Mas que começou a desaparecer gradativamente ao longo dos anos. 

O sorriso triste, que a acompanha sempre quando fala sobre o período de luto pelas perdas irreparáveis em sua vida. 

Mas, seu sorriso favorito era o sorriso apaixonado. O sorriso que Hermione estampava sempre que o via, o sorriso que estivera presente em todos os momentos de seu namoro, que a acompanhou durante a caminhada ao altar quando ia de encontro a si, e que ainda se encontrava presente em seu rosto quando estavam juntos, mesmo depois de quase 15 anos. 

—HARRY! -A voz da dona de seus pensamentos vinha do escritório, e logo estava em sua frente, no alpendre.- Terminei o livro! 

Seus olhos brilhavam, e aquele clássico sorriso alegre e apaixonado estava lá. 

—Que ótima notícia! -esboçou um sorriso e a puxou para um abraço, a levantando no ar logo em seguida. 

—Isso significa que as minhas férias estão mais próximas do que nunca! -anunciou, tocando novamente o chão. 

—Que ótima notícia, meu amor! 

Hermione sorriu

—Você quer ler? Estou ansiosa para mostrar para alguém antes de enviar para a editora!

—Mas é claro. Você sabe que eu amo tudo que você faz!

—Ok. Já volto! 

Ela saiu correndo e pouco tempo depois voltou com algumas folhas de papel nas mãos. 

—Aqui está!

Entregou a ele os papéis, que os olhou confuso. 

—Só um capítulo? Pensei que você iria me deixar ler o livro inteiro! 

Hermione deu uma gargalhada.

—E você acha mesmo que eu iria deixar você ler o livro inteiro antes do lançamento? Não sou tão maluca a esse ponto! -fez uma pausa e deu um sorriso vitorioso-. 

Harry abriu a boca mas não proferiu nenhuma palavra, ao invés disso, apenas observou a esposa enquanto absorvia as palavras ditas. Hermione amava falar, e se expressava muito bem assim, apesar de preferir escrever. 

—Tudo bem, tudo bem, eu me rendo! 

Ambos riram.

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Horas mais tarde, Hermione estava na sala de visitas com a amiga Gina, que havia voltado para Londres a fim de passar o fim de ano. 

Aquela altura, a filha caçula do casal, Lily Luna, dormia tranquilamente. E Harry, por sua vez, se encontrava na poltrona ao lado da cama da pequena, enquanto lia, mais uma vez, o primeiro capítulo de Midnights, novo livro de Hermione. Ao mesmo tempo, em que velava o sono da filha. 

As palavras a sua frente estavam iluminadas, devido ao abajur encima da cômoda. E o convidavam a embarcar na história.

—Capitulo 1, Fearless... -contemplou o título em voz alta, -não o suficiente para acordar a filha-, e começou a ler. 

Logo, estava absorto na história de Taylor, uma jovem que saiu de sua cidade natal para perseguir o sonho de ser cantora. 

E, quando finalizou, colocou as folhas em seu colo, e sorriu, pensando no quão maravilhosa sua esposa era, e no profundo orgulho que ele sentia dela. 

Porque Harry amava muitas coisas em Hermione, principalmente a forma como ela sorria.