Entre roupas e terapias escrita por Brenda Porto


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oie, gente! Voltei! Como vocês estão hoje?
Hoje, trago mais uma fanfic do casal que eu amo tanto!
Essa fanfic foi criada baseada em duas cenas soltas na parte 2 de respirar, então, foi fácil criar o antes e o depois.
Espero que vocês gostem da presença de certos veteranos.
Desculpem os erros e boa leitura!



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Amelia sentou em sua cadeira de trabalho. Já estava no Buzzblast para mais um dia de expediente.

Depois dos últimos acontecimentos, a rotina do time Fúria Cósmica voltou a normalidade, porém, nunca mais seria a mesma. Amelia suspirou ao relembrar dos acontecimentos felizes e tristes que ocorreram em poucos dias, mas nada movimentou tanto a sua vida como o retorno as pautas jornalísticas. Jane ofereceu a ela uma promoção para Chefe de Reportagem Investigativa, no Buzzblast da Alameda dos Anjos. Foi difícil aceitar que estaria longe de sua família, amigos e namorado.

Mas, um rapaz com um braço metálico se aproximou de sua mesa, com duas xícaras de café.

— Bom dia, chefa!

— Pelo o que eu saiba, sua chefa é loira... bom dia, Javi! – A resposta de Amelia fez os dois rirem.

— Você é a líder do grupo, então, continua mandando em mim. – Javi se aproximou e sussurrou.

— E como sua líder, mando você ir ao seu posto e trabalhar. - Amelia brincou, pegando o objeto com o líquido quente da mão humana dele.

Ficou de frente para seu computador, fazendo algumas pesquisas e pautas para executar antes de se mudar para Alameda dos Anjos. Ficou tão focada em seu trabalho e no café, que sentiu um leve arrepio em seu ombro ao sentir uma mão morena e gelada.

— Já é a segunda vez nessa semana que você esquece sua garrafinha de água.

Era seu namorado, Ollie Akana.

— Foi mal. – Amelia levantou-se da cadeira para olhar para ele, pegou a garrafa da mão dele e deu um beijo na bochecha. – Você é incrível!

— Isso é o que ganho por me preocupar demais com a minha namorada em não ter uma pedra no rim? - A fala de Ollie fez a namorada suspirar.

— Que tal almoçar comigo? Ganhei cupom grátis daquele restaurante que abriu recentemente.

— É.… isso serve....

— Agora, tenho que ir... – Amelia sorriu ao receber o beijinho do namorado nas costas de sua mão, bebendo a água em que ele trouxe. - Lembre-se que estou fazendo isso porque preciso de alguém bonito, inteligente e forte para me acompanhar no shopping, mais tarde. – Ela sorriu, saindo de sua mesa com seu caderno e quando já estava longe de Ollie, encostou seus dedos nos próprios lábios, dando um beijinho de despedida, na qual foi retribuída, segundos depois.

[...]

O casal chegou no shopping no final da tarde. Amelia já estava atenta em qual loja entraria primeiro, enquanto caminhava de mãos dadas com Ollie.

Até que algo em uma vitrine chamou sua atenção. Ela foi puxando seu azul com a mão entrelaçada para se aproximar.

 A moça ficou visualizando aos detalhes de um vestido midi com um tule bordado vermelho, sem mangas e com bojo, além da saia rodada por baixo para realçar os desenhos floridos.

— Ele é lindo... – Amelia olhou para a peça no manequim de cima a baixo.

— Sim... por que você não experimenta? - Ollie sorriu para namorada.

— É sério?

— É claro! Lembra que estou bancando tudo e você precisa comprar roupas para o show do Javi e na entrega do prêmio de melhor invenção para minha mãe, lá no Japão. Não quero minha namorada malvestida.

A vermelha abriu um sorrisão e entrou na loja saltitante.

E foi assim que os dois passavam em várias lojas. Entrava, experimentava, comprava e caminhava para outra vitrine. Com poderes novos, Ollie aproveitou para renovar seu guarda-roupa, até demonstrou desinteresse pelo mostruário de eletrônicos e nem reclamava pelo volume de sacolas que carregava, ver sua Amelia sorridente a cada elogio que ele dava era tudo que importava.

Ao mesmo tempo, Amelia mandava as fotos de suas roupas para Izzy e Fern opinarem, uma vez que notou que Ollie estava um bobo apaixonado a cada look que mostrava para ele, na qual ela achava bonitinho. Horas se passaram e os dois já tinham roupas para além de ambos os eventos.

A última loja foi a de roupa íntima, na qual o azul não tinha experiência, mas, resolveu tentar sugerir algo legal para sua amada. Enquanto a líder caminhava para o setor de pijamas, ele ficou observando para camisolas de seda e conjuntos de roupas de baixo mais ousados.

Ollie lembrou que ainda não fez amor com ela e nem conversaram sobre isso. Surgiu um pensamento que seria uma boa hora para tocarem no assunto, mas não queria ser apressado, gostaria que o momento fosse especial para ambos.

— Deixe-me adivinhar....

Porém, foi interrompido pela voz de uma mulher baixa, pele branca, com cabelos castanhos e curtos, usando um vestido florido.

— ... você quer agradar sua namorada para ir além com ela, mas não sabe como dizer e não quer magoá-la.

— Espera um momento... você é... Kimberly Hart... a ranger rosa original! – Ollie sussurrou eufórico. – Minha namorada vai surtar quando te ver, sabia que ela já foi rosa?

— Eu sei, o Billy me falou de vocês. Gostaria muito de sentar e conversar com os dois, mas, vou ser jurada em um campeonato de ginástica, daqui a pouco. – A moça caminhou entre as peças nos cabides, pegando uma camisola em um tom de vermelho mais escuro e um conjunto de calcinha e sutiã rendado, de cor vinho – E se eu fosse sua namorada, eu gostaria de usar isso para agradar você... O que acha?

— São lindos... – Ollie falou sorridente, viu a mulher mais velha se aproximando e entregando as roupas para ele. – Obrigado pela ajuda!

— Agora, preciso ir. Boa sorte, bebê azul!

O rapaz tentou acenar para se despedir, mas, algumas sacolas caíram no chão. Ao colocar tudo em suas mãos novamente, não notou a mulher indo embora e nem sua namorada chegando.

— Ollie, onde você estava? Fiquei te procurando pela loja inteira. – Amelia se aproximou do namorado e observou as roupas que estavam na mão dele. – O que é isso?  – Ela pegou a camisola e as roupas íntimas, estreitando o olhar e batendo no braço dele. – Estou de olho em você, Akana!

Em seguida, seguiu ao caixa com outras roupas de dormir.

Certamente, ela irá comprar.

[...]

Os dois caminhavam pelas lojas, já com muitas sacolas nas mãos do azulado e já aparentava sinais de cansaço, o cientista já procurava um lugar para sentar, rosnando para a namorada.

— Mas já? - Amelia fez um bico enorme. – Você precisa treinar mais! Ficou fora de forma muito rápido...

— Porque eu fiquei treinando meu cérebro... o que é mais importante. – Ollie respondeu ofegante, sentando em um banco de madeira e deixando as sacolas no chão. – E estamos andando há horas, além de eu carregar nossas coisas sozinho.

— Mas não adianta treinar seu cérebro se não exercitar seu corpinho e... Nossa! Não percebi que estava tão tarde... – A moça disse meio assustada ao ver o horário no celular. Ao ver que seu amado não ia conseguir dar nenhum passo, acabou se sentando ao lado dele. – Ah, e como foi a conversa com sua mãe? – A pergunta de Amelia fez o namorado suspirar.

— Foi muito, muito longa..., mas foi boa. Consegui falar tudo que sentia, ela me ouviu e choramos muito... – Soltou uma risada anasalada ao lembrar. – Mas, eu acho que ainda não é o suficiente, sabe? Me sinto um fraco por não ter resistido ao veneno, por ter ajudado o lado do mal, ter te cortado com o sabre... – Ollie olhou para sua vermelha, acariciando a bochecha que a machucou, mas a ferida não estava mais lá. - Estou tendo pesadelos com Lord Zedd e todas as memórias ruins andam repetindo na minha cabeça quase toda hora, não consigo trabalhar direito.

— Nós podemos combater isso! Podemos procurar um bom psicólogo e sessões de terapia. – A líder pegou no ombro do seu par. – Ter uma ajuda médica pode te ajudar.

— A mãe falou a mesma coisa... e até me indicou um. – Ollie buscou na carteira um cartão de visitas dourado e entregou a ela. – No mês passado, lembro que ele foi ao Buzzblast para uma entrevista com o Javi. Até o Aiyon tentou flertar a secretária dele, mas não sabia que ela estava com o marido e levou mordidas de cachorro.

— Eu lembro da confusão. – Amelia gargalhou ao recordar. – Eles até falaram para mim que conheciam o Mick... aconteceu tanta coisa que até esqueci de perguntar ao dito cujo de onde eram aqueles dois. – Ela pegou o cartão e ficou observando algo brilhando enquanto mexia o papel, atraindo os comunicadores e deixando com interferência, como se fosse um imã. – Está vendo isso, amor?

— A gente precisa investigar isso e saber quem é esse cara antes de marcar a consulta. Pode ser uma armadilha. - Ollie ficou analisando os objetos, ainda sem entender.

— Vamos para a base. – Amelia finalizou e Ollie concordou, pegando as compras. Ambos se levantaram e acharam um local sem muita gente, para se teletransportarem em segurança.

[...]


— Está pronta? – No meio da floresta onde o Dinohenge se localizava, Ollie questionou a Amelia, que estava com o Ankylo Martelo em mãos e alguns metros atrás dele.

— Tem certeza que precisa de tudo isso? É só um cartão. Nós analisamos com a Solon e o brilho se assemelha com a magia que o Zayto usava no cajado, só que em potência mais alta... E ele é um power ranger! Não seja paranoico...

— Pode ser apenas um cartão ou um feitiço de monstro intergaláctico querendo destruir tudo, podendo usar o meu lindo corpo para isso! – Em seguida, virou a cabeça para encará-la. – E falou a garota que pesquisou sobre uma funcionária de café que não existe!

— Vamos acabar logo com isso... – Amelia suspirou, em posição de ataque. Estava cansada e com sono para iniciar uma discussão.

Ollie retomou seu olhar para o cartão e o aproximou até seu comunicador, fazendo com que o brilho dourado aparecesse novamente, de maneira mais forte e dando mais interferência ao objeto de pulso. Em seguida, aparece um vídeo de um homem na pequena tela e começa a falar em tom suave. Estava vestido com um terno dourado, com cavanhaque e cachos grisalhos, penteado completamente para trás.

— Olá! Fico feliz pelo seu interesse no Serviços de Psicologia do Daggeron. Pela maneira em que acessou esse vídeo, sei que você é um power ranger. Não se preocupe, não sou uma ameaça maligna e nem vou possuir seu corpo, então, já pode desfazer a estratégia de batalha...

Aos poucos, Amelia se desarmou e foi se aproximando do namorado atento a explicação do psicólogo, surgindo um pensamento que este tipo de desconfiança era comum para o especialista.

— ... E seu segredo está seguro, porque também sou um ranger. Creio que já tenha pesquisado meu nome através dos dados da Rede de Morfagem.

O casal se entreolhou rapidamente e retomaram a atenção ao vídeo.

— Já devo te parabenizar, pois deu os primeiros passos: Admitir que não está bem emocionalmente e está disposto reverter essa situação. E estou aqui para te ajudar. Minha secretária irá entrar em contato para definir os valores e agendar suas primeiras sessões. Estarei te esperando e lembre-se, você não está sozinho.

O vídeo terminou, o comunicador voltou ao normal e o brilho dourado desapareceu, virando apenas um cartão comum. De repente o celular de Ollie tocou em seu bolso.

O azulado demorou um pouco a atender por se tratar de um número desconhecido, mas Amelia o incentivou com um sorriso para aceitar a chamada.

— Alô?

Sr. Oliver Akana?— A voz do outro lado era sonolenta.

— Sim, sou eu... quem é?

Sou Hayley Foster, falo em nome do Serviços de Psicologia do Daggeron. Vejo que entrou em contato conosco para atendimento psicológico e queria te explicar como funciona.

— Que eficiente... gostei! -  Amelia sussurrou surpresa ao namorado, olhando para o celular e vendo que passou da meia-noite.

— Certo... poderia esperar um pouquinho? O sinal está ruim aqui...

— Okay, estou aguardando.

— Vamos voltar para a base, é perigoso ficar aqui. - Ollie falou após deixar a chamada em espera.

Amelia concordou em resposta e fez o teletransporte. Assim que chegaram e antes de retomar a chamada, a garota segurou a mão de Ollie em que estava o telefone.

— Estou muito orgulhosa de você.

— Obrigado... seu apoio é importante para mim. – Ollie a abraçou após responder, deixando a namorada repousar em seu peito enquanto liberava a chamada com Hayley.

— Desculpe pela demora, pode falar!

[...]

A ranger vermelha suspirou pela milésima vez, olhando para a tela de seu computador. Fez de tudo para se manter focada em seus afazeres, mas chegou em um ponto que não conseguia se concentrar em mais nada.

Era o dia da primeira sessão online de Oliver e pensava em muitas coisas. Por estar trabalhando, Amelia não teve como acompanhá-lo, porém, preferiu que ele tivesse este momento sozinho para ter facilidade de se abrir ao especialista e avaliar se vale a pena pagar mais sessões.

No entanto, sua mente imaginava ele chorando ao contar os dias em que foi aliado de Lord Zedd, ainda não estava sendo fácil para ele se perdoar. Mesmo ele retornando ao lado do bem, ela ainda o consolava quase todas as noites.

O seu Ollie ainda estava quebrado e inseguro.

— Pensamento positivo, Amelia... Ele vai ficar bem. – Disse a si, fechou os olhos por um momento e tentou retomar ao foco até observar que Jane e J-borg haviam pedido comida no café do Aiyon. Sua barriga roncou ao olhar a cena e talvez uma boa refeição seria a melhor saída para voltar a produtividade. – Adrian, vou no café do Aiyon. Qualquer coisa, manda mensagem.

Amelia se levantou após avisar ao colega de trabalho e seguiu ao estabelecimento do amigo, o local em que podia mostrar suas raízes rafkonianas. Foi caminhando porque não era longe do Buzzblast.

Assim que chegou a porta, levantou suas antenas e entrou, sentindo um cheiro gostoso de comida caseira, fazendo sua barriga roncar ainda mais.

— Seja bem-vinda! – Um rafkoniano de cabelos cacheados se aproximou da porta e a abraçou. – Faz tempo que não te vejo.

— Deixe-me ver.… desde ontem! - Os dois riram, mas a expressão de Amelia se entristeceu rapidamente. – Aiyon, queria aquela sopa que fez em Erridus. Estou desejando ela desde cedo.

— É para já! Logo, essa carinha de fome irá sumir. Sente-se e fique à vontade, será por conta da casa! – O dourado caminhou até a cozinha para preparar e a repórter sentou-se em uma mesa vazia.

Demorou alguns minutos para que o dono do café retornasse com o pedido. Serviu ela como uma cliente e em seguida sentou-se na cadeira diante dela.

— Pensando no Ollie, né? – Aiyon viu a sua líder concordar enquanto se deliciava com a sopa e sorria largamente, sinal que estava delicioso, como sempre. – Não se preocupe, por mais que ele se sinta mal neste momento, é o nosso ranger azul, ele é forte! Você disse que só precisava de espaço para que ele libere todas as frustrações. Essa semana, o Ollie concertou as instalações elétricas no café, inspecionou o encanamento de água e comprou os suprimentos que faltavam. Nunca vi meu cantinho tão organizado, mas, eu não pedi! E é estranho vê-lo na porta da frente as cinco da manhã.

— Eu sei... ele está ajudando todo mundo sem pedir. Concertou a van do Pop-pop, inspecionou o sistema da Solon umas duas vezes nesta semana, afinou todos os instrumentos do Javi, montou o guarda-roupa da nenê sozinho e até cuidou das plantas da Rina. – Ela suspirou pesado antes de continuar. - Mas, meu coração fica em pedaços ao vê-lo tão triste. De alguma forma, isso ocupa a mente dele e os pensamentos negativos diminuem. Como líder e namorada, me sinto tão impotente...

— Isso não é verdade. Você está fazendo o impossível para vê-lo bem e está no caminho certo.  Eu também fico triste, porque o Ollie não é assim... – O rapaz pegou a mão da amiga. - Foca na esperança, você me ensinou isso... é bom seguir os próprios conselhos, às vezes.

— Acho que eu precisava me lembrar disso. - Amelia sorriu.

— Vamos acreditar no Daggeron, tenho certeza que saberá o que fazer. Agora, preciso ir. Hoje, temos muitas pessoas com fome. E coma direitinho! – Aiyon se levantou e arrumou a cadeira.

— Desculpa tomar seu tempo...

 – De boa! Sempre terei tempo para você. Bon Apettit!

A vermelha seguiu o rapaz com o olhar até os clientes recém-chegados e sorriu orgulhosa do integrante do seu time ter evoluído tanto, no geral, todos amadureceram com os perigos em que viveram, inclusive ela.

Com o coração mais aliviado, Jones retomou a refeição e passou a apreciar mais a sopa deliciosa. A cada colherada era como um recital de ópera tocando em sua boca. Assim que terminou, o celular de Amelia vibrou. Era Adrian.

“Sua entrevistada chegou”

O humor da ex-rosada melhorou e se despediu do amigo, caminhando de volta ao trabalho com as energias renovadas.

[...]

Seu foco estava 100% na entrevistada.

Uma ginasta já aposentada, falando sobre sua experiência tanto competidora, quanto jurada. Amelia adorou conversar com ela e até esqueceram que havia uma câmera diante delas. Quando acabou a gravação, os assuntos foram além do esporte, descobrindo que haviam semelhanças entre as duas.

Depois que a convidada saiu da empresa, Amelia lembrou de seu celular.

“Venha assim que puder. Eu preciso de você. ”

O coração de Amelia acelerou ao ver a mensagem de Ollie. Há duas horas.

Se despediu de todos rapidamente, pegou sua bolsa e capacete e foi diretamente para a casa de Ollie.

Não importava se levaria uma multa por excesso de velocidade ou por atravessar os sinais, Amelia tinha apenas um objetivo, naquele momento. Chegou na casa do namorado em tempo recorde, quase deixou a moto ligada pela pressa e entrou pela porta da frente com a ajuda da chave reserva que a família Akana escondia por baixo do tapete.

— Amor... cheguei... – Ela chamou uma vez e ninguém respondeu. Lani estava no Japão. – Ollie?

Procurou por todos os cômodos da casa e continuou clamando o nome dele a cada momento em que não recebia retorno. O desespero surgiu no coração da garota, já imaginando que havia saído de casa sem direção. Sabia que Ollie era impulsivo quando estava com raiva ou triste. Ou será que foi para casa dos seus pais para aguardar ela chegar? Quis pensar na melhor hipótese.

Ao pegar o celular e ligar para o pai, lembrou que tinha um laboratório secreto no terraço que apenas ela e sua sogra sabiam da senha de entrada. A vermelha desceu as escadas já com o coração apertado, torcendo para que seu amado estivesse lá.

— OLLIE!! – Amelia gritou e entrou com pressa, com sua respiração ofegante. Seus olhos tentavam localizar o rapaz, sem sucesso. Já se criava um nó na garganta, mas, decidiu focar na esperança de que estava tudo bem.

— O que são esses gritos?

Amelia escutou uma voz conhecida em tom baixo e ao olhar para trás, estava a pessoa que queria encontrar. Um certo rapaz de azul estava confuso e ranzinza por tanto barulho em seu local de paz. Se levantou diante de uma mesa, localizada no final do enorme laboratório em que criou quando se mudou para Pine Ridge. Fechando seu laptop e usando headphone.

Finalmente, ela pôde suspirar de alivio. Ele estava bem.

— Ollie... – A moça correu e o abraçou apertado.

— Er... Está tudo bem? – O jovem retirou o fone de sua cabeça e colocou no pescoço. Em seguida, envolveu os braços ao redor da namorada. – Qual é a razão de tanto escândalo?

Rapidamente, Jones desfez o abraço e bateu nos braços dele, em resposta.

— Fiquei muito preocupada! Nunca mais faça isso!

— Isso o que? – A voz de Ollie se alterou, massageando os braços pela dor. – Estou entendendo nada! Eu estava de fone, eu não ouvi você entrar. – Em seguida, suspirou para manter a voz normal. – E se você tivesse me respondido, eu teria subido até a sala para te esperar.

— Mas eu respondi! – Amelia mexeu no celular para procurar a conversa com ele, porém, percebeu que apenas digitou um “Aguenta aí...Estou indo. Espero que você esteja bem. ”, mas não enviou. Não sabia onde enfiar a cara. – Desculpa... eu fiquei tão nervosa e a entrevista estava tão boa que eu esqueci de você.

— Está tudo bem, relaxa... – Ao ver aquela carinha envergonhada, Ollie não deixou de rir da situação e beijou a testa e os lábios de sua musa. – Eu amo a forma que se importa comigo. É reciproco. – Em seguida, abraçou com carinho e levantou o corpo de sua vermelha para sentar por cima da mesa, uma vez que não tinham muitas cadeiras em seu laboratório.

— Como foi a sessão?

— Bom... – Ollie ficou entre as pernas de Amelia, ainda abraçado com ela. – Ele não falou muito, mas fez muitas perguntas. Falei um pouco sobre minha vida, minha mãe, o time, nosso relacionamento, os dias que se passaram... consegui falar tudo sem chorar... eu nunca fui tão tagarela na minha vida e 50 minutos não foram suficientes. – O azul riu sereno antes de continuar. – Já que as sessões são semanais, o Dr. Daggeron me sugeriu escrever um diário com as minhas frustrações e conversar sobre isso no próximo encontro. É o que estava fazendo até ouvir uma escandalosa a minha procura! – A fala dele fez Amelia rir envergonhada. – No geral, é um profissional espetacular e acredito que ele seja também como ranger.

— Eu fico tão feliz e aliviada ao ouvir isso... – A namorada apertou as mãos de seu par após falar.

— Mudando de assunto, como foi a entrevista?

— Foi incrível! Advinha com quem? - A repórter sorriu largo ao tocar no assunto. - Kimberly Ann Hart!

— É SÉRIO?? – Ollie disse enérgico e um pouco assustado, supondo que saberia da camisola que a ranger lendária escolheu. – Ela falou algo além da ginástica para você?

— Sim! Ela soube de nós através do Billy. Ela sabia que eu era telepata e usou muito a mente para falar sobre os assuntos de ranger. Ficou muito feliz e orgulhosa por ter me tornado vermelha, falou sobre o local onde ficou na prisão do Zedd e nos convidou para irmos à casa dela na Alameda dos Anjos para tomar um chá da tarde e conversar sobre nossas experiências. – Os olhos da líder brilharam ao recordar.

— Você deveria ter chamado ela para conhecer a nave!

— Eu chamei! – A vermelha falou frustrada. -  A Solon estava animada para conhecê-la, mas a Kimberly tinha muitos compromissos antes de voltar a cidade. Mas, me prometeu de dedinho que ia nos visitar junto com o Billy o mais breve possível.

— E ela falou algo mais...?

— Não... sobre o que, exatamente? – Amelia notou que Ollie sorriu envergonhado, ficando corado em resposta. - O que está escondendo, Oliver? – Falou com as mãos na cintura.

— Nada... – O Azulado começou a se afastar.

— Esqueceu que posso ler sua mente?

— Mas, primeiro, terá que me tocar! – Após ameaçar, correu saindo pelo laboratório, subindo as escadas, em direção a um pequeno jardim da casa. Jones levantou suas antenas e saltou da mesa ao chão, correndo atrás de Akana.

No final, ela sabia da camisola. Kimberly havia contado.

E sem querer, achou um novo jeito de provocá-lo.

FIM


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