Margaery Tyrell: A Rosa Dourada de Highgarden 🌹 escrita por Pedroofthrones


Capítulo 4
A Grande Fuga




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Margaery não sabia quantos dias levaram, pois não havia contado, mas era como se um ano tivesse passado desde que enviou uma carta para a sua família e esperou por algo.

Mas, finalmente, depois de tanta espera, a jovem noviça de olhos verdes entrou e deixou uma carta embaixo de sua taça, logo após todas rezarem. Margaery só abriria de noite.

Pareceu demorar um ano até ter respostas, e agora, as horas também pareciam anos.

Suas dores haviam piorado. Começou a sentir uma leve dor quando respirava de vez em quando e às vezes nem dormia, pois tinha dificuldades para respirar. Seus ataques de tosse também estava piorando. Parecia até o próprio Lorde Gyles.

Mas foi quando ela retirou um lenço para tossir e viu que ele estava um pouco rosa quando o tirou da boca que percebeu que estava mais parecida com o falecido lorde Gyles do que imaginava.

Preciso sair daqui logo. Na Campina os meistres me ajudarão. E mesmo que não ajudem, morrerei em ca...

Não. Não devia pensar nisso. Ela ainda era jovem. Tinha muito pela frente.

Quando a noite finalmente chegou, a jovem de Highgarden se sentou perto da lareira e abriu a carta.

Querida Margaery,

De nada por matar Joff por você, sua ingrata. E sim, estamos nas águas claras dos Florent, que de claras não tem nada. Eles deviam passar mais tempo cuidando das próprias terras do que cuidando a da vida de seus suseranos, nem meu peixe-balão era tão ruim assim...

Deu um sorriso triste ao ler aquilo. Sua avó com língua afiada... Nada aqueceu mais seu coração do que aquilo.

Na noite em que receber esta carta, um enviado será levado. Vocês e suas primas serão levadas para fora, junto de Cersei, Tommen e Myrcella. A fé irá lhes dar roupas de noviças e um navio escondido entre os cascos destruídos da água negra irá levar vocês para o Rochedo Casterly.

Aquilo foi como jogar um balde de água fria na cara de Margaery.

Rochedo Casterly? O que ela e suas primas fariam em Rochedo Casterly, cercadas por Lannister? Claramente era um dos melhores e mais seguros castelos do Sete Reinos, Certamente a Campina tem outros castelos para me proteger?

Voltou a ler a carta.

Eu sei que você e suas primas querem vir para cá, para a casa e chorarem pelos mortos... Mas primeiro, precisam se manter seguras. O castelão me garantiu que não daria voz a Cersei no castelo. E nem Aegon I poderia combater Rochedo Casterly. Fiquem fortes minhas filhas, nós nos veremos outros dias.

Margaery amassou a carta e jogou o papel no fogo. Retirou as lágrimas com as pontas dos dedos.

—-E agora?--Perguntou Elinor, enquanto Margaery se levantava da cadeira.

—-Agora--Disse Margaery enquanto puxava a corda para tocar o sino--Nós vamos para casa--Ela preferiu esconder todos os detalhes. Não ajudaria em nada elas saberem sobre estarem com os Lannister.

A própria Visenya Targaryen disse que Balerion não seria capaz de destruir o Rochedo, disse a si mesma, para se acalmar...

Mas o resto da sua família não estaria em Rochedo Casterly quando fossem enfrentar a fúria dos dragões.

Pouco depois de tocar o sino, a septã de apenas vinte anos apareceu, com outras 4 jovens noviças e um homem barbudo segurando uma corda grossa.

—-Essa noite?--Perguntou a jovem loira.

—-Essa noite--Assentiu.

As moças prometidas para a fé eram de idades próximas a Margaery e sua prima. A jovem septã deu ordem para que elas trocassem de roupas.

—-Um filho do guerreiro as espera lá embaixo--Disse a Septã--Vocês irão descer pela janela e ir para o septo da fortaleza, onde alguns dos pobres irmãos estão esperando para escolta-las até o navio. Peguem as suas jóias, caso achem que devam subornar alguém.

Margaery e suas primas encheram os bolsos com os anéis e pérolas que puderam. Mas Margaery ficou com o anel de sua mãe.

Elas tiveram que colocar mantos forrados de pele e com capuz para o frio. A cada dia que se passava, ficava cada vez mais frio. Para que seus longos cachos castanhos não atrapalhasse, fizeram tranças.

O homem que a acompanhou tratou de amarrar uma corda na cintura de Margaery. Ele mancava, tinha um sotaque da baixada das pulgas e dentes podres. Na verdade, seu odor corporal era o de um rato morto. Como alguém poderia suar tanto no inverno? Ele estava tão nervoso assim?

Ele deu instruções do que ela deveria fazer e lhe deu luvas para não machucar as mãos com a corda.

—-Margaery--Perguntou Elinor, segurando seu braço--Tem certeza que devemos fazer isso? Não devemos só... Ficar e aceitar? Afinal, que chance nós temos? Nós não devemos apenas aceitar a derrota e garantir que vamos viver? Vale mesmo a pena nos arriscar assim?

Margaery hesitou. Ela de fato não tinha tanta certeza assim...

Não posso ser uma prisioneira. Fui feita para ser livre!

Ela se conteve e tocou a mão de sua jovem prima.

—-Eu sei que está com medo. É normal, eu também estou. Mas não se preocupe. Logo estaremos em casa. Seguras e com nossa família.

Antes que sua prima falasse algo, Margaery se afastou e foi até o banco da janela. Abriu as janelas e sentiu o vento congelante entrar. Todos no aposento tremeram com a rajada e as velas se apagaram. Apenas a lareira se manteve, embora o frio tivesse diminuido sua chama. Isso era bom, assim ninguém teria muita luz para prestar atenção no quarto e ver o que faziam.

Ela rangeu os dentes e subiu com dificuldade no banco forrado. Sua perna protestava, quase fazendo-a recuar. Ouviu um estralo quando colocou o pé no assento e fez força para subir. Suas costas pareciam ter sido atingidas por uma parede de tijolos quando ela subiu.

Com cuidado, ela se virou de costas para janela, uma rajada de vento a atingiu e trouxe neve para dentro e fez a sua grossa trança tremer como um verme em agonia. Ela começou a tremer os dentes e o lábio. Fechou os olhos e esperou a brisa que lhe mordia as costas parar e os abriu novamente. Suspirou, se sentindo exausta.

—-Talvez devêssemos fazer isso outro dia...--Disse Elinor.

—-Eu con-consigo, E-elinor...--Gaguejou Margaery irritada e nervosa.

Ela colocou os dois pés para trás, na beirada da janela. Seu pé esquerdo escorregou alguns centímetros e ela chutou o ar nervosa. Soltando um som nervoso e fixando o pé de volta a seu lugar no mesmo instante. Mas foi rápido o bastante para toda a sua força se esvair e ela teve que lutar contra as lágrimas.

Sua respiração estava ofegante, e seu estômago estava se revirando e quase jogando as especiaria que comeu para fora, e ela sentiu a garganta seca. Seu coração parecia prestes a explodir, fazendo seu peito inteiro tremer com suas batidas aceleradas. Seu corpo inteiro suava frio e não parava de tremer. Ela se encolheu como um animal moribundo e encurralado.

Todos estavam olhando para ela, assustados com o susto dela. Não podia se deixar abalar. Não ali. Não agora. Margaery soltou as laterais da janela, e segurou a corda com as luvas grossas, prendeu a respiração e jogou lentamente o seu corpo para trás. Até que finalmente deu um salto para trás.

Se sentiu leve por apenas alguns instantes até a corda ser puxada e ela sentir um aperto na cintura e pode sentir o desconforto nas laterais do corpo, ao respirar a dor aumentava um pouco, como se suas costelas estivessem inchando e machucando a sua pele. Seus pés se fixaram nas paredes gélidas e vermelhas da fortalezas, quase negras pela escuridão. Suas botas eram especiais para a ocasião. Sua saia se movia freneticamente.

Olhou para baixo e viu pura escuridão e rodopios de neve. Toda a fortaleza estava adormecida e Margaery estava em uma altura que fazia parecer que ela olhava um abismo sem fim. Um imenso buraco negro que a olhava de volta, como que se esperasse que ela caísse.

Agarrou ainda mais a corda. Naquele momento, ela lhe parecia menos grossa e firme. Parecia preste a arrebentar e fazê-la cair a qualquer instante. Tinha sua vida, literalmente, por um fio. Um fio de cânhamo, sim, mas ainda era um fio.

Uma outra forte ventania veio e quase lhe jogou para longe. Fazendo seu manto e capuz ficarem descontrolados. Ela teve que fechar os olhos e esperar aquilo acabar. Se agarrando no cânhamo e cerrou os dentes.

Deve ter mordido a língua, pois sentiu uma dor na língua e sentiu um gosto de ferro encher a boca. Isso a fez segurar qualquer som de dor e ignorou.

Ela moveu um pé para baixo, curvando com cautela e dor a perna direita. Quando conseguiu, fez o mesmo com a esquerda. E foi repetindo os mesmos movimentos assim por diante. Um passo de cada vez. Ignorando a dor e o cansaço. Ignorando o seu corpo implorando para parar com aquilo.

Conforme ela continuava, a janela de seu aposento ia diminuindo. A vida em seu corpo voltava enquanto ela via que devia estar cada vez mais perto. Cada vez mais longe de sua prisão. Um sorriso veio ao seu rosto e ela se viu ignorando cada vez mais a ardência em seus movimentos.

Estou fazendo a minha história hoje. As pessoas logo irão fazer canções sobre mim. Não como a esposa de algum rei caído, ou de meu pai ou meus irmãos. Mas sobre mim, e como escapei e lutei para salvar Westeros. Nunca mais serei uma anedota na vida de ninguém.

—-Minha rainha?--Chamou uma voz baixa. A mesma do cavaleiro que a guiou nos jardins para ver Tommen.

Ela olhou para baixo. Estava poucos metros do chão. Ela deu mais alguns passos na parede e cambaleou quando sentiu o chão, quase caindo. O cavaleiro a pegou no ar. Ao sentir seus frios dedos da manopla dele, ela começou a desamarrar a corda da cintura.

—-Obrigada, Sor.--Disse ao ser delicadamente pousada--Os deuses o guiaram bem. Tenho a honra de saber quem sois o meu salvador?

Ele se ajoelhou como um cavaleiro das canções se ajoelha para um rei ou para uma donzela. Ela esticou a sua mão com o anel da rosa de jade e ele a beijou com delicadeza e respeito. 

—-Sou sor Theodan Wells. Sor Theodan, o Fiel, se assim agradar vossa Graça. E, se os deuses forem bons, eu a guiarei para longe desta cidade.

Ela sorriu. Era o juiz que representava o guerreiro em seu julgamento e o de suas primas. Às vezes esses fanáticos grotescos serviam para algo.

—-A honra é minha, sor--Disse ofegante, pousando a mão na cabeça dele, como uma benção.

Ela pegou a corda e deu alguns puxões bem fortes. A corda se remexe e volta para cima. A próxima descer era sua prima, Elinor. Sua grande amiga e fiel confidente.

Margaery estava ofegante e teve que estender uma mão para a parede da fortaleza. Sentia o rubor em sua face. Apesar disso, tudo estava indo bem, até que a energia e o calor de seu corpo foi se esvaindo. Suas pernas começaram a ficar bambas. Estava se sentindo tonta...

Não, por favor, agora não. Estamos quase lá, quase livres!

Ela tossiu furiosamente e sentiu algo subir da sua garganta e expelido pela sua boca. Ela não podia ver, mas sentiu uma dor na garganta. Se curvando, cuspiu o que torcia ser apenas catarro no chão cheio de neve e passou as costas da mão enluvada nos lábios. Quando se endireitou, percebeu que sua fraca respiração parecia um chiado.

Ela esperou sor Theodan ajudar a desamarrar a sua prima e ela vir até ela.

—-Você está bem?--Perguntou Elinor, afastando o capuz.

—-Não...--Teve que admitir, com a voz rouca e com gosto de sangue. A roupa estava apertada, e sentia que seu corpo estava mais flácido e dolorido.---Se eu cair, agarre-me. Não quero depender de sor Theodan, mas se você ver que não posso me levantar ou que não me aguenta, deixe-me nas mãos dele.

—-Não chegaremos a tanto.

—-Será? Eu já não me aguento... Esses tempos me afetaram.

Sua prima Alla já estava saindo pela janela.

—-Aguente firme, Margaery. Aquele fétido homem barbudo falou que logo terá um incêndio no estábulo do outro lado do castelo, para distrair a todos. Vai ser... Divertido.

Ela deu um sorriso pálido e cansado. E, pela reação de sua prima, terrivelmente triste de se ver.

—-Sim... Será... Divertido.

—-Poderemos voltar a calvagar.--Disse Elinor, tentando animar a prima mais velha--Lembra de como amava de cavalgar? De comer castanhas assadas e praticar falcoaria? De encher um salão com milhares de pessoas e dar um baile de tirar o fôlego e repleto de máscaras e vinho dourado!

Ela pousou a cabeça encapuzada na parede. Ouvir tudo aquilo lhe deu vontade de chorar e fez seu lábio tremer. Elinor pegou sua mão.

—-Vamos, Margaery, nós vamos conseguir. Vamos sair dessa e voltaremos a ser como éramos antes, você vai ser.

Nada nunca voltará a ser como era antes. Nunca mais, não importa o final de tudo isso.

Sua prima Alla foi até elas:

—--Megga logo estará aqui.--Deu um sorriso feliz e cansado.--logo estaremos livres deste terrível pesadelo. Estaremos em casa! Finalmente!

Margaery abaixou o capuz e respirou fundo.

—-Meninas, sobre Highgar...

—-Deu algo errado!---Disse sor Theodan, tentando não falar muito alto.

Margaery ergueu a cabeça e olhou para a corda. Tentou enxergar, mas estava muito escuro e cheio de pontos brancos no ar. Demorou, mas conseguiu ver a escura silhueta de sua prima. Devia estar a quase 12 metros de altura do chão.

—-Alguma coisa aconteceu...--Disse Allara, nervosa.

—-acalmem-se, está tudo bem--Disse Margaery--Ela claramente só está com medo descer.

Foi então que ela ouviu o grito aterrorizado de sua prima, que mais lhe parecia um guincho de um porco abatido, enquanto sua silhueta caia em alta velocidade.

Elinor soltou um som de surpresa e medo mas abafou com as mãos, Alla tentou se mover mas congelou no mesmo instante e virou a cara para não ver o que estava preste a acontecer; enquanto Margaery suspirou horrorizada e se desequilibrou, quase caindo no chão. Nenhuma das três teve qualquer tempo para reação. Nem sor Theodan, que não sabia se devia tentar agarrar a jovem ou não.

A pobre e frágil Megga caiu como um saco velho de batata pesada na neve branca. Fazendo mil flocos brancos voarem no ar escuro e frio da noite. A jovem soltou um grunhido de dor e começou a se contorcer.

Mas, apesar da espessura da neve fofa parecer proteger a jovem Tyrell, foi possível ouvir um som estranho e abafado quando ela caiu. Isso não era um bom sinal.

As três se aproximaram do local. Margaery se ajoelhou com dor e virou o corpo de sua pobre prima pelo ombro. Ela estava chorando, com a cara vermelha como uma romã e lágrimas saindo de seus olhos que eram fechados com força. Seus gritos e gemidos eram abafados pela mão de Megga, que tentava evitar gritar para não atrair atenções. Outra mão estava na parte de trás da cabeça.

—-Acho que a pobrezinha quebrou algumas costelas...--Disse Margaery.

—-O que faremos?--Perguntou Alla.

Margaery se virou para sor Theodan, mas nem precisou dizer nada. Ele já veio e pegou sua pequena prima nos braços cobertos de placas de aço.

—-Vamos!--Disse o cavaleiro com a voz abafada pelo capacete cheio de cristais e andou em direção ao septo.

Margaery tentou levantar, mas uma onda de dor que foi desde as pernas até as suas costas e a fez soltar um pequenos ruído de dor e cair na neve.

Elinor a pegou por um dos braços e lhe deu um puxão. Mas Margaery se sentiu exausta, dolorida e desleixada. Quase como se seu corpo estivesse mais pesado e ela fosse de chumbo mole.

—-Vamos, vamos!--Chama Elinor, puxando-a incessantemente pelo braço.

—-N-não dá...--Tudo estava ficando mais escuro. Girando em volta dela. Tentou falar, mas não saiu nenhuma palavra desconexas.

Elinor ignorou seus protestos e apertou mais o braço dela e puxou com mais força, fazendo Margaery soltar um grunhido de dor e fazer forçar nas pernas para se erguer.

—-Estamos quase lá--Disse sua prima, passando o braço da mais velha pelo ombro e ajudando-a a ficar em pé--Vamos lá, Margaery. Vamos conseguir.

As duas andaram lentamente para frente, chutando a neve em seu caminho. Alla estava na frente, pouco atrás de Sor Theodan, que levava Megga em seus braços.

Margaery via algumas luzes de tochas se movimentando fracamente nas ameias. Deviam ser os sentinelas passando.

Por sorte a escuridão iria esconder o pequeno grupo. Mas o problema é que não tinham nenhuma tocha com eles para iluminar o caminho e nem aquece-los. Aquela noite parecia particularmente mais fria que as outras; com espigões de gelos crescendo nas laterais das muralhas e parecendo quase duas vezes maior do que os dias anteriores; como se fossem presas transparentes de um animal. Crostas de gelo cobriram as árvores do jardim e as deixavam presas em um grande cristal gelado. Até mesmo os flocos que tocavam o rosto da jovem donzela era maiores e mais frios do que os daquele dia em que ficou no Jardim com a rainha; quando eles tocavam em sua pele, derretiam... Mas estes, ao entrar em contato com a sua pele, faziam-na sentir um frio tão grande que parecia lhe queimar a face.

Até o vento parecia mais violento, com rajadas que empurravam o pequeno grupo para o lado e fazendo suas capas esvoaçarem e quase serem levadas para longe. Até Sor Theodan, que usava couro por baixo das placas e cota de malha parecia ser pesadamente atingido pela geada.

Aquilo lhe dava uma sensação ruim. Ali, coberta por aquela escuridão e neve pesada, sentia que havia algo errado. Uma sensação que lhe deu arrepios.

Há algo estranho nesse temporal...

A neve estava tão densa que ela e a prima quase cairam algumas vezes, pois a cada passo que davam, suas pernas afundavam no chão fofo.

Isso só piorava a situação das pernas de Margaery. Não porque elas doíam, pois ela já nem as sentia mais. O frio levou qualquer sensação que ela tivesse. Ficou com medo de que as pernas tivessem alguma parte preta quando retirasse as botas. O meistre de Highgarden lhe ensinou de que isso significava que teriam que arrancar a parte enegrecida.

Ao passarem pelos espinhos do fosso da fortaleza Maegor, Margaery percebeu que eles também tinham cristais de gelo os cobrindo, da mesma forma que o ambar banhava um inseto.

Quando sor Theodan chegou nas portas do septo da fortaleza, ele teve que colocar Megga no chão, pois precisou usar sua maça de guerra para quebrar o espesso gelo dos portões.

Por favor, deuses, que eles não escutem. Estamos tão pertos...

Quando ele finalmente conseguiu, empurrou os portões duplos e abriu se voltou para pegar a pobre Megga no lugar onde ela estava.

—-Vamos--ele disse, dando ordem para as outras entrarem.

Margaery forçou a perna para sair da neve e chutou a neve que cobria os degraus do septo. Quase caiu, pois o piso estava coberto por uma fina camada de gelo.

Foram poucos degraus, mas cada um era uma luta para fixar o pé e subir. Quando finalmente se viu dentro do septo, ela finalmente se deixou cair. O choque do chão se impactando contra seu frágil corpo foi doloroso em algumas partes; porém, estava com tanto frio que nem chegou a sentir a maior parte do impacto.

—-Margaery!--Gritou Elinor, sentando-se ao seu lado--Margaery! Por favor, levante-se!

Estava exausta. Quase nem podia pegar mais ar com os pulmões e soltava um chiado fraco. Sua trança havia se desfeito e ela não tinha nem forças para erguer um braço firme. Quase não teve forças para retirar o manto que a sufocava

Nunca voltarei para casa. Eu achei que minha canção estava só começando, mas eu estava apenas escrevendo minha derrocada.

—-Ela precisa de um meistre!--Disse Elinor para Sor Theodan, que pousava Megga no chão.

Alla foi até a prima machucada. observou-a por um tempo e tocou nos ombros dela.

—-Megga também--Disse por fim, após tocar no rosto dela--Está muito fria e desmaiou. Acho que teremos que carregar ela--Se virou para o cavaleiro--O grupo tem uma carroça?

—-Fiquem aqui--Disse o filho do guerreiro, com neve derretendo na capa arco-íris--vou até o grupo.

Ele saiu andando até uma porta no septo.

—-Finalmente--Disse Elinor--Finalmente teremos um pouco de paz.

Sor Theodan voltou logo depois com alguns filhos do guerreiro e pobres companheiros sujos. Outras pessoas com tochas sairam por passagens escondidas entre os altares dos sete deuses. Alguns com tochas, outros com lanças ou espadas.

Finalmente ajuda, mas precisam mesmo de tudo isso?

Sor Theodan foi até Alla e Megga com alguns de seus companheiros. Alla se levantava do lado de sua prima caída e questionava novamente sobre um meistre e uma carroça.

Foi quando Sor Theodan pegou Alla pelos braços e colocou-os contra as costas dela e a pressionou para ela ficar de joelhos no chão que Margaery percebeu que estava enganada. Não era ajuda nenhuma.

—-Não...--Foi tudo que Margaery conseguiu dizer, vendo sua prima sendo machucada e gritando de dor. Implorando para o bravo cavaleiro solta-lá e dizendo que ele estava machucando-a.

—-Não, não, não...--Elinor dizia, se encolhendo de forma protetora porém assustada por cima de Margaery--NÃÃÃÃÃÃOOOO!!!

Estavamos tão perto. Nós só queremos ir para casa, por favor..., Ela tentou falar isso, mas nada saiu de sua boca.

Os filhos do guerreiro pegaram sua prima Elinor pelos braços e a levaram para fora do septo. Ela tentou lutar, mas era como uma boneca de pano contra dois tijolos. Nunca teve chance. Logo, ela estava fora do local, sendo levada de volta para a neve.

Alla foi puxada pelos braços por Sor Theodan, obrigando-a a levantar de forma rápida e rude. Tal qual Elinor, ela foi forçada a sair do Septo. A coitada não parava de chorar e falar que ele estava machucando seu braços.

Os cavaleiros da fé tentaram fazer o mesmo com Margaery, mas ela já não conseguia se manter em pé. Arrastaram-na pelo chão de ardósia dura e fria do septo, agarrando-na pelos braços.

Quando foi levada para fora, o vento frio maltratava seu pobre corpo e parecia fatiar sua pele como se a estivesse cortando com inúmeras navalhas. Nos degraus, seus pés batiam contra os degraus de mármore, mas ela já nem podia sentir mais nada.

O homem barbudo estava do lado de fora. Mas sem a espessa barba de antes, apenas a roupa velha e suja. Mas reconhecia a careca e o resto do rosto, agora limpo e com dentes brancos. Era Varys. Dando um sorriso abafado enquanto observava os do guerreiro arrastarem Margaery para fora e os pés dela batendo nos degraus duros do septo.

A última coisa que se lembrava de ter visto, era Cersei e sua filhos em uma janela de uma torre bem alta.

Tommen chorava, enquanto Myrcella tentava acalmar o pobre irmão. Mas não Cersei. Cersei ria, enquanto observava Margaery ser arrastada como uma qualquer, com seus olhos de Esmeraldas a seguindo.

Não. Não são esmeraldas. São olhos de fogovivo, queimando.

Foi então que tudo ficou escuro.


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