Margaery Tyrell: A Rosa Dourada de Highgarden 🌹 escrita por Pedroofthrones


Capítulo 35
Enquanto isso, no Vale..




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Margaery estava em um dos porões do Forte Vermelho. Havia alguns sacos de grãos (milho, aveia, trigo, centeio…), maçãs, uva passas, cerejas, cravo, noz moscada, e algumas poucas safras de vinho barato. Havia alguns barris de cerveja também — provavelmente a maioria estava estragada, pois havia um cheiro azedo no local, sufocando os demais no recinto negrume. Havia alguma carne em conserva também: um pouco de peixe, ovos e até algumas carnes de algumas aves.

Vendo o tamanho do espaço onde estava e os poucos sacos e barris no cômodo — muito menos da metade do que o local aguentaria —, Margaery percebeu que o castelo mesmo em maus bocados: a comida logo acabaria, e duvidava que tivessem animais o suficiente para aguentar mais de um mês ou dois: as galinhas eram poucas, e eles logo teriam ou que caçar animais no inverno lá fora (e enfrentar predadores e selvagens, o que ela duvidava que fossem capazes de fazer), ou passar para os cavalos e cães que haviam no castelo — se é que estes também aguentariam muito tempo.

Galinhas foram levadas lá para dentro também, e elas ficaram ciscando e agitando as pequenas asas pelo local, assustadas pelos cães que foram levados para lá. Alguns porcos batiam seus cascos sujos pela escuridão acre do ambiente, cheirando tudo com o focinho, buscando alimento, de modo que os sacos dos alimentos tiveram que ser colocados para longe deles, para que os animais não devorasse o conteúdo, empilhados em caixotes.

Havia duas cabras por ali, mas elas foram perdidas na escuridão, assustadas pelos latidos dos cães.

O latir dos cachorros ecoava de forma irritante no ambiente negrume. Margaery imaginou que estavam agitados com a confusão lá fora.

Jeyne estava ao seu lado, coberta por um manto cinzento e simples. Estava tremendo, mas Margaery não sabia se era de frio ou de medo. Provavelmente os dois.

Ysilla também estava apavorada, andando de lá para cá, nervosa, abraçada a si mesma. Olhava nervosa para a porta que havia em uma parede distante: era a entrada para o cômodo, e havia uma tábua de madeira passando pelos aneis de metal.

Aquilo nunca poderia deter os selvagens.

Myranda e Mya estavam em um outro canto escuro, murmurando coisas uma pra outra. A bastarda com cheiro de mula usava uma cota de malha prateada e um justilho de couro fervido, com calções de lã grosseira. Tinha uma espada embainhada, e mais dois punhais, no seu cinto de couro curtido.

— Creio que deveria estar lá fora…

— Meu irmão não te quer lá — lembrou Myranda. — E eu levo mais fé em você do que os outros aqui para nos proteger caso o pior aconteça.

Haviam outros soldados no local, mas eram bem poucos. A maioria das pessoas eram apenas servos destreinados e apavorados. Uma jovem serva acabou por não se aguentar e quebrou em choro, e, logo depois dela, a maioria dos servos começou a chorar também. Até Ysilla começou a chorar.

Jeyne logo começou a chorar ao lado de Margaery. Esta lembrou de quando a Fortaleza Vermelha caiu e as forças de Aegon e Daenerys tomaram conta do lugar. Voltou a sentir o medo, o gelo a circular pelas veias e o coração errático.

Jeyne e os outros a chorar foram como as suas primas naquele dia: o olhar escuro e assustado, inchado e vermelho pelas lágrimas que percorriam pelo rosto.

Margaery sentiu que deveria fazer algo, acalmar Jeyne e as outras pessoas, assim como tentou acalmar as suas primas naquele dias… Mas não conseguiu. Não conseguia fazer nada, nada além de tremer de frio. Estava cansada e apavorada, não tanto pela situação onde estava, mas pelas memórias que voltavam a sua mente, lembrando de como estava com medo.

 Myranda, vendo todos se agitarem, suspirou e elevou a voz.

— Fiquem todos calmos, por favor — pediu ela. — Meu irmão, Sor Albar, está lá fora, lutando nas ameias, destruindo os nossos inimigos.

Isso não pareceu acalmar muito as pessoas, mas iniciou um murmúrio em alguns cantos.

Margaery fechou os olhos. Sua visão, assim como a dos outros, já estava acostumada à falta de luz, mas sentia as pálpebras cansadas e pesadas. Ajeitou-se em seu manto quente, desistindo de lutar contra o sono. Talvez assim seu coração parasse de bater tão fortemente.

O barulho lá fora só aumentava: o reverberar violento das batidas pesadas contra o portão, gritos selvagens abafados… Após um tempo, achou até ter ouvido um barulho estranho de água e gritos de vitória…

 

Acordou com um chacoalhar violento e sem modos, o que a assustou. Olhou para cima, para a figura que a acordava, e viu ser Mya.

— A batalha terminou, Milady — disse a bastarda.

Margaery fez uma careta, um pouco confusa pelo sono, sem entender o que a jovem queria lhe dizer de início.

Quando recordou-se da noite anterior, empertigou-se e olhou para Mya de forma mais surpresa, perdendo o sono.

— Ocorreu tudo bem? — indagou Margaery. — Sor Albar…

— Ele está bem — explicou Mya. — Os selvagens usaram uma imensa árvore para invadir o castelo, e usaram ela para tentar passar pelo espaço do fosso. — Deu de ombros. — Eles quase conseguiram, mas os arqueiros mandaram flechas neles. Sor Albar e os outros queriam usar azeite quente, mas estava tão frio que nem conseguiram esquentar.

Margaery assentiu e levantou-se, ainda abraçada ao manto.

— E depois? — perguntou, enquanto andavam para fora da li. O ambiente estava mais claro e as pessoas estavam se dirigindo a saída, que agora estava aberta, sem uma placa de tábua a bloqueando.

— Bem, os selvagens continuaram a usar o aríete, mas, talvez irritados com a espera, tentaram andar pelas águas congeladas do fosso e subir às ameias.

Margaery balançou a cabeça diante daquela estúpida ideia.

— O gelo pareceu aguentar bastante, apesar de ceder em alguns locais — Continuou Mya. — Mas Albar mandou jogarem pedras no chão, quebrando o gelo ou acertando o inimigo. Finalmente, quando todos os selvagens estavam nos cercando, acabou por ceder de vez embaixo deles.

Começaram a galgar os degraus e sair do armazém. Enquanto subiam, Mya disse:

— Sor Albar apenas nos deixou ficar o resto da noite escondidos porque o Clã continuou atacando e ele preferiu arriscar.

— Eles demoraram muito para desistir? — indagou Margaery, surpresa que aqueles brutos se provaram tão resistentes.

Mya assentiu, elas deixaram os degraus para trás e, agora, passavam por uma galeria vermelha, com tapeçarias velhas nas paredes. 

— Agora que obtiveram aço — explicou Mya —, estes bárbaros estão imparáveis. — Enquanto continuavam a caminhar pela galeria, com as botas de Mya ecoando pesadamente no ambiente, ela continuou: — As flechas… — A guerreira pareceu hesitar em continuar. — Quase acabaram, mas foram o bastante para manter o inimigo longe.

Margaery assentiu e arqueou as sobrancelhas. A situação do castelo se provava cada vez pior.

Myranda vai querer usar isso como motivo para sair daqui, pensou temerosa. 

— E onde está Sor Albar agora? — Quis saber Margaery.

— Lá fora, no pátio — revelou Mya, enquanto passavam pelo escuro salão do Forte Vermelho, com os servos os seguindo. — Está brigando com a irmã.

Ah, isso vai ser divertido…

 

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

 

O portão do castelo ainda permanecia em pé, mas era possível ver várias partes quebradas, causadas pelos impactos dos diversos aríetes improvisados dos clãs. Era bem visível que, caso o não tivesse desistido, todo o castelo estaria saqueado àquela altura.

Os irmãos Royce se encaravam no meio do pátio, cheio de lama e neve, com os soldados os observando. A esposa de Mychel, Ysilla Royce, estava perto deles, ouvindo e vendo tudo, mas exausta demais para tomar qualquer partido.

— Não pode querer sair daqui após todo esse ataque! — Crocitou Sor Albar, com o rosto vermelho de asco.

Myranda, apesar de descabelada e não tendo dormido a noite inteira, permanecia impassível, não temendo o olhar colérico do irmão mais novo, encarando-o.

— Nosso rei demanda nosso apoio — redarguiu a irmã, com as mãos na cintura. — Além do mais, este castelo está perdido! Eu vi o estoque de comida: está quase vazio, não vão aguentar muito tempo.

Sor Albar a olhou como se ela fosse louca e balançou a cabeça em discordância.

— Mas os selvagens…

—... Vão voltar logo — Myranda disse, com a voz cortante. — Acha mesmo que os assustou de vez? Logo, eles voltaram, e você e os outros soldados não vão poder fazer nada para impedi-los, e vão fazer a farra conosco!

Um murmurar se seguiu, todos cochichavam uns para os outros, apavorados pelas previsões de Myranda. Esta continuou:

— Mais vale nos arriscarmos até chegar a outros lordes vassalos e sair até as terras mais seguras e reunir mais pessoas. Os clãs terão mais gente para enfrentar e…

— Os clãs vão tomar este castelo se nós o abandonarmos, sua idiota! — gritou Albar, cuspindo. — E, pior, vão pegar os outros castelos que abandonarmos!

As vozes aumentaram. Os soldados começaram a sopesar os cabos das espadas, vendo que aquilo daria confusão. Mya foi até a colega a passos largos.

Irritada, Myranda respondeu:

— Mais vale eles tomarem este castelo vazio e sem suprimentos, do que cheio de comida e conosco!

O irmão permanecia impassível.

— Não! Vá você, e leve aqueles insanos como você para longe, mas eu e os outros ficaremos. — Concluiu: — Assim como a comida que temos.

Mya chegou ao lado da amiga. Esta, por sua vez, parecia perder a paciência com o irmão.

— Não seja tolo, irmão — disse ela —, são ordens do Rei do Norte. Ele…

— Aquele imbecil que se deitou com o inimigo e largou o Vale à própria sorte? Que grande rei este!

Myranda pareceu ficar incrédula com aquilo.

Aproveitando o momento, Margaery achou que era hora de agir.  Aproximou-se dos dois Royce.

Podia derrubar Myranda e usar Sor Albar; depois de tirar a irmã dele do poder, iria convencê-lo a ir para algum outro castelo mais bem protegido e guarnecido...

Ao sentir uma mão tocando o seu pulso, tentando detê-la, ela virou-se e viu Jeyne Poole.

A moça sem nariz meneou a cabeça, num apelo mudo de que Margaery ficasse de fora.

Irritada com a petulância daquela qualquer, Margaery franziu o cenho, puxou o braço e libertou-se da mão frágil de Jeyne Poole. Esta lhe dirigiu um olhar de desaprovação, mas Margaery apenas a ignorou e voltou-se para frente, deixando o manto cair no chão.

Jeyne Poole era uma ninguém. Não poderia detê-la. Ninguém podia.

— Eu sou o seu irmão mais velho! — bradou Sor Albar, e Margaery lembrou-se da conversa deles nos Portões Sangrentos. — Deve obedecer-me, Myranda!

A irmã deu um riso amargo, parecendo achar aquelas palavras absurdas.

— Obedecer? Obedecer a você?

Sor Albar assentiu, de forma agitada.

— Nunca! — Crocitou Myranda. Mya botou uma mão enluvada em seu ombro, como que para acalmá-la.

Margaery colocou a mão no ombro de Sor Albar, de forma suave. Ele estava fervendo de ódio, com o rosto e o pescoço vermelhos, os olhos arregalados e cerrando os dentes.

Perfeito! A vitória era dela!

— Chega, Randa! — ordenou Albar. — Estou farto de suas ordens, de sua frieza, impulsividade e extrema soberba! Você não passa de uma devassa! Não é uma surpresa nosso pai sempre a ver como uma vergonha!

Margaery viu Myranda cerrar a mão em punhos.

— Como se atreve? — indagou ela, entre dentes. — Eu sempre fiz tudo pelo bem da nossa família!

— Não, não, não… Foi pelo seu bem!

Margaery sorriu, vendo como todos que os circulavam estavam em silêncio. Por fim, achando que estava na hora de acabar com aquilo, disse:

— Lorde Albar defendeu a todos nós neste castelo ontem à noite. — Lembrou a todos, com altivez. — Myranda é uma mulher devassa que se entrega aos desejos básicos do corpo e pretende entregar todos nós a rainha dragão!

Margaery virou-se para encarar Myranda. A irmã de Albar a fitava com fúria palpável. Até sua respiração estava visivelmente tensa e entrecortada.

Viu Mya agarrar o cabo da espada pelo canto do olho. Sorriu. Aquela bastarda provavelmente seria morta defendendo aquela obesa miserável.

— Sua víbora — sibilou Myranda —, Sansa devia ter deixado você na Capital. — Respirou fundo, enchendo o peito, e, depois, liberou o ar. Virou-se para o irmão e disse: — E eu devia ter deixado você nas ruínas dos Portões da Lua!

O rosto de Albar era duro e frio. O vermelhão em seu rosto se esvaiu. Olhou para dois soldados do castelo e ordenou, com ferrea:

— Prendam-na. — Acenou para Myranda.

Ao ouvir aquilo, Mya Stone desembainhou a espada, fazendo o aço raspar no couro, e ficando em posição de defesa.

Logo, todos aqueles que ainda tinham espadas guardadas na bainha, retiraram-as, fazendo o som do aço raspando no couro ecoar várias vezes no pátio, de forma rápida, e assustando os servos desarmados.

Margaery não temeu; a bastarda de Robert Baratheon estava apenas se condenando. Logo, ela sabia, Mya estaria junto de seu pai.

Os dois guardas, os mesmos que Sor Albar mandou prender a irmã, apesar ter as espadas desembainhadas, pareceram ficar nervosos e titubearam, olhando para vários lugares. Seus olhos fitaram Ysilla Royce, a Lady do Castelo, que parecia mais nervosa do que eles.

Margaery deu um olhar penetrante para a mulher.

— Vamos, dê a ordem. — Sua voz era penetrante.

Ysilla, apesar de temerosa, assentou e disse, gaguejando, que eles deveriam obedecer.

Os dois guardas, e mais alguns outros, se aproximaram, de forma calma, de Mya e Myranda.

Myranda, sem parecer entender o perigo, empurrou Mya e foi até o irmão.

— Não seja um idiota! — ela ralhou. Apontou para Margaery com a mão. — Não vê que ela está apenas te usando? Ela sabe que Daenerys está furiosa com ela, quer apenas se salvar, nem que para isso, condene a todos.

Margaery deslizou a mão pelo braço de Albar e o olhou nos olhos.

— Oh, não acredite nela, meu doce salvador! — Margaery implorou, com a voz lamurienta. — Eu nunca faria algo assim! — Virou-se e encarou Randa. — Ela é apenas uma mexeriqueira que tem inveja de minha beleza e pureza! — Voltou a olhar para ele. Apertou o toque de sua mão. — Assim como ela o inveja por ser lorde e ela não!

E terminou:

— Oh, por favor, Sor, não deixe com que ela me entregue a tirana!

Sor Albar segurou sua mão, e pareceu se compadecer da falsa dor em suas palavras.

Randa revirou os olhos com a cena.

— Ah, pelos deuses, vai mesmo cair nessa? — indagou para o irmão.

O irmão voltou a fitá-la, encolerizado.

— A Rainha tem razão — declarou Albar, chamando Margaery pelo seu antigo título —, você, minha amarga irmã, é só uma moça má, que deixa levar-se pelos desejos sórdidos de uma mulher de baixa estirpe, e não vou deixá-la fazer mal a rainha.

Myranda parecia incrédula. Deu um passo para frente e disse:

— Seu imbecil, você vai…

Antes que ela pudesse terminar a praga que estava para fazer, Sor Albar deu um tapa em seu rosto, atingindo a bochecha rechonchuda da irmã com as costas da mão, revestida de cota de malha.

Myranda teve o rosto jogado para o lado, e todos no local soltaram sons de surpresa ao ver a cena. Margaery levou uma mão à boca, chocada com a reação de Sor Albar.

— Está na hora de aprender o seu lugar, irmã — Declarou Albar Royce.

Margaery olhou rapidamente para todos no pátio. Todos pareceram ficar transtornados com o ato de Lorde Royce para com a própria irmã. Não gostou daquilo.

Eles não lhe darão apoio, disse a si mesma, tentando se acalmar. Ela é devassa e mal vista.

Myranda levou uma mão até a bochecha atingida, agora totalmente escarlate. Ela olhou para o irmão, atordoada e chocada.

Mas o choque durou pouco.

Randa fechou os olhos, respirou e inspirou profundamente, abriu novamente os olhos e dirigiu-se a todos no pátio.

— Sor Donnel logo estará aqui em breve! — Ela exclamou, avisando a todos. — Eu mesma mandei um corvo para ele hoje mais cedo, e ele irá pegar todo o suprimento dele para se unir a mim e ir para o Tridente!

Os cavaleiros do Portão Sangrento que vieram com a comitiva de Myranda se entreolharam. O plano era que eles deveriam escoltá-la e voltar logo depois.

Margaery não gostou de ouvir aquilo. Myranda convencera mesmo Sor Ronnel? Mas como? Quando ela fez aquilo? Deve ter sido após a batalha ser ganha…

Sor Albar, vendo o que a irmã estava falando, disse:

— Sor Ronnel não me assusta! — disse Sor Albar. — Ele recusou-se a deixar o Portão Sangrento antes; mesmo que venha para te ajudar, não terá armas para cerco! Não pode tomar este castelo!

Myranda não vacilou:

— A rainha dragão uniu-se ao rei do Norte — ela anunciou. — Ela tem uma horda de selvagens e dragões terríveis, que destruíram sociedades inteiras em Essos. — Continuou: — Que chance nós temos, sendo que nem conseguiremos derrotar o próximo ataque do Clã?

A moça ficou quieta por um tempo, e Margaery percebeu, desesperada, que ela estava deixando aquilo que havia dito ser analisado pelas pessoas. Logo depois, voltou a falar:

— Logo, ela e o rei, após resolverem os problemas ao Sul, irão voltar-se para nós, para este castelo, e irão destruir aqueles que recusaram-se a dobrar o joelho.

Todos voltaram a cochichar uns para os outros, nervosos com a ideia da crueldade da rainha tirana — isso se sequer fossem sobreviver até lá.

Margaery olhou para Sor Albar. Até ele parecia estar titubeando e parecendo entender o raciocínio da irmã. 

Vendo a incompetência dele, Margaery o soltou e disse:

— Isto já está ridículo! — Fitou a Royce. — Lady Myranda, nós não iremos lhe seguir nesta jornada idiota! — Olhou para os soldados. — Andem logo! Prendam esta incompetente!

Um soldado — que não do lado oposto aos guardas de frente ao portão com quem Margaery falava, mas sim atrás dela e de Sor Albar — aproximou-se, prestes a obedecer a ordem dela. Segurava o cabo da espada desembainhada.

Mya, vendo o perigo, empurrou Myranda para trás de si e segurou o cabo da espada com as duas mãos, pronta para defender a sua regente.

Margaery sorriu, enquanto o homem passava ao lado de Sor Albar e erguia a espada…

…Mas seu sorriso morreu quando o homem atingiu a nuca de Sor Albar com o cabo da espada, fazendo-o desfalecer no chão.

Chocada, Margaery empalideceu, expulsou o ar dos pulmões, e levou uma mão até a boca. Com os olhos arregalados, olhou o corpo de Sor Albar. Havia um fio de sangue escorrendo pela testa.

Margaery olhou para o homem. Ele levava o símbolo Waynwood cozido no peito da sobrecasaca.

— Como se atreve? — ela indagou, quando finalmente conseguiu ter forças para falar algo.

O homem a olhou com indiferença.

— Não vamos arder por causa de dois idiotas.

Com o coração acelerado e com o corpo todo tremendo, quase caindo com os tremer dos joelhos, Margaery olhou para Myranda. Os olhos escuros desta a olhavam com fúria.

— Prendam-na, imediatamente! — Myranda ordenou, e os guardas foram rápidos em obedecer. — Prendam-na com grilhões! Acorrentem-na, e façam mesmo com o meu irmão!

Margaery se retraiu, mas, antes que pudesse fazer algo, o soldado que nocauteou Albar a pegou pelo braço e o torceu, fazendo-a dar um grunhido de dor. Ele torceu novamente, forçando-o contra as costas dela. A perna de Margaery foi chutada e seus joelhos esmoreceram, fazendo-a cair, ajoelhada, no chão. Seu algoz pegou seu outro braço e o torceu também.

Ela lembrou-se de Alla, e de como aquele Filho do Guerreiro a fez ficar daquele jeito.

Ignorando a dor excruciante (ou pelo menos tentando) Margaery olhou para cima, para Myranda. Mya e Jeyne estavam junto dela.

As três a olhavam com ódio.

— La-lady Myranda — gaguejou, sentindo os pulsos a doer pela torção e pressão do soldado —, eu… Nós temos…

— Cale a boca, piranha barata! — ordenou Myranda.

Sua voz de ferro fez Margaery se encolher mais de medo, apavorada com ela.

— Nós vamos para o Tridente — declarou. — Vamos levar você para enfrentar a justiça da rainha dragão, e eu vou garantir que ela e Sansa saibam tudo que você aprontou aqui hoje. — Terminou: — E é melhor torcer para que ela lhe dê de comer aos dragões, senão, eu mesma vou te devorar!

Antes que Margaery pudesse falar algo, alguém passou uma corda pela sua boca, apertando-a. Um movimento grosseiro a fez levantar-se, de forma brusca, e ela foi levada para longe, onde alguém iria colocar correntes nela. O corpo de Sor Albar era arrastado ao lado dela.

Quando Margaery se foi, Myranda olhou para Ysilla. A moça — que era também sua prima — estava retraída, provavelmente temendo ser presa também.

Myranda gesticulou com a mãe, ordenando que ela se aproximasse.

— Lady Myranda, eu… — A Lady de Redfort começou a dizer, com a voz mansa.

—... eu serei piedosa com você — disse. — Mas, lembre-se, não se volte contra mim outra vez, ou terá problemas. — Fez um gesto, mandando-a embora.

A mulher fez uma reverência e saiu a passos largos, assustada.

— E onde está o maldito meistre? — Quis saber Myranda, indagando com a voz alta, vasculhando o lugar em busca dele.

O pequeno meistre se apressou até ela.

— Ah — disse Myranda —, aí está você.

— As suas ordens, Milady…

— Antes tarde do que nunca, eu imagino?

O homem ruborizou e mexeu nos elos da corrente em volta de seu pescoço.

— Quer que… hãããã… ve-veja seu, seu rosto?

Myranda levantou uma sobrancelha.

— Ah, isto? — Apontou para a região vermelha. — Não, não é isso que me preocupa por agora. Quero que mande uma carta para o Portão Sangrento. Vou ditar a carta.

O meistre ficou um pouco surpreso com aquilo, mas assentiu e girou os calcanhares, indo até seus aposentos. Myranda, Mya e Jeyne foram logo atrás.

— Tem certeza que Sor Ronnel vem, Randa? — indagou Mya. — Ele não quis nos acompanhar até aqui, e disse que não deixaria o Portão…

— Isto foi antes de toda a sua escolta decidir me seguir para o Tridente e antes que eu lhe conte tudo o que ocorreu aqui hoje. — Virou-se para a amiga e passou um braço pelo dela, e fez o mesmo com Jeyne. — Sor Ronnel virá conosco. O Vale inteiro virá.


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