Instinto escrita por GevSama


Capítulo 3
Alma




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— MEGUMI! – Maki correu até a janela, por onde Megumi havia saído. Correndo até a janela, ela pode um potinho negro se movendo pelas ruas de Shibuya.

Com Sukuna a solta, maldições especiais por todo lado, Satoru Gojo selado e o quer que o pai de Megumi fosse, era de se esperar que o calouro mais sensato de Maki fosse entender que se separar só iria causar mais problemas. Assistindo ele sumir em Shibuya, Maki teve certeza que aquele calouro realmente não sabia se colocar em seu lugar.

— Ele já foi… Droga! — Maki passou a mão no cabelo, olhando ao redor e examinando os resultados da luta contra o polvo.

A arma dela havia quebrado, e Toji tinha levado a Nuvem Brincalhona. Ela estava desarmada e completamente indefesa contra espíritos amaldiçoados. Que vergonha!

— Naobito-san, seu braço está sangrando. É melhor que você e a Maki voltem para a Ieiri-san. – Nanami ajeitou seus óculos. – Eu vou continuar para o 5º andar do subsolo.

— Mas que vergonha, perdi logo um braço inteiro para uma maldição daquelas. Se o Megumi e o Toji não tivessem aparecido, estaria morto. – O velho levou a mão até o resto do braço que havia perdido. – Acho que tá na hora de me aposentar. Naoya não vai calar a boca sobre isso aqui.

Maki fez uma careta com a menção daquele nome

— Toji é pai do Megumi, não é? – Maki virou sua atenção para Naobito. – Como conhece ele?

— Ele era parte do clã. Deveria estar morto também, enterramos ele uns 11 anos atrás. – Velho apalpou seus bolsos, então suspirou dramaticamente. – Aquela maldição quebrou minha última garrafa de pinga, também.

— Naobito-san, não é hora para pensar em bebida alcoólica. – Nanami grunhiu, com uma veia pulsando em sua têmpora. – Eu vou continuar descendo. Por favor, não gastem muito tempo perambulando por Shibuya além do absolutamente necessário.

O feiticeiro loiro partiu em direção à escadaria. Maki assistiu ele continuar, contrariada de ser deixada sozinha novamente com aquele velho e ainda mais em ser retirada da missão. Entretanto, ao contrário de Megumi, ela ainda retinha alguma quantidade de bom senso e sabia que seria apenas um fardo para Nanami se tentasse acompanhá-lo. Portanto, Maki seguiu Naobito para fora do prédio sem reclamar.

— Ser jogada para fora de uma missão e se tornar inútil só por não ter mais armas com você é a razão pela qual você não serve como feiticeira, Maki. – Naobito comentou.  – E pelo andar da carruagem, as coisas só vão ficar mais intensas a partir de agora. 

— Tsc, ter uma técnica não te ajudou tanto lá trás, velho! Você mesmo disse que se o Toji não tivesse vindo, teria morrido, e aquele homem não tinha energia amaldiçoada. – Maki retrucou com agressividade.

Era também um fato imutável que Maki era dependente de ferramentas amaldiçoadas para exorcizar maldições. Mesmo que fisicamente ainda estivesse capaz de lutar, Maki não tinha como causar dano às maldições e portanto, tê-la em Shibuya era só ter outro alvo. Ela sabia de tudo isso, ainda assim, ter a ferida cutucada doía. 

— Você não é o Toji, graças aos céus. – O velho sorriu arrogantemente. – Ter pouca energia amaldiçoada e não ter nenhuma energia amaldiçoada é uma diferença tão grande quanto a distância entre o céu e a terra.

A restrição celestial que Maki tinha a havia abençoado com um corpo forte, mas em compensação, havia quase que secado sua energia amaldiçoada. Quando se levava isso em consideração, Maki não passava de uma humana normal. Toji não era um humano normal.

Os dois continuaram o caminho em silêncio para onde Ieiri estava - não era muito longe de onde eles haviam enfrentado Dagon. Ambos encontraram poucas maldições e para o vexame de Maki, ela teve que se esconder e ficar de fora enquanto Naobito, velho e sem braço, lidava com as maldições de classe baixa.

O sentimento de incapacidade apenas aumentou quando Naobito e ela, duas formigas caminhando por Shibuya, testemunharam Toji passando com Sukuna, ambos no ar, trocando golpes. Maki observou, com admiração e inveja. Os céus haviam restringido ambos Maki e Toji, com o mesmo tipo de restrição, mas a de Maki era um grau menor e por isso, essa força comparável a de um grau especial estava fora de alcance.

Não, ela não deveria pensar dessa forma. Se fosse para tirar alguma conclusão daquele vislumbre da batalha entre Sukuna e Toji, seria que mesmo para alguém como ela, era possível ser forte. Toji era a prova viva de que energia amaldiçoada não era uma necessidade para exorcizar maldições ou estar no topo. Ele era uma oportunidade para ela aprender mais e se melhorar. Naobito iria se arrepender de subestimá-la, apesar de maldições precisarem de ferramentas amaldiçoadas para serem feridos, o mesmo não era verdade para feiticeiros.

Maki um dia seria perfeitamente capaz de derrotar cada membro do Clã Zen’in com apenas os punhos.

Quando chegaram onde os feridos estavam sendo tratados, Ieiri foi rápida em atendê-los e usar sua energia reversa para regenerar o braço de Naobito. Maki foi colocada em um banquinho, depois de curada e declarada 100% pronta para retornar ao campo de batalha. Se ela tivesse uma ferramenta amaldiçoada.

O homem que Maki supunha ser o pai de Megumi surgiu na frente de Ieiri, queimado, cortado e cheio de hematomas, porém ainda de pé e carregando Megumi, que parecia mais cansado que ferido. Maki assistiu Ieiri atender ambos, com Toji deixando Megumi em uma das macas, enquanto Ieiri insistia que ela deveria examinar os ferimentos de Toji, que estava muito pior.

Com um sorriso charmoso, Toji aceitou ser curado e descaradamente começou a dar em cima de Ieiri.

— Você é bem detalhista, né doutora? Dá vontade de marcar uma consulta, para tratar de assuntos mais particulares.— Toji deu um sorriso de lado.

— Que sem vergonha. – Ieiri respondeu, indiferente enquanto terminava de restaurar o torso de Toji. – Não tem como reverter as cicatrizes. Fora isso, você deve estar novo. 

— Pelo menos meu rosto continua bonito. O meu moleque está bem?

Ieiri hesitou por um momento, olhando Toji de canto de olho. 

— Ele vai ficar bem, só precisa descansar. – Ela tirou um cigarro, levou a boca e o acendeu com um isqueiro, dando uma longa tragada. – Você deve ser Fushiguro Toji, então? Que estranho.

— Acho que fiquei bem famoso pra desconhecidos saberem meu nome.

— Você matou Amanai Riko e traumatizou meus dois melhores amigos, é difícil esquecer seu nome depois disso. – Ieiri deu outra tragada. – Inclusive, me lembro bem claramente do Satoru arrastando seu corpo de volta para o Colégio Jujutsu. Metade do s eu torso estava faltando.

Naobito, que estava deitado em uma das macas, levantou a cabeça. 

— Eu estou interessado nisso também, Toji. Eu tenho certeza que foi o seu corpo que enterramos.

— Hmm… Vocês ficam me perguntando isso, mas eu não faço ideia. Acordei e tinha uma velha me dando ordens, daí matei ela. Pensando agora, ela ficava me chamando de neto. 

— Uma técnica de reencarnação? – Naobito murmurou.

— Não acho que seja bem isso. Quando eu curei ele antes, notei algo estranho. O corpo dele parece ter reprimido e é difícil de notar, mas tem energia amaldiçoada fluindo dentro dele.

Toji levou a mão até o peito, então virou o rosto para encarar Megumi.

— Acho que é efeito do encantamento daquela velha. Lá trás, quando eu vi a maldição dos cortes, perdi o controle. – Toji deixou a mão cair de seu peito, agarrando a lâmina que Maki sabia ser de Megumi.

— Se fosse, a energia amaldiçoada teria desaparecido depois que a velha morreu. – O velho apontou para Toji. – Mas aparentemente a técnica dela ainda está fazendo efeito.

— Acho que eu sempre tenho que ser a excessão. – Toji levantou, girando a espada curta de Megumi em suas mãos. Agarrada ao moletom de Toji, estava uma rapineira com uma mão no pomo.

— Para onde você vai? – Naobito questionou.

— Acabei de pensar em algo bem ruim e por isso vou voltar lá pra dentro. 

Ele tinha duas armas amaldiçoadas. Uma a mais do que ele precisava. Maki se pôs de pé e foi rápida em agarrá-lo pelo moletom, com medo que desaparecesse de novo com aquela velocidade insana antes que ela pudesse pedir o que ela queria.

— Tsc, é a pirralha do Ogi. – Toji ergueu o braço pelo qual Maki havia agarrado o moletom, a erguendo do chão. 

— Meu nome é Maki! Não me assemelha com aquele merda! – Maki rangeu os dentes, mas não ousou soltar o moletom. – Eu preciso de uma das suas ferramentas amaldiçoadas. – Toji ergueu as sobrancelhas. – Por favor.

— Maki, uh? Sorte sua que eu sou bom lembrando o nome de mulher. Mas para o seu azar, eu não dou nada de graça, então larga meu braço.

— Esquece Maki, esse daí nasceu mesquinho. – O velho fez um gesto com a mão, sinalizando para que Toji fosse embora. – Não tem nada que você possa fazer lá dentro.

Toji a olhou por alguns segundos, antes de parecer dizer para si mesmo que não era problema dele e começar a chacoalhar o braço, para que Maki largasse. Naobito explodiu em risadas, o que apenas fez Maki se sentir ainda mais envergonhada.

— Garota, Maki, eu sei que tua vida deve ser uma bosta no Clã, mas não vá jogar ela fora agora.

— Se eu não  voltar lá para dentro, vou estar jogando minha vida fora! Eu preciso provar que sou forte o bastante, ou aquele velho ali atrás nunca vai me respeitar… Enquanto o Clã Zen’in me achar fraca, eu nunca vou avançar como feiticeira jujutsu, então eu preciso voltar lá para dentro e fazer alguma coisa!

— Toji, eu sei o que você está pensando, mas me escuta quando eu digo que ela não está pron– Naobito foi interrompido.

— Tá certo, segura na roupa que eu vou levar nós dois lá para dentro. Se ficar no meu caminho, eu te mato.

— Hã?

Toji desapareceu, enquanto Naobito se levantava para impedi-lo de levar Maki para a morte certa. O Chefe do Clã Zen’in deu um longo suspiro, começando a enrolar seu bigode em seu dedo. Do jeito que Maki estava, pode ser que Naobito tivesse que visitar dois caixões diferentes quando voltasse para casa.

Mais tarde, quando Utahime Iori havia chego com seus alunos, Mai inclusa, para lutarem em Shibuya, Naobito se perguntou se não seriam três.

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A velocidade de Toji era absurda. Maki mal conseguia respirar, quanto mais entender por onde ela estava passando. Toji havia a agarrado pelo colarinho em algum momento da viagem, ou Maki certamente teria largado o moletom e teria se tornado uma panqueca em alguma parte de Shibuya.

— MAKI! PARA ONDE ESTÃO AS MALDIÇÕES? – Toji gritou.

— NO METRÔ! 5º ANDAR! DO SUBSOLO! – Maki conseguiu responder, entre os pulos de Toji.

Toji parou em um prédio, acima da entrada para o Metrô. 

— Por que tem tantas maldições especiais em Shibuya?

— Foi o plano de um mestre de maldições, para selar Satoru Gojo.

— Hmm… E cadê o Seis Olhos?

— Selado.

— Porra, sério que conseguiram selar aquele monstro? – Toji virou a cabeça rapidamente para Maki, que apenas assentiu. – Então, devem ter usado aquilo… Achei que era um mito.

— O nosso objetivo principal é libertar o Gojo.

— Eu não vou mover um dedo para ajudar aquele merdinha. – Toji tocou o próprio torso. – Apesar de que o nome dele também é Fushiguro… Droga, odeio ficar devendo para os outros. Tem informação dos nossos inimigos?

— O mestre de maldições é Suguru Geto… 

O chão de Shibuya explodiu e uma massa esbranquiçada saiu para fora. Em cima do altar aquela massa havia formado, Maki pôde ver Itadori, Todo, Nanami e uma pessoa que Maki não reconhecia. Pela forma que estavam posicionados, Maki supunha que aquele era o inimigo. 

Nanami estava sentado, em uma das pernas. Todo bateu palmas e o trocou para longe da maldição de rosto costurado. 

— Toji, já temos relatórios daquela maldição. Ele transfigura almas, não deixe ele te tocar. – Maki se inclinou para arrancar a rapieira que estava agarrada a Toji. 

Toji não respondeu. Em retrospecto, Maki deveria ter desconfiado ali que algo estava errado. No entanto, ela teve pouco tempo para racionalizar quando Toji correu até a maldição de cara cortada, atirando Maki para derrubá-lo.

Todo bateu as palmas e trocou Maki por um dos polimorfos que Mahito havia gerado, cedo o suficiente para Maki ver qual seria o seu destino se ela tivesse atingido Mahito. A maldição de rosto costurado segurou o polimorfo, mas antes que pudesse transformá-lo em qualquer outra coisa, Toji usou a espada de Megumi para cortar o polimorfo e Mahito.

A parte de cima de Mahito saiu voando e assim que tocou o chão, criou pés pequenininhos e começou a correr em volta dos feiticeiros. 

— HAHAHAHAHAHA! Isso não funciona em mim, feiticeiro! – Mahito zombou.

Toji tinha os olhos enegrecidos e um grande sorriso no rosto. Ele estava daquele jeito de novo, vidrado apenas em Mahito. 

Um dos transmorfos atingiu Todo, o atirando para longe. Maki, com sua agilidade natural, conseguiu desviar dos golpes mirados nela, atacando o transmorfo que havia vindo atrás dela. Itadori aproveitou que Toji estava focando em Mahito para atacá-lo também e ao contrário de Toji, seus ataques eram muito efetivos.

— Maki! Tio! Por favor, não deixem ele tocar em vocês! O Nanami perdeu uma das pernas por isso, e a Kugisaki… Eu não posso deixar que tenha sido em vão, então me ajudem a matá-lo.

— O que aconteceu com a Nobara?! – Maki perguntou, enquanto acaba com aquele Polimorfo que Mahito havia mandando atrás dela.

O polimorfo havia sido mais simples que o esperado de matar. Todo retornou logo, também, e as aberturas que Toji criava com seus ataques inefetivos criavam oportunidades perfeitas para Itadori. 

— Quatro contra um… É covardia, sabiam? – Mahito reclamou, enquanto fazia o seu melhor para sobreviver à Toji e Itadori.

Quando Maki e Todo começaram a se aproximar para se juntar a briga, Mahito arrancou o próprio olhos e atirou para longe. O olho foi formando outro Mahito, enquanto o corpo original se esforçava para continuar sendo o alvo de Itadori e Toji.

O novo Mahito, recém-formado, tocou no chão e várias bocas cheias de dentes surgiram, avançando para destroçar os 4. Todos desviaram facilmente, com Itadori e Toji tomando a frente para chegar em Mahito novamente.

Mahito já sabia que eles estavam vindo. Ele não conseguia acompanhar a velocidade daquele homem estranho, sem energia amaldiçoada, e enquanto ele estivesse ali, Mahito não conseguiria usar nenhum ataque ou técnica nos outros. Por isso, ele tinha que morrer primeiro.

Sem conseguir acompanhar ele, Mahito não conseguia tocá-lo. Por isso, Mahito tinha que controlar por onde ele iria vir e tocá-lo sem vê-lo antes. Lógico, o plano poderia sair pela culatra e Mahito poderia acabar tocando Itadori, mas era melhor do que ser espancado até não sobrar nada dele.

Maki viu acontecer de longe, quase em câmera lenta. Ela, assim como os outros, conseguiu desviar facilmente das bocas. Ela levantou a cabeça para olhar na direção de Mahito e planejar seu próximo movimento no exato momento que a palma de Mahito conectou com o peito de Toji.


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