A Guarda Avançada escrita por Giovanna Luiza


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Já tinha postado essa história aqui anteriormente, mas por motivos pessoais, tive que pausar. Agora, estou a retomando, dessa vez reescrita e com mais consistência.
É importante salientar que A Guarda Avançada é uma história focada em Bill Weasley e neste ponto da história, estamos um pouco antes do começo do quinto livro da saga. Apesar de focado em histórias de personagens secundários que não alterarão muito os acontecimentos principais da saga, algumas modificações serão feitas.
Espero que gostem!



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16/07/1995

Houve um tempo não muito distante em que Bill Weasley consideraria o verão do Egito simplesmente insuportável, mas agora já estava tão acostumado que era rotineiro, quase agradável. Em 1989, não acreditaria se alguém lhe dissesse aquilo - afinal, demorou um pouco para entender que não usar bermudas e regatas era mais do que uma questão de não ser mal-visto pelos muggles do vilarejo onde estava localizado os alojamentos dos Desfazedores de Feitiços do Gringotts. E por mais que as longas vestes tradicionais da região fossem um choque para maioria de seus colegas vindos de países como Estados Unidos, Brasil ou México, para ele lembrava muito as roupas de seus pais.

É claro, o tecido era muito mais fresco e as cores muito menos vibrantes, embora fossem consideravelmente surradas e constantemente sujas pela areia dos desertos em que se embrenhava. Fred e George fizeram questão de zombar daquilo em 1993, durante sua visita, bem como de sua ghutra, o tradicional pano da cabeça que os homens costumavam usar na região e que já haviam se tornado parte de seu guarda-roupa. O Egito era uma vida à parte para Bill, e não conseguia evitar pensar em quanto sentiria falta de tudo aquilo enquanto arrumava suas malas.

Não era nem uma questão das roupas - afinal, no inverno e nos momentos de descontração com seus colegas ocidentais, era comum o ver com suas calças surradas, camisetas de banda e coturnos de couro de dragão, agora todos devidamente dobrados e guardados em sua mala. É que foi ironicamente em um país que os muggles julgavam tão conservador que pode ser livre pela primeira vez. No Egito, não era o primeiro filho que teve que crescer antes do tempo para ajudar seus pais a criarem seus irmãos mais novos, não tinha a responsabilidade de ser um grande exemplo para ninguém. Lá, era simplesmente o Bill. Foi no Egito que teve suas primeiras bebedeiras, que perdeu sua virgindade, que teve suas primeiras atitudes irresponsáveis.

— Eu realmente não consigo te imaginar trabalhando no escritório. — a voz de Auguste Dubois lhe tirou de seus pensamentos. — Quero dizer, não faz muito tempo que dizia que preferia morrer soterrado em escaravelhos, mon amie.

Bill revirou os olhos, tentando não corar. Realmente, suas palavras depunham contra si, mas quando disse aquela frase, morrer soterrado em escaravelhos não implicaria em deixar sua família sem seu apoio durante um dos momentos mais críticos da história bruxa recente. E embora não conseguisse mentir para Auguste, também não poderia explicar a verdade. Quer dizer, não poderia simplesmente falar: “na verdade, estou saindo daqui para me juntar a uma ordem secreta para participar de uma guerra que meu governo se nega a admitir que está acontecendo”.

— As pessoas mudam, Guste. — deu de ombros, tentando passar uma confiança maior do que sentia, desviando seus olhos castanhos claros para que a mentira não ficasse tão evidente. — Acho que já está na hora de eu voltar para minha família, sabe. Meus pais já não são mais tão jovens, meus irmãos estão dando muito trabalho… Além disso, o salário é maior.

Não que aquilo fizesse muita diferença, no final das contas. Parte considerável de seu salário já era depositada diretamente na conta de Arthur e Molly, apesar de seus diversos protestos - conseguiu convencê-los a encarar aquilo como um presente para seus irmãos. Realmente, não era muito, mas já ajudava. Quanto à ele, já estava acostumado a viver com o mínimo e a ideia de ter mais do que o estritamente necessário sempre o deixou desconfortável. Ainda assim, um pouco de ouro a mais não seria algo ruim, ainda mais quando se lembrava da reação de Ron ao receber suas vestes a rigor.

— Você acha que eu sou idiota? — Auguste estreitou os olhos, cruzando os braços.

— Eu jamais pensaria…

— Então pare de mentir para mim, William Weasley.

Ouvir o seu nome naquela voz carregada de sotaque francês e desaprovação fez Bill levantar o olhar, seu estômago se embrulhando como se fosse uma criança sendo pega durante uma travessura. Somente o velho Dubois tinha o dom de fazê-lo se sentir daquele modo.

No começo, os dois se odiavam. Foi seu primeiro e único colega de alojamento, e não possuíam uma língua em comum a princípio. Conversavam apenas durante suas incursões a trabalho e com a ajuda do Feitiço Tradutor. Sabia pouco sobre Auguste Dubois: era um homem de trinta e sete anos na época, vestia-se de forma pomposa e colorida que se destacava em sua pele escura como ébano, era expansivo e adorava quebrar todas as leis muggles da Sharia que conseguia, dando muito lucro aos bares clandestinos do Cairo.

Não demorou muito para que se aproximassem quando descobriram que compartilhavam o senso de aventura, a curiosidade e os mesmos princípios éticos. Foi quando começou a aprender francês, e descobriu que Auguste já sabia falar inglês. Na verdade, estava errado na maior parte de suas primeiras impressões. Aquele homem se tornou um segundo pai para Bill, se provou muito mais responsável do que demonstrava e já havia levado inúmeras broncas deles - todas ouvidas com a cabeça baixa, porque sempre foram merecidas.

— Je suis désolé. — o ruivo murmurou um pedido de desculpas envergonhado, sem saber o que falar.

— Sua volta à Inglaterra tem alguma coisa a ver com o que aconteceu na terceira tarefa do Torneio Tribruxo? — Auguste questionou de forma calma e incisiva, encostando-se na parede mais próxima com o olhar sério.

Por um momento, esqueceu-se que Auguste tinha uma filha em Beauxbatons, Marie-Therese Dubois, que por acaso também tinha estado em Hogwarts no último ano letivo.

— É complicado, Guste. — Bill suspirou após alguns momentos de hesitação, decidindo ser o mais sincero que podia. — Mas sim.

— Bem, se quer minha opinião, esse Dumbledore está longe de ser o louco que estão dizendo. — a voz de Auguste era muito baixa, mas a segunda parte aqueceu seu coração, o lembrando porque tinha acertado tanto na escolha de seu melhor amigo. — Não vou ficar parado enquanto isso acontece. Se precisar de mim, me chame.

— Talvez eu precise mesmo. — Bill murmurou, embora não fizesse ideia de como iria convencer Dumbledore a deslocar o francês.

De qualquer forma, aquele foi um pequeno baque. Não estavam mais falando sobre uma missão para o Gringotts. Era um membro da Ordem da Fênix agora, e precisava coordenar pessoas para uma guerra - e sabia muito bem que não eram todos que sairiam vivos.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar manter as atualizações da história com certa frequência. Espero que estejam gostando, deixem suas opiniões nos comentários!



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