Samsara - Loop Aeternus escrita por Casty Maat


Capítulo 3
02




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Já se passou um ano e meio que iniciei a Academia. Durante esse tempo, Aslan não deu sinais de mais sentimentos abafados de Kaveh, Cyno e eu mantivemos contato por celular até a formatura dele em Amun e ele se mudar para cá. Ainda durante aquela semana dois eventos da Academia, aconteceu de Aslan e Cyno se conhecerem e criarem uma amizade, assim como nós quatro formamos em nossas vidas anteriores.

 

Algumas vezes eu descia a mansão em busca de alguns conselhos ou em busca de registros sobre Mehrak que por ventura tivesse ficado na Irminsul, já que o mesmo tinha sido levemente danificado quando Kaveh pereceu e mantido parcialmente com a visão dele, Mehrak ficou dormente por esses séculos.

 

Óbvio que eu não tinha o mesmo brilhantismo de meu antigo colega de quarto com mecânica, mas estava disposto a consertar e melhorar Mehrak com as tecnologias atuais. 

 

A primeira coisa que fiz foi programar e investigar como fazer um backup em meu notebook. Demorou uns meses, mas consegui fazer a antiga tecnologia e a atual conversarem. Haviam muitos dados de trabalhos inacabados de Kaveh, gravações de sons e vídeos, o que me surpreendeu já que muitos eram meus. Eu tinha alguma noção que o que sentíamos era recíproco, mas nunca conseguimos transmitir em palavras. Nesse dia eu não pude manter minha guarda e chorei em silêncio.

 

Ouvi os bips tristes de Mehrak, talvez querendo me consolar e eu apenas agradeci por ter guardado esses dados e eu poder ver.

 

A segunda coisa foi conseguir criar um jeito para Mehrak se comunicar, ainda que parcialmente. E conectado rusticamente a um programa, suas palavras antes bips melódicos, foram lidas por mim na tela do meu computador. 

 

Cyno por celular e Mehrak através do programa foram minhas primeiras companhias na longa jornada onde eu não podia ser eu.

 

Quando o ano escolar mudou e Cyno/Aziz e Aslan vieram para ficar, passamos a andar em trio. Mesmo em cursos e departamentos diferentes, os intervalos eram sempre juntos. Assim que cada um alcançou a maioridade, íamos a algum bar e bebíamos.

 

Aslan não tinha o mesmo ímpeto alcoólico de sua vida passada, talvez pela vida mais gentil que tivera, mas seu nível de resistência era equivalente.

 

Foi no terceiro mês após o início de nossa nova etapa estudantil que Cyno reencontrou Tighnari. Antes, ele viu de relance dentro do ônibus, ainda sendo um colegial em Amun, mas agora ele sabia exatamente onde encontrar.

 

Fomos os três, ainda que Aslan não tivesse noção real do que eu e nosso colega estávamos realmente fazendo. Para ele era só um passeio porque Aziz achou uma floricultura curiosa.

 

Tighnari estava trabalhando numa floricultura, ou assim parecia. Com exceção da ausência das orelhas e cauda, ele tinha o mesmo porte físico franzino, olhos bicolores, mas o cabelo era mais curto e era completamente humano.

 

Ele cuidava com carinho das flores e recebeu nós três com um sorriso.

 

— Boa tarde, senhores clientes. Desejam alguma flor em específico? Um buquê?

 

— Ah, viemos apenas conhecer. Nosso amigo é de Amun e flores variadas assim não é muito comum.

 

— Oh, uma pessoa de Amun! Uma pessoa de Amun! - ele respondeu animado. - não é tão comum de ver.

 

A forma quase infantil que Tighnari respondia me deixava intrigado. Ele não parecia se lembrar, assim como Aslan, mas também parecia haver alguma limitação estranha.

 

— Musa, querido, não disse que quando chegasse clientes deveria me chamar? - uma mulher apareceu logo atrás, muito parecida com Tighnari, ou melhor, Musa. - Boa tarde, meu filho não fez nada de estranho?

 

— De forma alguma, fomos muito bem atendidos. - respondeu Aslan de forma gentil. - Não se preocupe.

 

A mulher pediu que Musa fosse cuidar de algumas plantas do estoque e assim que ele se retirou, uma expressão cansada se fez presente.

 

— Musa é uma pessoal especial, entende? Sua cabeça estará sempre presa a infância, mesmo tendo uma idade que o permitiria estar na Academia. - se desculpou a mulher. - mas ele ama tanto as flores que tirar dele ficar na loja é um pecado.

 

— Está tudo bem, acho que bem orientado seu filho seria um bom atendente. - respondi.

 

Cyno permanecia em um silêncio sepulcral. Por fim deu um longo suspiro.

 

— Acho que já vi bastante flores. Como ficarei muito tempo, poderei conhecer todas com calma. 

 

— Hã? Aziz…? - Aslan notou o amunita saindo e se desculpando foi atrás do nosso amigo.

 

Restou apenas eu ali.

 

— Bom, desculpa tomar o seu tempo…

 

— Oh, acho que entendi. Seu amigo estava interessado em meu Musa e deve ter sido um balde de água fria saber que ele nunca poderia corresponder, né?

 

Olhei aquela mulher surpreso com a resposta.

 

— Eu não sou boba ou conservadora, sei que meu filho é lindo e muitas moças e moços gostariam de ter seu coração. Só lamento que ele nunca poderá viver um amor, como eu e meu marido. - E complementando desanimada. - ao menos como era no começo antes dele ser político e se tornar o vice prefeito…

 

Um arrepio pela espinha. Tighnari nascera de novo dentro de seu próprio sangue! A senhora logo desconversou, me entregou seu cartão e nos despedimos.

 

Voltamos os três para a Academia. A nova localização era uma região plana, bastante arbórea. Não era incomum ficarmos no bosque, conversando.

Aslan foi buscar lanche, enquanto conversava com Cyno.

 

— Hah… - ele suspirou - mas que droga! Isso é injusto!

 

— Ele é descendente dele mesmo. Isso me faz pensar se eu não tenho alguma ligação perdida de sangue com meu próprio eu…

 

— O que? Você chegou a transar com alguma…

 

— Não, não. Mas eu não conhecia nada além de minha avó, nada impede de ter alguma ramificação longínqua que sobreviveu a guerra até chegar a Zahid… Só alma não seria o suficiente pra justificar termos a mesma aparência, certo?

 

— Pretende perguntar isso a Nahida?

 

— Talvez.

 

Um pequeno silêncio.

 

— Precisamos treinar juntos algum dia. - ele quebrou o silêncio.

 

— Sim. O mau pressentimento nunca me deixou desde aquele dia. - respondi.

 

— Nem a mim.

 

Paramos ao avistar Aslan com sacolas. Era o momento de voltar ao semi teatro de antes.

 

===========

 

— Nenhum alógene?

 

— Nenhum.

 

— Faz décadas desde o último que capturamos e exterminamos! Não é possível que tenha desaparecido e não ter um novo! O último foi uma garotinha de cabelos verdes.

 

— Senhora, assim que encontrarmos um, iremos eliminar, não se preocupe.

 

— Continue assim e você terá muito a ganhar! Todos vocês, nossos aliados por toda Teyvat. Assim terão prosperidade para suas nações.

 

A reunião numa clareira com diversos líderes e uma entidade. Eles não sabiam que um par de olhos bicolores os observava e ouvia. Musa logo se retirou dali.

 

Ao longe, além mar, na nação insular de Inazuma, um homem de meia idade, cabelos claros como palha presos num rabo alto, olhos vermelhos e barba caminhava a passos apressados, fazendo seus trajes típicos tremular nervosamente.

 

Outrora livre em outra vida, nesta era de humanos se tornou uma das lideranças do triunvirato que governava Inazuma.

 

Naoto Fuumoto, nome por quem atende hoje, abre por fim a porta final do corredor.

 

Diversos cabos por todo o cômodo, a um canto uma impressora matricial e seu ruído irritante não parava de imprimir as previsões. Ao centro, a marionete semi destruída do que um dia foi o receptáculo divino da arconte electro agora nada mais era que um super computador de previsões.

 

— Lorde Fuumoto. Veja, por favor!

 

Um dos trabalhadores do local repassou os papéis saído há alguns minutos. Naoto lia com severidade.

 

— Reúna os retornados, devemos nos dirigir a Mansão do Passado. Os que desejam enfrentar a crise e estão sem suas visões devem pegar. Se os dados aqui presentes for real, teremos uma crise global em até meio ano.

 

— C-crise global?!

 

Naoto olhou para o corredor, pesaroso.

 

— Uma nova grande guerra.

 

==========

 

Alhaitam estava saindo com a mochila nas costas. Dentro da mesma haviam alguns materiais e também Mehrak. Iria passar a noite no apartamento onde Aslan estava, no mesmo andar aliás do apartamento de Cyno.

 

Havia um acordo mútuo entre o rapaz e a maleta que enquanto (e se) Kaveh não retornasse, Mehrak precisaria parecer uma maleta customizada, mas comum. Foi explicado toda a situação de Aslan/Kaveh e a criaturinha aceitou, como forma de poder ver seu antigo mestre. Era óbvio que não era como a maleta desejava, mas era melhor que saber que ele estava vivo e não saber como.

 

— Sair de novo?

 

Alhaitam parou ao ouvir seu pai, assistindo o noticiário.

 

— Sim. Algum problema que eu estude e passe a noite na casa de um amigo?

 

— Não acha que está muito na casa daquele… garoto estranho de Espoir?

 

Alhaitam franziu o cenho. O tom que o homem dera não foi dos melhores, aliás, foi bem sugestivo.

 

— Eu não entendo. Passaram anos desejando que eu fizesse um amigo. Agora o tenho e começam a tratar a situação como estranha.

 

— Ora, Zahid! Você entendeu bem o que eu disse.

 

— Sim, eu entendi muito bem o que disse. E isso é estúpido.

 

— Devia estar atrás de alguma garota e continuar a linhagem dessa família!

 

O mais velho estava irritado, porém um arrepio correu sua espinha diante do olhar gélido que o filho lançara. Era como se estivesse diante de um predador e, mas sabia ele, era uma boa dedução. 

 

— Eu acabei de fazer 18 anos. Minha preocupação é formar laços de amizade e estudar. Não se meus genes devem ou não serem passados. - ele deu as costas, abrindo a porta. - Além do mais, eu me recuso a ouvir tamanho disparate e preconceitos velados.

 

— Só não quero que se desvie de um bom caminh-

 

— Bom caminho, pai? - o grisalho riu irônico. - Se o bom caminho me faz separar as pessoas por como elas amam, então eu prefiro o mau caminho. 

 

E saiu, sem qualquer abertura para continuar aquela conversa desagradável. 

 

Ele pegou a bicicleta e pedalou até o prédio, logo chegando a moradia do loiro. Subiu ao apartamento e foi recepcionado por um sorridente e animado Aslan… que deixou o sorriso desvanecer ao ver o clima que o grisalho estava.

 

Aslan o puxou para dentro com um abraço forte.

 

— Ei, ei… Eu não sei o que houve, mas tá tudo bem e tudo ficará bem.

 

Alhaitam fechou os olhos, respirando fundo e se acalmando. Desde o episódio do treino, ambos se acostumaram a trocarem abraços sem ressalvas. Era o único momento que ele se permitia abaixar a guarda e se mostrar mais frágil àquele que amava. 

 

— Só estou cansado de estar lá e ouvir bobagens.

 

— Bobagens?

 

— Preconceitos estúpidos. 

 

— Oh…

 

Sim, Aslan pescou rapidamente. Uma única vez viu os parentes do amigo e a forma que foi olhado era um olhar que ele conhecia bem. 

 

— Bem, porque não vem morar aqui?

 

— Ainda não arrumei um estágio ou um trabalho de meio período, não seria justo ser uma completa despesa.

 

A ironia do destino era Kaveh ter um teto e agora ele precisar de um para não ouvir bobagens de sua família.

 

— Só não quero que fique sendo machucado por me defender e estrague sua relação com eles por minha causa. 

 

O olhar de ambos estava conectados, para logo o maior desviar como sempre fazia quando queria fugir. Um hábito que em poucos meses de convivência direta, Aslan já havia percebido e resolvia, segurando o rosto de Alhaitam e o fazendo continuar a olhar para ele.

 

— Traga suas coisas. Por favor. 

 

— Eu…

 

— Traga. 

 

Pela primeira vez desde essa nova convivência, por algum instinto, as mãos do grisalho tocaram o rosto do loiro com carinho, deixando-o surpreso. A textura mais áspera dos treinos era perceptível, mas incrivelmente aconchegante.

 

— Tudo bem, você venceu.  - suspirou, derrotado.

 

Nunca houve nenhuma declaração aberta, mas trocas de abraço ou alguns toques carinhosos se tornaram parte das rotina. 

 

— Aslan…

 

— Hm?

 

— Mas antes disso… eu… preciso…

 

Abaixou o olhar, se escondendo em seguida. Ele tinha medo de Kaveh retornar e tudo ser desfeito pelo loiro não perdoar de esconder algo dele. Mas a cada dia o Alhaitam egoísta vencia a batalha interna sobre seus sentimentos. Ele abraçou forte o loiro, o corpo tenso.

 

Aslan tinha os pensamentos a mil. Havia uma conexão muito forte ali, desde o primeiro segundo que o viu ao longe. O aninhou nos braços.

 

— Esteja comigo, sempre. Por favor…

 

— I… isso é algum tipo de… declaração romântica…?

 

Um silêncio, mas ao checar as orelhas coradas o loiro sabia a resposta.

 

— Eu não vou te deixar. Nunca…

 

"Nunca mais" foi o pensamento que passou sorrateiro na mente e o fez arrepiar. Mas ele não queria quebrar o clima.

 

Ver o tão distante e desajeitado com algumas sociabilidades Zahid era divertido. Fofo. E o deixava mais apaixonado.

 

Se soltaram parcialmente apenas para se olharem.

 

— Então não ouse partir… 

 

Na cabeça de Alhaitam, Aslan não tinha noção do peso das palavras da declaração desajeitada. Mas de algum modo, pelo pesadelo que tivera no ano anterior, ele sabia o peso daquilo. Se aquilo foi algo de outra existência, de outra vida, ele não se permitiria morrer e deixar a pessoa que amava pra trás.

 

— Eu não sei o que fazer agora.

 

— Nunca beijou antes?

 

O loiro riu. E na cabeça do mais alto ele se lembrou que não houve tempo para eles então nem assim ele sabia. No máximo teoria de livros e filmes.

 

— Certo, certo… então eu vou ter a honra de ter o primeiro beijo do meu querido Zahid?

 

— De todos… todos os beijos.

 

— Sim, todos.

 

E segurando o rosto do grisalho, Aslan tomou a iniciativa, começando o beijo, com toda calma. Com a confiança de alguns minutos, Zahid o abraçou forte, puxando para si e deixando os corpos juntos. 

 

— Me diga, veterano… como fui?

 

— Haha! Parece que é um expert!

 

— Se for para você, então eu serei o melhor.

 

— Você já o é. Pra mim você é o melhor.

 

E voltaram a se beijar novamente. Com mais cumplicidade, com mais desenvoltura. E naquele momento não havia identidade ou memórias, amarguras ou luto, apenas um casal feliz por seus sentimentos serem recíprocos. Nada mais, nada menos.

 

Daquele dia em diante pouco a pouco Alhaitam levava suas coisas até enfim sair de casa, sob protestos de seus pais. Mesmo os amando, não seria bom estragar os laços, como bem pontuou Aslan, assim como esse lado egoísta que não pôde viver os sentimentos na outra vida queria estar junto dele de novo.

 

===============

 

Já havia se passado 4 meses desde que passou a dividir o apartamento com Zahid. E fazia alguns dias que soubera mais ou menos por onde era a trilha que levava a uma antiga ruína de um palácio na floresta. Como estudante de arquitetura, ele queria ver a consternado que o encantava desde que virá a fotografia, quando ainda era um estudante de Espoir.

 

Tinha pensado em pedir que Zahid e Aziz me acompanhassem, mas naquele dia eles tinham seus compromissos, então ficou em silêncio sobre e optou por ir seguindo o gps.

 

O que o loiro não imaginava era que os seus amigos estavam treinando, não tão longe da trilha e que mesmo sendo até que bem frequentada, ainda era a floresta tropical de Sumeru e seus perigos nunca de fato sumiram… mesmo com as modernidades.

 

Aslan não tinha ideia que sua obsessão pelo local sem nome era seu subconsciente, orgulhoso e nostálgico, desejando ver sua magnum opus de novo. 

 

Vestiu-se com boas roupas para trilhas, mochila com snacks e suco, uma câmera fotográfica. Mesmo que seu objetivo fosse fotografar o prédio, ele dedicou alguns clicks a natureza exuberante. 

 

Por estar distraído, não notou que era seguido de perto por um carcal faminto. Tampouco ao som de armas se chocando numa clareira levemente afastada da trilha.

 

Ele só pôde morar quando mirou sua câmera em outra direção e o foco do aparelho fez o zoom mostrar a fera. Porém antes de ter qualquer reação, a fera saltou sobre o loiro, o desequilibrando. O som do grito assustado fez Alhaitam e Cyno pararem e procurarem pelo som.

 

O grisalho congelou ao ver o namorado ali, semi consciente e encurralado. Não pensou e só reagiu usando sua visão, lançando dois pequenos espelhos de dendro contra a fera. Isso afastou e desestabilizou o animal, ganhando tempo para que o mesmo atacasse com uma luta direta.

 

Aos olhos de Aslan, um vulto de preto que seguiu os feixes verdes, segurando uma espada de empunhadura dupla era tudo que conseguiu captar. E por algum motivo, o sonho que tivera ainda no hotel, no ano anterior, lhe veio a mente.

 

"Ei, eu estou vivo… não precisa se desesperar assim… eu estou vivo…"

 

Sentia o sono se abater, antes de mais um último pensamento vir.

 

"Eu estou vivo… Alhaitam…"

 

=============

 

Alhaitam e Cyno notaram que Aslan só havia desmaiado de estresse, adrenalina. Por dedução e por não saberem o porque ou como o loiro estaria ali, cogitaram que ele estava indo ver as ruínas preservadas de Alcarzazay.

 

O treino foi definitivamente interrompido, e estando a alguma distância, optaram por ir a ruína, ficar sob uma cobertura ao verem nuvens escuras se aproximando.

 

Para Alhaitam aqueles minutos pareceram congelar seu sangue e reviver a batalha onde perdeu Kaveh. 

 

Sob o teto da obra prima de seu amor, os três ficaram enquanto a chuva caía. Aslan, nos braços do grisalho, aninhado com cuidado.

 

Cyno não ousou falar com o amigo, não até o terceiro acordar e tranquilizar o mais alto.

 

Enquanto isso, dentro da mente adormecida, Aslan se viu no completo breu, ainda que pudesse enxergar sua mão. Ele pensou se assim seria a morte, mas ouviu passos atrás de si.

 

Ele se virou e reconheceu a roupa que aquela figura parecida consigo vestia, as roupas que ele sonhou no cadáver. A figura a sua frente não parecia o boneco inanimado sem vida do sonho e sim uma figura de pé, desperta, o olhando com culpa. Culpa? Porque culpa?

 

— Você… quem é você?

 

— Você. Exatamente você. E assim como pensa, também sou a pessoa que você viu no sonho. - um sorriso triste, tentando se passar por confiante.

 

— O que era aquele sonho?

 

— O que… a Lorde Menor Kusanali te mostrou do que houve assim que morri… morremos… o máximo que ela pode interferir.

 

Aslan ficou confuso. Não existiam mais deuses, mas sabia que esse era o título da arconte dendro. 

 

— Eu… não queria vir até você, não queria te fazer lembrar… Eu fui alguém tão… tão idiota e com tantos ressentimentos sobre eu mesmo. Sua vida, era tudo que eu queria que minha vida fosse… tão leve, com os pais, com a pessoa que ama e está… até mesmo buscando o mesmo sonho. 

 

— Então você… é minha vida passada…?

 

— Isso. Nesse tempo, nós éramos Kaveh, o arquiteto gênio, a luz do Ksharewar, o criador do do Palácio de Alcarzazay… ah, sim, não somos mais creditado nesse último, que desgraça!

 

Aslan ficou olhando sem entender, piscando confuso. Até algo se iluminar.

 

Primeiro que o nome Kaveh estava no monumento dos heróis. Segundo, um palácio sem créditos, era a ruína que ele estava buscando.

 

Clic! As peças estavam se encaixando. Sua obsessão pelo misterioso lugar, os sonhos, o desejo em ver o monumento. Será que…

 

— Ah, seu colega de residência? Oh, acertou de novo. Que ironia, dessa vez ele é o abrigado. - Kaveh cruzou os braços. - está até mais brando, que estranho. Será que Alhaitam não se lembra…?

 

— Ah… esse nome… também está no monumento…

 

— … não, mas eu definitivamente vi antes desse Aslan desmaiar… era os espelhos dele…

 

Aslan via o otto perdido em seus pensamentos, pigarreou.

 

Kaveh olhou seu eu atual.

 

— É… definitivamente não importa as eras, eu e ele sempre vamos ter um laço. Aslan… você certamente vai ter todas as respostas se ter minhas memórias, mas… eu parti com muitas dores, dúvidas e ressentimentos. Sua vida feliz talvez desmorone. 

 

Aslan olhou seu igual.

 

— Tudo bem… porque… mesmo que eu seja você e você a mim, não significa que tudo será igual. E também, você não estará mais sozinho em algum canto escondido da minha cabeça. Se Zahid foi esse Alhaitam e esse Alhaitam foi importante, então não é como estar com ele de novo…? 

 

Kaveh sentiu como se fosse chorar. Que boa criança seu novo eu era.

 

— Ah…

 

— Senhor Kaveh… - estendeu a mão - pode dividir comigo suas memórias…?

 


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