A Mente escrita por Akemi Mori


Capítulo 7
Proteção


Notas iniciais do capítulo

AEEEEE ! Depois de horas e horas de sofrimento para criar um cap ( que eu sei que está MUITO atrasado ) eu finalmente CONSEGUIII ! EEE !



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Foi um dia estranho . Foi realmente um dia estranho .

Tinha certeza .

O garoto era uma espécie de vidente ?  Possível . Provável .

Depois do que falou ele ficou quieto , talvez pensando que tivesse deixado escapar informação demais . Informação que para mim era inútil . Ninguém podia me conhecer melhor que eu mesma . Era impossível .

Se bem que ultimamente nada parecia impossível . Tudo podia acontecer .

E isso não era bom .

Com minhas fantasias , até onde tudo poderia ir ? Eu podia ser esmagada por um disco voador no meio do oceano lutando com uma lula gigante . Minha imaginação era fértil . Até demais .

E isso era tudo minha imaginação ? Será que tudo faria parte de um sonho ? Será que eu acordaria sem saber quando comecei a dormir ? Será que eu sequer existia ? Eu faria parte de um sonho de outra pessoa ? Eu era somente uma coadjuvante ? Sem alma . Será que minha vida era um sonho ? Meu mundo ? Meu eu ?

Realmente , minha imaginação era muito fértil . Claro que não . Eu existia . Sentia isso .

E ao que parece também estava prestando uma quantidade de atenção nada saudável na aula de filosofia .

Somente eu me conhecia tão bem . Minha vida não era um livro aberto .

Ao voltar para casa , encontrei-a vazia . Estranho .

- Olá ? – chamei

Ninguém . Realmente estranho .

Fui a sala . Cozinha . Revistei todo o primeiro andar .

Ninguém .

Subi as escadas lentamente , olhando para os lados , como se de repente minha mãe e meu pai pudessem simplesmente aparecer na minha frente como se nada tivesse acontecido . Mas isso não ocorreu .

Olhei o quarto dos meus pais . O de hospedes . Nada .

Por que não deixaram nenhum bilhete ? Isso era o mais estranho de tudo . Nunca fizeram isso .

Deixei meu quarto por último . Estava de certa forma com receio e medo do que encontraria lá . O que era besteira , é lógico . Somente minha cama , minha mesa , minhas coisas . Mas tinha algo .. Alguma coisa ... Que eu não sabia explicar .

Me postei em frente a porta , encarando-a . Qualquer um que me visse me acharia uma tola . E de certa forma eu era . Tola por achar que talvez aquele garoto fosse algo sobrenatural . Tola para fazer coisas irracionais . Sim , essa era uma boa descrição para mim . Tola .

Minha mão a centímetros da maçaneta . O metal reluzia sem que houvesse nenhuma luz para isso . Estranho . Convidativo demais .

E uma frase que eu havia pensado a tempos me veio a cabeça :

“ Como se mata a morte ? “

Realmente , agora aquela dúvida singela já me parecia uma questão complexa cheia de emaranhados que eu precisava decifrar . Simplesmente precisava .

Não se pode matar a morte . Isso é óbvio .É como tentar beber ar . Impossível . Mas se podemos viver a vida  , por que não podemos matar a morte ?

“ Os opostos de atraem “ – falou uma voz conhecida . Não de minha cabeça . De ... Outro lugar .

Os opostos se atraem . Claro ! Mude os verbos . Troque-os de frase . Matar a vida . Viver a morte .

De uma forma estranha , faz sentido .

Para fazer sofrer alguém vivo , mate-o . Faça-o ir para o desconhecido . O mesmo com alguém morto . O nosso único medo é o desconhecido .

Como se dá a vida a alguém morto ?

“ O oposto “ – disse aquela voz tão conhecida que não vinha de minha cabeça .

Vejamos , para matar alguém ... é preciso algo trágico ocorrer com ela . Acho . Existem tantas maneiras de matar alguém ... O que significa ...

“ O oposto “

Que só existe uma maneira de fazer alguém viver .

Vejamos ... O que nos mata é a morte . O que nos faz sofrer é a morte . Então o que faz os mortos sofrerem ...

“ O oposto “

É a vida !

É claro ! Por isso a morte é rápida . Por isso quando vamos , é de uma vez . Por isso quando morremos , não ficamos indo e voltando . É rápido .

Ela sofre perto de nós .

Bem , tudo que tenho que fazer é isso . Ficar viva . Ah , que fácil ... Ela tem foices , armas e tudo que eu tenho é um coração que bombeia sangue e ar nos pulmões .

Eu diria que estamos em pé de igualdade .

Encostei na maçaneta . Não podia mais esperar . Não podia mais agüentar . A girei levemente , ouvindo um barulho quando a mesma se destrancou . Ela abriu de certa maneira sozinha .

E lá estava . Meu pior pesadelo . Literalmente .

Dentro de meu quarto , estavam meus pais , em um canto , com os olhos fechados e as cabeças encostadas toscamente uma na outra , se dando apoio . Sentados . Sem se mexerem .

E na frente deles , parada olhando para mim com olhos cor de sangue e uma capa preta , segurando um instrumento de tortura que tantas vezes eu havia pensado ver , estava a Morte .

Um arrepio percorreu minha espinha . Minhas pernas começaram a bambear . Viva . Eu tinha que me manter viva .

Ela avançou devagar para mim e eu finalmente entendi porque ninguém nunca foge da morte . É quase impossível . A simples presença dela entristece a todos . Fogem os lembranças felizes e alegres e vem a tona tudo de ruim que já vimos . Como um filme . Isso faz a pessoa não querer mais viver . Sem felicidade , sem alegria . E você morre .

Ela avançava para mim sorrindo , com seus lábios secos e sem nenhum dente visível . Ela não tinha nariz . O resto de seu rosto era preto ou estava encoberto pelo sombra do capuz . Só podia ver seu sorriso cruel e seus olhos de sangue .

“ Viva “- pensei

E aconteceu . Afundei as lembranças ruins . Trouxe as boas . E tudo pareceu melhorar . Ah , agora sim . Agora sim .

Agora sim estávamos no mesmo nível .

Vi seu sorriso se esvaecer e dar lugar a uma expressão de ódio . Ela torceu a boca e cerrou os olhos , demonstrando que podia ver o que eu via . É isso !

“ O oposto “

É isso ! Obrigada voz do além ou seja lá de onde você veio !

O oposto ! Ela quer pensamentos tristes , não é ? Vejamos o que ela acha das minhas lembranças mais felizes . Ah , isso vai ser divertido .

Rodei um filme de minha vida em minha mente e a vi apertar ainda mias os olhos de ódio . E então...

Ele apareceu .

Vi uma figura avançar para a Morte e a mesma retorcendo o rosto de fúria e de ... sofrimento ? Ela começou a  ficar cada vez mais desesperada e de repente ... Ela desapareceu .

Olhei confusa para os lados . Onde ela estava ? Seria mais uma tocaia ?

- Ela já foi embora – ele disse – Só se rendeu . Por enquanto . Fugiu . É típico .

Olhei-o com espasmo . Como ele havia vindo até minha casa ? Como ele havia feito a morte recuar? Como ?

- Me... Meus pais ... – disse , gaguejando um pouco pelo recente choque .

- Ele estão bem . Só desmaiaram . Ela fez isso para te deixar mais vulnerável .

- O .. Obriga- gada - falei , ainda me recuperando .

Ele me olhou com ternura e se aproximou , tocando meus lábios de leve com os dedos . E então encostou a testa na minha . E me beijou .

Era terno . Doce . Suave . Era simplesmente ótimo . Nunca havia me sentido daquele jeito . Eu me senti ... Viva . Mais do que nunca .

- De nada - ele disse

E desapareceu numa nuvem de fumaça , mas a tempo para que eu visse novamente os cabelos dourados de Peter Fintynni .


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Notas finais do capítulo

Ninguém me deixa mais reviews ... BUAAAA ! façam uma pessoa feliz . Comentem ! Por favooooooorr ... :( ...