E é nessa exata hora que você agradece a seus pais por terem pago aquela porcaria de aula de teatro.

Eu sabia que as chamas tinham abrandado. Eu sabia que estavam me avaliando.

E então o fogo cessou.

Eles achavam que eu estava morta.

Eu tinha meus olhos fechados. Estava deitada no chão em uma posição extremamente desconfortável.Minha boca estava aberta, e eu tinha o cuidado de respirar vagarosamente e de forma mais silenciosa possível.

Lembre-se das aulas de ciências ... Lembre-se...

Água acaba com fogo, isso há tempos eu já sabia. E o que mais ? Terra... Jogue um punhado por cima para apagar.

E ar... O ar...

- Finalmente. – disse a senhora dos mortos.

Somente sua voz me dava náuseas.

Ar... Ah!

Sem oxigênio, o fogo se apaga.

Além de muita gente morrer se não respirar.

“Treine seus poderes.”- me dissera Peter uma vez. E agora era um teste.

Eu não podia simplesmente matar todos os alunos do meu colégio. Eu não era uma assassina.

Então eu tinha que controlar o ar somente em uma bolha.

Difícil. Isso ia ser realmente difícil.

Onde estavam Peter e sua arrogância para me salvarem outra vez?

Me concentrei no lugar de onde a voz da Morte tinha vindo. Uma bolha ... Uma bolha grande e redonda, cheia de vácuo. Sem ar.

“ Saia daí!” – eu pensava – “ Não deixe que eles respirem você!”

Suor começou a sair de meus poros. Não! Eu não podia suar. Mortos não suam.

Mas eu estava vivinha da silva, obrigada.

E como eu estava viva, continuava suando.

Foco... Foco...

Ah!

Ouvi o som de um engasgo, como se alguém estivesse respirando e de repente não havia mais o que respirar.

E eu rezava para que fosse exatamente o caso.

Ouvia as tentativas inúteis para conseguir um pouco de ar novamente.

E eu sabia que, fosse quem fosse que não conseguia respirar- e eu rezava para que fosse Diego e sua companheira de aventuras, Dona Morte- , logo teria o fio de sua vida cortado.

E então ouvi um som de gorgolejo. E reconheci a voz de Diego, fraca , dizendo:

- Ela... – outro engasgo- está viva.

Ops.

Me entregaram.

“ Peça para seu elemento. Peça como pediu para ir a casa de seu amor. Pela para que te leve para longe daqui.”

Espere aí! Quem falou que em amava Peter?

Bom, eu não tinha muito tempo para pensar naquilo.

“Me leve a...”

Parei de repente. O medo me tomou. Pude sentir a senhora dos mortos sorrindo em algum lugar.

Eu podia ouvir... Gritos. O cheiro de sangue, morte e medo.

Onde estavam Carol e Peter?

Eu estava correndo riscos, e sabia disso.

Estava dentro da escola queimada, procurando sem parar corpos no chão que pudessem estar feridos.

Ou mortos.

Mas eu não podia pensar naquilo. Tinha que encontrá-los.

Os armários tinham sido completamente queimados. Inclusive o meu.

Ótimo! Lá se vai o meu celular novinho!

Tinha escapado da Morte. Tinha pedido primeiramente que o ar me levasse até Peter e Carol.

Mas eu continuava no mesmo lugar.

Tinha me levantado assim que minha tentativa tinha falhado, Então pedi para sair dali , somente isso.

E eu estava dentro da escola.

Eu procurava e não os achava. Gritava e ouvia o eco de minha própria voz.

Eles não estavam ali.

E então dei uma freada brusca. Meus olhos queimavam e lágrimas silenciosas corriam por meu rosto.

Ambos pálidos, de olhos fechados, bocas abertas e posições não-naturais, deitados no chão.

E uma poça de sangue em volta.

Mortos.

Peter e Carol...

Eles estavam mortos