Sabe ... Se a muito tempo não te contam uma mentira , você acredita em absolutamente tudo .

Pena que essas verdades que ouvimos possam ser falsas , e então não teríamos no que nos basear , e como toda pessoa sem chão nos cairíamos em no abismo profundo e sem fim das mentiras .

Então você realmente está perdido .

Eu mal prestava atenção na matéria , sendo que havia perdido muitas aulas .

Realmente estava desleixada .

Na carteira ao meu lado , Peter tranqüilamente dormia sobre sua carteira . E , exatamente como na vez em que conversamos em alto e bom tom durante uma aula , ninguém dava indícios de notar isso.

Na minha frente , e não sei se já mencionei isso , sentava-se Diego .

Atrás de mim , eu podia ouvir Carol nervosa batucar com as unhas o tampo da mesa de madeira .

Eu me sentava no canto ...

Estava de certa maneira cercada .

Repentinamente , meu ex – melhor amigo se virou na carteira e gritou :

- Olha , eu precisava , tudo bem ?

Precisar ? Aquela palavra ficou rondando minha mente com um zumbido incessível , como uma vespa que dava milhares de ferroadas em meus pensamentos .

Precisar ?

- Como você se atreve a dizer isso ? – eu berrei o mais alto que conseguia – Como sequer se atreve a dizer que precisava bater em alguém ? Que precisava matar alguém ? Você não se enxerga garoto?

Minha fúria nem por um milésimo de segundo desde aquele episódio havia abrandado .

- Você não entende ? Repetição ! Eu detesto isso ! – ele tentava em vão argumentar .

- Repetição ? O que isso tem a ver seu ...

Neste exato momento eu parei de falar . Porque ele tinha colocado uma das mãos em meu ombro .

- Tire . As mãos . De mim . – rosnei .

- Tire as mãos dela . – ouvi .

Espiei com o canto dos olhos uma visão que foi o suficiente para saber que meu guarda- costas particular , Peter Fintynni , estava do meu lado .

Eu já falei que detesto depender de alguém , não ?

- Tire você . – Diego disse .

Então dois garotos no fundo da sala estavam dando socos precisos um no outro .

E o mais incrível e bizarro de tudo :

Em momento algum a professora havia interrompido sua explicação para sequer se dar ao trabalho de notar os gritos e berros dos alunos .

E aparentemente , todos os meus outros colegas também .

Menos Carol , que observava tudo com olhos sofridos , tentando inutilmente separar os dois .