A Mente escrita por Akemi Mori
Notas iniciais do capítulo
cansei de paz e traquilidade !
Eu pulei .
Ultimamente isso acontecia muito .
Eu estava em um parque qualquer , em um banco antes ensolarado . O motivo do meu pulo e de quase ter dado um grito ? Era uma coisa muito idiota . Qualquer outra pessoa não ligaria . Mas eu sim .
Porque o sol tinha se locomovido , e as sombras das arvores estavam diretamente em meu banco .
Tudo por causa daquelas malditas criaturas .
Os Medos .
Acho que simplesmente falar isso não adianta . Os Medos . Minha nossa , qualquer pessoa morreria de pavor se ouvisse isso ! Sei ...
Esse era o problema . Acho que esse nome não relatava precisamente o que eram .Inexistia exatamente um nome que te desse a descrição completa ...
Pense em sua pior lembrança . Seu cachorro morrendo , uma imagem de um filme de terror , um experiência que aconteceu com você . Não sei quão poluída de imagens assim sua mente pode ser . Então busque sua segunda pior lembrança .E uma terceira . E uma quarta . E uma quinta . Sexta . Sétima .Oitava .
Agora imagine tudo isso junto .
Tudo em sua mente fica escuro . Você só pode ver aquilo . E as imagens ficam repassando , como se alguém apertasse um botão de replay . E repassando . E repassando.
Então quando você já não aguenta mais , piora . Lógico que piora . "Mesmo quando tudo está ruim , pode piorar ." não é o meu ditado preferido a toa .
Uma nova imagem se forma . Constituída de todas as outras . E você sente . Tudo que a pessoa ou ser que na memória sofria você sofre junto . E não é mais o seu adorável cachorrinho bicolor que está se esgoelando de gritar por ter tanta dor . É você . Naquele mesmo piso de mármore onde provavelmente seu cão morreu .
E você não pode fugir .
Minha pior memória não é um cãozinho fofo . Minha pior memória é tão estranha que fiquei confusa . Porque nunca tinha visto aquela imagem antes . Eu estava olhando para um garoto loiro cuja face não conseguia enxergar deitado encima de uma grama antes verde . A grama era vermelha agora .
Encharcada de sangue . Do sangue dele .
Só então eu percebi que a cabeça do menino estava um pouco distante do corpo . Decapitado . Ele tinha sido decapitado .
Eu não podia me mexer . Não podia fugir . Só olhar . Não havia uma espécie de bote salva-vidas.
Como eu consegui sair de lá , isso eu não entendo .
Só para você ter uma idéia , essa não era a minha memória conjunta . Somente imagine cenas parecidas com essa combinadas , e você ali no meio , sofrendo a mesma coisa do que quer que estivesse em sua cabeça .
É . É realmente ... desconfortável .
Era só uma sombra . Só uma sombra . Não precisa se preocupar de uma arvore ter colocado seus galhos na frente do Sol , fazendo que você fosse a única pessoa no parque inteiro que estivesse no escuro .
Pensando bem , é melhor mudar de lugar .
Eu pulei de novo .
Como eu já disse , isso era extrema e irritantemente frequente .
Uma criançinha parecia ter achado que o Dia das Bruxas estava muito longe , e resolvera "testar" sua fantasia antes . Ela usava uma capa que talvez antes fosse negra , mas agora já estava tão esfarrapada que era possível ver pedaços vermelhos do pano de baixo aparecendo . Por um instante imaginei que fosse sangue . Mas era impossível . É claro . E nas mãos a criança brandia uma foice de plástico que por um momento me pareceu real .
Morte . O pirralho estava fantasiado de Morte .
O que foi que eu fiz para merecer isso ?
O mundo parecia ter montado um complô contra mim . Não era a primeira vez que coisas assim aconteciam .
Eu tinha que sair daquele lugar .
Fui em direção a saída . Precisava fugir , precisava fugir .
Era impressão minha , ou aquele portão parecia estar ficando cada vez menor ?
E minha imaginação estava descontrolada , ou as arvores pareciam estar aumentando suas sombras ?
Eu não confiava muito em mim mesma ultimamente .
Olhei para o adorável garotinho . Mas ele já não era "adorável " . Se antes eu tinha alguma dúvida de que aquele vermelho era sangue e que aquela foice era verdadeira , elas foram embora no momento que olhei para trás . Era real .
A criança estava crescendo , até que já não era mais uma criança . Era aquele vulto que eu tanto temia , que decapitava o garoto loiro de minhas lembranças . Ele estava de costas , mas eu apostava que se o olhasse de frente veria aqueles mesmos olhos vermelhos e aquela mesma boca horrenda .
Não havia ilusão .
A porta estava mesmo diminuindo . A observei sumir no horizonte . As sombras das árvores estavam aumentando mais e mais e , e em pouco tempo já cobriam quase toda a extensão do parque .
Eu estava presa . Com os Medos .
Com a minha inimiga mortal .
Levando o "mortal " ao pé da letra .
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beleza , depois vem a parte feminista ! nao podemos depender dos homeens !!!!!!!!