A Mente escrita por Akemi Mori


Capítulo 15
Aconchego


Notas iniciais do capítulo

Certo , por eu ter uma compaixão muito grande e boa demais para o meu próprio bem eu fiquei com dó de vcs e postei o cap que ra pra amanhã ...



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Como ?

Como nós podíamos ter nos beijado pelo que me pareceu horas e agora estávamos simplesmente andando sem dizer nada em direção a um destino desconhecido ?

Bom , levando em conta que nem eu ou ele éramos muito normais , estava até comum .

Tenho que confessar que fiquei com medo de ter feito algo errado . Não sei , talvez eu o tenha machucado , física ou intelectualmente ... Que outro motivo ele teria para se manter calado ?

Esperei ele responder minha pergunta silenciosa , como normalmente fazia , mas ele estava estranhamente quieto . Andava olhando para o chão , os cabelos tapando-lhe os olhos . O que foi que eu fiz ?

Me dei conta do que estava pensando . Desde quando comecei a ter pensamentos tão ... adolescentes? E o que eu era ? Uma híbrida por acaso ?

Não ... Só uma deslocada .

Repentinamente ele virou em direção a uma espécie de arco feito por trepadeiras quase invisível , tão veloz que eu fui tirada bruscamente de meus pensamentos para segui-lo .

Me lembrava uma mata . Havia plantas por toda parte , e não parecia haver uma trilha , mas ele seguia um caminho tortuoso tão rápido que só pude deduzir que ele já havia estado ali muitas vezes para decorá-lo .

E chegamos .

Havia um pequeno lago cristalino em meio da uma espécie de clareira , e ali existiam tantas flores que podia jurar que encheriam o estoque de uma floricultura , e era rodeados de arvores que tinham frutas silvestres , além de tudo estar com o perfume maravilhoso daquelas flores no ar ...

Era perfeito .

Ele abriu um espaço entre as flores e sentou perto do lago . Eu estava encantada demais para me mexer . Fui notando cada vez mais detalhes . Como as árvores tinham uma silhueta perfeita , como as flores eram belas , como os raios de sol que atingiam o solo davam ao lugar um ambiente mágico , a quantidade de borboletas que ali ficavam ...

- Vai continuar aí parada ou vai se sentar ? – Peter disse ríspido . Certo , agora eu tinha certeza de que tinha feito algo errado .

Caminhei até ele e sentei a seu lado , observando o lago . Ele era repleto de pedrinhas coloridas , além de muitos peixes que tinham cores diversas . Eu estava olhando para uma das muitas plantinhas que haviam no lago quando Peter pigarreou , tentando chamar minha atenção . Era minha culpa se o lugar era tão lindo ?

- As plantas são mais interessantes do que eu ? – ele perguntou com sarcasmo , mas havia uma evidente pontada de ciúme na fala .

- Não estou com ciúme de uma planta ! – ele respondeu irritado . Que bom . Por um instante achei que ele tinha perdido a capacidade de ler minha mente .

Espere ! O que foi que eu pensei ?

- Fale alguma coisa ! – ele falou irritado , puxando um dos meus braços de maneira que eu me virasse para ele . Mas eu desviei os olhos . Eu já sentia culpa demais por ter feito alguma coisa que o deixasse com raiva ou mágoa .

- Então olhe para mim ! Fale alguma coisa ! Qualquer coisa ! – ele insistiu apertando meu braço . Já estava doendo .

Senti o choro começar e antes que eu pudesse me dar conta já havia me desvencilhado de sua mão e estava chorando no chão , a terra machucando meu rosto úmido .

Por que eu andava chorando tanto ultimamente ? O que estava acontecendo comigo ?

Sentia algo escuro dentro de mim , me impedindo de viver .. de ser feliz ... No mesmo instante senti uma grande vontade de me afogar no lago , de cravar um punhal em meu coração ...

Eu nunca saberia dizer se foram semanas , meses , anos ou apenas segundos , mas antes que pudesse perceber Peter havia colocado seus lábios nos meus e sugava com tanta força que pensei que fosse tirar todo sangue que eu tinha nas veias .

E aquela vontade passou . Tudo que eu queria era aproveitar o momento .

E entendi o que ele esta fazendo .

Transferência direta . Estava pegando para si aquela coisa horrenda .

Quantos sacrifícios ele já fez por mim ? Quantas vezes ele me protegeu ?

A vontade já havia passado , mas ele me beijava com o mesmo fervor de antes . E comecei a retribuir .

Minha mão foi devagar para sua nuca , com medo da rejeição . Mas assim que ela encostou em sua pele as mãos dele foram para minha cintura , segurando firme , como se num piscar de olhos eu fosse desaparecer .

Mas eu precisava respirar . Maldita seja essa necessidade . O lado bom da morte : sem oxigênio , sem ter que parar de beijar .

Parou , parou! O que eu estou pensando ? Eu não gostei do beijo ! Não posso ter gostado !

Ele me olhou com uma expressão que não reconheci . Tentei ler seus olhos , mas era quase impossível . Ele estava neutro .

E como eu detestava isso .

Peter me encarou . Não identificava absolutamente nada . Alias , eu não deveria ter saído correndo como uma louca assim que ele encostou em mim ?

Bom , não seria muito inteligente de minha parte , já que aquele lugar era um labirinto. Meu senso de direção sempre foi e sempre será péssimo .

Ele acariciou meus cabelos . Virei-me para ele incrédula. Isso era uma atitude de namorado . E ele não era meu namorado . E não seria !

Ele me olhou com uma expressão de desafio. Em se tratando dele , eu nunca poderia saber ...

Suspirei . Talvez fosse melhor ficar assim por enquanto .

A última coisa que me lembro é de ter adormecido em seu peitoral .

E pela primeira vez desde muito tempo , eu não tive um pesadelo .  

 


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Notas finais do capítulo

Certo , parte melosa ON . Meu como eu odeio romantismo !( existe essa palavra ? O.o )



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