Lado a Lado escrita por Way Borges


Capítulo 1
Kakashi


Notas iniciais do capítulo

Olá meu povo lindo. uma two-short para vocês :)



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Não era nada de novo.

Ele teve problemas intermitentes desde o acidente, exatamente por isso que Kakashi manteve uma bengala em casa e em seu carro, mesmo odiando usá-la e parecer tão fraco e quebrado, mas não era estúpido. Seu orgulho foi destruído junto com as vértebras de sua coluna. A bengala ajudou, e admitia a contra gosto que precisava dela.

Não tendo outra escolha, Kakashi se curvou e aceitou seu novo modo de vida. O mesmo não poderia ser dito de Minato.

Seu companheiro de cinco anos lutou para entender o acidente e seus efeitos desde o dia em que aconteceu. Não mudou muito no ano seguinte.

Kakashi temia que Minato estivesse culpando alguém. Ele mesmo, o caminhoneiro, seu Deus? Kakashi não tinha certeza. Tudo o que sabia era que, desde que voltara do hospital, as coisas não eram as mesmas.

Quando Kakashi acordou esta manhã e sentiu o formigamento começar a descer por sua espinha, ele sabia o que estava por vir, mesmo assim estendeu a mão para a bengala ao lado da cama e manobrou-se o mais gentilmente possível para uma posição sentada. Seu parceiro dormia enquanto Kakashi se levantava e se arrastava até o armário de remédios em busca de remédios.

Isso foi horas atrás.

Agora, ele estava lutando para respirar onde estava sentado no sofá. Não importa o quão rasas suas respirações fossem, cada uma enviava dor por sua espinha. Parecia que facas estavam sendo cravadas em suas costas, profundamente sob a pele e os músculos, em um lugar que nada poderia alcançar para detê-lo.

Seu chá da tarde estava abandonado na mesinha de centro, o almoço quase esquecido na agitação da atividade ao seu redor.

Minato estava ao telefone com um de seus médicos, alternando rapidamente entre implorar e discutir, passando para o norueguês para xingar baixinho.

O galgo deles, Kurama, estava ganindo de onde quer que Minato o tivesse encurralado, o som baixo e lamentável. Kakashi procurou o canino. Não era como se Kurama fosse pular em cima dele ou tentar causar algum dano, mas seu companheiro sempre afastava o cachorro quando ele estava em crise.

Cerca de uma hora atrás, Minato envolveu os seus melhores amigos, Rin e Obito, e agora eles também estavam por perto, ajustando as compressas de gelo e ouvindo o telefonema de Minato.

Tudo estava sendo um pouco sufocante. Ele fechou os olhos para esperar, incapaz de fazer qualquer outra coisa.

Pouco a pouco, Kakashi conseguiu puxar o ar para os pulmões sem sentir dor.

Ele nunca sabia quanto tempo duraria um episódio ou quão ruim poderia ser. Este tinha sido um dos piores, mas felizmente não durou muito tempo. Não tão ruim quanto na vez em que a dor foi tão intensa que acabou desmaiando. Minato estava fora de si naquele dia. Quando Kakashi acordou, seu marido estava encolhido como uma bola no chão a seus pés, com a cabeça apoiada em sua canela. Houve tremores percorrendo-o enquanto soluçava silenciosamente. Não foi um bom dia.

Kakashi testou o movimento em incrementos, sentindo lentamente se a dor havia diminuído completamente. Ele podia virar a cabeça e respirar sem sentir que algo estava pegando fogo ou o esfaqueando. Rin dormia ao lado dele no sofá, cuidadosamente longe o suficiente para não correr o risco de tocá-lo; Obito não podia ser vista, mas duvidava que seu amigo estivesse partido. Ele sentiu uma pontada no peito, que embora eles quisessem dar apoio, eles não podiam tocá-lo quando mais precisava.

Ele juntou as pernas e pegou a bengala, levantando-se o mais suavemente possível para evitar acordá-la. Sons abafados podiam ser ouvidos vindos da direção do quarto principal, então Kakashi começou a mancar naquela direção. Depois de um ataque ruim, ele geralmente mancava por um ou dois dias enquanto esperava que a inflamação diminuísse o suficiente para se mover adequadamente. Era sempre a perna direita que se recusava a trabalhar, por qualquer motivo. Os médicos não tinham certeza.

Ao cruzar a soleira, Kakashi ouviu Minato falando baixinho, provavelmente ainda ao telefone. Ao se aproximar do banheiro, ele observou seu marido andando de um lado para o outro, a raiva misturada com a tristeza em seu rosto bonito, o telefone pressionado contra o ouvido.

Vendo Kakashi, Minato parou de se mover, os olhos vagando sobre seu companheiro, avaliando, como se pudesse ver através de suas roupas, até os ossos rachados e retorcidos de suas costas. Ele continuou falando ao telefone, mas Kakashi não estava ouvindo as palavras, apenas a calmaria reconfortante de sua voz.

Ele entrou no banheiro e pegou o telefone do marido, encerrando a ligação.

— Kakashi!

— Querido, estou bem.

— Você nem sabe com quem eu estava falando!

— Foi alguém relacionado à minha saúde? – Kakashi questionou com a sobrancelha arqueada.

— Sim – a resposta veio hesitante.

— Então estou feliz por ter desligado – ele sorriu cansado.

— Kakashi você não pode simplesmente fazer isso. Você não pode sorrir e fingir que não estava apenas congelado, colado ao sofá, mal respirando. Alguém tem que ter uma resposta, alguém tem que poder te ajudar! – Minato falou agoniado. Ele estava andando de novo, as mãos nos cabelos loiros desgrenhados.

— Anjo…

— Você não sabe como é ver você passar por isso. Cada surto é diferente, nunca sabemos o que esperar. Nunca sei o que fazer... nunca há nada que eu possa fazer! – ele estava trabalhando freneticamente, puxando o cabelo, o peito arfando.

— Anjo, venha aqui – Kakashi tentou novamente, mas seu marido estava além de ouvi-lo, preso em sua própria espiral.

Ele se arrastou para a frente até conseguir colocar a cabeça de Minato sob o queixo e abraçá-lo. Kakashi podia sentir seu marido tremendo, sentiu suas mãos subirem para agarrar fracamente a frente de sua camisa.

— Shhh… Está tudo bem, meu Anjo – Kakashi respirou, esfregando círculos em sua parte inferior das costas e embalando sua nuca. Lentamente, a tensão começou a sair dos ombros de Minato.

Partia o seu coração ver o que sua lesão estava fazendo com seu parceiro. Minato é o amor da vida de Kakashi. Sua pessoa. Aquele pelo qual ele preferia mil vezes viver com a dor, se isso significasse acabar com o sofrimento de seu Anjo e das outras pessoas ao seu redor. Antes do acidente, Kakashi era a rocha, o zelador de ambos; mas agora tudo está diferente, o brilhante e despreocupado Minato teve que assumir o fardo de cuidar de seu marido aleijado, todas suas aspirações de carreira foram perdidas, ele não via seus amigos há muito tempo e estava se esgotando.

Kakashi odiava isso.

Ele sentiu a umidade escorrendo pela camisa enquanto seu marido chorava baixinho, agarrado a sua camisa como se fosse uma tábua de salvação.

Doía ver seu Anjo sofrendo tanto.

Kakashi respirou fundo. Dentro e fora, assim como o fisioterapeuta o ensinou.

Ambos passariam por isso.

De alguma forma.


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Notas finais do capítulo

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