— “ E-eu? Não, N-não tenho" 

Eu estava morta de vergonha! Kakashi queria me levar pra casa dele? Iríamos fazer amor? Mas eu sou muito nova! - e nem lingerie de ninja eu tenho... Eu comecei à tremer de medo, e se ele tentar me beijar, eu dou um soco ou retribuo? Eu nem sei beijar! Se eu engravidar do Kakashi e voltar pra casa o que acontece: um bebê de Schroedinger? Enquanto eu estava perdida em pensamentos duvidosos ele balançava a mão na frente do meu rosto.

—" Saki... Você está ouvindo?” – a cara dele entregava quão confuso ele parecia

—" S-sim, Kakashi-senpai... q-quer dizer, KAKASHI-SENSEI!!” – eu concertei a frase quando vi seu rosto se contorcer, parecia ter ouvido a coisa mais nojenta do mundo, ainda bem que não lê mentes

Ele limpou a garganta.

— “Vou repetir: eu conheço um lugar que você pode ficar, o Terceiro não vai se incomodar e podemos ficar de olho em você. Os pais da Sakura se ofereceram para te abrigar, eles moram perto de caçadores ambus, então não tente nenhuma gracinha”

—“ E a Sakura concordou com a minha presença na casa DELA?”

Na porta dos Haruno...

— “Com certeza não! Essa ladra de namorado não vai ficar aqui!” – ela gritava enquanto o pai dela, senhor Kizashi, à segurava

— “Não podemos deixá-la dormir na rua, querida. É muito perigoso...” - a Senhora Mebuki argumentava com ela

— “ Tenho certeza que vocês vão se dar bem, agora que são do mesmo time, devem deixar as diferenças de lado e trabalhar juntas!” – o pai dela dizia amigavelmente, enquanto sua mãe começava a fechar os punhos em ameaça, a veia na testa dela quase saltava para fora.

Sakura simplesmente virou as costas para todos e entrou, por fim “aturando" a ideia de eu ficar. Kakashi se despediu e saiu rapidamente pelos telhados,  entrei um pouco constrangida acompanhada por Mebuki e Kizashi, eles me levaram até a mesa de jantar e começamos à comer, enquanto eles faziam algumas perguntas sobre o meu cativeiro... é estranho, estou começando à ter memórias deste mundo as quais eu não vivi, coisas de um passado que não existe (como a lembrança de quando eu era criança e Orochimaru arrancou um pedaço da minha pele, aguardando a regeneração), minhas memórias estão começando à ser substituídas? E se eu esquecer quem eu era e me tornar realmente Saki ‘Uchiha'? O pior é que me pergunto: vai ser tão ruim assim se isso acontecer?

Lavei a louça tentando não quebrar nada e ri com os comentários bobos que Kizashi dirigia à esposa, por alguns minutos parecia que eu tinha uma família, a sensação era boa. Sakura não falou nada em momento nenhum, nem no jantar, nem após, ela só levantou e foi para o quarto arrumar nossos futons. As vezes eu percebia um olhar furioso, mas ela disfarçava ao máximo por causa dos pais, talvez não quisesse chateá-los ou começar uma briga. Pedi licença à eles e desejei boa noite, rezando pra não ser morta pela minha colega de quarto. Quando entrei ela estava fazendo as unhas, com um bico quilométrico.

—“ Não sabia que existia isso!” – sorri apontando pro esmalte, eu quis dizer neste mundo mas, ela deve ter pensado que era por conta do cativeiro – “posso?”

— “Já roubou o Sasuke e meus pais, o que é um esmalte? Toma" – ela rolou com desdém o pequeno objeto em minha direção

— "Eu não quero nada com o Sasuke, e é bom me sentir em casa com uma família” – eu disse começando à pintar minhas unhas também

— “Acontece que essa é a MINHA família, por que você não vai atrás da sua?! – Ela falou mas em seguida conteve a voz, talvez percebendo o que tinha dito

— “Deve ser por isso que o Sasuke não te suporta: não se joga na cara de um órfão que ele é órfão! Eu, ele, o Naruto... todos somos iguais e não temos ninguém, você é a única que tem alguém pra quem voltar!”

Aquilo mexeu demais comigo, eu estava quase chorando de raiva. Mesmo no mundo real minha mãe havia morrido e meu pai nunca falava comigo, só pra me castigar... eu também me sentia sozinha! Sakura ficou vermelha e desviou seu olhar, envergonhada.

—" Ér... Saki, eu ouvi dizer que o Sasuke gosta de meninas com o cabelo longo. Devia deixar o seu crescer um pouco" – ela falou tímida, cabisbaixa, como se o ar queimasse.

— “Eu to pouco me lixando pro que ele gosta, de verdade, prefiro o Naruto" – ela colocou a língua pra fora e rimos – “talvez quando você também parar de ligar, ele comece à te dar o devido valor"

—"Talvez você tenha razão, só é tão difícil sabe?” – eu não sabia, nunca tinha me apaixonado por alguém 3D, mas trocamos sorrisos singelos – “Saki.. posso te falar uma coisa?”

—"Claro, Sakura. O que quiser!”

— “Sua unha tá horrível, toda borrada" – meu sorriso desmanchou e ela riu, aos poucos as duas gargalharam de forma leve – “vem cá, deixa que eu arrumo"

Acho que fiz minha primeira amiga aqui.