Among Other Kingdoms escrita por Break, Lady Lupin Valdez


Capítulo 7
Capítulo VII




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O dia havia sido excepcional, principalmente para Estela, que estava adorando o passeio na cidade, normalmente ela só saia da fortaleza quando precisavam comparecer em algum condado e tudo extremamente diplomático. Estevão estava proporcionando o dia perfeito e tanto Perseu quanto William e Mandrik acharam estranho, principalmente quem conhecia ele estava achando estranho, será que ele havia feito algo irreversível? Perseu atribuiu aquilo a uma reconciliação dos dois, o que de verdade era um alivio para ele, talvez eles até tenham conversado na noite anterior e ele entendeu que estava fazendo algo errado, o que era perfeito para o rei de Saphiral. Caso não fosse, ainda estaria bem armado caso fosse necessário. Um duelo de espadas, seria adequado. Estevão parecia traiçoeiro, se Perseu conhecesse ele ligeiramente melhor, teria certeza que era. William se aproximou de seu futuro cunhado.

—Então Rei Perseu; eu fiquei curioso... – Estevão olhou para o irmão arqueando a sobrancelha, desde quando William ficava curioso e perguntava em vias comuns? – Eu havia perguntado à Princesa se seus pais também tinham cabelos brancos, ela não soube responder, você saberia?

—Ah. – Perseu e os outros caminhavam atrás de Estela e Auterpe, que cumprimentavam os comerciantes. – Nossa mãe tinha os cabelos negros como um carvão, como uma sombra, já nosso pai, eu nunca soube, mas é capaz dele ter tido cabelos cinzas. Mas, apenas nós temos os cabelos brancos.

—Seus filhos teriam os cabelos brancos? – Estevão perguntou e Perseu pensou rápido.

—Eu acho que não. Não sei. – Ele contornou a pergunta. – Se as majestades tiverem filhos seriam de que cor?

—Brancos. Claro! – Estevão exclamou orgulhoso, não havia outra alternativa concebível para ele.

—Aan... Rei Estevão, desculpe, mas, acho que dado a cor de seus cabelos seriam loiros. – Ele não gostou da resposta, seu rosto fechou. – Pois, seriam uma mistura dos dois. – Estevão engoliu em seco e respirou fundo, não podia se descontrolar, Mandrik queria concordar com aquela afirmação, mas, não pode, se bem que no fundo torcia para a prole da rata realmente ter os cabelos brancos, sabia que Estevão entraria em surto caso não os tivesse e conhecendo como o conhecia, acreditava que seria capaz de assassinar os bebês assim que os olhasse.

—Se você tiver um filho, não iria querer que eles tivessem os cabelos brancos como os seus? – Estevão encarou Perseu.

—Não. – Perseu respondeu tranquilamente chutando uma pedra qualquer – Eu sei que minha filha nasceria com cabelos claros, mais não brancos.

—Não é importante para você? – William perguntou intrigado.

—O importante seria se minha filha nascesse com muita saúde. E inteligência, aliás, ela iria herdar meu Reino. – Pelos Deuses, aquele Rei realmente tinha conceitos estranhos quanto a paternidade.

—Filha? – Mandrik olhou confuso. – Não quer um herdeiro? – Perseu percebeu que naquele lugar apenas homens governavam, mas Estela já havia comentado isso com Auterpe.

—Seria melhor para o meu Reino se eu tiver uma filha. Claro, filho seria bem-vindo, mas, eu sei que será uma menina. – Perseu sorriu sob olhares julgadores dos outros.

Eles retornaram para a fortaleza, Estela ria com Auterpe e Estevão sorria com isso, quanto mais feliz ela passasse o dia, mais dócil ela estaria de noite e mais fácil seria a concepção, em nove luas Calasir teria seu herdeiro, um príncipe de cabelos brancos que voaria em dragões, ou isso, ou infelizmente teriam uma morte no berço.

Depois da refeição, eles se retiraram para o quarto, Auterpe e William foram fazer sua caminhada noturna, estava virando rotina, uma rotina excelente, Mandrik foi para seus aposentos, se sentia mal, Leodak o ignorava, se recusava a olhar em seus olhos, o pobre garoto havia chorado, não queria o magoar, óbvio que não, mas Navi havia sido mais rápido. Foi uma escolha infeliz, ele viu quase tudo, Mandrik não o afastou, nem disse nada. Foi então que o jovem viu o Rei Perseu caminhando pelos corredores e indo novamente em direção ao salão de dança. Leodak entrou no salão, o que assustou Perseu.

—O que houve? – se aproximou do invasor, que estava com olhos marejados. – O que lhe aflige? Quem te machucou? – Leodak começou a chorar, o Rei se sentiu na obrigação de o acolher, lhe acalmar e tranquiliza-lo, e conversar com ele.

De início a conversa foi difícil, Perseu o tranquilizou dizendo que havia um deus em seu Reino que tinha relações com outros homens, o que fez o garoto se soltar, o rei disse que aquilo não era errado, nada que te faz feliz é errado. Perseu precisaria dar uma bronca em Navi, conversando seriamente, não por ficar com Mandrik, não se importava com isso, mas por ser uma parte responsável em magoar o jovem, Leodak era bom, conseguia sentir. Enquanto conversavam, Leodak deixou a língua escapar, talvez pelo vinho ou por se sentir tão à vontade com o rei.

—Tenho pena daquela garota – disse entre uma gole e outro de vinho, que Perseu nem havia percebido que tinha ali.

—Qual? – o rei de Saphiral encarou confuso.

—Estela – mais um gole na bebida – O rei só a tratou tão bem hoje porque é lua de sangue e Mandrik me contou que é quando o povo dela atinge o pico de fertilidade – secou a taça, Perseu ainda tinha a sua quase totalmente cheia – É como dar ração boa para uma vaca a fim de que ela fique mansa para procriar – o outro ficou incomodado com o comparativo, Estela não era uma vaca, ela era dócil por natureza, mas entendeu que Estevão a deixou tão alegre durante o dia para que nenhum estresse atrapalhasse a concepção.

Ele precisava fazer algo.

No quarto principal, Estevão beijava a esposa por completo, Estela cheirava aos óleos essenciais de Craavos, uma mistura de rosas e jasmim, era delicioso. A rainha aceitava o carinho, afinal não era sempre, os lábios do marido eram quentes e delicados; ficou surpresa quando o rei focou primeiro no prazer dela, era algo admirável e novo, não que todas as vezes tivessem sido horríveis, algumas foram bem proveitosas, no entanto, Estevão nunca pensava primeiro nela. Os beijos desceram pelo peito, cruzando a barriga e chegando ao baixo ventre, onde o rei deu um beijo mais demorado, no dia seguinte seu príncipe estaria sendo gerado ali, o primeiro da linhagem, o primeiro cavaleiro de dragão nascido em Calasir, o primeiro da dinastia.

Quando seu corpo subiu, ficando apoiado nos braços, com uma mão em cada lado da cabeça dela, Estela sorria, o mesmo sorriso meigo de sempre, Linor o havia instruído a não deixar a rainha estressada, triste ou chateada durante o dia para que a concepção fosse mais fácil, esperava que funcionasse. Eles se beijaram e, quando Estevão ia a penetrar, resolveu olhar para a lua, queria admirar o vermelho dela, a lembrar que naquela noite seu sangue se propagaria para a história.

Ele parou. A merda da lua não estava vermelha! Estava enorme e com uma coloração levemente azulada, com certeza aquilo não era uma lua de sangue. Estevão saiu abruptamente de cima dela, Estela o olhou confusa, seu marido se enfiou em vestes mais simples, uma camiseta branca e uma calça marrom, e saiu do quarto antes que ela falasse algo, a porta bateu tão forte que os quadros das paredes tremeram e um vaso que ficava na prateleira caiu, virando cacos no chão.

—Eu fiz algo errado? – Estela se perguntou em voz alta, olhando para a cama vazia e levemente bagunçada; levantou, sentia seus olhos arderem, como se quisessem chorar, ela engoliu em seco, vestiu seu robe e caminhou para a varanda, abriu as portas sendo abraçada pela brisa, a lua estava belíssima, iluminava a praia, o mar e uma figura estranha afastada do castelo.

Estevão chegou no pátio e gritou, pelos céus como gritou, catou a primeira pedra que achou e a jogou contra a parede, mais algumas foram arremessadas tão longe e tão forte que Mandrik ficou impressionado ao ver aquilo.

—Treinando arremesso? – o conselheiro riu, carregava um cantil cheio de vinho de pêssego, havia ido para o pátio aliviar sua culpa.

—Aquele maldito do Linor mentiu que hoje tinha lua de sangue – outra pedra foi de encontro com o muro.

—Por isso estava a tratando tão bem? – Mandrik ficou mais confortável no seu assento, deixando o pelego da ovelha o abraçar.

—Óbvio – mais uma pedra encontrou o destino das outras – Por que mais eu a deixaria sair da fortaleza? Preciso de herdeiros, Mandrik. Preciso de cavaleiros de dragão, foi por isso que casei com ela – a próxima rocha ele chutou, as botas eram realmente muito boas.

—Ouviu o que Perseu disse? – Estevão o olhou – Que seus filhos não terão cabelos brancos.

—Se não tiverem, iremos os matar – saiu como um rosnado, Mandrik ficou arrepiado – E mataremos ela se não for capaz de gerar nenhum cavaleiro de dragão. – a pedra quicou no muro e caiu na pilha que havia se formado.

—Você não faria isso, está irritado – Mandrik ficou de pé segurando na espada. – Vamos, um duelo irá diminuir seu estresse.

Eles duelaram por algumas horas, o suficiente para cansarem. Estevão optou por dormir num quarto do andar de baixo, Mandrik também, não queria voltar para seus aposentos, onde roupas lembrariam o que ele fez com Leodak, mas os beijos de Navi ainda habitavam sua mente, a ereção em suas calças lembravam o quanto havia gostado.

William e Auterpe estavam deitados na areia dentro da caverna, seus corpos suados estavam sendo muito atrativos para os grãos da terra, os dedos dele acariciavam os cabelos dela, naquela posição ela muito lembrava sua cunhada, mas a princesa era diferente, era quente, audaciosa, perigosa, o dominava como nunca antes nenhuma mulher se atreveu. Ele sorriu, levantou e caminhou até a entrada, olhou para o céu, a lua estava linda, enorme, brilhante, parecia um amuleto da sorte.

Estela acordou sozinha na manhã seguinte, a cama vazia, Estevão não havia voltado para o quarto; Liandra entrou com as jarras de água para a higiene matinal da rainha, trocaram um sorriso singelo.

—E o rei? – a criada perguntou enquanto Estela se lavava.

—Ele saiu ontem – a menina respondeu voltando para o quarto – Saiu irritado. Não sei o que aconteceu. – a porta foi aberta bruscamente, Estevão entrou, cheirava a vinho de pêssego e estava sujo de terra, ele olhou para as mulheres com olhos semicerrados – Arrume um banho para meu marido, por favor.

—Claro, majestade – Liandra saiu apressadamente, Estela olhava para o marido confusa, haviam passado o dia tão bem e de noite aconteceu toda aquela cena.

—O que está olhando?! – Estevão rosnou enquanto sentava na poltrona fechando os olhos, vinho de pêssego era doce e deixava embriagado muito mais rapidamente.

—O que houve ontem? – Estela pegou um vestido mais simples, o corpete branco e a saia lisa em verde esmeralda.

—Não interessa – apertou a glabela, sua cabeça doía.

—Fiz algo errado? – a pergunta saiu num sussurro.

—Fora! – ele gritou, o suficiente para Perseu ouvir enquanto conversava com Auterpe.

A garota sentia que estava gerando seu herdeiro, o que era mágico e assustador, pelo menos ela não era Estela, o que queria dizer que tinha muita sorte, criaria seu filho em Ruphira, com a proteção mágica de seu reino. Perseu seria um ótimo tio.

—Escute, ele trata ela mal, mas é isso aí, não podemos fazer nada – Auterpe deu de ombros, seu bebê cresceria protegido.

—Não, ela não pode ter um filho desse crápula – Perseu cerrou os punhos – Por que ele faz isso com ela?!

—Você já percebeu o quanto esse reino é estranho – Auterpe levantou e abraçou o irmão pelas costas – Essa é a vida dela, não podemos interferir.

—E se levarmos os dois? William e Estela? – virou para a irmã, que o olhava desacreditada.

—Perseu, você não está pensando direito – disse se afastando – O lugar de Estela é aqui.

—É um péssimo lugar – bufou

—O problema é dela – beijou a testa do irmão.

Eles saíram de mãos dadas para o corredor, Estela estava parada na frente de seu quarto, de frente para a porta, engolia o choro; Perseu só a viu quando chegaram na sala onde havia sido servido o desjejum, os pães estavam quentinhos, assim como os biscoitos, Estela mantinha um sorriso no rosto. A mesa estava um tanto vazia, sem Mandrik, nem Estevão.

—Peço que desculpem a ausência do rei, está indisposto – falou ao sentar em seu lugar, William olhava com um sorriso divertido, que foi se desmanchando ao perceber que ela não o retribuiu, nem ficou envergonhada.

A refeição seguiu quase no absoluto silêncio, Auterpe tentava fazer eles rirem com alguma coisa vez ou outra, mas o único que retribuía as brincadeiras era William, e agradeceu quando ele a convidou para ir até os comerciantes.

—Está tudo bem entre seu marido e você? – Perseu olhou para Estela, que suspirou.

—Sim, está sim – ela forçou um sorriso – Vossa majestade gostaria de ir à cidade com William e sua irmã?

—Me chame de Perseu – ele pediu enquanto levantava.

Enquanto o rei passeava com a rainha de outro rei, William passeava com a princesa, que estava aparentemente nervosa, Estevão acordava após seu relaxante banho, se sentia levemente melhor, a cabeça havia parado de doer, vestiu a roupa que a camareira havia deixado separado. O rei caminhou em passos pesados até a sala do curandeiro, Linor estava debruçado sobre a mesa lendo um livro, sorriu largamente para seu soberano.

—E então, majestade, podemos esperar um príncipe? – Estevão atirou um vaso na outra parede.

—A porra da lua estava azul! – Linor se encolheu – Você me disse que ela ficaria vermelha.

—Mas...eu calculei... – O garoto estava confuso – Peço perdão, majestade.

—Perdões não engravidam minha esposa – rosnou – As porcarias de antídotos e tratamentos que você faz não surtiram efeito até agora – Estevão estava assustando o curandeiro – Não me dê mais esperanças enquanto a lua não ficar realmente vermelha. – disse se retirando, deixando uma bagunça de cacos de vidro e porcelana no chão.

Ele precisava achar Mandrik, precisavam organizar o baile. O castelo precisava de festa, precisava deixar a realeza do outro lado feliz.

—William – Estela chamou quando Auterpe se afastou com Perseu – Preciso de um favor.

—Você? No que posso ajudar minha adorável cunhada? – a voz era misturada de deboche com uma pitada de carinho.

—Preciso que deixe Estevão bêbado o suficiente para dormir como uma pedra – ela sorriu cúmplice para o cunhado, se tinha alguém que a ajudaria, seria ele.

—Por quê? – William arqueou a sobrancelha.

—Quero passear com Perseu nos dragões, mas Estevão não deixaria – eles se encararam, o cunhado segurou seu rosto e beijou a testa da menina.

—Deixa comigo, cunhadinha – ele sorriu para ela, que tinha no peito um coração palpitando tão forte que doía.

Quando eles retornaram, o castelo já estava vivo, os criados carregavam vasos enormes com flores de todos os tipos, o salão de baile estava sendo bem arejado, as altas janelas eram abertas e as cortinas afastadas, o belo piso de pedra branca era varrido, Perseu olhava com estranheza para tudo aquilo, sabia que não seria um pequeno evento, porque, aparentemente, nada que vinha de Estevão era pequeno.

Em seu quarto estava separado uma bela veste de baile, não lembrava de ter colocado na bagagem, mas agradeceu que tinha; a calça era bem cortada, o tecido azul naval, o colete era branco com botões dourados, o paletó era do mesmo azul da calça, ele aproveitou o banho que estava pronto, vestiu-se calmamente, não tinha pressa para o início do baile.

Auterpe também se vestia, achava os vestidos que usavam nesse lado um tanto exagerados, no entanto, não reclamou quando viu o vestido roxo com rendas e bordados dourados, era a medida perfeita, coube como uma luva; parou em frente ao espelho, admirou a barriga, sentia que estava grávida, não conseguia acreditar que engravidou no outro lado do portal, pelos Deuses, teve tantos homens em Ruphira, precisava engravidar de um mero mortal?

Estela entrou sorrindo em seu quarto, Liandra já havia separado o vestido de baile dela, obviamente era verde, havia bordados brancos no corpete e na barra da saia, a coroa estava repousando na almofada de veludo, junto com a do marido, foi a presença dele que a murchou, Estevão beijou os cabelos dela suavemente.

—Desculpe por mais cedo, estava de ressaca – eles se olharam no espelho, ele estava atrás dela, com a cabeça apoiada na dela.

—Tudo bem – ela sorriu.

As coisas ficariam bem.

Quando o baile começou, ambas as realezas estavam no salão de baile, as pessoas que entravam não eram simples súditos, estavam muitíssimos bem vestidos, em trajes de gala e belos vestidos, eles olhavam com estranheza para os dois visitantes. Estevão fez as honras, os apresentou e pediu um brinde em comemoração à nova aliança, todos comemoraram, William encheu a taça do irmão com vinho de pêssego e um pouco de sereno.

Auterpe se aproximou de William, não saberia como dizer que estava esperando um filho dele, respirou fundo e recuou, não iria dizer, não agora, seria estranho. Ele a puxou para uma dança, a qual ela se deixou levar, Estevão dançou a primeira valsa com Estela, mas a largou logo no fim, Perseu a tomou como companheira de dança; era uma cena bonita de se ver, Leodak admirava isso, o rei e a rainha de cabelos brancos dançavam perfeitamente sincronizados, suas coroas reluziam as chamas das velas como se fosse iluminar uma confirmação, o escudeiro sorriu.

Quando a noite já era deveras escura, as estrelas brilhavam no céu acompanhando a lua, que estava levemente avermelhada, não o suficiente para Estevão ver, afinal, ele estava longe das janelas, rindo alto com seus condes mais chegados, Mandrik também não estava em plenas faculdades mentais, sentia-se bêbado, seu amigo também estava, deu uma varrida no salão com os olhos, Perseu estava entretendo Estela, o que era bom, quando ela tivesse que aguentar o marido alcoolizado poderia lembrar daqueles momentos. Estevão tropeçou, sendo segurado pelo conselheiro.

—Vamos para o quarto, você precisa dormir – Mandrik disse para Estevão, passando o braço do amigo sobre seus ombros e partiu em direção ao quarto.

—Eu tenho um convite – Estela sussurrou sendo rodopiada pelo parceiro, ela viu o conselheiro levando seu marido.

—Qual? – Perseu sorriu, a menina não respondeu, o segurou pela mão e o levou para fora, o rei riu com o atrevimento de Estela, eles correram o melhor que conseguiram até o covil, ignoraram as selas e subiram em Jaspe.

O dragão saltou, abrindo as asas num voo silencioso, fizeram a volta no monte, dando as costas para o castelo, Perseu olhou para a construção, estava bem iluminada, era uma construção majestosa, virou para a cavaleira, que mantinha um sorriso no rosto.

—Para onde vamos? – ele segurou a cintura dela.

—Quero ficar as sós com você – ela virou, seu rosto estava iluminado com a luz pálida da lua. Voaram por um curto período, pousando em uma praia de areias brancas, eles desceram de Jaspe, haviam flores por toda a extensão e uma árvore pouco mais longe.

Estela e Perseu caminharam alguns metros, inconscientemente estavam de mãos dadas, ela olhou para ele por cima do ombro, sorriram um para o outro, o rei de cabelos brancos a girou, a prendendo em seus braços, ela não fugiu, pelo contrário, se entregou ao beijo quente que o homem lhe deu, em Deragona era inconcebível a ideia de traição, mas ali, na ilha de lavandas, não parecia errado, não com ele. Eles tropeçaram na barra do vestido, caindo sobre a areia e a grama, ele ficou sobre ela, sorrindo largamente, a beijou mais uma vez, aproveitando os lábios macios da rainha, calmamente desabotoou o vestido, a deixando nua vagarosamente, a rainha o olhou confusa, seu marido nunca tirava suas roupas, ou quando o fazia era com violência. Perseu tirou suas roupas antes de voltar para cima da menina, a beijou como se quisesse confirmar algo.

—Está certa disso? – ele sussurrou descendo os beijos pelo pescoço dela.

—Nunca estive tão certa – respondeu.

Eram duas criaturas mágicas, uma era de um mundo mágico, a outra era só exceção, ambas tinham magia correndo no sangue; quando Perseu a penetrou, ela arfou, fechando os olhos por um momento, aquela calma lembrava seu início de casamento, quando Estevão ia devagar e se preocupava se a machucava. Ele parou um segundo, analisando o rosto da rainha, será que a machucou? Ela não iria dizer, iria? Estela entrelaçou as pernas na cintura dele, a puxando mais para perto, as mãos delicadas subiram pelo peito até a nuca e o puxou para um beijo demorado. A realeza dos dois mundos se amaram nas areias da praia, eles se encaixavam perfeitamente, eram sincronizados.

Perseu começou se vestir logo depois da rainha, olhou para a lua, estava levemente vermelha, será que seria pai? Conhecia seu povo, sabia o quanto eram férteis, mas será que funcionava nesse lado do portal? Tremeu por pensar que um filho seu com Estela iria ser criado por Estevão, ou não, carregaria o bebê e ela para Saphiral, gostaria dessa possibilidade.

Estela sorriu enquanto levantava as alças do vestido para colocar nos ombros, o rei a ajudou fechar os botões, deu um último beijo no pescoço dela; montaram em Jaspe, que os levou para a fortaleza, de mãos dadas voltaram pelo bosque, se afastando quando passaram pelo portão, entraram por portas diferente, Estela havia limpado a areia durante todo o trajeto. Tão logo ela colocou os pés no salão, foi surpreendida por Linor, que a segurou fortemente por um braço.

—Vamos, majestade, a senhora precisa ir para o quarto – ele a puxou pelos corredores, ignorando toda a etiqueta de um dos anfitriões fechar o baile. Quando chegou no quarto, Estevão estava sentado na cama, uma taça de vinho pela metade repousava na mesa de cabeceira – A rainha – Linor anunciou e fechou a porta.

—O que está acontecendo? – o estômago dela gelou, será que ele havia descoberto sua fuga?

—Lua vermelha, meu bem – a voz estava grogue, uma mistura de álcool e sono – Vamos, precisa de um convite formal?! – ele voltou sua atenção à taça enquanto, mais uma vez, ela tirava a roupa, Estela subiu na cama, não havia reparado na tonalidade da lua quando saiu e também não queria fazer isso, mesmo que fosse sua obrigação.

Ela sentiu o corpo pesado dele subir no seu, Estevão estava fedendo ao vinho de pêssego, que, por mais doce que fosse, era enjoativo; sentiu as estocadas, cada uma delas, não era em busca de prazer, não dela pelo menos, era fundas e compassadas, ele grunhiu quando gozou, caindo no lado da esposa como uma rocha. Estela sorriu para o teto, esquecendo o nojo que sentira minutos antes, estava minimamente feliz.

Auterpe estava bem feliz em seu quarto, William havia subido com ela quando o baile terminou, decidiu não contar da gravidez, não agora, deixaria os sintomas virem e depois talvez contasse. Aquela noite ela só queria aproveitar ele como uma boa companhia.

Perseu entrou em seu quarto e tirou cada peça de roupa com um sorriso no rosto, lembraria por toda sua vida daquele rosto perfeito o encarando sob o luar, dos beijos delicados que ela distribuiu em seu corpo, das mãos ágeis que passearam por seu corpo. Ele dormiria uma das melhores noites de sua vida.

Mandrik e Navi estavam trancados no quarto, Leodak bateu forte na porta por três vezes, o conselheiro de Estevão bufou e abriu, seu escudeiro entrou o beijando, o que arrancou um sorriso sincero de Navi. A lua trouxera mais que a fertilidade da rainha de Calasir, trouxera muitas surpresas. Mandrik, Navi e Leodak não dormiriam muito até o sol nascer.

 Estela levantou da cama, vestiu seu robe e caminhou até a sacada, o vento da noite a acolheu, ela sorriu ao encontrar os olhos de Perseu a olhando na sacada quartos de distância, eles sorriram um para o outro antes dele entrar para os aposentos.

Ela não estava mais sozinha, conseguia sentir.

 


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