Você deveria ouvir mais o Sam, Dean.-Destiel escrita por DéboraLuMall


Capítulo 1
Capítulo Único




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O soco acertou a parede antes que Castiel pudesse contê-lo. Os olhos de Dean brilhavam e seu corpo tremia de uma forma que Castiel jamais o vira. Não sabia exatamente o que havia acontecido, apenas que Dean havia brigado com Sam, mas isso não era novidade. Sam e Dean brigavam, mas sempre se resolviam. Por que agora seria diferente?  

—-Dean, o que houve? 

A pergunta não pareceu surtir qualquer efeito. Dean se sentou na beirada da cama no motel e fechou os olhos com força. Castiel pensou ver uma lágrima escorrer, mas era difícil ter certeza devido a pouca claridade presente no quarto escuro.  

Ficou encarando o corpo trémulo até esse se acalmar. Quando os olhos do outro finalmente subiram até seu rosto, não havia qualquer indício do que  há  minutos antes era um problema palpável.  

—-Cass,--A voz de Dean parecia melosa, até doce demais.--O que tem feito? 

—-Como assim?--Castiel piscou, confuso.  

—-Não te vejo faz duas semanas.  

Geralmente eles ficavam meses sem se ver. Meses que não passavam, meses cheios de problemas, meses em que Castiel apenas desejava voltar no tempo, para quando os problemas não eram seus problemas.  

—-Geralmente a gente passa meses sem nos ver, Dean. E você nunca pergunta. Por que não conversamos sobre o que o trouxe até aqui?  

Dean fechou a cara e Castiel viu a faísca de tristeza perpassar por seu rosto. Demostrar tristeza não era de seu feitio e isso estranhamente doía. Não em Dean, isso doía em Castiel.  

—-Não aconteceu nada... 

—-Dean... Você sabe que pode confiar em mim.  

Talvez o problema fosse ele ter dito aquilo. Dean se levantou com brusquidão e andou até ficar cara a cara com Castiel. Apesar de sua expressão ser de raiva, não havia nada senão dor naqueles olhos.  

“Dean...” 

E então ele o abraçou. Os braços de Dean o apertaram e seu rosto se deitou em seu ombro. Nenhuma palavra foi trocada enquanto Dean respirava com dificuldade, como se evitasse as lágrimas presas. 

Castiel o afastou e o segurou pelos braços. Seus olhos dançaram pela expressão de Dean, como se assim pudesse ganhar a resposta que tanto precisava naquele momento.  

“Eu não deixarei você sair daqui até me contar o que te incomoda, Dean”. 

Dean fungou e fechou os olhos. Castiel imaginou que ele fosse tentar fugir ou talvez até mentir, mas quando seus olhos se abriram e um sorrisinho estranhamente maroto dançou naquela face, Castiel soube que ele falaria. 

—-Sammy e eu formos derrotados por uma bruxa...--Sua resposta parecia simples, algo normal, mas Castiel sabia que os irmãos Winchesters não eram derrotados. Eles nunca perdiam uma luta. Se haviam perdido, a bruxa deveria ser muito mais do que poderosa--Ela me disse algo que não pegou bem, me magoou. E Sammy e eu brigamos por... Bem, termos perdido e outra coisa... Óbvio, geralmente acontece de brigarmos. Mas isso é o de menos, a culpa foi minha. Eu conserto. Mas o que ela me disse é algo que... Bem, algo que eu sabia, mas não queria admitir e que eu não sei se posso consertar... Algo que... Bem, algo bem ruim.  

Castiel observa as lágrimas rolarem pelos olhos de Dean antes de pegar um lenço em cima da cama e entrega-lhe. Dean fita o lenço por um tempo antes de entender o que fazer e começar a secar os olhos e bochechas. 

—-E você quer me contar?  

Castiel leva um susto ao ter as mãos de Dean em contato com seus braços. Dean o aperta como se achasse que Castiel fosse sair correndo, o que obviamente não aconteceria. Era mais fácil Dean fugir. 

—-Você sabe o que é. O mesmo papo de sempre: você jamais terá uma vida normal, jamais conseguirá ter uma família e blá blá blá. A diferença é que ela falou de uma forma que machucou. Geralmente não conseguem essa proeza.  

Castiel não entendia como Dean conseguia falar de maneira tão normal, como se fizesse uma piada a cada palavra. Nitidamente ele estava tentando se abrir, mas com uma grande dificuldade.  

—-E qual foi o outro motivo para você e Sam brigarem?  

Dean fechou a cara, mas não demorou muito para seu rosto suavizar. Seus orbes se fixaram no rosto de Castiel como se lesse cada misero pensamento aí. Castiel o ouviu respirar fundo, para em seguida soltar suas mãos de seus braços e olhar para o chão.  

—-Ele sabe que eu sinto algo por alguém, que eu não tenho coragem de contar. E ele sabe que com essa pessoa talvez... Bem, talvez desse alguma coisa... 

—-E vocês brigaram por causa disso?--Castiel estava confuso.--Por que você não se abre para essa pessoa? Você geralmente não pensa muito antes de fazer o que te dá na telha.  

Dean não olhou para seus olhos quando suspirou. 

—-Eu não deixo óbvio, Cass? 

—-Não deixa óbvio o quê?  

Dean bufou e Castiel não teve muito tempo de ter qualquer reação quando Dean se virou, andou em sua direção, segurou sua camiseta e o puxou para um beijo. Não durou mais do que alguns segundos. Dean se afastou com os olhos arregalados e correu em direção ao estacionamento. Castiel, apesar de assustado e sem entender nada, se teletransportou para o banco de trás do Impala. 

Dean entrou fungando e respirando com dificuldade. Castiel pulou para o banco de passageiro no mesmo instante. Dean parecia esperar isso, porque não fez nada senão ceder ao choro.  

—-Dean, consegue me explicar o que foi isso? 

—-Cass...--Dean tentou respirar normalmente.--Não precisa fingir se importar. Eu acho que você sabe bem que o que eu fiz é autoexplicativo.  

Castiel estava há tempo o suficiente na terra para não ser mais tão ingênuo. Sim, ele tinha consciência do que aquilo significava. Ele tinha consciência de que Dean Winchester estava sofrendo de uma coisa chamada “amor”. 

“Eu sei que não tem a mínima chance de você sentir o mesmo por mim e que você odiou o beijo e que eu sou tolo por ter cedido ao momento e feito. Eu prometo que isso não vai mais acontecer... Apenas, por favor, não deixe de ser o meu amigo. Você é família para mim e Sam, Cass.” 

Dean não o olhava nos olhos e Castiel não entendia por que ele não podia ter gostado do beijo. Para dizer a verdade, o singelo ato o deixara feliz. Ele gostaria que Dean fizesse de novo. Talvez imaginasse isso acontecendo algumas vezes... Talvez até já tivesse desejado quando olhou para seu rosto uma ou duas vezes. Dean não deveria ter tanta certeza do que dissera. 

—-Eu gostei do que você fez, Dean. 

Sua resposta pegou Dean de surpresa. 

—-Quê?! 

Dean o olhou assustado, com a face estranhamente rubra naquela noite escura. Castiel achava que ele ficava fofo com o rosto inchado, apesar de ter odiado vê-lo chorar.  

—-Eu gostaria que você fizesse de novo.  

—-Você gostaria que eu fizesse de novo?  

Dean parecia perplexo.  

—-Sim.  

—-Mas... Eu sou um cara. Nós somos amigos... Cass... 

Castiel revirou os olhos e dessa fez foi ele quem puxou Dean pela camiseta e o beijou. Dean não demorou para fechar os olhos e abraçar Castiel pela cintura. Apesar de relutante, Castiel abraçou sua nuca e o beijo perdurou por longos segundos, até ambos se separarem e Dean sorrir.  

—-Sam estava certo?--Sua voz soa estranhamente avoada.--Como Sammy estava certo? 

Castiel riu da cara de Dean.  

—-Você deveria ouvir mais o Sam, Dean.  

Não havia sido a coisa certa a dizer, ou talvez até fosse. Dean bufou e ligou o Impala, não sem antes puxar o cinto de Castiel e prendê-lo no banco. Castiel franziu as sobrancelhas.   

—-Vai me levar para onde?  

—-Para o Bunker. Talvez Sammy mereça saber que estava certo.  


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