Uma Segunda e Verdadeira Chance a Nós escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 10
Capítulo 10




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Sem mais demoras, uma hora depois eles estavam perambulando pelo centro, olhando cada seção de loja à procura de novas roupas. Aziraphale acabou se encantando pelos tons floridos de azul e amarelo. Para Crowley, era uma escolha diferente do que ele esperava dela, depois de 6 mil anos de convivência, mas ainda assim, tinha a cara dela. Ele a esperou sair do provador com comedida paciência, sentado de forma largada nas poltronas de espera, com uma mão apoiando o queixo.

Sua esposa então saiu do provador de forma deslumbrante e encantadora, usando um vestido branco cheio de flores amarelas que formavam a estampa, a costura acentuando o formato definido de sua barriga de gravidez.

—Você é realmente a criatura mais adorável que eu conheço... – ele elogiou abertamente, a observando por cima dos óculos escuros.

—Ora, pare com isso, assim fico encabulada... – Aziraphale chegou a colocar um cacho atrás da orelha de forma recatada.

—Estou dizendo apenas a verdade – ele deu de ombros.

—Tudo bem – ela respondeu e se voltou para as roupas outra vez.

Havia um sentimento reconfortante em saber que o marido a admirava tanto, mesmo quando suas inseguranças podiam bater tantas vezes.

Ela experimentou mais alguns vestidos e quando se deu por satisfeitas, voltou a caminhar com Crowley pelas ruas de Soho, agora em busca da sobremesa perfeita. De repente, a vontade de comer pudim tinha batido em Aziraphale.

—Essa criança deve amar doces tanto quanto você – Crowley disse quando se sentaram juntos para esperar pelo seu pedido no café.

—Eu não sei, acredito que sim – ela ponderou, limpando a boca com o guardanapo delicadamente – não me importaria que nosso bebê gostasse de doces.

—Mas você não deixaria ele comer esse tipo de porcaria, digo, iguaria, tão cedo – Crowley ponderou.

—Ah está aí um ponto que eu não tinha imaginado antes e faz todo sentido – ela refletiu – você acha que eu deveria cortar os doces também? Além de ser puro açúcar para o bebê, o que não faz muito bem, eu também posso engordar ainda mais... isso é um desastre mesmo...

Ela passou a encarar o resto do pudim sobre a mesa como um grande vilão.

—Calma, eu não quis te assustar – ele tentou consertar o que acabou se tornando um erro, por mais bem intencionado que fosse o conselho – você tem razão que açúcar pode fazer mal ao bebê, mas não quer dizer que você não possa comer um ou outro de vez em quando, lembra que o próprio Dr. Jones disse isso?

—Eu lembro agora, o que significa que é melhor eu parar enquanto posso – Aziraphale suspirou fundo – esse é um sacrifício que eu estou disposta a fazer.

—Muito bem, quer que eu peça um chá pra você? – ele ofereceu gentilmente.

—Claro, obrigada – ela sorriu agradecida.

Mas logo em seguida mais preocupações alimentares tomaram conta de sua mente, fazendo com que seu rosto se franzisse numa carranca levemente atormentada.

—Qual o problema? – Crowley repetiu o questionamento, com paciência.

—Não é qualquer chá que eu posso tomar – ela declarou, se recordando das suas próprias pesquisas e leituras.

—Eu sei disso – ele afirmou – vou pedir algo que com certeza eu sei que não vai te fazer mal, isso te deixa mais tranquila?

—Tranquila sim – ela assentiu de forma rápida – mas não me faz me sentir menos mal.

—Eu entendo seu nervosismo repentino – ele comentou para ajudar – mudanças de humor são muito comum em mulheres humanas nessa fase da vida.

—Mais uma semelhança com uma gravidez humana, então? – Aziraphale ponderou a possibilidade.

—Pode apostar que sim – ele afirmou com veemência.

—Crowley – ela chamou, franzindo as sobrancelhas, de repente – e se de alguma forma o nosso bebê for humano?

—Eu duvido muito – ele disse de imediato, o que a fez franzir ainda mais as sobrancelhas, se isso fosse possível.

—Bom, é que ele está mostrando um monte de características humanas, é o que a lógica me faz pensar, no mínimo – ela rebateu – mas o que te faz duvidar?

—Bem, nós dois não somos humanos, há no mínimo uma possibilidade de ele ter algumas... habilidades – ele deduziu.

—Você quer dizer... – ela se inclinou para mais perto dele e sussurrou – milagres?

—É, e outras coisas – ele acrescentou.

—Bom... – ela suspirou alto, trocando de humor rapidamente de novo, bem como seu marido tinha atestado – estamos deduzindo o futuro de novo...

—E isso nos deixa bem ansiosos – Crowley percebeu, vendo que não era um sentimento ideal de se alimentar – não se preocupe, Aziraphale, vamos apenas nos ocupar com o presente, está bem? E com o que é mais importante pro futuro, como terminar aquele quarto pro filhote.

—Claro – ela conseguiu ao menos sorrir e se comprometer a seguir o conselho dele. 

Um pouco depois, eles tomaram a fila para pagar o pedido e apesar de um pouco grande, Aziraphale suspirou, com paciência, colocando uma mão nas costas, esperando sua vez, até que um olhar a mais chamou sua atenção. Uma criança segurando a mão da mãe, alternava o olhar entre o rosto da sra. Crowley e sua barriga.  Ela acabou olhando para a criança, dando um sorriso meio sem graça para o garotinho.

—Boa tarde - disse Aziraphale de forma convidativa, procurando quebrar o gelo em sua doce educação.

—Olá - respondeu o menino, mesmo de forma tímida, tomando um pouco de coragem - você está grávida, moça?

—Jeremy! - a mãe do menino repreendeu de imediato, com medo dele ter soado ofensivo de alguma forma - sinto muito, meu filho foi indelicado.

—Ah de maneira nenhuma - Aziraphale se compadeceu da situação toda - na verdade, Jeremy está certo, eu estou grávida, faltam 14 semanas e 4 dias para o meu bebê nascer, isso se ele seguir o cronograma, nem se adiantar ou se atrasar.

—Ah... - Jeremy assentiu, tentando fazer as contas do tempo citado em sua cabeça - bom, se a senhora está grávida, deveria ir no começo da fila, eu aprendi isso uma vez.

—Puxa vida, você é um rapazinho muito gentil, Jeremy - a sra. Crowley demonstrou sua surpresa em gratidão - mas não se preocupe, minha vez já está chegando.

—Não se preocupe, vai ser um prazer te ceder a vez, se isso compensar alguma coisa - a mãe do garoto insistiu em se desculpar.

—Bom, se você insiste, eu vou aceitar, muito obrigada pela gentileza - Aziraphale agradeceu e então tomou seu lugar, pensando que aquele era um momento que reforçava que, de alguma forma, ainda valia a pena ter esperança na humanidade.

—Isso foi bacana - Crowley disse discretamente, acompanhando a esposa de volta para casa.

—Pois é, ele pareceu ser um bom garoto, tomara que o nosso seja assim também - ela comentou, esperançosa.

—Mas não tão bobo - ele acrescentou.

—O que quer dizer com bobo? - Aziraphale parou de andar e estreitou as sobrancelhas perigosamente.

—Você sabe, não totalmente ingênuo - Crowley explicou rapidamente, tentando se safar de qualquer possível encrenca.

—Ah sim... acredito que seria uma habilidade necessária, reconheço que há maldade no mundo também - ela concordou lentamente, com uma expressão pensativa.

Como um manifesto para vetar qualquer tipo de discussão entre seus pais, o bebê se manifestou, o que fez Aziraphale se sobressaltar de repente, preocupando seu marido.

—Você está bem? - ele perguntou, levantando uma sobrancelha, inspecionando qualquer perigo aparentemente nela.

—Estou - ela sorriu abertamente, o que o tranquilizou imediatamente - é só bebê dando um oi, eu acho, olha só!

Ela agarrou a mão dele de forma entusiasmada, a direcionando por cima de sua barriga. Aziraphale fixou os olhos nele, pronta para ver sua reação. Um sorriso discreto se formou no canto dos lábios de Crowley, até se formar em sorriso genuíno.

—Muito bem, criança - ele falou com a voz surpreendente embargada - é bom saber que você está aí e está tudo bem.

Com a lembrança do momento gravada em sua mente, Aziraphale voltou para casa feliz, e Crowley teve que ceder ao sentimento feliz, por mais contraditório que achasse que isso fosse.


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