Câmara Secreta: Regulus Black, Mestre de Poções 2 escrita por Bruna Rogers


Capítulo 9
Capítulo 9




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— Urgh — Harry geme tentando ficar confortável na cama.

Ele adoraria ter algo para se concentrar em vez da dor terrível que ele está sentindo agora. Nunca antes ele se arrependeu de jogar quadribol como hoje, nem tanto pelo jogo em si, nem mesmo o balaço foi tão terrível. Não é como se ele nunca tenha caído de lugares alto — ele já teve que limpar as calhas da casa quando morava com os Dursley, ele fez isso várias vezes, incluindo no inverno, e caiu de lá algumas vezes, então ele pode dizer que conhece a dor de um osso quebrado — mas a dor dessa vez é muito pior do que as últimas vezes.

Talvez seja culpa da Poção que ele foi obrigado a tomar, ou talvez tenha sido porque os ossos de seu braço direito desapareceram graças ao seu professor.

Harry mordeu os lábios reprimindo um grito de dor, as lágrimas escorrendo por seu rosto quando ele fechou os olhos com força.

Se ao menos ele pudesse passar por tudo isso sem estar consciente, se ele conseguisse dormir, mas não havia como dormir com a sensação de agulhas em chamas perfurando seu braço de dentro para fora.

Ele respirou fundo algumas vezes e limpou seu rosto o melhor que podia.

— Potter.

Harry abriu os olhos e encontrou seu professor de poções parado aos pés de sua cama. O homem estava o encarando com um olhar preocupado e cansado que o fazia parecer mais velho do que o professor realmente era.

— Iria perguntar como está se sentindo — ele disse calmamente — mas sei por experiência própria o que Skele-gro faz.

Harry respirou fundo algumas vezes para ter certeza que poderia falar sem gaguejar.

— O senhor já teve seus ossos desaparecidos.

O professor Black deixou a cabeça cair um pouco pro lado, uma mecha de seu cabelo preto e ondulado caiu sobre os olhos cinzas. Seu olhar se perdeu por um momento como se ele estivesse se lembrando de algo.

— Não exatamente — ele respondeu, a voz ainda baixa e suave — mas já quebrei alguns ossos no meu tempo como jogador.

— O senhor jogava quadribol?

— Oh, sim — Regulus sorriu levemente — joguei desde meu terceiro ano. Eu, assim como você, era um apanhador.

— Então o senhor jogou contra meu pai? — Harry disse, ele se lembra do troféu com o nome de seu pai no armário de troféus.

— Ah, sim, joguei sim — Black não parecia tão empolgado, apenas mais cansado — joguei contra ele várias vezes. Seu pai era um bom artilheiro, apesar de ter jogado como apanhador em alguns jogos.

— Como ele era? — Harry perguntou, não havia muitas pessoas que falassem de seu pais como algo além de heróis.

Com o Sr. Black era diferente, pois ele tinha quase a mesma idade de seus pais, pelo que Harry sabe, e não os via como heróis, ou alunos ou apenas pessoas mais novas. Era uma visão bem diferente da maioria.

— Como um atleta? — Black ponderou — acho que muito como o sr. Wood é hoje. Determinado, teimoso e seriamente irritante quando o assunto era treinar.

Harry foi interrompido de sua próxima pergunta por uma pontada forte de dor que embrulhou seu estômago, forçando-o a respirar pela boca algumas vezes antes de se controlar.

— Vou ver se Madame Pomfrey tem algo para ajudá-lo a dormir — Black disse juntando as mãos atrás das costas — o Potter que inventou essa poção realmente deveria ter pensado em algo para ajudar com a dor.

— O quê? — Harry soltou em uma respiração gaguejante.

— Skele-go, foi um Potter quem criou essa poção — o professor respondeu com simplicidade — posso dizer, que apesar de suas habilidades particulares em poções serem medianas, vários de seus antepassados foram porcionistas, talentosas.

Harry olhou para o professor surpreso, ele não sabia disso. Verdade seja dita, ele não sabe muito sobre sua família e antepassados.

— Vou falar com a madame Pomfrey, aguente firme mais um pouco.

[...]

Graças a bondade da Madame Pomfrey que lhe deu uma poção para que ele finalmente conseguisse dormir. Harry caiu na inconsciência muito feliz em poder fugir da dor.

Quando Harry abriu os olhos ele não tinha certeza de quanto tempo havia passado desde que ele adormeceu. Ele soltou um grunhido de dor, seu braço parecia cheio de estilhaços agora, e por um momento ele achou que foi isso que o acordou, então ele percebeu que não estava sozinho, havia alguém ali com ele. No escuro alguém passava uma esponja em sua testa.

Ele sentiu o pânico se apoderando dele, recuando ele gritou:

— Saia daqui — um momento depois ele percebeu — Dobby?

— Harry Potter voltou para a escola — o elfo murmurou com clara infelicidade.

Harry franziu a testa enquanto ouvia o elfo vestindo trapos murmurar sobre ter avisado Harry sobre os perigos, reclamando que não foi ouvido pelo menino.

— Por que não voltou para casa quando perdeu o trem?

Sobre a dor e a confusão Harry fulminou o pequeno ser com o olhar.

— Foi você? — Harry disse acusadoramente — O que você fez? Como sabe que eu perdi o trem?

O lábio de Dobby tremeu fazendo Harry suspeitar ainda mais dele.

— Foi você — o menino afirmou, a raiva borbulhando lentamente sobre a superfície.

— Com certeza meu senhor — Dobby respondeu vigorosamente.

— Você quase fez Ron e eu sermos expulsos.

Harry ficou estupefato apenas encarando o elfo, tentando não deixar suas frustrações explodirem em Dobby. Havia muita coisa se acumulando em Harry nas últimas semanas, nos últimos meses na verdade, e por mais que agora o moreno saiba que a maior parte é culpa de Dobby e de Lockhart, ele tentou se controlar e pensar racionalmente.

Ficou mais difícil enquanto o Dobby confessava:

— Dobby se escondeu e esperou por Harry Potter, e então selou a passagem. Dobby teve que passar as mãos a ferro depois, mas Dobby não se importou — o elfo mostrou as mãos machucadas.

Por mais que Harry quisesse apenas se irritar, ver as mãos de Dobby fez seu coração doer. Harry estava acostumado a ser punido e é algo que ele não deseja a ninguém. É um tanto irônico o quão semelhante os Dursley e os Puro-Sangues são mesmo que eles odeiem uns aos outros abertamente.

— Dobby ficou tão chocado ao saber que Harry Potter tinha chegado a Hogwarts por outros meios que deixou o jantar do seu dono queimar — ele continuou a falar, balançando sua cabeça — Dobby nunca foi tão açoitado.

O fato de Dobby ter tentado impedir Harry de chegar à escola fugiu da mente do menino, agora tudo que Harry queria era ajudar o pobre coitado. Ele gostaria de dizer que desconhece a sensação de ser açoitado, mas tio Vernon gosta muito de usar o cinto.

Ele se afundou de volta ao travesseiro, olhando com pena para Dobby.

— Dobby está acostumado com ameaças de morte, meu senhor. Em casa, Dobby recebe cinco vezes por dia.

Dobby assou o longo nariz no trapo que vestia.

— Harry Potter precisa ir para casa — Dobby disse com determinação — Dobby achou que o balaço seria o suficiente.

Harry o encarou por meio segundo antes de entender o que o elfo queria dizer e ficou imediatamente furioso novamente.

— O balaço, foi você — ele disse entre os dentes — Estava tentando me matar?

— Não matar — Dobby disse colocando as mãos em frete a seu pequeno corpo balançando-as — apenas machucar seriamente.

— Só isso? — Harry arqueou uma sobrancelha chocado.

— Dobby queria salvar Harry Potter. Só machuca-lo o suficiente para mandá-lo para casa.

— Só isso — Harry disse com uma risada bufada sem humor — presumo que você não vai me dizer a razão de tudo isso, certo?

Dobby começou a lamentar o quanto Harry não sabia o que ele significava para os humildes, para os escravizados, para a escória mágica. Isso só deixou Harry ainda mais confuso e irritado, ele era só um garoto de doze anos, ele não queria significar nada para ninguém além de seus amigos, ele só quer ser um garoto normal, ou o mais normal que uma criança bruxa pode ser pelo menos.

O elfo continuou a falar como a vida de muitos melhorou depois de que Harry "venceu" Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, mas novamente o menino não fez nada intencionalmente, foi a morte de sua mãe e pai que causaram a queda daquele bruxo das trevas, Harry recebeu a glória pelo sacrifício de sua mãe. Sinceramente quem poderia realmente por em um bebê de um ano o peso de algo tão grande e importante.

Isso sempre fez Harry questionar o mundo mágico, principalmente depois que descobriu que foi o sacrifício de sua mãe que o salvou naquele dia. Por que eles queriam tanto fazer de Harry um herói quando ele era só uma criança?

— E agora, em Hogwarts, coisas terríveis vão acontecer. Dobby não pode deixar Harry Potter ficar aqui, agora que a história vai se repetir, agora que a Câmara Secreta foi reaberta...

Harry se inclinou com interesse, Dobby congelou uma expressão de horror tomou conta de seu rosto já não tão bonito. Ele agarrou a jarra de água de Harry sobre a mesa de cabeceira e quebrou na própria cabeça.

Potter recuou assustado com a reação repentina, e então Dobby desapareceu ao cair da cama. Segundos depois ele reaparece vesgo, subindo na cama murmurando sobre ser ruim.

Harry não queria dar atenção a essa história no começo, mas quando ele encontrou Madame Nor-r-ra e todos começaram a chamá-lo de O Herdeiro de Salazar Sonserina.

Em uma aula de História da Magia, Hermione perguntou sobre a Câmara Secreta para o professor Binns. O fantasma professor contou a contragosto sobre a lenda: " Hogwarts foi construído por quatro grandes bruxos: Godric Gryffindor, Rowena Ravenclaw, Helga Hufflepuff e Salazar Slytherin, na época em que a magia era temida e seus usuários perseguidos. Em algum momento depois de anos, houve uma grande briga entre Slytherin e os outros. E Slytherin antes de abandonar a escola ele teria selado a Câmara Secreta de modo que ninguém além de seu herdeiro pudesse abri-la, liberando o horror que ela guarda para expurgar a escola de quem não fosse digno de estudar magia". Porque Salazar odiava trouxas e não confiava em nascidos trouxas e queria impedi-los de estudar, foi isso que o causou a cisão entre ele e os outros, principalmente com Gryffindor."

Naquele dia, Harry entendeu não só a lenda da Câmara Secreta e a razão pela qual havia uma rixa entre as casas da Sonserina e Grifinória.

Horas depois ele ficou sabendo o quão pior era a rivalidade entre as casas. Percy comentou o quanto até mais violento era o confronto entre as casas anos atrás, principalmente nos primeiros anos de Regulus Black como professor deles.

De qualquer forma, uma coisa que ele não entendeu é considerando que quem poderia abrir a Câmara Secreta é um herdeiro de Salazar Slytherin, e com todos os alunos da Sonserina, por que os alunos achavam que ele, Harry Potter, seria tal pessoa?

— Então há uma Câmara Secreta — Harry sussurrou — e você está dizendo que ela já foi aberta antes? Me conte, Dobby.

— Ah, meu senhor — Dobby recuou novamente — não me peça isso, por favor. Coisas nefastas estão sendo tramadas em Hogwarts, mas Harry Potter não deve estar aqui quando acontecer. Vá para casa, por favor. Não se meta nisso. Vá para casa Harry Potter. É muito perigoso...

— Quem é, Dobby ? — Harry pressionou — Quem abriu a Câmara? Quem a abriu da outra vez?

— Dobby não pode, meu senhor, Dobby não pode, Dobby não deve falar — o elfo começou a suplicar — Vá para casa! Vá para casa!

— Não vou a lugar nenhum — Harry disse com determinação.

— Harry Potter arrisca a própria vida — Dobby geme numa forma de enfatizar a sua infelicidade.

De repente o elfo para, suas orelhas se levantam enquanto ele olha ao redor. Harry demora um momento para perceber o som vindo do corredor, haviam passos indo na direção da enfermaria.

— Dobby tem que ir.

— Espere... — Harry disse, mas foi tarde demais, o elfo havia desaparecido com um estalo assim como fez na casa dos Dursley.

Harry se deitou de novo, fechando os olhos e respirando fundo para fingir ainda estar dormindo.

Momentos depois ele ouve as portas se abrindo e mais passos, agora no mesmo cômodo. Harry espiou com um olho, ele viu Dumbledore vestindo uma longa camisola e uma touca de dormir, ele estava carregando uma extremidade de algo que Harry achou ser uma estátua. A profª McGonagall apareceu em seguida carregando a outra extremidade. Eles colocaram a coisa em uma das camas mais distantes.

— Chame a Madame Pomfrey — sussurrou Dumbledore.

Pela distância, se não fosse o absoluto silêncio, Harry não teria ouvido. O moreno fechou o olho quando a professora de transfiguração se virou para procurar a medibruxa.

Ele continuou fingindo que estava dormindo, apenas ouvindo o que acontecia ao seu redor. Ele ouviu a chegada de mais pessoas vindo de fora, logo as vozes de Lockhart e Black surgiram em sussurros confusos.

— Decididamente foi um feitiço que o matou, provavelmente a Tortura Transmogrifiana — Lockhart disse com um tom estranho de pesar.

Harry se encolheu com a ideia de alguém ter morrido. Que alguém em Hogwarts poderia matar outra pessoa.

— É uma pena que eu não estivesse presente, conheço exatamente o contrafeitiço que teria o salvado...

— Cale a boca, Lockhart — disse uma mulher que Harry não pode identificar exatamente quem era, talvez uma das professoras com quem ele ainda não tinha aula — Isso não é uma brincadeira, ele é um de nossos alunos.

— Ora, minha querida — a voz de Lockhart parecia ter o mesmo tom doce que ele usa com seus fãs, e isso fez Harry se encolher de desgosto — eu sei o quanto é sério, já enfrentei pessoas e salvei muitos desse feitiço específico. Parte meu coração não poder ter salvo-o...

— Ele não está morto — Dumbledore diz, sua voz calma como sempre.

— Não? — havia um tom de surpresa na voz de Lockhart.

— Kolópaido* — a voz feminina disse.

— Imbécile ** — o profº Black respondeu junto.

Harry não tinha certeza do que eles disseram, mas pelo tom de desgosto idêntico nas vozes, ele acha que não fosse algo bom.

Bom, pelo menos, ao que parece, seja quem for não está morto e isso é muito bom.

Mais vozes e passos surgem, ele reconhece a voz da Madame Pomfrey sussurrando sobre o que aconteceu.

— Mais um ataque — Dumbledore respondeu — Minerva o encontrou nas escadas.

— Havia um cacho de uvas junto ao corpo — a professora disse — acho que ele estava se esgueirando para visitar Potter.

O estômago de Harry deu um salto, mesmo de olhos fechados ele pode sentir pessoas o olhando de longe.

— Acho que não conheço esse — a Professora que ele não reconhece disse — é um primeiro ano, certo?

— Colin Convery — Black respondeu.

Harry sentiu o ar sendo arrancado de seus pulmões como quando ele caiu de sua vassoura. Lenta e cuidadosamente, ele abriu um dos olhos novamente, virando a cabeça para conseguir uma visão melhor sem revelar que estava consciente. A luz da lua entrando pela janela o mostrou o que ele temia.

Era Colin, seus olhos estavam arregalados, e suas mãos erguidas à frente do rosto, segurando sua câmera.

— Petrificado? — Pomfrey sussurrou.

— Sim — McGonagall respondeu.

Um silêncio recaiu sobre eles, todos observando o menino de onze anos na cama hospitalar.

Dumbledore se curvou e tirou a câmera das mãos rígidas do menino.

— Talvez, se tivermos sorte — o diretor falou — ele pode ter conseguido bater uma foto do atacante.

Dumbledore abriu a máquina.

Um jato de vapor saiu da máquina. Harry sentiu o cheiro acre de plastico queimado.

— Meu Deus! — as mulheres falaram ao mesmo tempo.

— Derretidas — disse mulher, que agora Harry reconheceu como a professora de Estudo dos Trouxas — todo o rolo está derretido.

— O que isso significa, Albus? — Professora McGonagall pergunta.

— Significa que a Câmara Secreta foi reaberta.

— Kataraméno Salazár Slítherin*** — a jovem professora disse, seu olhos arregalados em incredulidade — isso é sério?

— Mas, Albus... quem?

— A pergunta correta seria como...

Pela expressão de todos ali, Harry sabia que não era o único que não tinha entendido o que o diretor queria dizer.

— De qualquer forma — a professora disse novamente — o que faremos com ele, se ele ainda está vivo, tem como reverter isso, certo?

— O Tônico Restaurador de Mandrágora — Dumbledore respondeu — A profª Sprout recentemente obteve umas mandrágoras, assim que crescerem poderão ser usadas para fazer a poção...

— Eu faço a poção — Lockhart entrou na conversa — Devo ter feito isto centenas de vezes, posso fazê-los até de olhos fechados...

— Dá última vez que verifique — Black disse, voz fria e cortante como aço — o professor de poções dessa escola sou eu.

 

 


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Notas finais do capítulo

* Kolópaido - Babaca (grego)

** Imbécile - Estupido/Imbecil (francês)

*** Maldito Salazar Sonserina



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