Câmara Secreta: Regulus Black, Mestre de Poções 2 escrita por Bruna Rogers


Capítulo 24
Capítulo 24




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Harry Potter

Ele não tem exatamente certeza do que esperava quando o diretor Dumbledore o pediu para ficar em Hogwarts durante parte do verão para ajudar com a câmara secreta — considerando que ele é o único que pode abrir a passagem —, qualquer coisa para não ter que passar seu tempo com os Dursley, principalmente agora que eles sabem que Harry não pode fazer magia fora da escola.

De qualquer forma, estar diante de algumas relíquias dos fundadores não era o que ele esperava, de jeito nenhum.

Ele encarou a mesa, que foi reduzida levada até a câmara e tornou ao seu tamanho natural, com o medalhão de Salazar Slytherin — principal causa de todos os problemas que ele teve esse ano, ao lado de Voldemort —, uma taça dourada que é igual a dos retratos de Helga Hufflepuff e o diadema desaparecido a séculos de Rowena Ravenclaw.

Verdade seja dita, ele não reconheceria nada daquilo se não fosse Hermione, ela e sua obsessão por tudo que envolve Hogwarts. Porque com certeza não foi sua atenção às aulas de História da Magia com o professor fantasma Binns que gravou algo em sua memória.

Ao lado desses itens tinha um anel dourado com uma pedra preta em um formato meio de losango, parecia antigo e caro. E ao lado de todos eles tinha uma presa de basilisco amarelada.

A criatura que quase o matou agora havia sido reduzida a várias pilhas de ingredientes para poções. Quando o profº Black viu o réptil pela primeira vez ele parecia chocado, mas então seus olhos começaram a brilhar enquanto ele balbuciava para si mesmo sobre quantas coisas extremamente raras e para poções poderosas ele poderia tirar do animal morto, e como seu estoque estaria abastecido pelo resto de sua vida.

Harry achou muito confuso, mas quem era ele para reclamar, com certeza transformar um basilisco morto em ingredientes para poções é mais divertido do que trabalhar como escravo para seus tios e primos.

Além disso, o sr. Black era uma boa companhia a maior parte do tempo. Ele garantia que Harry tivesse tomado um bom café da manhã antes deles descerem para a câmara, então a cada duas ou três horas no máximo o adulto insistia para que eles saíssem de lá para tomar um pouco de ar puro e talvez comer algo.

Harry comeu mais naquele verão do que nos últimos anos com os Dursley. Foi bom, e o sr. Black lhe disse que seria bom que ele comesse mais, ajudaria a ter mais energia para jogar quadribol.

E quanto ao esporte, nos domingos Black dizia que eles não desceram para a Câmara, em vez disso Harry passou algum tempo com Hagrid e outros voando.

O professor até jogou um pouco com ele em um desses dias.

Foi com certeza um dos melhores verões de sua vida.

E para melhorar ainda mais, o sr. Black, ao contrário de outros adultos, respondia às perguntas de Harry sem rodeios e sem hesitar. Apenas algumas vezes ele disse que Potter era muito novo para saber disso ainda, ou que ele não sabia a resposta. Mas o homem fornecia todas as informações que tinha sobre seus pais a Harry.

E até contou alguns fatos mais banais sobre eles, coisas que ninguém nunca comentou com Harry, e que ele próprio não tinha pensado muito.

— Mamãe tinha medo de voar? — ele perguntou confuso quando Black lhe disse isso.

— Não tenho certeza absoluta — o professor disse — mas considerando que ela incendiou a vassoura de seu pai quando ele a levou para voar uma vez, eu diria que sim.

Harry acenou, fazia certo sentido, Ron lhe disse uma vez que a maioria dos nascidos-trouxas não gostavam muito de voar com vassoura, e Hermione era uma delas.

Outro dia Harry fez uma pergunta muito mais pessoal ao professor. Ele tem se perguntado isso a um tempo, ele só sabe o que Ron e os outros Grifinórios comentaram sobre o passado do professor, então ele decidiu perguntar pessoalmente.

— Por que você trabalhou para Voldemort?

Harry viu quando o professor hesitou fisicamente como todos quando o nome do bruxo das trevas era pronunciado.

— É um pouco complicado de explicar — o professor começou a dizer, seu tom monótono como sempre, mas ele não parecia confortável — tudo começou com a minha família. Os puro-sangues são muito tradicionalistas e conservadores com seus próprios costumes. No caso dos Blacks, nossos antepassados tinham um certo modo de vida que eles gostavam de ostentar.

O homem continuou a falar, explicando como seus pais queriam que ele fosse um grande bruxo das trevas, e como todos os preconceituosos acreditaram nas palavras do Lorde das Trevas sobre limpar a sociedade bruxa de qualquer um que não fosse sangue puro.

— É difícil crescer com todos ao seu redor dizendo que algo é certo o tempo todo, e um dia perceber que eles estão errados. Infelizmente quando eu percebi, já estava dentro das fileiras de Voldemort, no meio da guerra.

— Mas você saiu, você desistiu.

— Não é tão fácil, eu quase morri, e quando me recuperei a guerra havia acabado.

— O que aconteceu?

Regulus olhou para ele, os olhos cinzas tinham uma sombra melancólica sobre eles.

— Você ainda é jovem para essa parte da história. Quando você for mais velho eu contarei.

Harry concordou, não é como se ele pudesse forçar o professor a falar, ou não estivesse acostumado com "ser jovem demais" para saber algo.

Mas agora, diante aqueles objetos claramente antigos e preciosos, Harry não pôde evitar de questionar um pouco a sanidade do professor.

— O senhor quer o quê?

— Como você fez com o diário Harry, quero que faça o mesmo com esses objetos.

— Por quê?

— Você se lembra do que Dumbledore disse sobre como Voldemort usou o diário? — o menino acenou em resposta — ele pode usar esses da mesma forma, por isso precisamos destruí-los.

— Entendi — Harry ajeitou os óculos — mas por que eu?

Regulus olhou para cima por um momento.

— Não tenho certeza se outro que não você possa fazer isso.

Harry franziu a testa, ele não estava entendendo isso.

— Dumbledore disse-lhe que você e o Lorde das Trevas tem uma ligação, certo?

Harry acenou de novo. Não era algo que ele gostava de ser lembrado.

— É por isso que me falta certeza, talvez seja parte de sua conexão que permite que você destrua esses itens, talvez não, mas não é bom arriscar.

— E como eu já fiz isso uma vez, eu posso fazer de novo — Harry concordou pegando a presa de basilisco.

Dane-se lutar com um basilisco pessoalmente, aquilo, esfaquear objetos aleatórios, foi muito mais aterrorizante.

Ele começou com a taça que era o primeiro item na fila e foi seguindo. Todas as vezes um líquido preto e viscoso vazava como sangue e então uma enorme fumaça preta saía e um grito alto de pura agonia reverbera pelo lugar.

Na primeira vez, quando a fumaça subiu formando assustadoramente a figura de um rosto gritando e desceu contra Harry, Regulus saltou sobre ele puxando-o para o lado e para baixo, protegendo-o com seu corpo. Mas eles logo perceberam que aquilo não fazia nada contra eles, além de dar mais uma coisa para a lista de pesadelos de Harry.

Os próximos não foram melhores, mas o professor deixou Harry segurar sua mão enquanto ele acertava os objetos, e saber que ele não estava sozinho foi um pouco reconfortante.

[...]

Regulus Black

Finalmente.

Ele repetia em sua mente enquanto vasculhava a câmara.

Finalmente elas se foram.

Finalmente a esperança real brilhava sobre sua cabeça. A destruição das horcruxes — apesar de terem traumatizado Potter mais um pouco — depois de dez anos de tentativas finalmente  um enorme peso das costas de Regulus foi tirado, um que ele percebeu estar muito acostumado, mas agora ele poderia respirar melhor.

Hogwarts finalmente poderia se dizer um lugar seguro, sem uma serpente enorme, venenosa e que mata apenas com o olhar vagando por aí. Assim como o mundo bruxo era um pouco mais seguro agora.

O basilisco já se tornou seu ingredientes separados, catalogados e armazenados. Mas antes de desistir daquele lugar ele decidiu explorar uma nova vez. Deixando Harry na parte principal terminando de separar as últimas coisas para eles saírem de lá, Regulus lançou feitiços para detecção de maldições, magias das trevas e qualquer outra coisa maligna que Voldemort pudesse ter guardado lá. Quem sabe uma nova horcrux, do jeito que aquele bruxo era não seria surpreendente.

Regulus encontrou algo escondido no fundo de uma tubulação sem saída por causa de uma grade, em buraco na parede. Regulus não conseguiu identificar o que era mas exalava problemas. Não tanto quanto uma horcrux, talvez um objeto amaldiçoado ou um receptáculo de alguma coisa.

Munido com uma presa de basilisco e a certeza por longa experiência e alguns feitiços de que aquilo não era uma horcrux, Regulus o apunhalou com o dente venenoso. Uma fumaça acinzentada saiu do objeto, mas nada tão drástico e assustador quanto quando esfaquearam as relíquias dos fundadores.

Regulus transfigurou uma pedra qualquer em algo no qual guardar o que sobrou do objeto destruído e voltou a sua investigação. Em dado momento o feitiço que ele desenvolveu para rastrear horcrux e seus rastros começou a levá-lo para a área principal da câmara, com sua fila de estátuas de cobras em mármore verde. O cordão mágico em tom leve de dourado ia até Harry. O menino estava muito distraído com os itens na mesa e não percebeu a magia o rodeando.

[...]

— Você não parece muito surpreso — Regulus diz diante do silêncio de Dumbledore com sua revelação.

Não seria realmente chocante se Dumbledore soubesse que Harry é uma horcrux esse tempo todo e apenas se "esqueceu" de comentar.

— Eu confesso que tinha minhas desconfianças, a sobrevivência dele tantos anos atrás não foi um golpe de sorte, muito menos o poder de um bebê.

— É, o poder do amor, eu me lembro — Regulus passou a mão pelo cabelo, ele está tão cansado — bom, isso nos dá o quê...?

Ele começou a contar nos dedos.

— O medalhão, a taça, o diadema, o anel, o diário e Potter — ele encarou suas mão e de volta ao diretor — seis horcruxes. Cinco delas foram destruídas, matamos Potter e o problema foi resolvido.

Dizer isso lhe foi como se algo pesado tivesse caído em seu estômago, fazendo fervilhar. Ele largou Voldemort, sua causa e os Comensais da Morte porque não gostava de matar, porque não queria matar de novo e agora o caminho mais fácil para destruir o bruxo das trevas de uma vez por todas é matando uma criança de doze anos.

Ele se sentiu imundo com a pesada crosta de hipocrisia o envolvendo, mas assim como quando decidiu ir aquela caverna esquecida, ele estava determinado a acabar com a guerra e Voldemort de uma vez por todas.

— Você deve se lembrar da profecia, meu jovem.

Regulus revirou os olhos, ele sempre odiou quando Dumbledore o chamava assim. Certo, ele sabe que o diretor é velho, até demais, mas ele próprio não era mais um adolescente.

— A profecia se cumpriu, no dia que Riddle foi até a casa dos Potter.

— Eles devem se enfrentar.

— Eles já se enfrentaram — o moreno rebateu, sentindo a raiva surgindo — duas vezes, estou desconsiderando aquele halloween de 81. Ele era um bebê, não fez nada além de chorar e ver os pais morrerem. Harry Potter enfrenta Voldemort, duas vezes, em dois anos. O garoto só tem doze anos. Mate-o agora, nos livramos da última horcrux e de Voldemort. Seria a coisa mais piedosa a se fazer do que criar o menino para a guerra.

Dumbledore o encarou, e então balançou a cabeça em negação.

— Se você não pode fazer isso, eu mesmo faço. Não será prazeroso mas será o melhor.

— Riddle sempre foi apegado a simbolismos mágicos, e números mágicos.

— Um, três e sete? — Regulus bufou — sim, faz sentido. A primeira horcrux me assustou, a segunda me aterrorizou, a partir da terceira deixou de ser tão chocante. Mas contando a parte de alma presa no que sobrou do corpo dele, há sete horcrux.

— Eu não acredito que Potter tenha sido criado intencionalmente. Na realidade, é provável que Tom nem saiba que tem o garoto como uma horcrux.

— Você acha que pode haver mais alguma? Para ele conquistar o número sete, mesmo que ele já o tenha.

— Talvez, não podemos ter certeza ainda.

— Então Potter deve viver, até enfrentar Riddle, de novo.

— Exatamente.

— Ai ele morre? — Regulus hesitou, é um plano apesar de não ter qualquer prova de que isso seria possível, mas talvez seja — E se tirarmos a horcrux? Potter é um receptáculo assim como o diário e os outros. Voldemort queria usar o diário e a morte da menina Weasley para voltar a "vida" então, se ele pode colocar a alma em algo, tem que ter uma forma de pegar de volta.

— Devolver uma parte da alma a ele só vai fortalecê-lo.

— Foi você que escolheu não matar o Potter de uma vez.

— A teoria é plausível — Dumbledore mudou o pensamento muito rápido — teremos que pesquisar bastante para encontrar uma resposta.

— Moleza, demorou só dez anos para descobrir como destruir, imagina só para devolver.

Regulus não estava muito feliz, não que matar Harry fosse a decisão mais fácil que ele tomou, mas ele sempre foi mais pragmático do Dumbledore, provavelmente por causa de sua criação mais do que sua própria vontade. É cruel realmente cogitar matar um menino de doze anos, mas ele estava tentando impedir que um bruxo das trevas muito poderoso retorne com suas forças. Quantas vidas poderiam ser poupadas? Quantas crianças não se tornarão soldados se a guerra simplesmente fosse evitada?

— Oh, sim — Dumbledore começou a falar novamente, seu tom deixando Regulus desconfiado imediatamente — o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas foi contratado.

— Ótimo — ele disse com o mínimo de ironia que pode.

— Ele tem uma condição, e por isso preciso que você o ajude.

Regulus levantou uma sobrancelha, ele sabia que isso voltaria para morder seu traseiro, sempre tinha algum problema com esses professores.

— Que tipo de ajuda? Não posso ficar cobrindo aulas dessa matéria, a minha própria já é difícil o suficiente.

— Ele precisará de suas habilidades de porcionista. Acredito que você se lembre do senhor Lupin, vocês estiveram aqui como alunos na mesma época.

— Eu me lembro dos amigos de Sirius, nesse caso, o único vivo.

— Bom, também acredito que esteja familiarizado com a poção mata-cão.

— Você contratou um lobisomem como professor? — Black rangeu os dentes, esse homem era maluco — como pode deixar um lobisomem perto dos alunos.

— Eu confio no senhor Lupin, tanto quanto confio em você.

Regulus se controlou para não fazer uma careta, como se a confiança de Dumbledore fosse uma grande coisa positiva.

— Ele é um bom e capacitado professor.

— Está comparando ele ao resto do corpo docente, ou apenas aos últimos professores de DCAT?

— Você concordará comigo em breve. Até lá, você poderia fazer a poção mata-cão para a próxima lua cheia?

— É claro que eu sou capaz de fazer isso — Regulus disse com um tom de indignação pela dúvida, então ele pensou melhor — a lua cheia é em dez dias? O senhor poderia ter dito isso antes, precisarei conferir se tenho tudo.

Aquele velho iria enlouquecê-lo um dia, ele tem que tomar cuidado.

Pelo menos ele já tem alguma noção de como lidar com Lupin, e se ele se lembra com precisão o homem era inteligente quando aluno. Talvez não seja um ano tão ruim assim, mesmo que ele tenha que lidar com outro grifinório teimoso e irritante, ser pior que um brasílico é algo que nem um lobisomem pode ser.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim de mais um livro.

Gostaria de agradecer a cada pessoa que leu, mas realmente a falta de comentários é meio desmotivadora então estou parando por aqui. Apenas terminei esse porque não gosto de começar uma história e ela nunca acabar.

Bem obrigado a todos e até uma próxima vez.



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