Honey, Honey escrita por Lura


Capítulo 2
Honey, Honey




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Chegar ao apartamento não foi mais que deixar suas coisas de qualquer jeito no chão, antes que Natsu a arrastasse para a guilda, pois ele estava muito animado e queria logo pegar uma nova missão.     

Lucy protestou com veemência, convencida de que não duraria muito se continuasse no ritmo de trabalho frenético imposto pelo dragon slayer. Seus companheiros de time já haviam desistido. Eles continuavam fazendo missões com eles, porém no mesmo ritmo regular de antes, enquanto Natsu insistia em realizar com Happy e Lucy tantos trabalhos quanto pudesse encaixar, entre a realização dos pedidos com o time completo.

O resultado? Lucy estava exausta. Ela precisava, muito, de descanso e estava convencida de que os deixaria ir sozinhos dessa vez. A maga sempre acabava cedendo ao ver os semblantes decepcionados que o mago do fogo e o exceed faziam quando se recusava a acompanhá-los, mas não achava que ajudaria muita coisa se acabasse desmaiando de cansaço no meio do trabalho. Claro que isso não impediu que eles a arrastassem para a guilda mesmo assim, e antes que pudesse evitar, Lucy se viu diante do quadro de pedidos, analisando os trabalhos disponíveis, mesmo que não estivesse inclinada a pegar nenhum deles, por enquanto.

— E então? Escolheu algum? — Natsu indagou.

A loira analisava um pedido de catalogação de livros mágicos raros — um serviço que nunca poderia fazer com o dragon slayer, dada a delicadeza e o cuidado exigidos —, quando suspirou, antes de responder.

— Natsu! Eu já disse que não vou sair amanhã para fazer outro trabalho! Eu preciso de descanso! — declarou, ignorando o semblante chateado do amigo para caminhar de volta ao balcão, onde Lisanna a recebeu com um sorriso.

Não demorou muito e Natsu ocupou a banqueta ao lado da maga estelar, mas não sem antes entregar o panfleto que havia escolhido para que Kinana registrasse. Ele iria sem ela, afinal. Percebendo o clima desagradável, Happy saiu de fininho, voando em direção à mesa em que Charlie e Wendy se encontravam.

— Já vai sair em outro serviço, Natsu?! — exclamou a Strauss mais nova. — Por que não sossega um pouco? Sua equipe não vai aguentar acompanhá-lo desse jeito — aconselhou, notando o quanto Lucy parecia esgotada.

O dragon slayer estalou a língua.

— Vocês são moles demais — afirmou.

— Nem todas as pessoas são monstros incansáveis como você — Lucy reclamou, deitando-se sobre o balcão, os olhos fechando involuntariamente.

— Mas nós sempre descansamos! — rebateu ele. — Temos dormido em hospedarias muito mais que acampado ultimamente — pontuou.

— Não funciona muito bem pra mim, se você ocupa a maior parte da cama — argumentou, despreocupadamente, percebendo tarde demais o que havia dito.

Lucy abriu os olhos, apenas para ver a forma maliciosa que Lisanna a encarava.

— Digo… — tentou consertar, mas não teve chance.

— Não seria um problema se você não deitasse sempre tão longe — Natsu interrompeu com naturalidade.

E embora a fala do mago do fogo tenha servido para demonstrar a escassa intimidade que havia entre eles, também mostrou que ele não se opunha, exatamente, a tê-la por perto. As bochechas da maga estelar coraram intensamente, enquanto Lisanna sorria como um gato que pegou o canário. 

— Bem, bem. Vocês dois nitidamente precisam desestressar — disse a albina, como se estivesse preocupada mais com o fato de discutirem do que com o conteúdo da discussão em si. 

— Eu já disse que vocês é que são muito moles — Natsu contestou.

— Eu não me referia a isso — Lisanna esclareceu. — Por que não aproveitam e provam meu novo drink? A proposta da receita é justamente ser relaxante — ofereceu.

Lucy olhou-a desconfiada, enquanto Natsu permanecia indiferente. Não era segredo que a Strauss mais nova vinha se esforçando para se tornar uma bartender competente, trazendo mais variedade ao cardápio de bebidas da Fairy Tail que o chope e o saquê oferecidos antes. No geral, as novidades foram bem recebidas, a não ser por alguns contratempos ocorridos com as bebidas de criação da própria albina. A Strauss mais nova era peculiarmente criativa, e estava sempre procurando por voluntários (ou vítimas, a depender do ponto de vista) para testar suas invenções.

Aparentemente, ela e Natsu foram os “escolhidos da vez”.

— Hmm, eu não planejava beber esta noite — a loira tentou argumentar.

— Mas você disse que não trabalharia amanhã — Lisanna contrapôs, o timbre magoado, enquanto Natsu encarava Lucy com um olhar divertido.

— Aposto que agora você lamenta não ter aceitado me acompanhar no trabalho — disse ele, ao passo que as duas mulheres o olhavam com irritação.

— Nossa, Natsu, é só um drink! — exclamou a albina, com revolta. — Não é como se eu colocasse coisas estranhas nas bebidas que eu faço, sabe? — comentou, chateada.

— Você nunca diz o que coloca nelas, no entanto — Lucy lembrou.

— Não até que sejam incorporadas ao cardápio — concordou a albina. — Eu gosto de testar a aprovação do público sem julgamentos. E também me divirto em vê-los tentando descobrir o que há na bebida. 

— Realmente, é muito divertido ver as pessoas tentando descobrir a receita para levar ao hospital em busca de um antídoto — o mago do fogo observou e foi atingido por um tabefe de Lisanna, enquanto Lucy abafava a risada. — É brincadeira! Dá logo essa bebida! — pediu, mal-humorado.

A albina tinha um olhar fulminante quando se afastou, mas logo retornou com duas taças, que continham um líquido que fazia a transição da cor de um ouro perfeito ao fundo para um branco perolado na superfície, apesar do gelo e das fatias de laranja contidas. Ao menos era bonita, tinham que admitir, já que a bebida tinha uma cor quase hipnotizante.

— É por minha conta, já que vocês são os primeiros a provar. — Lucy reprimiu o calafrio que sobreveio com aquela revelação. — Eu chamo esse drink de “Honey Honey” — informou.

— Presumo que haja mel, então? — a maga estelar conjecturou, rindo nervosamente.

— Vocês terão que descobrir — Lisanna respondeu, piscando para ela.

Lucy estudou a bebida por alguns segundos, temerosa, ao passo que Natsu levou a taça à boca imediatamente, sorvendo um longo gole.

— Muito doce — observou assim que engoliu. — Mas é gostosa. Você está ficando muito boa nisso — afirmou para a albina, tomando o resto em goles repetidos, com todas as boas maneiras que não possuía. 

— Yay! — Lisanna comemorou com um pulinho e palmas. — Só pelo elogio, te pago mais uma — prometeu, antes de se afastar para preparar a nova dose.

Encorajada, Lucy levou a própria taça aos lábios, testando o sabor da espuma cremosa com a língua antes de arriscar um gole.

Foi com agradável surpresa que ela sentiu a bebida descer aquecendo sua garganta, não de forma agressiva, mas gradual, conforme o calor se espalhava em uma onda suave pelo resto de seu corpo. Tudo isso enquanto o líquido cremoso e adocicado, com uma leve nota de acidez, dominava seu paladar, sem sobrecarregá-lo de maneira enjoativa.  

— Mmhhhh — praticamente gemeu em deleite, sem perder a maneira estranha que Natsu a encarava, mas escolheu ignorar. — É realmente muito bom!!! — concordou, empolgada, apressando-se para tomar novos goles, porém de maneira mais comportada.

Lisanna, que retornava com uma nova taça para Natsu, constatou com satisfação que a loira se controlava para não virar o copo de uma vez.

— Acho que isso é um sim para a “Honey Honey” no cardápio — comentou, risonha.

— Com certeza. — Lucy foi taxativa. — Eu não levei muito a sério a parte de ser relaxante, já que o álcool em si faz esse trabalho, mas é como se toda a tensão tivesse sumido magicamente — observou, empolgada, até que suas próprias palavras despertaram sua desconfiança. — Não tem nenhum ingrediente mágico nela, tem?

— Não — a outra jovem garantiu. — Apenas ingredientes comuns. Está pronta para chutar? — questionou, animada.

— Definitivamente mel e laranja, e talvez canela? A parte doce deve ser leite condensado e chantilly, mas ainda havia um fundo herbal que me confundiu — tentou a loira. 

— Bom, você está no caminho certo — afirmou Lisanna. — Talvez outra taça para uma nova tentativa? — sugeriu, balançando as sobrancelhas de forma cômica.

Lucy já exclamava um “sim” animado, enquanto Natsu negava na mesma intensidade.

As duas mulheres encararam o dragon slayer, um tanto confusas.

— Você pode não trabalhar amanhã, mas eu sairei cedo com o Happy — argumentou ele. — Não quero ter que te carregar para casa e passar a noite acordado te impedindo de arrancar a roupa ou segurando seu cabelo enquanto vomita  — discursou.

Uma veia pulsou na testa de Lucy, e Lisanna abafou a risada, que saía pelo nariz.

— Eu não faço esse tipo de coisa! — afirmou, o timbre exageradamente agudo. — E eu só vomitei uma vez! — acrescentou, na defensiva.

— Todas as outras vezes que você não vomitou foram um saco mesmo assim — retrucou. — Não estou a fim de encontrar a Lucy bêbada esta noite. Sempre sobra para mim! — reclamou.

— Eu não estou te pedindo para cuidar de mim, Natsu! — esbravejou a maga estelar, sentindo o calor que havia preenchido seu corpo agradavelmente após a bebida se intensificar exponencialmente. — Você não tem essa obrigação, da mesma forma que não tem o direito de limitar o quanto eu bebo — emendou. — Mais uma, Lisanna! — exclamou, animada, estreitando os olhos em direção ao  mago do fogo, como se o desafiasse a fazer algo a respeito, enquanto a albina se afastava para preparar a bebida. 

Honestamente, ela não esperava que o dragon slayer fosse aceitar seu desafio mudo.

Por isso, guinchou de surpresa quando ele simplesmente a agarrou pelas coxas e a levantou da banqueta para jogá-la sobre os ombros.

Com atordoamento e a nova taça recém-preparada na mão, Lisanna observou a dupla se afastar; Natsu caminhando com facilidade em direção à saída da guilda, por mais que Lucy se debatesse, agitando os braços e pernas.

Assim como ela, os demais membros da Fairy Tail pararam para assistir ao show, muitos deles gritando e assoviando diante da exibição.

A cena ficou gravada nas lembranças da maioria deles.

Porém, não tanto nas mentes de Lucy e Natsu, já que foi soterrada pelas lembranças dos eventos que aconteceram a seguir.


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